Buscar

Patologias e neoplasias ginecológicas e obstétricas


Continue navegando


Prévia do material em texto

AT 1
PATOLOGIAS E 
NEOPLASIAS GINECOLÓGICAS 
E OBSTÉTRICAS
2 32
S
U
M
Á
R
IO
3 UNIDADE 1 - Introdução
5 UNIDADE 2 - Doenças Relacionadas à Vulva e Vagina
5 2.1 Vulvovaginite e corrimento genital
7	 2.2	Vaginite	atrófica
7 2.3 Bartholinite
8 2.4 Fístula vaginal
10 UNIDADE 3 - Doenças Relacionadas ao Útero
10 3.1 Leiomioma
11 3.2 Endometriose e adenomiose
13 3.3 Cervicite
15 UNIDADE 4 - Doenças Relacionadas às Tubas Uterinas e Ovários
15 4.1 Salpingite
16 4.2 Gravidez ectópica
17 4.3 Síndrome dos ovários policísticos
18 UNIDADE 5 - Doenças das Mamas
23 UNIDADE 6 - Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs)
25 6.1 A abordagem sindrômica das DSTs
26 6.2 Abordando o portador de DST
30 6.3 As ações de enfermagem
32 UNIDADE 7 - Oncologias
32 7.1 Carcinoma de vulva
33 7.2 Corpo e colo uterino
39 7.3 Ovário
41 7.4 Mamas
46 7.5 Tratamentos complementares
50 REFERÊNCIAS
2 33
UNIDADE 1 - Introdução
As necessidades de cuidados da mulher 
são tantas e, por vários motivos que, segun-
do o Instituto de Pesquisa Aplicada Econô-
mica (IPEA, 2007), estão presentes entre os 
oito objetivos do Milênio.
As DSTs/AIDS, o câncer ginecológico, a 
violência, as intercorrências da menopau-
sa/climatério, questões de trabalho, saúde 
mental, necessidades relacionadas ao plane-
jamento familiar e as necessidades relativas 
ao ciclo gravídico-puerperal fazem parte de 
algumas linhas gerais de cuidados que en-
volvem a mulher.
A atenção à saúde da mulher no que se 
refere ao âmbito ginecológico é conhecida 
como atenção/prevenção primária, fun-
damentada nos exames de rastreamento 
das patologias mamárias e do colo uterino, 
incluindo a orientação sobre os métodos 
contraceptivos, para os quais os métodos e 
tecnologias utilizados devem ser acessíveis 
a todos. Como diz Ramos (2010), faz-se ne-
cessário uso de medidas adequadas com a 
finalidade de intervir precocemente diante 
das alterações e/ou modificações presen-
tes, lançando mão de propedêuticas preven-
tivas.
O câncer de colo uterino, por exemplo, que 
advém das alterações anormais no revesti-
mento celular ou na superfície da cérvice é 
considerado uma doença evitável. Ele apre-
senta como uma de suas características, le-
sões pré-clínicas com evolução lenta, com 
um longo período de latência, em que podem 
ser realizadas medidas apropriadas.
Segundo Feitosa, Santos e Nunes (2010), 
as infecções sexualmente transmissíveis 
(IST) estão entre os grandes problemas de 
saúde pública, e o interesse sobre elas re-
dobrou em virtude, principalmente, do alto 
índice de contaminação pelo HIV entre a po-
pulação sexualmente ativa.
O diagnóstico e o tratamento das IST em 
fase inicial podem evitar graves complica-
ções e sequelas, incluindo infertilidade, per-
da fetal, gravidez ectópica, cancro anogeni-
tal e morte prematura, bem como infecções 
em recém-nascidos e lactentes (BRASIL, 
2005).
Evidências revelam também uma forte 
correlação entre a difusão das IST conven-
cionais e a transmissão do HIV, tendo sido 
descoberto que as IST ulcerativas ou não ul-
cerativas aumentam o risco da transmissão 
do HIV por via sexual. Este fato demonstra a 
necessidade de ações efetivas a fim de mini-
mizar os danos ao indivíduo e à coletividade 
e prevenir novas ocorrências (BRASIL, 2005; 
2006).
Outro enfoque que deve ser priorizado re-
fere-se à resistência antimicrobiana, carac-
terizada pelo aumento de patógenos sexu-
almente transmissíveis que tornam alguns 
tratamentos ineficazes. Por isso, surgiram 
novos agentes, como cefalosporinas e flu-
oroquinolonas de terceira geração, capazes 
de tratar infecções com cepas resistentes.
Pois bem, neste módulo veremos exata-
mente doenças relacionadas à vulva, vagi-
na, útero, tubas uterinas e ovários, mamas, 
as doenças sexualmente transmissíveis e as 
oncologias. Definição, etiologia, característi-
cas, sintomatologia, tratamento e conduta 
de enfermagem permeia cada uma das do-
enças apresentadas.
4 54
Ressaltamos em primeiro lugar que embo-
ra a escrita acadêmica tenha como premissa 
ser científica, baseada em normas e padrões 
da academia, fugiremos um pouco às regras 
para nos aproximarmos de vocês e para que 
os temas abordados cheguem de maneira 
clara e objetiva, mas não menos científicos. 
