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AT 1 PATOLOGIAS E NEOPLASIAS GINECOLÓGICAS E OBSTÉTRICAS 2 32 S U M Á R IO 3 UNIDADE 1 - Introdução 5 UNIDADE 2 - Doenças Relacionadas à Vulva e Vagina 5 2.1 Vulvovaginite e corrimento genital 7 2.2 Vaginite atrófica 7 2.3 Bartholinite 8 2.4 Fístula vaginal 10 UNIDADE 3 - Doenças Relacionadas ao Útero 10 3.1 Leiomioma 11 3.2 Endometriose e adenomiose 13 3.3 Cervicite 15 UNIDADE 4 - Doenças Relacionadas às Tubas Uterinas e Ovários 15 4.1 Salpingite 16 4.2 Gravidez ectópica 17 4.3 Síndrome dos ovários policísticos 18 UNIDADE 5 - Doenças das Mamas 23 UNIDADE 6 - Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs) 25 6.1 A abordagem sindrômica das DSTs 26 6.2 Abordando o portador de DST 30 6.3 As ações de enfermagem 32 UNIDADE 7 - Oncologias 32 7.1 Carcinoma de vulva 33 7.2 Corpo e colo uterino 39 7.3 Ovário 41 7.4 Mamas 46 7.5 Tratamentos complementares 50 REFERÊNCIAS 2 33 UNIDADE 1 - Introdução As necessidades de cuidados da mulher são tantas e, por vários motivos que, segun- do o Instituto de Pesquisa Aplicada Econô- mica (IPEA, 2007), estão presentes entre os oito objetivos do Milênio. As DSTs/AIDS, o câncer ginecológico, a violência, as intercorrências da menopau- sa/climatério, questões de trabalho, saúde mental, necessidades relacionadas ao plane- jamento familiar e as necessidades relativas ao ciclo gravídico-puerperal fazem parte de algumas linhas gerais de cuidados que en- volvem a mulher. A atenção à saúde da mulher no que se refere ao âmbito ginecológico é conhecida como atenção/prevenção primária, fun- damentada nos exames de rastreamento das patologias mamárias e do colo uterino, incluindo a orientação sobre os métodos contraceptivos, para os quais os métodos e tecnologias utilizados devem ser acessíveis a todos. Como diz Ramos (2010), faz-se ne- cessário uso de medidas adequadas com a finalidade de intervir precocemente diante das alterações e/ou modificações presen- tes, lançando mão de propedêuticas preven- tivas. O câncer de colo uterino, por exemplo, que advém das alterações anormais no revesti- mento celular ou na superfície da cérvice é considerado uma doença evitável. Ele apre- senta como uma de suas características, le- sões pré-clínicas com evolução lenta, com um longo período de latência, em que podem ser realizadas medidas apropriadas. Segundo Feitosa, Santos e Nunes (2010), as infecções sexualmente transmissíveis (IST) estão entre os grandes problemas de saúde pública, e o interesse sobre elas re- dobrou em virtude, principalmente, do alto índice de contaminação pelo HIV entre a po- pulação sexualmente ativa. O diagnóstico e o tratamento das IST em fase inicial podem evitar graves complica- ções e sequelas, incluindo infertilidade, per- da fetal, gravidez ectópica, cancro anogeni- tal e morte prematura, bem como infecções em recém-nascidos e lactentes (BRASIL, 2005). Evidências revelam também uma forte correlação entre a difusão das IST conven- cionais e a transmissão do HIV, tendo sido descoberto que as IST ulcerativas ou não ul- cerativas aumentam o risco da transmissão do HIV por via sexual. Este fato demonstra a necessidade de ações efetivas a fim de mini- mizar os danos ao indivíduo e à coletividade e prevenir novas ocorrências (BRASIL, 2005; 2006). Outro enfoque que deve ser priorizado re- fere-se à resistência antimicrobiana, carac- terizada pelo aumento de patógenos sexu- almente transmissíveis que tornam alguns tratamentos ineficazes. Por isso, surgiram novos agentes, como cefalosporinas e flu- oroquinolonas de terceira geração, capazes de tratar infecções com cepas resistentes. Pois bem, neste módulo veremos exata- mente doenças relacionadas à vulva, vagi- na, útero, tubas uterinas e ovários, mamas, as doenças sexualmente transmissíveis e as oncologias. Definição, etiologia, característi- cas, sintomatologia, tratamento e conduta de enfermagem permeia cada uma das do- enças apresentadas. 4 54 Ressaltamos em primeiro lugar que embo- ra a escrita acadêmica tenha como premissa ser científica, baseada em normas e padrões da academia, fugiremos um pouco às regras para nos aproximarmos de vocês e para que os temas abordados cheguem de maneira clara e objetiva, mas não menos científicos. Em segundo lugar, deixamos claro que este módulo é uma compilação das ideias de vá- rios autores, incluindo aqueles que conside- ramos clássicos, não se tratando, portanto, de uma redação original e tendo em vista o caráter didático da obra, não serão expres- sas opiniões pessoais. Ao final do módulo, além da lista de refe- rências básicas, encontram-se outras que foram ora utilizadas, ora somente consulta- das, mas que, de todo modo, podem servir para sanar lacunas que por ventura venham a surgir ao longo dos estudos. 4 55 UNIDADE 2 - Doenças Relacionadas à Vulva e Vagina A vulva é um órgão do aparelho genital feminino e também é parte do tegumento cutâneo; apresenta epitélio queratinizado e não queratinizado, pele com pelos e pele gla- bra, além de várias glândulas especializadas. A vagina é constituída de epitélio malpighia- no sujeito a estímulos ambientais e hormo- nais (CARVALHO, 2004). A vagina liga os órgãos reprodutores in- ternos e externos, é formada de uma ca- mada muscular, uma mucosa que apresenta organismos não patogênicos, os bacilos de Döderlein. A vagina e a vulva, sendo órgãos reprodutores, estão sujeitas também à contaminação pelas doenças sexualmente transmissíveis. Diversas condições dermatológicas po- dem também afetar a vulva e são tratadas com a remoção do agente irritante, cremes com esteroides, e anti-histamínicos. A vulvi- te muitas vezes causa prurido, e o ato de co- çar pode traumatizar a pele. A vulvite pode causar vaginite secundária ou uma vaginite pode causar uma vulvite secundária, sen- do então designada como vulvovaginite. As vulvovaginites muitas vezes se apresentam com corrimento genital, por isso, falaremos de vulvovaginites e corrimento genital. A vul- va é sujeita a intertrigo, por causa das dobras das áreas dos lábios e inguinais. A seborreia e a foliculite também podem envolver a vulva. As infestações incluem a pediculose púbica, pulgas, percevejos e escabiose. As lesões primárias das doenças venéreas são muitas vezes encontradas na vulva. Os tumores benignos da vulva incluem os da pele em geral e alguns poucos específicos: abscessos e cistos da glândula de Bartholin (ou glândula vestibular maior), abscessos e cistos da glândula de Skene (ou glândula vestibular menor), tumores epiteliais benig- nos sólidos, papilomas, adenomas, nevus e cistos sebáceos. Os tumores benignos do te- cido conjuntivo da vulva incluem lipomas, fi- bromas, hemangiomas e linfangiomas (CAR- VALHO, 2004). As varizes vulvares também são ocorrên- cias frequentes. 2.1 Vulvovaginite e corri- mento genital A vulvovaginite é um processo inflamató- rio localizado na vulva e vagina e que, geral- mente, produz corrimento genital. As vulvo- vaginites mais comuns são: monilíase; tricomoníase; vulvovaginite por Gardnerella vaginalis; herpes genital; vulvovaginites atróficas; vulvovaginites alérgicas. O corrimento ou leucorreia é a secreção anormal de líquido espesso, viscoso e bran- co que flui dos genitais femininos. Pode-se tratar de uma vaginite ou cervite e deve ser investigada a sua origem. Cerca de 25% das clientes que procuram um serviço de ginecologia queixam-se de corrimento ou leucorreia. Tem-se que dis- tinguir o exsudato genital normal que é um fluxo claro, sem odor fétido de um fluxo pa- tológico. 6 7 Uma vez que os órgãos genitais femini- nos constituem uma sucessão de cavidades abrindo-se para o exterior, pelo orifício vagi- nal e na cavidade abdominal, pelos óstios ab- dominais das tubas uterinas, ao longo destas cavidades, predomina o epitélio cilíndrico do tipo glandular, com exceção da vagina, que é revestida de epitélio plano estratificado ou epidermoide. O fluxo ou exsudato vaginal normal é um produto desecreção dos epitélios glandula- res, associada à transudação do epitélio epi- dermoide. Este flui pelos genitais em quan- tidade variável, aumentando o volume na metade do ciclo menstrual, na ovulação e na excitação sexual. A vagina tem um pH ácido por volta de 4,5. Com a diminuição da acidez vaginal, ocorre aumento da população de bactérias e redu- zem-se o glicogênio e os bacilos de Dörder- lein. Os organismos patogênicos que normal- mente produzem vaginites preferem o pH elevado (alcalino). Portanto, um pH entre 5,0 a 6,0 pode favorecer a continuidade de um corrimento. Os órgãos responsáveis pelo corrimento genital geralmente são a vagina e o colo ute- rino. E os agentes etiológicos mais frequen- tes são: trichomonas, leveduras, gonococos, HPV, chlamydia, bacilos difteroides, Gardne- rella. Como fatores predisponentes das vulvovaginites e de corrimentos temos: multiplicidade de parceiros; DST; ducha vaginal; alterações anatômicas; alterações da flora intestinal; uso inadequado de antibióticos; uso de anticoncepcional hormonal; gravidez. O diagnóstico das vulvovaginites é clínico, mas deve-se realizar uma bacterioscopia da secreção vaginal para se determinar o agen- te causal e, assim, realizar o tratamento es- pecífico. Dentre as orientações gerais às clien- tes para prevenção de corrimento geni- tal tem-se: evitar ducha vaginal; evitar a promiscuidade sexual; melhorar a higiene pessoal (homens e mulheres), principalmente antes do ato se- xual; usar camisinha em casos de parceiros variados; evitar coçar a genitália para evitar esco- riação; salientar a importância do tratamento do companheiro, no caso de DST, simultane- amente, para evitar a reinfecção por meio das relações sexuais; ensinar o uso correto dos medicamen- tos prescritos, banhos de assento, asseio corporal e demais cuidados higiênicos pes- soais; consultar anualmente um ginecologis- ta, realizando o exame preventivo de Papa- nicolaou; evitar usar calcinhas com forro de nylon ou seda, que favorece a transpiração na área genital e um ambiente para a proliferação de microrganismos; 6 7 evitar usar roupas justas que possam causar irritação pelo atrito constante da pele, excesso de aquecimento local ou má ventilação; orientar sobre a importância de manter um registro do ciclo menstrual, do fluxo e da ocorrência de dor e outros sintomas (CARVA- LHO, 2004). 