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jusbrasil.com.br 17 de Junho de 2021 [Pensar Criminalista]: Entendendo o contraditório e a ampla defesa no Processo Penal [1] O contraditório e a ampla defesa são princípios que devem ser tratados em conjunto, vez que indissociáveis. Diz o inciso LV, do artigo 5°, do texto constitucional, que “aos litigantes, em processo judicial e administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes”. A premissa, portanto, é a de que o “contraditório e ampla defesa perfazem uma mesma garantia processual, pois não pode existir ampla defesa sem contraditório e vice-versa” [2]. Em linhas gerais, pode-se dizer que o contraditório se revela na necessidade de se garantir às partes a oportunidade de se manifestar sobre fatos alegados e provas juntadas pela parte contrária ao processo. É uma garantia que decorre do [...] brocardo romano audiatur et altera pars e exprime a possibilidade, conferida aos contendores, de praticar todos os atos tendentes a influir no convencimento do juiz. Nessa ótica, assumem especial relevo as fases da produção probatória e da valoração das provas. As partes têm o direito não apenas de produzir suas provas e de sustentar suas razões, mas também de vê-las seriamente apreciadas e valoradas pelo órgão jurisdicional. [3] O contraditório, classicamente, traduz-se “[...] na garantia da discussão dialética dos fatos da causa, o que torna necessário que se assegure no processo a oportunidade de fiscalização recíproca dos atos praticados pelas partes” [4]. Para a verificação do contraditório não basta que se deem às partes a mesma oportunidade de manifestação dentro do processo; mais que isso, é preciso que se garanta a efetiva análise dos argumentos, fatos e provas juntados por ambas as partes. Modernamente, o contraditório se manifesta, ainda, como o direito de as partes verem os seus argumentos considerados. Disso resulta o dever do julgador de tomar conhecimento dos argumentos das partes, considerá-los e justificar na suas decisões o porquê do acolhimento ou não das teses levantadas pelas partes. Quanto à ampla defesa, ela se traduz na possibilidade de o réu ter uma ampla possibilidade de defesa, não sendo cerceado de quaisquer atividades defensivas, podendo, para tanto, valer-se de todas as armas lícitas que detenha para tal mister. A ampla defesa, portanto, congrega tanto a possibilidade de defesa técnica, desenvolvida por profissional qualificado, quanto a de autodefesa, exercida, por exemplo, no momento do interrogatório. Em outras palavras, pode-se afirmar que, por força deste mandamento constitucional, “a parte tem plena liberdade de, em defesa de seus interesses, alegar fatos e propor meios de prova, eis que a defesa representa inquestionavelmente um interesse público, essencial em um Estado Democrático de Direito” [5]. Em conjunto, os dois princípios direcionam o processo penal no sentido de garantir uma paridade de armas para os litigantes em um processo judicial. E, especialmente no que diz respeito à pessoa do acusado, deve ser garantida além da autodefesa, a defesa técnica, seja ela privada ou estatal, até mesmo nomeável de ofício pelo juiz da causa . ____________________ Notas: [1] Tópico adaptado do Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade Damásio para a obtenção do título de Especialista em Direito Processual Penal. [2] CARVALHO, Luis Gustavo Grandinetti Castanho de. Processo penal e Constituição: princípios constitucionais do processo penal. 4. ed. rev. e ampl. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2006. p. 141. [3] CAPEZ, Fernando. Curso de processo penal. 23. ed. São Paulo: Saraiva, 2016.p. 97. [4] BEDÊ JÚNIOR, AMÉRICO. Princípios do processo penal: entre o garantismo e a efetividade da sanção. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2009. p. 130. https://processo.stj.jus.br/jurisprudencia/externo/informativo/?aplicacao=informativo.ea [5] BEDÊ JÚNIOR, AMÉRICO. Princípios do processo penal: entre o garantismo e a efetividade da sanção. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2009. p. 131. ____________________ Referências: BEDÊ JÚNIOR, AMÉRICO. Princípios do processo penal: entre o garantismo e a efetividade da sanção. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2009. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm > CAPEZ, Fernando. Curso de processo penal. 23. ed. São Paulo: Saraiva, 2016. CARVALHO, Luis Gustavo Grandinetti Castanho de. Processo penal e Constituição: princípios constitucionais do processo penal. 4. ed. rev. e ampl. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2006. ____________________ Quem sou? Advogada, especialista em Direito Penal, Processo Penal e Direito Tributário. Apaixonada pela produção de conteúdo jurídico online. Entusiasta na confecção de materiais jurídicos práticos para estudantes e profissionais do Direito. https://processo.stj.jus.br/jurisprudencia/externo/informativo/?aplicacao=informativo.ea http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm https://processo.stj.jus.br/jurisprudencia/externo/informativo/?aplicacao=informativo.ea Também estou no LinkedIn. Você pode me encontrar por lá: https://www.linkedin.com/in/anna-paula- cavalcantegfigueiredo Disponível em: https://annapaulacavalcante.jusbrasil.com.br/artigos/1233212741/pensar- criminalista-entendendo-o-contraditorio-e-a-ampla-defesa-no-processo-penal-1 https://www.linkedin.com/in/anna-paula-cavalcantegfigueiredo
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