Em segundo lugar, deixamos claro que este 
módulo é uma compilação das ideias de vá-
rios autores, incluindo aqueles que conside-
ramos clássicos, não se tratando, portanto, 
de uma redação original e tendo em vista o 
caráter didático da obra, não serão expres-
sas opiniões pessoais.
Ao final do módulo, além da lista de refe-
rências básicas, encontram-se outras que 
foram ora utilizadas, ora somente consulta-
das, mas que, de todo modo, podem servir 
para sanar lacunas que por ventura venham 
a surgir ao longo dos estudos.
4 55
UNIDADE 2 - Doenças Relacionadas à 
Vulva e Vagina
A vulva é um órgão do aparelho genital 
feminino e também é parte do tegumento 
cutâneo; apresenta epitélio queratinizado e 
não queratinizado, pele com pelos e pele gla-
bra, além de várias glândulas especializadas. 
A vagina é constituída de epitélio malpighia-
no sujeito a estímulos ambientais e hormo-
nais (CARVALHO, 2004).
A vagina liga os órgãos reprodutores in-
ternos e externos, é formada de uma ca-
mada muscular, uma mucosa que apresenta 
organismos não patogênicos, os bacilos de 
Döderlein. A vagina e a vulva, sendo órgãos 
reprodutores, estão sujeitas também à 
contaminação pelas doenças sexualmente 
transmissíveis.
Diversas condições dermatológicas po-
dem também afetar a vulva e são tratadas 
com a remoção do agente irritante, cremes 
com esteroides, e anti-histamínicos. A vulvi-
te muitas vezes causa prurido, e o ato de co-
çar pode traumatizar a pele. A vulvite pode 
causar vaginite secundária ou uma vaginite 
pode causar uma vulvite secundária, sen-
do então designada como vulvovaginite. As 
vulvovaginites muitas vezes se apresentam 
com corrimento genital, por isso, falaremos 
de vulvovaginites e corrimento genital. A vul-
va é sujeita a intertrigo, por causa das dobras 
das áreas dos lábios e inguinais. A seborreia e 
a foliculite também podem envolver a vulva. 
As infestações incluem a pediculose púbica, 
pulgas, percevejos e escabiose. As lesões 
primárias das doenças venéreas são muitas 
vezes encontradas na vulva.
Os tumores benignos da vulva incluem os 
da pele em geral e alguns poucos específicos: 
abscessos e cistos da glândula de Bartholin 
(ou glândula vestibular maior), abscessos 
e cistos da glândula de Skene (ou glândula 
vestibular menor), tumores epiteliais benig-
nos sólidos, papilomas, adenomas, nevus e 
cistos sebáceos. Os tumores benignos do te-
cido conjuntivo da vulva incluem lipomas, fi-
bromas, hemangiomas e linfangiomas (CAR-
VALHO, 2004).
As varizes vulvares também são ocorrên-
cias frequentes.
2.1 Vulvovaginite e corri-
mento genital
A vulvovaginite é um processo inflamató-
rio localizado na vulva e vagina e que, geral-
mente, produz corrimento genital. As vulvo-
vaginites mais comuns são:
 monilíase;
 tricomoníase;
 vulvovaginite por Gardnerella vaginalis;
 herpes genital;
 vulvovaginites atróficas;
 vulvovaginites alérgicas.
O corrimento ou leucorreia é a secreção 
anormal de líquido espesso, viscoso e bran-
co que flui dos genitais femininos. Pode-se 
tratar de uma vaginite ou cervite e deve ser 
investigada a sua origem.
Cerca de 25% das clientes que procuram 
um serviço de ginecologia queixam-se de 
corrimento ou leucorreia. Tem-se que dis-
tinguir o exsudato genital normal que é um 
fluxo claro, sem odor fétido de um fluxo pa-
tológico.
6 7
Uma vez que os órgãos genitais femini-
nos constituem uma sucessão de cavidades 
abrindo-se para o exterior, pelo orifício vagi-
nal e na cavidade abdominal, pelos óstios ab-
dominais das tubas uterinas, ao longo destas 
cavidades, predomina o epitélio cilíndrico do 
tipo glandular, com exceção da vagina, que é 
revestida de epitélio plano estratificado ou 
epidermoide.
O fluxo ou exsudato vaginal normal é um 
produto desecreção dos epitélios glandula-
res, associada à transudação do epitélio epi-
dermoide. Este flui pelos genitais em quan-
tidade variável, aumentando o volume na 
metade do ciclo menstrual, na ovulação e na 
excitação sexual.
A vagina tem um pH ácido por volta de 4,5. 
Com a diminuição da acidez vaginal, ocorre 
aumento da população de bactérias e redu-
zem-se o glicogênio e os bacilos de Dörder-
lein. Os organismos patogênicos que normal-
mente produzem vaginites preferem o pH 
elevado (alcalino). Portanto, um pH entre 5,0 
a 6,0 pode favorecer a continuidade de um 
corrimento.
Os órgãos responsáveis pelo corrimento 
genital geralmente são a vagina e o colo ute-
rino. E os agentes etiológicos mais frequen-
tes são: trichomonas, leveduras, gonococos, 
HPV, chlamydia, bacilos difteroides, Gardne-
rella.