2.2 Vaginite atrófica Vaginite atrófica é a atrofia da mucosa va- ginal após a menopausa. A mucosa vaginal fica sensível à infecção e irritação. A mulher fica mais sujeita à dispareunia. Sua sintomatologia geral inclui: escassa secreção; prurido; queimação; irritação vaginal. Indicações de tratamento: Hormonoterapia: estrogenioterapia, apli- cada localmente através do creme vaginal 2 a 3 vezes por semana, regularmente, alivia os sintomas. O tratamento deve ser contí- nuo, por toda a vida, para evitar recidiva. 2.3 Bartholinite Bartholinite é uma inflamação do canal, ou do canal e da glândula de Bartholin, cau- sada por uma obstrução da extremidade vaginal do ducto. Quando se tornam secun- dariamente obstruídas por um agente infe- cioso, pode ocorrer a formação de abscesso ou cisto. A bartholinite é quase sempre causada por uma alguma DST, sendo o agente mais comum, o gonococo. As glândulas de Bartho- lin são duas, situadas nas paredes da vagina, no conduto vaginal, elas estão uma de cada lado. Durante a excitação, liberam um fluido lubrificante facilitando a penetração, e pro- porcionando maior excitação à mulher. Essa lubrificação é feita na superfície interior dos lábios vaginais. Os sintomas mais comuns da Bartholinite são: dor e queimação, hiperemia, edema e tumoração da glândula em um ou ambos os lábios que muitas vezes impedem a relação sexual. A avaliação diagnóstica é feita pelo exa- me clínico. Na anamnese, investiga-se os antecedentes de atividade sexual, incluin- do novos parceiros e antecedentes de DST. Inspeciona-se os pequenos lábios quanto a calor, hiperemia e edema. Avalia-se sinais de DST: erupção, úlceras genitais e secreção va- ginal. Eventualmente, pode se solicitar cultura de secreção para identificar os microrganis- mos infectantes. São condutas de Enfermagem: realizar a educação em saúde, revendo com a paciente, os princípios de higiene pe- rineal; discutir as DST e os métodos de preven- ção; explicar à paciente que a infecção pode ter sido causada por uma doença sexual- mente transmitida; instruir a paciente para encaminhar seu parceiro para uma investigação para DST; aconselhar a paciente a abster-se de relações sexuais até que o cisto ou absces- so tenha desaparecido completamente e ela tenha completado a antibioticoterapia; administrar medicamentos como: anal- 8 9 gésicos comuns, anti-inflamatórios e antibi- óticos de amplo espectro como cefalexina (Keflex®, e outros); aplicar compressas quentes ou banhos de assento morno várias vezes ao dia; dependendo do caso, pode ser reco- mendado repouso no leito; preparar a paciente para incisão e dre- nagem do abcesso quando estiver indicado, observando os cuidados pré-operatórios ge- rais de acordo com as necessidades individu- ais e rotinas da instituição; nos casos de infecção recidivante, pode ser necessário realizar a cirurgia de Marsu- pialização (retirada de toda a glândula); observar cuidados pós-operatórios ge- rais individualizados e de acordo com a rotina da instituição; a sonda vesical geralmente é retirada entre 24 a 48 horas após cirurgia; observar drenagem e aspecto da urina; observar curativo, drenos e sangramen- to vaginal; retirar tamponamento de gaze 24 horas após cirurgia. 2.4 Fístula vaginal Fístula vaginal é uma comunicação anor- mal entre dois órgãos vizinhos com desvio dos excretos respectivos. Podem ser: fístula uréterovaginal – comunicação entre o ureter e a vagina; fístula uretrovaginal – comunicação entre a uretra e a vagina; fístula vesicovaginal – comunicação entre a bexiga e a vagina; fístula ênterovaginal – comunicação entre o intestino delgado e a vagina; fístula retovaginal – comunicação en- tre o reto e a vagina. Dentre os fatores predisponentes, te- mos o traumatismo obstétrico (nos fórceps e parto com período expulsivo prolongado); cirúrgica: cesáreas e cirurgias ginecológicas. O órgão pode ser lesado acidentalmente de- terminando irrigação sanguínea deficiente e consequente formação da fístula. Fazem parte dos sintomas: na fístula ureterovaginal – há o goteja- mento urinário contínuo pela vagina haven- do micção normal, pois a urina chega à bexi- ga pelo ureter; na fístula vesicovaginal, não há micção normal e a urina se escoa para a vagina; no caso da fístula uretrovaginal, a pa- ciente pode urinar pela vagina no ato da mic- ção; nas fístulas retovaginais, há incontinên- cia fecal e de gases. Podem surgir sinais de vulvovaginites. As fístulas urogenitais causam irritação, prurido, lesões eczematosas e foliculite, além de exalar o odor de urina. Pode também causar infecção do trato urinário (CARVA- LHO, 2004). São condutas de enfermagem: apoiar emocionalmente a paciente. Isto envolve compreensão, paciência, encoraja- mento, atenção; orientar a paciente para fazer banhos de assentos frequentes; orientar para usar absorvente ou fral- das; preparar a paciente para a cirurgia; 8 9 as fístulas raramente cicatrizam sem cirurgias, portanto, prestar assistência pós- -operatória adequada e no pós-operatório de correção de uretrovaginal urogenitais, será mantida soda vaginal de demora para um escoamento constante de urina por aproximadamente 15 dias; controlar débito urinário; para cirurgias enterovaginais, é neces- sário preparar o intestino com antibióticos de ação intestinal, assim como a dieta sem resíduos e por alguns dias no pré e no pós- -operatório; administrar medicamentos como antibi- óticos, analgésicos, entre outros; lembrar que qualquer intervenção, pormenor que seja, compromete psicologica- mente a paciente (CARVALHO, 2004). 10 1110 UNIDADE 3 - Doenças Relacionadas ao Útero 3.1 Leiomioma Também chamado de fibroma ou mioma. É o tumor sólido benigno, de evolução len- ta, que se desenvolve no miométrio, que se constitui de fibras musculares lisas e tecido conjuntivo, pobre de vasos, crescendo em forma de nódulos. Instala-se com maior fre- quência no corpo uterino. Sua incidência é maior entre 35 a 45 anos, e é maior em mulheres negras. Raramente surgem após a menopausa. Os tumores pe- quenos podem sofrer leve regressão após a menopausa. A maioria dos leiomiomas não causa sinto- mas – apenas 10 a 20% mulheres que têm a doença necessitarão de tratamento. Depen- dendo da sua localização, tamanho e quanti- dade, a mulher pode apresentar os seguin- tes sintomas: presença de tumoração uterina com consequente aumento do volume uterino que pode ser interpretado como simples au- mento de peso corporal; alterações menstruais – metrorragia, menorragia ou hipermenorreia costumam ser os principais sintomas podendo levar à anemia; aumento da intensidade de cólicas menstruais; dor em baixo-ventre ou sensação de pressão ou desconforto causado pelo tama- nho e peso dos miomas que pressionam as estruturas adjacentes; abortamento de repetição; infertilidade por obstrução ou desloca- mento do trato genital; pode haver febre baixa; dor na região lombar, flanco ou pernas (os tumores podem pressionar os nervos que inervam a região hipogástrica e as pernas); dispareunia; pressão no sistema urinário, resultando no aumento da frequência da micção, princi- palmente à noite; pressão sobre o intestino grosso, levan- do a obstipação e retenção de gases; cefaleia; dispneia; prostração. O diagnóstico pode ser feito clinicamente por meio da apalpação abdominal e por meio de exames complementares como a ultras- sonografia pélvica. Os leiomiomas podem ser classifica- dos em: a) Subserosos: aparecem e se desenvol- vem abaixo da camada (serosa) externa do útero e se expandem por ela, dando ao úte- ro uma aparência nodular. Tipicamente não afetam o fluxo menstrual, mas podem cau- sar dores na região hipogástrica e na lombar, e sensação de pressão no abdome. b) Intramurais ou intersticiais: desen- volvem-se na parede do útero e se expan- dem para dentro, aumentando o tamanho do útero. É o tipo mais comum de leiomioma. Pode causar sangramento menstrual inten- so e dores na região hipogástrica e na lombar e/ou sensação de pressão. 10 1111 c) Submucosos: estão justamente abai- xo do endométrio. É o tipo menos comum de leiomioma, mas o que pode causar mais pro- blemas. Mesmo um pequeno tumor submu- coso pode causar sangramento intenso. d) Pediculados: são os tumores que ini- cialmente crescem como subserosos e des- tacam-se parcialmente do útero, ficando a ele ligados apenas por uma pequena porção de tecido chamado pedículo. Podem ser con- fundidos na ultrassonografia com tumores ovarianos (CARVALHO, 2004). Quanto ao tratamento, os tumores que não causam sintomas não são tratados, ape- nas acompanhados. Quando provocam sintomas, a primeira alternativa é a terapia medicamentosa. São indicados medicamentos que auxiliam a co- agulação, anti-inflamatórios e hormonotera- pia que, na maioria das vezes, são suficientes para controlar os sintomas. Se os medicamentos não melhoram os sintomas, lança-se mão de técnicas mais in- vasivas como: embolização da artéria uteri- na, miomectomia e histerectomia. Na Miomectomia remove-se apenas o tu- mor, preservando o útero e a capacidade da mulher engravidar. Pode ser via histeroscópi- ca (não requer incisão, o tumor é retirado via vaginal), laparoscópica (pequenas incisões no abdome para introduzir os instrumentos e/ou uma microcâmera) ou via abdominal. A aplicação da técnica depende do tipo do tu- mor e o lugar em que ele se encontra. Na Histerectomia há remoção do útero que pode ser por via vaginal, laparoscópica ou abdominal. A embolização das artérias uterinas é uma nova alternativa para tratar as mulheres que apresentam leiomioma uterino sintomático. É um procedimento pouco invasivo onde, sob anestesia local, faz-se uma incisão de aproximadamente 2 milímetros na pele da região inguinal por onde introduz-se um fino cateter que é direcionado, com a utilização de um equipamento de raios X, até as arté- rias uterinas que nutrem os tumores. Então, são injetadas partículas plásticas com o obje- tivo de obstruir estas artérias, impedindo a nutrição dos tumores que deverão regredir. Este procedimento geralmente requer um dia de hospitalização. No pós-operatório, prescreve-se medicação para a dor ou cólica que são efeitos colaterais comuns. A recuperação acontece em uma semana ou pouco mais. Apesar de ser um procedi- mento seguro pode haver riscos de complica- ções raras como: sangramento ou formação de coágulos no local da passagem do cateter; alergia ao contraste; embolização de outra artéria; infecção; falência ovarina precoce, portanto, não está indicada para mulheres que desejam concepção (CARVALHO, 2004). 