Como fatores predisponentes das 
vulvovaginites e de corrimentos temos:
 multiplicidade de parceiros;
 DST;
 ducha vaginal;
 alterações anatômicas;
 alterações da flora intestinal;
 uso inadequado de antibióticos;
 uso de anticoncepcional hormonal;
 gravidez.
O diagnóstico das vulvovaginites é clínico, 
mas deve-se realizar uma bacterioscopia da 
secreção vaginal para se determinar o agen-
te causal e, assim, realizar o tratamento es-
pecífico.
Dentre as orientações gerais às clien-
tes para prevenção de corrimento geni-
tal tem-se:
 evitar ducha vaginal;
 evitar a promiscuidade sexual;
 melhorar a higiene pessoal (homens e 
mulheres), principalmente antes do ato se-
xual;
 usar camisinha em casos de parceiros 
variados;
 evitar coçar a genitália para evitar esco-
riação;
 salientar a importância do tratamento 
do companheiro, no caso de DST, simultane-
amente, para evitar a reinfecção por meio 
das relações sexuais;
 ensinar o uso correto dos medicamen-
tos prescritos, banhos de assento, asseio 
corporal e demais cuidados higiênicos pes-
soais;
 consultar anualmente um ginecologis-
ta, realizando o exame preventivo de Papa-
nicolaou;
 evitar usar calcinhas com forro de nylon 
ou seda, que favorece a transpiração na área 
genital e um ambiente para a proliferação de 
microrganismos;
6 7
 evitar usar roupas justas que possam 
causar irritação pelo atrito constante da 
pele, excesso de aquecimento local ou má 
ventilação;
 orientar sobre a importância de manter 
um registro do ciclo menstrual, do fluxo e da 
ocorrência de dor e outros sintomas (CARVA-
LHO, 2004).
2.2 Vaginite atrófica
Vaginite atrófica é a atrofia da mucosa va-
ginal após a menopausa. A mucosa vaginal 
fica sensível à infecção e irritação. A mulher 
fica mais sujeita à dispareunia.
Sua sintomatologia geral inclui:
 escassa secreção;
 prurido;
 queimação;
 irritação vaginal.
Indicações de tratamento:
Hormonoterapia: estrogenioterapia, apli-
cada localmente através do creme vaginal 2 
a 3 vezes por semana, regularmente, alivia 
os sintomas. O tratamento deve ser contí-
nuo, por toda a vida, para evitar recidiva.
2.3 Bartholinite
Bartholinite é uma inflamação do canal, 
ou do canal e da glândula de Bartholin, cau-
sada por uma obstrução da extremidade 
vaginal do ducto. Quando se tornam secun-
dariamente obstruídas por um agente infe-
cioso, pode ocorrer a formação de abscesso 
ou cisto.
A bartholinite é quase sempre causada 
por uma alguma DST, sendo o agente mais 
comum, o gonococo. As glândulas de Bartho-
lin são duas, situadas nas paredes da vagina, 
no conduto vaginal, elas estão uma de cada 
lado. Durante a excitação, liberam um fluido 
lubrificante facilitando a penetração, e pro-
porcionando maior excitação à mulher. Essa 
lubrificação é feita na superfície interior dos 
lábios vaginais.
Os sintomas mais comuns da Bartholinite 
são: dor e queimação, hiperemia, edema e 
tumoração da glândula em um ou ambos os 
lábios que muitas vezes impedem a relação 
sexual.
A avaliação diagnóstica é feita pelo exa-
me clínico. Na anamnese, investiga-se os 
antecedentes de atividade sexual, incluin-
do novos parceiros e antecedentes de DST. 
Inspeciona-se os pequenos lábios quanto a 
calor, hiperemia e edema. Avalia-se sinais de 
DST: erupção, úlceras genitais e secreção va-
ginal.
Eventualmente, pode se solicitar cultura 
de secreção para identificar os microrganis-
mos infectantes.
São condutas de Enfermagem:
 realizar a educação em saúde, revendo 
com a paciente, os princípios de higiene pe-
rineal;
 discutir as DST e os métodos de preven-
ção;
 explicar à paciente que a infecção pode 
ter sido causada por uma doença sexual-
mente transmitida;
 instruir a paciente para encaminhar seu 
parceiro para uma investigação para DST;
 aconselhar a paciente a abster-se de 
relações sexuais até que o cisto ou absces-
so tenha desaparecido completamente e ela 
tenha completado a antibioticoterapia;
 administrar medicamentos como: anal-
8 9
gésicos comuns, anti-inflamatórios e antibi-
óticos de amplo espectro como cefalexina 
(Keflex®, e outros);
 aplicar compressas quentes ou banhos 
de assento morno várias vezes ao dia;
 dependendo do caso, pode ser reco-
mendado repouso no leito;
 preparar a paciente para incisão e dre-
nagem do abcesso quando estiver indicado, 
observando os cuidados pré-operatórios ge-
rais de acordo com as necessidades individu-
ais e rotinas da instituição;
 nos casos de infecção recidivante, pode 
ser necessário realizar a cirurgia de Marsu-
pialização (retirada de toda a glândula);
 observar cuidados pós-operatórios ge-
rais individualizados e de acordo com a rotina 
da instituição;
 a sonda vesical geralmente é retirada 
entre 24 a 48 horas após cirurgia; observar 
drenagem e aspecto da urina;
 observar curativo, drenos e sangramen-
to vaginal; retirar tamponamento de gaze 24 
horas após cirurgia.
2.4 Fístula vaginal
Fístula vaginal é uma comunicação anor-
mal entre dois órgãos vizinhos com desvio 
dos excretos respectivos. Podem ser:
 fístula uréterovaginal – comunicação 
entre o ureter e a vagina;
 fístula uretrovaginal – comunicação 
entre a uretra e a vagina;
 fístula vesicovaginal – comunicação 
entre a bexiga e a vagina;
 fístula ênterovaginal – comunicação 
entre o intestino delgado e a vagina;
 fístula retovaginal – comunicação en-
tre o reto e a vagina.
Dentre os fatores predisponentes, te-
mos o traumatismo obstétrico (nos fórceps 
e parto com período expulsivo prolongado); 
cirúrgica: cesáreas e cirurgias ginecológicas. 
O órgão pode ser lesado acidentalmente de-
terminando irrigação sanguínea deficiente e 
consequente formação da fístula.
Fazem parte dos sintomas:
 na fístula ureterovaginal – há o goteja-
mento urinário contínuo pela vagina haven-
do micção normal, pois a urina chega à bexi-
ga pelo ureter;
 na fístula vesicovaginal, não há micção 
normal e a urina se escoa para a vagina;
 no caso da fístula uretrovaginal, a pa-
ciente pode urinar pela vagina no ato da mic-
ção;
 nas fístulas retovaginais, há incontinên-
cia fecal e de gases. Podem surgir sinais de 
vulvovaginites.
As fístulas urogenitais causam irritação, 
prurido, lesões eczematosas e foliculite, 
além de exalar o odor de urina. Pode também 
causar infecção do trato urinário (CARVA-
LHO, 2004).
São condutas de enfermagem:
 apoiar emocionalmente a paciente. Isto 
envolve compreensão, paciência, encoraja-
mento, atenção;
 orientar a paciente para fazer banhos 
de assentos frequentes;
 orientar para usar absorvente ou fral-
das;
 preparar a paciente para a cirurgia;
8 9
 as fístulas raramente cicatrizam sem 
cirurgias, portanto, prestar assistência pós-
-operatória adequada e no pós-operatório 
de correção de uretrovaginal urogenitais, 
será mantida soda vaginal de demora para 
um escoamento constante de urina por 
aproximadamente 15 dias;
 controlar débito urinário;
 para cirurgias enterovaginais, é neces-
sário preparar o intestino com antibióticos 
de ação intestinal, assim como a dieta sem 
resíduos e por alguns dias no pré e no pós-
-operatório;
 administrar medicamentos como antibi-
óticos, analgésicos, entre outros;
 lembrar que qualquer intervenção, pormenor que seja, compromete psicologica-
mente a paciente (CARVALHO, 2004).
10 1110
UNIDADE 3 - Doenças Relacionadas ao 
Útero
3.1 Leiomioma
Também chamado de fibroma ou mioma. 
É o tumor sólido benigno, de evolução len-
ta, que se desenvolve no miométrio, que se 
constitui de fibras musculares lisas e tecido 
conjuntivo, pobre de vasos, crescendo em 
forma de nódulos. Instala-se com maior fre-
quência no corpo uterino.
Sua incidência é maior entre 35 a 45 anos, 
e é maior em mulheres negras. Raramente 
surgem após a menopausa. Os tumores pe-
quenos podem sofrer leve regressão após a 
menopausa.
A maioria dos leiomiomas não causa sinto-
mas – apenas 10 a 20% mulheres que têm a 
doença necessitarão de tratamento. Depen-
dendo da sua localização, tamanho e quanti-
dade, a mulher pode apresentar os seguin-
tes sintomas:
 presença de tumoração uterina com 
consequente aumento do volume uterino 
que pode ser interpretado como simples au-
mento de peso corporal;
 alterações menstruais – metrorragia, 
menorragia ou hipermenorreia costumam 
ser os principais sintomas podendo levar à 
anemia; aumento da intensidade de cólicas 
menstruais;
 dor em baixo-ventre ou sensação de 
pressão ou desconforto causado pelo tama-
nho e peso dos miomas que pressionam as 
estruturas adjacentes;
 abortamento de repetição;
 infertilidade por obstrução ou desloca-
mento do trato genital;
 pode haver febre baixa;
 dor na região lombar, flanco ou pernas 
(os tumores podem pressionar os nervos que 
inervam a região hipogástrica e as pernas);
 dispareunia;
 pressão no sistema urinário, resultando 
no aumento da frequência da micção, princi-
palmente à noite;
 pressão sobre o intestino grosso, levan-
do a obstipação e retenção de gases;
 cefaleia;
 dispneia;
 prostração.
O diagnóstico pode ser feito clinicamente 
por meio da apalpação abdominal e por meio 
de exames complementares como a ultras-
sonografia pélvica.