3.2 Endometriose e adeno- miose É uma doença assinalada pela presença de tecido com características histológicas semelhantes ao endométrio, fora de sua sede normal, ou seja, a cavidade uterina. Na maioria das vezes, este tecido é funcionante. De acordo com a localização do te- cido ectópico, podemos classificar esta patologia em: endometriose interna ou adenomiose, quando localizada no miométrio; endometriose externa, ou apenas en- dometriose, quando localizada em outras estruturas. 12 13 Quanto sua incidência, ocorre mais na raça branca, em nulíparas e na faixa etária entre 20 e 40 anos. Estima-se que 6 a 7% das mu- lheres tenham endometriose. Há diversas teorias sobre a etiologia da endometriose. Há evidências que sugerem ser esta uma doença genética. Outras suge- rem ser uma doença do sistema de defesa. Na realidade sabe-se que as células do en- dométrio podem ser encontradas no líquido peritonial em volta do útero em grande parte das mulheres. No entanto, apenas algumas desenvolvem a doença. As teorias mais conhecidas são: a) Teoria do refluxo menstrual (mens- truação retrógrada) que transporta o tecido endometrial para pontos ectópicos. As mulheres com menores intervalos entre as menstruações e maior duração do fluxo menstrual são mais propensas a apresentar menstruação retrógrada e, consequente- mente, apresentar um maior risco de desen- volver a endometriose. Embora a menstrua- ção retrógrada pareça ser um evento comum em mulheres, nem todas as mulheres que apresentam menstruação retrógrada de- senvolvem endometriose. b) Teoria da imunidade celular: o siste- ma imune pode estar alterado em mulheres com endometriose, e a doença pode se de- senvolver em virtude da redução da elimi- nação imunológica de células endometriais viáveis da cavidade pélvica. c) Teoria do transplante: o transplante de tecido endometrial também pode ocorrer acidentalmente durante cirurgia, por meio de instrumentos cirúrgicos. d) Teoria do transplante linfático ou hemotogênico: o tecido endometrial pode se espalhar também pelos canais linfáticos ou venosos. e) Teoria da metaplasia: está relacio- nada à permanência de vestígios do tecido epitelial embrionário, que, durante o cresci- mento, por estímulos externos, podem ser transformados em tecido endometrial. Segundo Carvalho (2004), a verdadeira causa da endometriose poderia ser a combi- nação destes e de outros fatores. A sintomatologia é variável, dependendo da localização da doença. E nem sempre há correlação entre a severidade da doença e a presença ou intensidade dos sintomas. Os sintomas mais comuns são: alterações menstruais – ciclos hiperme- norrágicos, spotting pré-menstrual e disme- norreia; dor pélvica, geralmente relacionada com o ciclo menstrual; desconforto pélvico, em qualquer fase do ciclo; dispareunia; dor e sangramento durantea defeca- ção ou micção, quando os focos da doença estiveram localizados no intestino ou no tra- to urinário; infertilidade; dor em cicatrizes de cesárea e de parto normal (episiotomia). O diagnóstico pelo exame físico pode le- var dor à mobilização uterina; diminuição da mobilidade do útero e retroversão, por causa de aderências pélvicas; nódulos no fundo de saco vaginal posterior sensibilidade anexial; implantes no colo uterino e no fómix vaginal. O diagnóstico geralmente é feito por meio da laparoscopia, onde se podem visualizar di- 12 13 retamente os implantes abdominais, segui- da de histopatologia dos tecidos suspeitos. O tratamento médico é direcionado aos seguintes aspectos: ao desejo de gravidez; aos sintomas; ao estágio da doença; e à ida- de da cliente. Quando se opta por Hormonoterapia, o tecido endometriótico ectópico é, teorica- mente, responsivo aos esteroides sexuais, assim como o endométrio intrauterino. Dessa forma, a terapia hormonal se pro- põe a interromper o ciclo de estimulação e sangramento. Portanto, o tratamento medi- camentoso está indicado para: suprimir uma doença ativa sintomática; como terapêutica pré-operatória em endometriose severa re- corrente; como prevenção de recorrência da doença; e quando a gravidez é postergada. Outro meio é pelo uso de anticoncepcio- nal oral combinado: o uso contínuo de anti- concepcional oral combinado na dose usual de um comprimido ao dia, por um período de seis meses a um ano, ininterruptamente. Temos também os Progestágenos que provocam decidualização do endométrio e subsequente atrofia. O acetato de medroxi- progesterona é o mais indicado, podendo ser administrado por via oral. A Gestrinona é um agente antiprogestagênico de longa ação, com efeitos androgênicos, antiestrogênicos e antiprogestagênicos. O Danazol age como um agonista da progesterona e elimina os pi- cos de LH e FSH do meio do ciclo. Ainda existem os analgésicos para aliviar a dor. O tratamento cirúrgico é aplicado para a forma mais grave, quando o número e o ta- manho dos focos de endometriose aumen- taram e estão comprometendo útero, tubas, ovários e bexiga e já surgiram aderências. Está indicada a cirurgia por laparoscopia que, por meio de laser ou pinças, destruirá o tecido endometrial (ressecção dos endome- triomas) e fará a lise das aderências preser- vando os demais tecidos. Associado à cirur- gia, pode ser prescrito temporariamente um supressor do estrógeno para inibir o estímu- lo do crescimento do tecido endometrial que migrou para outras partes do corpo. Se esta supressão for prolongada provocará sinais e sintomas do climatério. Em casos extremos, quando há aderên- cias hemorrágicas internas e comprometi- mento de outros órgãos, poderá ser reali- zada a histerectomia total e anexectomia bilateral provocando, desta maneira, uma menopausa cirúrgica, que exigirá reposição hormonal (CARVALHO, 2004). 3.3 Cervicite A cervicite é um processo inflamatório agudo ou crônico do colo uterino, tanto na endocérvix, como em área de eversão. É um problema muito comum que pode ocor- rer quando os microrganismos têm acesso às glândulas cervicais, após relação sexual, abortamento, manipulação intrauterina ou parto. Se não tratada esta infecção uterina pode se estender para o útero, tubas ute- rinas e cavidade pélvica. Na maioria das pa- cientes, a inflamação é causada por micror- ganismos patogênicos comuns, mas pode haver infecção gonorreica e por Chlamydia nas glândulas cervicais. A inflamação pode causar erosão do tecido cervical, resultando em sangramento. A Chlamydia frequente- mente é a bactéria que causa a cervicite mu- copurulenta. Acredita-se que 3 a 10 milhões de casos ocorrem anualmente nos Estados Unidos. 14 1514 É mais comum em pacientes jovens se- xualmente ativas com mais de um parceiro e transmitida por meio da relação sexual. Na gravidez, podem ocorrer natimortos, morte neonatal e trabalho de parto prematuro. São então, fatores predisponentes: multiplicidade de parceiros; início precoce de atividade sexual, uso de anticoncepcional hormonal; uso do DIU; gravidez. A sintomatologia inclui: corrimento vaginal; dispareunia; algia pélvica; colo uterino hiperemiado, sangrando facilmente ao contato; colo uterino com erosão. Na conduta de enfermagem teremos: encorajar a abstinência sexual durante o tratamento; orientar a paciente para a aplicação do creme, preferencialmente à noite, ao deitar evitando a deambulação; solicitar à paciente para retornar à con- sulta após término do tratamento para nova avaliação; poderá ser indicada uma cauterização, se houver a persistência do processo infla- matório, associado a uma eversão importan- te. 14 1515 UNIDADE 4 - Doenças Relacionadas às Tubas Uterinas e Ovários 4.1 Salpingite A salpingite é um processo inflamatório agudo ou crônico, que ocorre nas tubas ute- rinas, também chamado de doença inflama- tória pélvica (DIP). O agente etiológico mais comum é o go- nococo, mas pode ser causado pelo estrep- tococo e outros. São fatores predisponentes: ocorrência prévia de DIP e/ou cervicite; multiplicidade de parceiros; início de atividade sexual precoce; DST prévias ou atuais; manipulação do trato genital; uso de DIU associado a outros fatores de risco; curetagem uterina; abortamento provocado. Dentre os sintomas teremos: a) Na fase aguda: algia pélvica (que au- menta gradualmente); corrimento cervical purulento intenso; dor à apalpação dos ane- xos e à mobilização do colo uterino; febre. b) Na fase crônica: dispareunia; disme- norreia; infertilidade; massa pélvica doloro- sa; febrícula recorrente. Critérios para diagnóstico clínico: (Brasil, 2000) a) Critérios maiores: dor no abdômen inferior; dor à palpação anexial; dor à mobilização do colo útero. b) Critérios menores: hemograma infeccioso (Ieucocitose); temperatura axilar maior que 37,8°C; secreção vaginal ou cervical anormal; proteína C reativa ou velocidade de he- mossedimentação (VHS) elevada; comprovação laboratorial de infecção pelo gonococo, clamídia ou micoplasmas. c) Critérios elaborados: evidência histopatológica de endome- trite; presença de abcesso tubo-ovariano em estudo de imagem; achados laparoscópicos. Para o diagnóstico, é necessária pelo me- nos a apresentação de: três critérios maiores + um critério menor, ou um critério elabora- do (BRASIL, 2000). d) Exames laboratoriais: hemograma completo; velocidade de hemossedimentação; exame bacterioscópico com cultura e antibiograma de material obtido da cérvix, uretra, de laparoscopia ou de punção de fó- mix vaginal posterior; ecografia abdominopélvica; radiografia simples do abdômen; laparoscopia. 