Os leiomiomas podem ser classifica-
dos em:
a) Subserosos: aparecem e se desenvol-
vem abaixo da camada (serosa) externa do 
útero e se expandem por ela, dando ao úte-
ro uma aparência nodular. Tipicamente não 
afetam o fluxo menstrual, mas podem cau-
sar dores na região hipogástrica e na lombar, 
e sensação de pressão no abdome.
b) Intramurais ou intersticiais: desen-
volvem-se na parede do útero e se expan-
dem para dentro, aumentando o tamanho 
do útero. É o tipo mais comum de leiomioma. 
Pode causar sangramento menstrual inten-
so e dores na região hipogástrica e na lombar 
e/ou sensação de pressão.
10 1111
c) Submucosos: estão justamente abai-
xo do endométrio. É o tipo menos comum de 
leiomioma, mas o que pode causar mais pro-
blemas. Mesmo um pequeno tumor submu-
coso pode causar sangramento intenso.
d) Pediculados: são os tumores que ini-
cialmente crescem como subserosos e des-
tacam-se parcialmente do útero, ficando a 
ele ligados apenas por uma pequena porção 
de tecido chamado pedículo. Podem ser con-
fundidos na ultrassonografia com tumores 
ovarianos (CARVALHO, 2004).
Quanto ao tratamento, os tumores que 
não causam sintomas não são tratados, ape-
nas acompanhados.
Quando provocam sintomas, a primeira 
alternativa é a terapia medicamentosa. São 
indicados medicamentos que auxiliam a co-
agulação, anti-inflamatórios e hormonotera-
pia que, na maioria das vezes, são suficientes 
para controlar os sintomas.
Se os medicamentos não melhoram os 
sintomas, lança-se mão de técnicas mais in-
vasivas como: embolização da artéria uteri-
na, miomectomia e histerectomia.
Na Miomectomia remove-se apenas o tu-
mor, preservando o útero e a capacidade da 
mulher engravidar. Pode ser via histeroscópi-
ca (não requer incisão, o tumor é retirado via 
vaginal), laparoscópica (pequenas incisões 
no abdome para introduzir os instrumentos 
e/ou uma microcâmera) ou via abdominal. A 
aplicação da técnica depende do tipo do tu-
mor e o lugar em que ele se encontra.
Na Histerectomia há remoção do útero 
que pode ser por via vaginal, laparoscópica 
ou abdominal.
A embolização das artérias uterinas é uma 
nova alternativa para tratar as mulheres que 
apresentam leiomioma uterino sintomático. 
É um procedimento pouco invasivo onde, 
sob anestesia local, faz-se uma incisão de 
aproximadamente 2 milímetros na pele da 
região inguinal por onde introduz-se um fino 
cateter que é direcionado, com a utilização 
de um equipamento de raios X, até as arté-
rias uterinas que nutrem os tumores. Então, 
são injetadas partículas plásticas com o obje-
tivo de obstruir estas artérias, impedindo a 
nutrição dos tumores que deverão regredir. 
Este procedimento geralmente requer um 
dia de hospitalização. No pós-operatório, 
prescreve-se medicação para a dor ou cólica 
que são efeitos colaterais comuns.
A recuperação acontece em uma semana 
ou pouco mais. Apesar de ser um procedi-
mento seguro pode haver riscos de complica-
ções raras como: sangramento ou formação 
de coágulos no local da passagem do cateter; 
alergia ao contraste; embolização de outra 
artéria; infecção; falência ovarina precoce, 
portanto, não está indicada para mulheres 
que desejam concepção (CARVALHO, 2004).
3.2 Endometriose e adeno-
miose
É uma doença assinalada pela presença 
de tecido com características histológicas 
semelhantes ao endométrio, fora de sua 
sede normal, ou seja, a cavidade uterina. Na 
maioria das vezes, este tecido é funcionante.
De acordo com a localização do te-
cido ectópico, podemos classificar esta 
patologia em:
 endometriose interna ou adenomiose, 
quando localizada no miométrio;
 endometriose externa, ou apenas en-
dometriose, quando localizada em outras 
estruturas.
12 13
Quanto sua incidência, ocorre mais na raça 
branca, em nulíparas e na faixa etária entre 
20 e 40 anos. Estima-se que 6 a 7% das mu-
lheres tenham endometriose.
Há diversas teorias sobre a etiologia da 
endometriose. Há evidências que sugerem 
ser esta uma doença genética. Outras suge-
rem ser uma doença do sistema de defesa. 
Na realidade sabe-se que as células do en-
dométrio podem ser encontradas no líquido 
peritonial em volta do útero em grande parte 
das mulheres. No entanto, apenas algumas 
desenvolvem a doença.
As teorias mais conhecidas são:
a) Teoria do refluxo menstrual (mens-
truação retrógrada) que transporta o 
tecido endometrial para pontos ectópicos. 
As mulheres com menores intervalos entre 
as menstruações e maior duração do fluxo 
menstrual são mais propensas a apresentar 
menstruação retrógrada e, consequente-
mente, apresentar um maior risco de desen-
volver a endometriose. Embora a menstrua-
ção retrógrada pareça ser um evento comum 
em mulheres, nem todas as mulheres que 
apresentam menstruação retrógrada de-
senvolvem endometriose.
b) Teoria da imunidade celular: o siste-
ma imune pode estar alterado em mulheres 
com endometriose, e a doença pode se de-
senvolver em virtude da redução da elimi-
nação imunológica de células endometriais 
viáveis da cavidade pélvica.
c) Teoria do transplante: o transplante 
de tecido endometrial também pode ocorrer 
acidentalmente durante cirurgia, por meio 
de instrumentos cirúrgicos.
d) Teoria do transplante linfático ou 
hemotogênico: o tecido endometrial pode 
se espalhar também pelos canais linfáticos 
ou venosos.
e) Teoria da metaplasia: está relacio-
nada à permanência de vestígios do tecido 
epitelial embrionário, que, durante o cresci-
mento, por estímulos externos, podem ser 
transformados em tecido endometrial.
Segundo Carvalho (2004), a verdadeira 
causa da endometriose poderia ser a combi-
nação destes e de outros fatores.
A sintomatologia é variável, dependendo 
da localização da doença. E nem sempre há 
correlação entre a severidade da doença e 
a presença ou intensidade dos sintomas. Os 
sintomas mais comuns são:
 alterações menstruais – ciclos hiperme-
norrágicos, spotting pré-menstrual e disme-
norreia;
 dor pélvica, geralmente relacionada 
com o ciclo menstrual;
 desconforto pélvico, em qualquer fase 
do ciclo;
 dispareunia;
 dor e sangramento durantea defeca-
ção ou micção, quando os focos da doença 
estiveram localizados no intestino ou no tra-
to urinário;
 infertilidade;
 dor em cicatrizes de cesárea e de parto 
normal (episiotomia).
O diagnóstico pelo exame físico pode le-
var dor à mobilização uterina; diminuição da 
mobilidade do útero e retroversão, por causa 
de aderências pélvicas; nódulos no fundo de 
saco vaginal posterior sensibilidade anexial; 
implantes no colo uterino e no fómix vaginal.
O diagnóstico geralmente é feito por meio 
da laparoscopia, onde se podem visualizar di-
12 13
retamente os implantes abdominais, segui-
da de histopatologia dos tecidos suspeitos.
O tratamento médico é direcionado aos 
seguintes aspectos: ao desejo de gravidez; 
aos sintomas; ao estágio da doença; e à ida-
de da cliente.
Quando se opta por Hormonoterapia, o 
tecido endometriótico ectópico é, teorica-
mente, responsivo aos esteroides sexuais, 
assim como o endométrio intrauterino.
Dessa forma, a terapia hormonal se pro-
põe a interromper o ciclo de estimulação e 
sangramento. Portanto, o tratamento medi-
camentoso está indicado para: suprimir uma 
doença ativa sintomática; como terapêutica 
pré-operatória em endometriose severa re-
corrente; como prevenção de recorrência da 
doença; e quando a gravidez é postergada.
Outro meio é pelo uso de anticoncepcio-
nal oral combinado: o uso contínuo de anti-
concepcional oral combinado na dose usual 
de um comprimido ao dia, por um período de 
seis meses a um ano, ininterruptamente.
Temos também os Progestágenos que 
provocam decidualização do endométrio e 
subsequente atrofia. O acetato de medroxi-
progesterona é o mais indicado, podendo ser 
administrado por via oral. A Gestrinona é um 
agente antiprogestagênico de longa ação, 
com efeitos androgênicos, antiestrogênicos 
e antiprogestagênicos. O Danazol age como 
um agonista da progesterona e elimina os pi-
cos de LH e FSH do meio do ciclo.
Ainda existem os analgésicos para aliviar 
a dor.
O tratamento cirúrgico é aplicado para a 
forma mais grave, quando o número e o ta-
manho dos focos de endometriose aumen-
taram e estão comprometendo útero, tubas, 
ovários e bexiga e já surgiram aderências.
Está indicada a cirurgia por laparoscopia 
que, por meio de laser ou pinças, destruirá o 
tecido endometrial (ressecção dos endome-
triomas) e fará a lise das aderências preser-
vando os demais tecidos. Associado à cirur-
gia, pode ser prescrito temporariamente um 
supressor do estrógeno para inibir o estímu-
lo do crescimento do tecido endometrial que 
migrou para outras partes do corpo. Se esta 
supressão for prolongada provocará sinais e 
sintomas do climatério.
Em casos extremos, quando há aderên-
cias hemorrágicas internas e comprometi-
mento de outros órgãos, poderá ser reali-
zada a histerectomia total e anexectomia 
bilateral provocando, desta maneira, uma 
menopausa cirúrgica, que exigirá reposição 
hormonal (CARVALHO, 2004).