16 17 Na conduta de enfermagem, encon- traremos: recomendar repouso e abstinência se- xual na fase aguda; estabelecer cateterismo venoso para hidratação e administração de medicamen- tos; administrar antibioticoterapia específi- ca; administrar analgésicos comuns e/ou anti-inflamatórios não esteroides e antitér- micos; controlar periodicamente os sinais vi- tais, especialmente temperatura e pulso; não havendo resposta a este tratamen- to, pode haver necessidade de uma inter- venção cirúrgica; tratar os parceiros sexuais; reavaliar a paciente a cada 3 meses no primeiro ano. 4.2 Gravidez ectópica Gravidez ectópica é o óvulo fertilizado implantado fora da cavidade uterina. Pode ser classificada em: tubária, que segundo Rezende e Montenegro (2003) representa 98 a 99% dos casos, abdominal, ovariana e cervical. A incidência é de uma a cada 300 gesta- ções; tendo maior incidência em grupos so- cioeconômicos inferiores. Os fatores predisponentes podem ser: tubários – inflamações, aderências pe- ritubárias, divertículo congênito, tortuosida- des, endometriose; ovarianos – óvulos grandes, implanta- ção precoce; uterinos – uso de DIU; doença inflamatória pélvica; cirurgias anteriores; laqueadura tubá- ria,plásticas, uteropexias (correção de pro- lapsos uterinos); abortamentos provocados. A sintomatologia varia de acordo com o local de implantação. Deve-se suspeitar de gravidez ectópica, nos casos de hemorra- gia vaginal ou dor, nas 7 ou 8 semanas após amenorreia. São sinais e sintomas precoces: amenorreia; sintomas de gravidez incipiente; dor incomodativa no lado afetado; sinais e sintomas de gravidez tubária (a rotura geralmente ocorre dentro das 12 pri- meiras semanas); dor penetrante no abdômen no lado afetado, irradiando-se para o ombro e nuca, por causa da irradiação do diafragma; náuseas, vômitos, desmaios; massa pélvica palpável, posterior ou la- teral ao útero; choque (em 40% dos casos) manifes- tado por palidez, sonolência e pulso rápido e filiforme; temperatura normal ou baixa; a febre é importante para diferenciar gravidez tubária rota da salpingite aguda. A conduta de enfermagem inclui: preparar a paciente para exame para confirmar diagnóstico; pois o médico deve proceder à cirurgia logo que tiver o diagnós- tico de gravidez ectópica; observar quaisquer alterações no esta- do geral da paciente; 16 17 controlar sinais vitais; alertar-se para sinais de choque iminen- te; observar sangramento vaginal (pode indicar aborto uterino e não gravidez ectópi- ca); estabelecer cateterismo venoso com jelco calibroso (nº 18 ou 20) para administra- ção de líquidos rápidos e sangue; administrar analgésico (o choque pode- rá ser neurogênico em vez de hipovolêmico); requisitar tipagem sanguínea, fator Rh e prova cruzada; promover disponibilidade de sangue (comumente é necessária a reposição san- guínea); solicitar exames hematológicos (Hb + Ht ou hemograma completo); preparar pa- ciente para cirurgia; deverá ser realizada uma minilaparotomia ou laparoscopia; proporcionar assistência pós-operató- ria adequada; no ato cirúrgico, deverá ser feita salpin- gectomia, retirada de toda a tuba ou salpin- gotomia, extraindo-se apenas o produto da concepção para preservar a fertilidade (CAR- VALHO, 2004). 4.3 Síndrome dos ovários policísticos Cisto é um tumor com conteúdo líquido, semilíquido ou pastoso. Portanto, cisto de ovário é um tumor com estas característi- cas que pode ocorrer em um ou ambos os ovários. A síndrome dos ovários policísticos (SOP) é um conjunto de alterações morfofi- siológicas dos ovários, com repercussões no ciclo menstrual e na capacidade reprodutiva. A etiologia da doença ainda não é bem conhecida, mas podem responder pela ocor- rência da síndrome: falhas de ação enzimática no metabolis- mo dos esteroides ovarianos; alterações no eixo hipotálamo-hipofisá- rio; anomalias cromossômicas; obesidade; o fator emocional; alteração das suprarrenais. Como sintomas temos: infertilidade; ciclos anovulatórios; amenorreia, oligomenorreia ou sangra- mento uterino disfuncional; obesidade; hirsutismo leve ou acentuado; pode haver desconforto abdominal pe- riódico decorrente do aumento do volume dos ovários. O diagnóstico é feito pela anamnese, exa- me ginecológico e exames complementares com dosagens hormonais, ultrassonografia pélvica e transvaginal e laparoscopia. O tratamento pode ser clínico e/ou cirúrgi- co e as recidivas são grandes. a) Tratamento clínico – administração de anticoncepcionais orais combinados para inibir a ovulação ou em alguns casos, clomi- feno para induzi-la, pode melhorar tempora- riamente; medidas dietéticas para redução de peso; psicoterapia; e tratamento cosmé- tico para os pelos supérfluos. b) Tratamento cirúrgico – a resseção cuneiforme pode também melhorar o qua- dro clínico temporariamente (CARVALHO, 2004). 18 1918 UNIDADE 5 - Doenças das Mamas As mamas têm como principal fun- ção a secreção do leite e se compõem das seguintes partes ilustradas abaixo: acino – menor parte da glândula e res- ponsável pela produção do leite durante a lactação; lóbulo mamário – conjunto de acinos; lobo mamário – conjunto de lóbulos ma- mários que se liga à papila por um ducto; ductos mamários – em número de 15 a 20 canais, conduzem a secreção láctea até a papila; Corte transversal de uma glândula ma- mária, mostrando o desenvolvimento do sis- tema alveolar na mulher não grávida (1), na metade da gestação (2) e durante a lactação (3) Fonte: Carvalho (2004, p. 111). tecido glandular – conjunto de lobos e ductos; papila ou mamilo – protuberância elástica onde desembocam os ductos ma- mários; aréola – estrutura central da mama onde se projeta a papila; tecido adiposo – cerca de 85% do teci- do mamário são representados por gordura, cuja quantidade varia com as características físicas, estado nutricional e idade da mulher. A glândula mamária consiste em epitélio glandular, composto de células produtoras de leite e num sistema de ductos envolvi- dos em tecido, conjuntivo e gorduroso. O par de glândulas mamárias está situado entre a segunda e a sexta costelas, sobre o grande músculo peitoral, do esterno até a linha mé- dia axilar. Cada glândula vai até a axila, uma área de tecido mamário chamada Cauda de Spence. Os ligamentos de Cooper, que são as bandas fasciais, sustentam a mama na pare- de torácica. Cada glândula consiste em 15 a 20 lóbulos, cada um com seu ducto lactífero. Todos os ductos de cada lóbulo desembo- cam nos seios lactíferos, localizados abaixo da aréoIa, que por sua vez, após um estreita- mento, abrem-se no mamilo. As mulheres mais jovens apresentam ma- mas com maior quantidade de tecido glan- dular, tornando-as mais densas e firmes. Ao se aproximar a menopausa, o tecido ma- mário vai se atrofiando e sendo substituído progressivamente por tecido gorduroso até se consistir, quase que exclusivamente, de gordura e resquícios de tecido glandular na fase pós-menopausa. Essas características fisiológicas representam nítidas diferenças entre as densidades radiológicas das mamas da mulher jovem e da mulher menopausada. 18 1919 As mamas, como outras estruturas do or- ganismo feminino, modificam-se durante o ciclo menstrual, pela ação do estrogênio e da progesterona, os hormônios sexuais femi- ninos. A ação da progesterona, na segunda fase do ciclo, leva a uma retenção de líquidos no organismo, mais acentuadamente nas mamas, provocando nelas aumento de volu- me, endurecimento e dor. Durante esse período de sintomatologia exacerbada pelo edema, torna-se mais difícil e exame das mamas mesmo por profissio- nais. Por esta razão, sugere-se a realização do exame uma semana após a menstruação, quando as mamas encontrarem-se meno- res, menos consistentes e indolores. As mamas podem apresentar alterações funcionais benignas (AFBM) que antigamen- te eram denominadas displasias mamárias. São um conjunto de aspectos patológicos da mama caracterizados por alterações histoló- gicas benignas, durante a menacme e rela- cionadas com alteração hormonal. A etiologia não está bem estabelecida, mas todos os aspectos, como esterilidade, distúrbios menstruais, hipotireoidismo e di- ficuldades de amamentação, apontam para uma disfunção hormonal ovariana. As mulheres com gravidezes múltiplas e filhos estão menos sujeitas à mastalgia. As alterações funcionais benignas das mamas podem ser classificadas, de acordo com três quadros clínicos espe- cíficos, em: a) Mastalgia: uma queixa bastante fre- quente em consultas ginecológicas, a dor nas mamas, pode ser a princípio de caráter transitório, mais frequentemente no perío- do pré-menstrual, tornando-se mais prolon- gada e intensa e persistindo por todo o ciclo menstrual. Inicia-se por volta dos 20 anos e, nesta fase, geralmente, não há alterações morfológicas, pois os fenômenos proliferati- vos são pouco acentuados. b) Adenose: na adenose, a sintomato- logia é a mesma do quadro anterior, mas à apalpação, percebe-se espessamento do parênquima mamário que se apresenta gra- nuloso (como se fosse um punhado de arroz). Inicia-se mais tarde por volta dos 30 anos. c) Doença císticaou fibrocística: nesta também há dor e os fenômenos proliferati- vos do epitélio podem não ser tão acentu- ados, mas percebe-se um ou mais cistos. À apalpação, sente-se uma massa densa, arre- dondada, ligeiramente móvel. Além do quadro clínico descrito acima, é comum ocorrer o fluxo papilar de coloração variável (amarelada, esbranquiçada, acasta- nhada, esverdeada), quase sempre bilate- ralmente. O fluxo não é espontâneo, sendo necessária a expressão (CARVALHO, 2004). O diagnóstico é basicamente pelo exame clínico-ginecológico. Podem ser solicitados exames complementares por métodos de imagem e exames citológicos e histológicos principalmente para excluir a concomitância de câncer. A conduta geral nas AFBM poderá ser a seguinte: orientar a restrição de líquidos e sal, principalmente no período pré-menstrual – diminuir também o consumo de chocolate, café, chá e fumo, pois estes parecem contri- buir para retenção hídrica; poderão ser indicados antiestrogênicos como tamoxifeno, nos casos de dor intensa que se prolonga por vários dias, para minimi- zar o edema e a proliferação celular. O uso de 20 21 antiestrogênico exige controle médico cons- tante, pois pode causar alterações do endo- métrio; a amamentação alivia a dor. Na lactação, com a atividade mamária há uma exigên- cia de líquido para produzir leite; dessa for- ma, o edema local poderá ser drenado para compor o leite, aliviando a dor. A dor tende a voltar após o período de amamentação, mas com menor intensidade; o autoexame mamário para a paciente com AFBM é mais difícil, pois estas alterações podem também mascarar um tumor subja- cente. A incidência de câncer nos casos de doença cística é aproximadamente o dobro da reincidência geral da população feminina; a mamografia é recomendada anual- mente a partir de 35 anos, e repetida a cada dois anos até os 50 anos a partir de quando deverá ser feita anualmente; a conduta não medicamentosa, base- ada na orientação verbal sobre a origem da doença, na ausência de malignidade deverá ser a conduta inicial. O estabelecimento de um relacionamento empático, orientações simples e seguras poderão promover o ree- quilíbrio emocional, controle da ansiedade da paciente e alívio dos sintomas menos se- veros; pacientes refratárias a esta conduta an- terior ou com sintomas mais severos pode- rão ser tratadas com medicamentos como: - drogas dopaminérgicas – bromoergo- criptina e lisurida; - antiestrogênicos como o tamoxifeno; - droga antigonadotrópica como o dana- zol; - analgésicos comuns e anti-inflamatórios não hormonais; - diurético alguns dias antes da menstru- ação; - outros. aspiração de cistos: após a antissepsia e anestesia local, o médico imobiliza o cisto com os dedos polegar e indicador, punciona e aspira os cistos superficiais utilizando uma seringa de 20 ml e agulha de calibre grosso. Os cistos profundos são mais bem tratados com exérese simples. Se os cistos são reinci- dentes, poderá ser indicada biópsia. Nos ca- sos graves persistentes de adenose, poderá ser indicada cirurgia com exérese da região comprometida. Devem ser extraídas, tam- bém pela cirurgia, as fibroses e microcalcifi- cações; fornecer folheto explicativo e enfatizar a importância de exames periódicos; encorajar a paciente a fazer perguntas para quaisquer dúvidas. Outras alterações benignas das ma- mas seriam: a) Hiperplasias epiteliais ductais ou lobulares: encontradas em pequenos duc- tos e em lóbulos, engloba tanto a prolifera- ção papilar ou papilomatose. Ambos os tipos podem evoluir para tumores malignos. b) Fibroadenoma: apresenta-se como nódulos de tamanhos variados, firmes e bas- tante móveis. São características da mulher jovem e têm crescimento limitado. Os fibro- adenomas, como todos os tumores benig- nos, têm um comportamento de expansão apenas local, seu tratamento geralmente é cirúrgico, removendo-se o nódulo, e o exame histológico para afastar a possibilidade de malignidade. 20 21 As mamas acessórias também denomi- nadas supranumerárias são quase sempre de localização axilar, uni ou bilateral. Não há explicação convincente para sua ocorrên- cia, cujos fundamentos são embriogênios. No período de lactação; causa transtornos, motivo pelo qual sua extirpação prévia é in- dicada. Mastite lactacional ou mastite puerperal é um processo inflamatório agudo da mama, clinicamente importante pela grande fre- quência, de origem infecciosa e relacionado com a lactação. Desenvolve-se geralmente entre a segunda e quarta semanas de puer- pério, mas também pode ocorrer durante a gravidez. A maioria das mastites puerperais é pro- vocada por Staphylococus aureus podendo aparecer em conjunto com outros micror- ganismos. Uma pequena solução de con- tinuidade da aréola ou os próprios ductos lactíferos podem ser a porta de entrada dos microrganismos infectantes. Decorre ainda da estase láctea produzida nos próprios duc- tos, em mamas volumosas e pendentes, que pela dificuldade da drenagem do leite podem infectar-se secundariamente. Às vezes, na evolução do quadro inflama- tório em consequência do mecanismo de ne- crose e exudação, pode haver a formação de abscesso. Existem duas vias para a entrada das bactérias na mama puerperal determi- nando o aparecimento das mastites: transpapilar e a hematogênica: a via hematogênica é de importância secundária pela sua raridade; a via transpapilar – neste caso, os ger- mes penetram pela papila mamária, pelos orifícios dos ductos lactíferos ou por fissuras no seu tegumento. A mastite traduz-se clinicamente por dor, calor, rubor e aumento de volume do órgão, ou seja, pelos sinais característicos dos pro- cessos infecciosos. O diagnóstico é realizado basicamente por parâmetros clínicos de anamnese e exa- me físico, a história de parto recente, de sin- tomatologia dolorosa na amamentação e a verificação de sinais inflamatórios na mama. Pode-se também solicitar: cultura do leite; cultura de material colhido do abscesso; ul- trassonografia e ainda biópsia. Quanto às condutas de enfermagem, os cuidados devem ser oferecidos con- forme a fase evolutiva do quadro: nas fases iniciais, o tratamento médico é exclusivamente clínico enquanto que na presença de abscesso o tratamento é cirúr- gico; administrar analgésicos e antitérmicos para aliviar os sintomas; administrar antibioticoterapia específi- ca; não há necessidade de deixar de ama- mentar, só que a amamentação deve ser fei- ta pelo lado não acometido; a mama afetada deve ser esvaziada re- petidamente, fazendo ordenha manual ou utilizar bombas de sucção, e o leite poderá ser desprezado; quando os abscessos estão bem forma- dos, está indicada drenagem cirúrgica que deverá ser realizada em ambiente cirúrgico e sob anestesia. Sobre a Ginecomastia, é importante sa- ber que as glândulas mamárias são iguais em ambos sexos até a puberdade, quando 22 2322 então, sob estímulo hormonal, começa o rápido crescimento e hipertrofia na mulher, pela ação estrógeno-progesterona. A gine- comastia é o distúrbio mamário mais comum entre os homens e é caracterizado pelo de- senvolvimento excessivo da glândula ma- mária. Geralmente começa na puberdade, e pode ser uni ou bilateral. A ginecomastia corresponde ao aumento de volume da mama masculina à custa de hi- pertrofia da glândula mamária. Ao aumento de volume causado pelo acúmulo localizado de gordura dá-se o nome de lipomastia (uma falsa ginecomastia), comum na obesidade. A ginecomastia iatrogênica, tanto por drogas hormonais como não hormonais vem aumentando bastante em incidência, prova- velmente em função do aparecimento de um número grande de novos remédios, como a cimetidina, o cetoconazol, o acetato de ci- proterona, entre outros. A anatomia da glândula mamária normal do homem consiste em uma pequena aréola e uma pequena papiIa, com mínima camada de gordura retroareolar. A glândula mamária no homem encontra-se bastante reduzida, quase rudimentar.É formada por raros duc- tos, sem lóbulos e ácinos. O aspecto macroscópico de uma gineco- mastia é semelhante ao do tecido glandular da mama feminina. A morfologia da gineco- mastia é a mesma, independente da causa, porém, é variável com a duração. O exame físico estabelece o diagnóstico com certa facilidade, principalmente na ado- lescência, em virtude da escassez de tecido adiposo. A principal característica clínica da ginecomastia é a presença de um nódulo de forma discoide. A mamografia confirma o diagnóstico. O tratamento é cirúrgico. Nas pequenas e médias ginecomastias, a cirurgia é simples e usa-se a incisão periareolar ou transpapilar. Na lipomastia, a lipoaspiração corrigirá o pro- blema (CARVALHO, 2004). 