3.3 Cervicite
A cervicite é um processo inflamatório 
agudo ou crônico do colo uterino, tanto na 
endocérvix, como em área de eversão. É 
um problema muito comum que pode ocor-
rer quando os microrganismos têm acesso 
às glândulas cervicais, após relação sexual, 
abortamento, manipulação intrauterina ou 
parto. Se não tratada esta infecção uterina 
pode se estender para o útero, tubas ute-
rinas e cavidade pélvica. Na maioria das pa-
cientes, a inflamação é causada por micror-
ganismos patogênicos comuns, mas pode 
haver infecção gonorreica e por Chlamydia 
nas glândulas cervicais. A inflamação pode 
causar erosão do tecido cervical, resultando 
em sangramento. A Chlamydia frequente-
mente é a bactéria que causa a cervicite mu-
copurulenta. Acredita-se que 3 a 10 milhões 
de casos ocorrem anualmente nos Estados 
Unidos.
14 1514
É mais comum em pacientes jovens se-
xualmente ativas com mais de um parceiro 
e transmitida por meio da relação sexual. Na 
gravidez, podem ocorrer natimortos, morte 
neonatal e trabalho de parto prematuro.
São então, fatores predisponentes:
 multiplicidade de parceiros;
 início precoce de atividade sexual, uso 
de anticoncepcional hormonal;
 uso do DIU;
 gravidez.
A sintomatologia inclui:
 corrimento vaginal;
 dispareunia;
 algia pélvica;
 colo uterino hiperemiado, sangrando 
facilmente ao contato;
 colo uterino com erosão.
Na conduta de enfermagem teremos:
 encorajar a abstinência sexual durante 
o tratamento;
 orientar a paciente para a aplicação do 
creme, preferencialmente à noite, ao deitar 
evitando a deambulação;
 solicitar à paciente para retornar à con-
sulta após término do tratamento para nova 
avaliação;
 poderá ser indicada uma cauterização, 
se houver a persistência do processo infla-
matório, associado a uma eversão importan-
te.
14 1515
UNIDADE 4 - Doenças Relacionadas às 
Tubas Uterinas e Ovários
4.1 Salpingite
A salpingite é um processo inflamatório 
agudo ou crônico, que ocorre nas tubas ute-
rinas, também chamado de doença inflama-
tória pélvica (DIP).
O agente etiológico mais comum é o go-
nococo, mas pode ser causado pelo estrep-
tococo e outros.
São fatores predisponentes:
 ocorrência prévia de DIP e/ou cervicite;
 multiplicidade de parceiros;
 início de atividade sexual precoce;
 DST prévias ou atuais;
 manipulação do trato genital;
 uso de DIU associado a outros fatores 
de risco;
 curetagem uterina;
 abortamento provocado.
Dentre os sintomas teremos:
a) Na fase aguda: algia pélvica (que au-
menta gradualmente); corrimento cervical 
purulento intenso; dor à apalpação dos ane-
xos e à mobilização do colo uterino; febre.
b) Na fase crônica: dispareunia; disme-
norreia; infertilidade; massa pélvica doloro-
sa; febrícula recorrente.
Critérios para diagnóstico clínico: 
(Brasil, 2000)
a) Critérios maiores:
 dor no abdômen inferior;
 dor à palpação anexial;
 dor à mobilização do colo útero.
b) Critérios menores:
 hemograma infeccioso (Ieucocitose);
 temperatura axilar maior que 37,8°C;
 secreção vaginal ou cervical anormal;
 proteína C reativa ou velocidade de he-
mossedimentação (VHS) elevada;
 comprovação laboratorial de infecção 
pelo gonococo, clamídia ou micoplasmas.
c) Critérios elaborados:
 evidência histopatológica de endome-
trite;
 presença de abcesso tubo-ovariano em 
estudo de imagem;
 achados laparoscópicos.
Para o diagnóstico, é necessária pelo me-
nos a apresentação de: três critérios maiores 
+ um critério menor, ou um critério elabora-
do (BRASIL, 2000).
d) Exames laboratoriais:
 hemograma completo;
 velocidade de hemossedimentação;
 exame bacterioscópico com cultura e 
antibiograma de material obtido da cérvix, 
uretra, de laparoscopia ou de punção de fó-
mix vaginal posterior;
 ecografia abdominopélvica;
 radiografia simples do abdômen;
 laparoscopia.
16 17
Na conduta de enfermagem, encon-
traremos:
 recomendar repouso e abstinência se-
xual na fase aguda;
 estabelecer cateterismo venoso para 
hidratação e administração de medicamen-
tos;
 administrar antibioticoterapia específi-
ca;
 administrar analgésicos comuns e/ou 
anti-inflamatórios não esteroides e antitér-
micos;
 controlar periodicamente os sinais vi-
tais, especialmente temperatura e pulso;
 não havendo resposta a este tratamen-
to, pode haver necessidade de uma inter-
venção cirúrgica;
 tratar os parceiros sexuais;
 reavaliar a paciente a cada 3 meses no 
primeiro ano.
4.2 Gravidez ectópica
Gravidez ectópica é o óvulo fertilizado 
implantado fora da cavidade uterina. Pode 
ser classificada em: tubária, que segundo 
Rezende e Montenegro (2003) representa 
98 a 99% dos casos, abdominal, ovariana e 
cervical.
A incidência é de uma a cada 300 gesta-
ções; tendo maior incidência em grupos so-
cioeconômicos inferiores.