22 2323 UNIDADE 6 - Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs) Entende-se por doenças sexualmente transmissíveis (DST) ou doenças venéreas, as doenças infecciosas e contagiosas cau- sadas por microrganismos próprios das es- truturas genitais humanas, e que são adqui- ridas principalmente pelas relações sexuais. Apesar da evolução dos costumes e a di- vulgação em torno da sexualidade pelos meios de comunicação, ser portador de uma DST implica medo, culpa, ansiedade e angús- tia, pois pode colocar em evidência ligações amorosas extraconjugais. Além disso, a pre- sença de pus, úlceras vegetativas e lesões deformantes na região genital expressa a sensação de sujeira, infertilidade, incapaci- dade de manutenção de uma relação sexual (SANTOS, 2009). Torna-se necessário o esclarecimento de informações básicas sobre as DSTs para a população, em geral, e ao profissional de saúde cabe o bom senso, o conhecimento técnico e a sensibilidade ao lidar com esta problemática. Nos vários níveis do sistema de saúde, o portador de DST continua sendo discrimina- do, com atendimento inadequado e expo- sição a situações de constrangimento; isso ocorre quando vai a locais sem privacidade ou encontra profissionais de saúde despre- parados e demonstrando seus próprios pre- conceitos. Esses fatores contribuem para afastar este tipo de portadores dos serviços de saúde. Para reverter essa situação, indica- -se: a) Priorizar as DSTs no sistema de saú- de pelos seguintes aspectos: são facilitadoras da transmissão sexual pelo HIV; quando não diagnosticadas e tratadas a tempo, podem evoluir para complicações graves e até ao óbito; durante a gestação, podem ser trans- mitidas ao feto, causando-lhe importantes lesões ou mesmo provocando a interrupção espontânea da gravidez; podem causar grande impacto psicoló- gico em seus portadores; provocam grande impacto social e tra- duzem em custos para a economia do País, em decorrência direta das internações e pro- cedimentos necessários para o tratamento de suas complicações. b) Aplicar os princípios básicos de con- trole das DST: interromper a cadeia de transmissão – detectar precocemente os casos, tratando- -os e a seus parceiros, adequada e oportuna- mente; prevenir novas ocorrências – por meio de aconselhamento específico, que favorece a compreensão e o seguimento das prescri- ções médicas e contribui de forma mais efe- tiva para a adoção de práticas sexuais mais seguras (SANTOS, 2009). Algumas DSTs clássicas e suas carac- terísticas básicas são: a) Sífilis primária: presença de úlcera geralmente única e indolor, associada à pes- quisa de treponema pallidum “em campo es- curo” positiva. b) Sífilis secundária: presença de sifíli- 24 25 des papulosas (vesículas bolhosas) dissemi- nadas (principalmente palmo-plantares), e/ ou condiloma plano, acompanhadas ou não por poliadenomegalia, e YDRL, ou RPR, ou FTA-ABS reagentes. c) Sífilis latente recente: presença de VDRL, ou RPR, ou FTA-ABS reagentes em portador assintomático de sífilis, com menos de 1 ano de evolução. d) Sífilis latente tardia: não se obser- vam sinais e sintomas clínicos e, portanto, tem o seu diagnóstico feito mediante testes sorológicos. e) Sífilis terciária: os sinais e sintomas geralmente ocorrem após 3 a 12 anos de in- fecção ou mais, principalmente por lesões cutâneo-mucosas (tubérculos ou gomas), neurológicas (demência), cardiovasculares (aneurisma aórtico) e articulares (artropatia de Charcot). f) Cancro mole: presença de lesão geni- tal ulcerada, geralmente múltipla e dolorosa, associada à bacterioscopia pelo Gram, apre- sentando estreptobacilos Gram negativos, sugestivos de H. Ducreyi. g) Herpes genital: evidência ou história de lesões vesiculosas agrupadas, sobre base eritematosa, cujo aparecimento foi precedi- do de ardor ou prurido, especialmente com história de recorrência das lesões. h) Dnovanose: presença de ulceração com borda plana ou hipertrófica, bem delimi- tada, com fundo granuloso, de sangramento fácil, de evolução lenta e progressiva, asso- ciada à identificação dos corpúsculos de Do- novan no material obtido por biópsia. i) Linfogranuloma venéreo: presença de linfadenopatia inflamatória uni ou bilate- ral, acompanhada ou não por úlcera genital perceptível. j) Infecção gonocócica: no homem, ob- serva-se a presença de corrimento uretral geralmente purulento, associado à bacte- rioscopia com diplococos Gram negativos intracelulares; na mulher ocorre hiperemia, ou edema, associado à cultura positiva para Neisseria gonorrhoeae, ou apenas cultura positiva em mulher assintomática. k) Outras infecções causadas por cla- mídia de transmissão sexual: no homem, pode ser observada a presença de corrimen- to uretral associado a Elisa ou IF-direta rea- gente para clamídia; na mulher, observa-se mucopus cervical (muco com aumento de leucócitos) associado a Elisa ou IF-direta ou outros exames específicos, ou apenas Elisa ou IF-direta reagente. l) Outras uretrites: presença de corri- mento uretral; porém a bacterioscopia pela coloração de Gram e/ou cultura são negati- vas para o gonococo, e Elisa ou IF-direta não são reagentes para clamídia. m) Outras cervicites: presença de mu- copus cervical associado ou não à hiperemia, friabilidade, ectopia ou colpite; todavia, a cultura é negativa para Neisseria, e Elisa ou IF-direta para clamídia não são reagentes. n) Condiloma acuminado/HPV: pre- sença de lesão vegetante característica, única ou múltipla, localizada ou difusa e de tamanho variável. o) Candidíase vaginal: presença de cor- rimento branco grumoso, com aspecto case- oso (“leite coalhado”), geralmente aderido às paredes vaginais. p) Tricomoníase vaginal: presença de corrimento amarelado ou amarelo- esverde- ado, bolhoso, com odor fétido. 24 25 q) Vaginose bacteriana: presença de ao menos 3 (três) dos seguintes critérios, ou apenas os dois últimos: 1) corrimento vaginal homogêneo, geralmente acinzentado; 2) ph vaginal > 4,5; 3) teste das aminas positivo; 4) presença de “clue-cells” ao exame a fres- co, ou corado, do conteúdo vaginal (SANTOS, 2009). 6.1 A abordagem sindrômi- ca das DSTs A abordagem sindrômica estabelece no reconhecimento de sinais e sintomas da cer- tificação clínica e, para as DSTs, esta aborda- gem é resolutiva, determinando um número limitado de síndromes. Suas características são: determinar os principais agentes etioló- gicos; fazer uso de fluxograma, na identifica- ção de determinadas síndromes com o in- tuito de conduzir o profissional da saúde na tomada de decisões, prevenindo novas ocor- rências; designar tratamento para agentes etio- lógicos; atentar os parceiros sobre o aconseIha- mento e a redução de riscos; ofertar sorologia para sífilis, hepatites e para o HIV. Na abordagem sindrômica, as DSTs restringem-se a cinco síndromes: 1) Úlcera genital: presença de lesão ulcerada em região genital, de origem não traumática. 2) Corrimento uretral no homem: pre- sença de corrimento uretral verificado com o prepúcio retraído e, se necessário, pela com- pressão da base do pênis em direção à glan- de. 3) Corrimento cervical: presença de mu- copus cervical verificado obrigatoriamente ao exame especular. 4) Corrimento vaginal:presença de cor- rimento vaginal associado à hiperemia, e/ou edema da mucosa vaginal, associado ou não a sinais de colpite, com ou sem ectrópio. 5) Dor pélvica: dor à descompressão, ou defesa muscular abdominal, ou dor à mobi- lização do colo ou anexos ao toque vaginal combinado. A Síndrome da Imunodeficiência Adqui- rida (AIDS) merece atenção, visto ser ainda uma síndrome com números alarmantes na maioria dos países. A AIDS é causada pelo HIV (vírus da imu- nodeficiência humana), atingindo tanto os linfócitos B como T, particularmente as cé- lulas T auxiliares (linfócitos T4), célula-chave do sistema de defesa, deixando o organismo desprotegido e permitindo o desenvolvi- mento de infecções endógenas e exógenas. O contágio se dá por relações sexuais, pelo sangue contaminado e transmissão vertical. Qualquer pessoa pode se contaminar com o vírus da AIDS, desde que esteja em situações consideradas de risco, por meio das formas de transmissão citadas. O diagnóstico da AIDS é feito por meio das manifestações clínicas associadas à sorolo- gia específica para o anti-HIV. Os dois prin- cipais testes que revelam a presença de anticorpos contra o vírus são: a) ELISA: teste de alta sensibilidade para o vírus. Em alguns casos são detectados an- ticorpos que se assemelham ao HIV; surge, 26 27 então, a possibilidade de ocorrer falso positi- vo ou falso negativo, isto é, o indivíduo já foi infectado pelo vírus, porém não apresenta anticorpos suficientes (janela imunológica); b) WESTERN BLOT: mais específico que o anterior, este teste é considerado confir- matório, pois consegue confirmar com mais exatidão os anticorpos específicos contra o HIV, separando os falsos dos verdadeira- mente positivos. Temos também o teste rápido que é de triagem de uso único, ou seja, uma um co- quetel de antígenos que detecta anticorpos para HIV em soro, plasma ou sangue total humanos. São necessários, em média, 10 mi- nutos para detectar um resultado. O tratamento baseia-se em drogas que tentam prolongar a vida do doente, atuando de forma isolada ou combinada. Estas medi- cações agem na tentativa de inibir a ação do vírus, retardando o declínio do sistema imu- nológico; contudo, sem proporcionar a cura da doença (SANTOS, 2009). 6.2 Abordando o portador de DST É importante ressaltar que um princípio fundamental na abordagem é ver o portador como um todo, constituído por sentimentos, crenças, valores, entre outros. Essa aborda- gem visa interromper a cadeia de transmis- são da forma mais efetiva e imediata, evitan- do, assim, complicações advindas das DSTs em questão. O atendimento ao portador, em uma con- sulta, visa o diagnóstico, tratamento e acon- selhamento adequados; mas é importante frisar que a obtenção de informações fide- dignas para a realização de uma anamnese, implica na construção de uma relação de confiança entre o profissional de saúde e o indivíduo em atendimento. O profissional da saúde deve ter o conhecimento do contex- to assistencial das DST, das questões sobre sexualidade, fidelidade, prazer, desprazer, violência, conceito de risco, da doença, da saúde e outros, de acordo com o meio socio- econômico e personalidade do portador e do profissional. a) Aconselhamento O aconselhamento pode ser realizado em grupo ou individualmente e constitui um instrumento importante para a quebra da transmissão das DST. É um diálogo baseado em uma relação de confiança, que proporcio- na ao portador condições para avaliar seus próprios riscos e encontrar meios de como enfrentar seu problema de saúde. O sucesso depende da troca de intera- ções entre ambos, o profissional de saúde e o portador. À pessoa que realiza os aconse- lhamentos ou atividades, é fundamental que tenha informações dos dados mais recentes e técnicas corretas sobre DSTs/AIDS, identi- fique a demanda do grupo e adote atitudes de acolhimento, importando-se com o que o portador sabe, pensa e sente, prontificando- -se para a formação do vínculo de confiança. Assim que o profissional da saúde de- monstra credibilidade, reduzindo o estresse que o portador possui, propicia atingir os se- guintes objetivos: trocar informações sobre DST, HIV e AIDS, desde sua forma de transmissão ao seu tratamento; avaliar riscos, compreender os riscos pessoais de infecção para a DST e HIV; reconhecer os limites e as possibilida- 26 27 des existentes para aderir medidas preven- tivas e os cuidados para si e aos parceiros; promover a adesão ao tratamento; promover a comunicação e tratamento do(s) parceiro(s) sexual(is) (SANTOS, 2009). Essas abordagens propiciam a diminuição do estresse, favorecendo o indivíduo a iden- tificar o que sabe e o que sente, otimizando o tempo de espera nos serviços de saúde. O importante é que o profissional de saúde te- nha uma percepção dos limites de tudo o que é abordado nos grupos e respectivos atendi- mentos individuais. Quanto aos procedimentos básicos do aconselhamento, existem orientações ge- rais e algumas específicas que irão acontecer no pré-teste HIV; nos pós-teste HIV diante de resultado negativo; pós-teste HIV diante de resultado positivo; pós-teste HIV diante de resultado indeterminado. Os procedi- mentos básicos são: confirmar o sigilo das informações ad- quiridas; reconhecer a demanda do portador; oferecer apoio emocional ao portador; analisar as crenças e os valores do por- tador, referente a DSTs/AIDS; ter uma linguagem clara com o portador; analisar com o portador seu histórico de outras DSTs e os riscos que propiciaram esta DST; reforçar as práticas seguras para a re- dução de riscos; deixar claro as complicações que pode- rão ocorrer, caso não seja feito o tratamento conforme orientação de enfermeiros e mé- dicos; informar ao portador, que ao apresen- tar algum sintoma ou não haver melhora, re- tomar ao serviço de saúde; explicar que é imprescindível o trata- mento dos parceiros sexuais; trocar informações sobre DSTs, HIV e AIDS; incentivar o portador a avaliar seus ris- cos de infecção pelo HIV e DSTs; cooperar na elaboração de planos viá- veis para a redução de riscos; recomendar as práticas sexuais seguras como o uso de preservativos; informar que o consumo de álcool e dro- gas, pode alterar a percepção de risco; quebrar tabus e preconceitos referente às DSTs, HIV e AIDS; disseminar as orientações recebidas; oferecer testagem anti-HIV e aconse- lhamento pré e pós-teste. Os demais aconselhamentos estão no quadro abaixo: 28 29 Pré-teste: reafirmar a índole voluntária e confidencial da testagem; analisar com o cliente a realização ou não do teste; conferir histórico anterior antes da testagem e riscos; explicar o sistema do teste e o conceito de “janela imunológi- ca” (período de tempo que o organismo leva, a partir de uma infecção para produzir anticorpos); oferecer informações sobre os possíveis resultados do teste; tornar a afirmar ao cliente as diferenças entre HIV e AIDS; examinar ponderadamente o impacto que o cliente terá em sua vida dos possíveis resultados do teste; buscar qual apoio emocional e social disponível ao cliente; expor ao cliente possíveis reações emocionais na espera do resultado; tornar a afirmar quanto às práticas seguras frente ao HIV, no período do teste. Pré-teste HIV diante de resultado negativo: esclarecer que o resultado negativo indica que a pessoa não está infectada no momento ou foi infectada, mas não produ- ziu anticorpos para a detecção do teste utilizado; informar ao cliente que um resultado negativo não significa imunidade às doenças; tornar a afirmar as práticas do sexo seguro; esclarecer os benefícios do uso de equipamentos descartá- veis exclusivos para o consumo de drogas, demonstrando o uso correto de todo o equipamento. 28 29 Pré-teste HIV diante de resultado positivo: consentir o tempo necessário para o portador assimilar o im- pacto do diagnóstico; oferecer apoio emocional; atentar para os sentimentos comuns, como raiva,ansiedade, depressão e outros; desvendar sentimentos que agregam HIV/AIDS à culpa, puni- ção, rejeição e outros; informar que o resultado positivo não significa que a pessoa está com a doença desenvolvida; esclarecer que o portador assintomático pode transmitir o vírus; afirmar que é fundamental o acompanhamento médico e que a infecção é controlável; reafirmar sobre o uso correto de preservativos e o uso de equipamentos de uso exclusivo e descartável para o consumo de drogas; esclarecer que é necessário que o(a) parceiro(a) sexual, saiba do resultado, para que realize o teste anti-HIV; expor aos portadores os serviços sociais necessários disponí- veis, incluindo grupos comunitários; em caso de gestante, explicar: as formas de transmissão ver- tical durante a gestação, as formas de minimizar a transmis- são vertical, o processo de soroconversão no recém-nascido, os riscos da amamentação e a realização do teste em todos filhos nascidos. Pré-teste HIV diante de resultado indeterminado: esclarecer que o resultado indeterminado pode significar: um falso positivo ou um verdadeiro positivo, no qual, os anticor- pos ainda não estão desenvolvidos; reforçar as informações sobre as práticas do sexo seguro, de- monstrando o uso correto de preservativos, a fim de reduzir os riscos de infecção pelo HIV e outras DSTs, como também, deixar claros os procedimentos que o usuário de drogas deve- rá ter; orientar o cliente a refazer o teste no período definido pelo laboratório; atentar a possíveis reações emocionais no aguardo do resul- tado do teste e referenciar apoio psicológico. 30 31 Evidentemente que a convocação dos parceiros é fundamental para o controle e o rompimento da cadeia de transmissão das DSTs, a fim de que sejam tratados\educados sobre os riscos da infecção para um grupo que está sobre maior risco, independente do local onde os cuidados de saúde são ofereci- dos. É necessário que haja comunicação en- tre os centros de atendimentos a pacientes com DST, a fim de verificar os casos que ne- cessitam do envio do aerograma ou da bus- ca ativa, tornando esta atividade possível mediante a existência de um profissional responsável pelo sistema de convocação em cada centro. A integração entre a informatização do sistema de convocação e os centros de uma área geográfica, permitirá a troca de infor- mações e o controle das atividades prioritá- rias. Este sistema deverá ter senha, no qual o operador e seu chefe assinarão termo de responsabilidade, referente ao não vaza- mento de informações (SANTOS, 2009). 6.3 As ações de enferma- gem Sendo a informação, o primeiro passo para a prevenção das DST, deverá chegar à população-alvo na forma de mensagens sim- ples, que esclareçam dúvidas, combatam os preconceitos e crendices sobre o assunto. A população-alvo a que se refere a maioria dos itens abaixo é a população sexualmente ativa, principalmente os jovens, portanto, a enfermagem deve colocar a informação em locais que vão ao encontro dos jovens, como escolas, comunidades esportivas ou religio- sas, fábricas, escritórios, entre outros. As principais informações dizem res- peito a: todas as pessoas podem contrair uma DST, não importando idade, raça, sexo, reli- gião; deve-se procurar um serviço de saúde imediatamente e não esperar que os sinto- mas desapareçam sozinhos, ou quando hou- ver disúria, saída de secreção purulenta na vagina ou pênis, úlceras nas regiões genitais, manchas hiperemiadas na pele, adenopatia axiliar e inguinal e dor na relação sexual; não existem vacinas para as DST e uma mesma pessoa pode ter uma mesma DST mais de uma vez; as DST são curáveis, com exceção da AIDS, desde que tratadas adequadamente; ao adquirir-se uma DST, deve-se con- versar com o parceiro; ambos devem ser tra- tados, para que se possam cortar os elos de transmissão da doença; não se deve ter vergonha de procurar um serviço de saúde, pois este é imprescin- dível para o sucesso do tratamento de uma DST; procurar amigos ou ir à farmácia não é a solução para o problema; mediante a prática do sexo seguro, são menores as chances de se adquirir uma DST, isto é, evitar a troca constante de parceiros e fazer uso de preservativo; o uso do espermicida junto ao preserva- tivo dá uma margem de segurança maior em relação à DST e à gravidez; a higiene dos órgãos genitais, antes e depois das relações sexuais, podem reduzir a probabilidade de adquirir uma DST; mas isto não dispensa o uso do preservativo; o autoexame do corpo e dos órgãos genitais facilita a identificação de sinais de DST; as mulheres devem ser incentivadas a realizarem exame ginecológico e coleta do 30 31 Papanicolau, pelo menos uma vez ao ano e, quando grávidas, no pré-natal; o aparecimento de DST em crianças su- gere abusos sexuais e deverá ser notificado; os agentes causadores das DST não so- brevivem fora do sistema genital humano; por isso, não se adquire DST andando descal- ço, no ônibus, utilizando utensílios comuns, no aperto de mão, em maçanetas de porta e sanitários (BRASIL, 1999; BRASIL, 2005). Para que a informação chegue e seja ab- sorvida pela população-alvo, são necessá- rios um planejamento viável, a formação de multiplicadores (líderes comunitários, pro- fessores, agentes de saúde, entre outros) e uma abordagem com aspectos práticos, em detrimento dos aspectos extremamente técnicos que causam confusão na mensa- gem recebida (SANTOS, 2009). Para tornar a abordagem mais agradável, recomenda-se utilizar estratégias que moti- vem a elaboração de técnicas com dinâmica de grupo, para facilitar a participação de to- dos, a fim de minimizar preconceitos e sen- sação de vergonha. Também se indicam as técnicas de demonstração que permitam a manipulação de instrumentos (como as ca- misinhas e espermicidas), a utilização de ál- buns seriados, slides e fitas de vídeo das di- versas instituições que lidam com a questão, distribuição e leitura de folhetos, textos de jornais e revistas. Os profissionais de saúde e os multiplica- dores devem estar atentos para não “julga- rem” o comportamento das pessoas, excluin- do seus valores morais e religiosos durante a transmissão das informações. Os profissionais de saúde e a comunidade devem ser incentivados a notificar os casos existentes, a fim de se processar a vigilância epidemiológica. A localização dos contatos objetiva iden- tificar o indivíduo-fonte de contaminação e seus comunicantes e prover recursos para o pronto diagnóstico e tratamento da doença. E esse processo ocorre quando há pessoal capacitado para coleta de exames e sistema de referência e contrarreferência estabele- cido para o encaminhamento dos casos. O indivíduo sequelado por uma DST de- verá ser encaminhado aos recursos cabíveis como, por exemplo: tratamento psicológico às mulheres inférteis, encaminhamento (ao neurologista, ortopedista, fisioterapeuta, entre outros) dos portadores de deficiên- cia física decorrente de DST e reintegração à família do portador de HIV (BRASIL, 2005; SANTOS, 2009). A assistência de enfermagem com enfo- que na abordagem sindrômica tem subsídios no aspecto epidemiológico e na identifica- ção e controle dos casos, fundamentada na educação e comunicação com mobilização social, e torna fundamental o papel do en- fermeiro na equipe e nas atenções primária, secundária e terciária de saúde, com vistas a sistematizar os cuidados. Portanto, é uma ação racional que disponibiliza poucos recur- sos e cujo sucesso exige monitoração e ava- liação constantes dos protocolos, bem como supervisão e treinamento do profissional envolvido na promoção (IST/HIV/AIDS). Algu- mas ações que podem nortear a assistência de enfermagem consistem em: realizar o acolhimento do usuário; identificar precocemente as infecções sintomáticas e assintomáticas; aconselhar e ofertar a sorologia para sí- filis, HIV, hepatites B e C. 32 3332 UNIDADE 7 - Oncologias As neoplasias malignas podem ser classificadas em:a) Carcinomas Mamários: os carcino- mas incluem os cânceres que se originam de células que formam a epiderme e as glându- las mamárias. b) Carcinomas Ductais: são constituí- dos por todas as lesões que esboçam ou for- mam estruturas semelhantes e glândulas ou túbulos. c) Carcinomas Lobulares: apresentam células pequenas e uniformes, isoladas ou em filas indianas ou ainda, células grandes com luz intracitoplasmática. d) Carcinoma Papilar: é responsável por apenas 2% dos carcinomas de mama, afeta mulheres na pós-menopausa. e) Carcinoma Tubular: é encontrado em pacientes com idade por volta de 50 anos e é responsável por 2% dos carcinomas de mama. f) Carcinomas Inflamatórios: a glându- la mamária acometida encontra-se tumefei- ta e dolorosa, com pele edemacida e erite- matosa. g) Doença de Paget do Mamilo: células carcinomatosas na epiderme do mamilo, que inicialmente apresenta-se avermelhada, pruriginosa e progride para erosão e ulcera- ção. h) Sarcomas Mamários: agrupa alguns tumores malignos não epiteliais de baixa in- cidência nas mamas, constituem por sua vez os cânceres, originam dos tecidos conecti- vos. i) Angiossarcoma: tumor mamário pal- pável com características vasculares. Aco- mete jovens em idade fértil, tem crescimen- to rápido e ocasionalmente bilateral. j) Tumor Phyllodes: chamado também de Cistossarcoma phylodes, tumor fibroepi- telial raro, responde por 0,5 a 2% dos tumo- res, semelhante ao fibroadenoma, acomete mulheres em torno dos 45 anos, podendo ter um crescimento rápido e causando, às vezes, ulceração da pele. Veremos algumas neoplasias que acome- tem o corpo uterino, passando pelos ovários, mamas, neoplasias cervical intraepitelial e finalizando com tratamentos complementa- res como quimioterapia e outros. 7.1 Carcinoma de vulva É o tumor maligno que se localiza na vulva. Os locais mais frequentes são os lábios, clitó- ris e pode invadir a uretra. Em 60 a 70% dos casos, o Papilomavírus humano (HPV) está associado com este carcinoma. Representa 3 a 5% das malignidades gi- necológicas. A sua disseminação pode ocor- rer por extensão direta para órgãos adjacen- tes, como vagina, reto ou bexiga. Noventa por cento das portadoras estão acima dos 50 anos de idade. O comprometimento dos lin- fonodos regionais é o principal determinante da sobrevida das pacientes. Segundo Vinha e col. (2001), aquelas que apresentam linfonodos negativos a sobrevi- da em 5 anos é de 90% e aquelas com linfo- nodos positivos a sobrevida é de 60%. Quanto à sintomatologia: 32 3333 prurido vulvar intenso ou não: sintoma mais comum (ocorrem em 60% dos casos) que muitas vezes é negligenciado, contri- buindo para um diagnóstico tardio e diminui- ção da sobrevida; nodulação; ulceração; dor em tumores mais avançados; corrimento fétido; podem ocorrer sangramentos mais tar- de. O diagnóstico é feito pela sintomatolo- gia, exame clínico, exames complementares, sendo a biópsia fundamental para a confir- mação. O tratamento é cirúrgico, dependen- do do tipo de lesão e do estágio da do- ença: carcinoma de células basais – hemi- vulvectomia superficial; carcinoma invasivo – Vulvectomia ra- dical e ressecção bilateral dos gânglios linfá- ticos inguinais (linfadenectomia inguinal). A rádio e quimioterapia são empregadas em pacientes com doenças em estágio avan- çado e que apresentem condições clínicas favoráveis para receber estes tratamentos (CARVALHO, 2004). 7.2 Corpo e colo uterino a) Neoplasia intraepitelial cervical NIC É o conjunto de alterações (lesões pré- -malignas) caracterizadas por atipias celula- res que de acordo com o estádio evolutivo do processo, classificam-se em três graus: NIC I, NIC II, NIC III e Ca in situ. Um termo atualmen- te utilizado para estas alterações é LIE (lesão intraepitelial escamosa) e podem ser dividi- das em duas categorias: a) LIE de baixo grau: são alterações iniciais no tamanho, forma e número de células que formam a superfície do colo uterino. Algumas delas desaparecem por si próprias. Entretan- to, com o decorrer do tempo, estas lesões podem se tornar maiores ou com maior anor- malidade, formando uma lesão de alto grau. Ocorrem mais frequentemente em mulheres com idade entre 25 e 35 anos, mas também podem surgir em outros grupos etários. b) LIE de alto grau: nesta categoria, há um grande número de células pré-cancerosas, e que possuem um aspecto muito diferente daquele das células normais. Ocorrem mais frequentemente entre as idades de 30 e 40 anos, mas também podem ocorrer em ou- tras faixas etárias. Caso as células anormais se disseminem mais profundamente dentro do colo uterino ou para outros órgãos, a do- ença é também chamada de câncer cervical invasivo. Portanto, podemos classificar as ne- oplasias intraepiteliais da seguinte ma- neira: NIC I – displasia cervical leve ou lesão de baixo grau: 1/3 do epitélio próximo à ca- mada basal; NIC II – displasia cervical moderada: 50% do epitélio alterado; NIC III – displasia cervical acentuada ou lesão de alto grau: praticamente todo o epi- télio; CIS – Ca in situ, carcinoma pré-invasi- vo ou intraepitelial. A ocorrência do NIC I e II verifica-se entre 25 a 35 anos. O carcinoma pré-invasivo, entre 30 a 40 anos. Esta ob- servação é importante para considerar as 34 35 displasias como lesões pré-malignas. Como fatores de risco temos: multiparidade; baixo nível socioeconômico; início precoce da atividade sexual; promiscuidade sexual. O diagnóstico é feito por meio do exame pélvico e a citologia oncótica permitem de- tectar a presença de alterações no colo ute- rino. A colposcopia é um método amplamen- te usado para avaliar o colo uterino quanto à presença de áreas anormais. Eventualmen- te, coleta-se uma pequena quantidade de tecido cervical (biópsia) para exame anato- mopatológico. O tratamento para uma lesão pré-cance- rosa do colo uterino depende de vários fato- res. Esses fatores incluem o fato de a mulher desejar ter filhos, sua idade e saúde geral e a preferência da mulher e do seu médico. Uma mulher com uma lesão de baixo grau pode não necessitar de tratamento adicio- nal, especialmente se a área anormal foi completamente removida durante a biópsia, mas serão necessários exame pélvico e cito- logia oncótica regularmente. Quando uma lesão pré-cancerosa requerer um tratamen- to, poderá ser utilizada a criocirurgia (conge- lamento), diatermocauterização (calor), cau- terização química ou laserterapia (cirurgia para destruir a área anormal sem danificar o tecido sadio adjacente). Pode-se também remover o tecido anormal pelo método LEEP ou conização. Em alguns casos, pode-se re- alizar histerectomia, particularmente se as células anormais são encontradas na endo- cérvice (CARVALHO, 2004). Segundo Bastos (1998), o tratamento será de acordo com o grau da NIC, pe- las características epidemiológicas da paciente, pela idade e pela paridade, a saber: NIC I: Conduta expectante, pois pode re- gredir espontaneamente. Trata-se proces- sos inflamatórios como cervicites e colpites. NIC II: Em jovens nuligestas ou naquelas que ainda desejam engravidar, é suficien- te tratar o colo uterino, mesmo que este se apresente epitelizado. A paciente deverá ser acompanhada se- mestralmente com colposcopia e citologia oncótica. Em muitas mulheres maduras com número de filhos constituídos, pode ser a conduta anterior ou conização do colo uteri- no. NIC III: Diagnosticado pela biópsia. Deve- rá ser tratado pela conização ou amputação do colo. Qualquer dos dois procedimentos deve ser feito após o teste de Schiller para delimitar e fazer a incisão além do limite de positividade do teste. A conização é usada para pacientes jovens que desejam engravi- dar e a amputação para pacientes próximas à menopausa. Toda paciente tratada de carcinoma pré- -invasivo deve permanecer sobre controle colposcópico e citológico para detecção de possíveis recidivas. Na ocorrência de NIC III e gravidez, geral- mente indica-se