Os fatores predisponentes podem 
ser:
 tubários – inflamações, aderências pe-
ritubárias, divertículo congênito, tortuosida-
des, endometriose;
 ovarianos – óvulos grandes, implanta-
ção precoce;
 uterinos – uso de DIU;
 doença inflamatória pélvica;
 cirurgias anteriores; laqueadura tubá-
ria,plásticas, uteropexias (correção de pro-
lapsos uterinos);
 abortamentos provocados.
A sintomatologia varia de acordo com o 
local de implantação. Deve-se suspeitar de 
gravidez ectópica, nos casos de hemorra-
gia vaginal ou dor, nas 7 ou 8 semanas após 
amenorreia.
São sinais e sintomas precoces:
 amenorreia;
 sintomas de gravidez incipiente;
 dor incomodativa no lado afetado;
 sinais e sintomas de gravidez tubária (a 
rotura geralmente ocorre dentro das 12 pri-
meiras semanas);
 dor penetrante no abdômen no lado 
afetado, irradiando-se para o ombro e nuca, 
por causa da irradiação do diafragma;
 náuseas, vômitos, desmaios;
 massa pélvica palpável, posterior ou la-
teral ao útero;
 choque (em 40% dos casos) manifes-
tado por palidez, sonolência e pulso rápido e 
filiforme;
 temperatura normal ou baixa; a febre é 
importante para diferenciar gravidez tubária 
rota da salpingite aguda.
A conduta de enfermagem inclui:
 preparar a paciente para exame para 
confirmar diagnóstico; pois o médico deve 
proceder à cirurgia logo que tiver o diagnós-
tico de gravidez ectópica;
 observar quaisquer alterações no esta-
do geral da paciente;
16 17
 controlar sinais vitais;
 alertar-se para sinais de choque iminen-
te;
 observar sangramento vaginal (pode 
indicar aborto uterino e não gravidez ectópi-
ca);
 estabelecer cateterismo venoso com 
jelco calibroso (nº 18 ou 20) para administra-
ção de líquidos rápidos e sangue;
 administrar analgésico (o choque pode-
rá ser neurogênico em vez de hipovolêmico);
 requisitar tipagem sanguínea, fator Rh 
e prova cruzada;
 promover disponibilidade de sangue 
(comumente é necessária a reposição san-
guínea);
 solicitar exames hematológicos (Hb + 
Ht ou hemograma completo); preparar pa-
ciente para cirurgia; deverá ser realizada 
uma minilaparotomia ou laparoscopia;
 proporcionar assistência pós-operató-
ria adequada;
 no ato cirúrgico, deverá ser feita salpin-
gectomia, retirada de toda a tuba ou salpin-
gotomia, extraindo-se apenas o produto da 
concepção para preservar a fertilidade (CAR-
VALHO, 2004).
4.3 Síndrome dos ovários 
policísticos
Cisto é um tumor com conteúdo líquido, 
semilíquido ou pastoso. Portanto, cisto de 
ovário é um tumor com estas característi-
cas que pode ocorrer em um ou ambos os 
ovários. A síndrome dos ovários policísticos 
(SOP) é um conjunto de alterações morfofi-
siológicas dos ovários, com repercussões no 
ciclo menstrual e na capacidade reprodutiva.
A etiologia da doença ainda não é bem 
conhecida, mas podem responder pela ocor-
rência da síndrome:
 falhas de ação enzimática no metabolis-
mo dos esteroides ovarianos;
 alterações no eixo hipotálamo-hipofisá-
rio;
 anomalias cromossômicas;
 obesidade;
 o fator emocional;
 alteração das suprarrenais.
Como sintomas temos:
 infertilidade;
 ciclos anovulatórios;
 amenorreia, oligomenorreia ou sangra-
mento uterino disfuncional;
 obesidade;
 hirsutismo leve ou acentuado;
 pode haver desconforto abdominal pe-
riódico decorrente do aumento do volume 
dos ovários.
O diagnóstico é feito pela anamnese, exa-
me ginecológico e exames complementares 
com dosagens hormonais, ultrassonografia 
pélvica e transvaginal e laparoscopia.
O tratamento pode ser clínico e/ou cirúrgi-
co e as recidivas são grandes.
a) Tratamento clínico – administração 
de anticoncepcionais orais combinados para 
inibir a ovulação ou em alguns casos, clomi-
feno para induzi-la, pode melhorar tempora-
riamente; medidas dietéticas para redução 
de peso; psicoterapia; e tratamento cosmé-
tico para os pelos supérfluos.
b) Tratamento cirúrgico – a resseção 
cuneiforme pode também melhorar o qua-
dro clínico temporariamente (CARVALHO, 
2004).
18 1918
UNIDADE 5 - Doenças das Mamas
As mamas têm como principal fun-
ção a secreção do leite e se compõem 
das seguintes partes ilustradas abaixo:
 acino – menor parte da glândula e res-
ponsável pela produção do leite durante a 
lactação;
 lóbulo mamário – conjunto de acinos;
 lobo mamário – conjunto de lóbulos ma-
mários que se liga à papila por um ducto;
 ductos mamários – em número de 15 a 
20 canais, conduzem a secreção láctea até a 
papila;
Corte transversal de uma glândula ma-
mária, mostrando o desenvolvimento do sis-
tema alveolar na mulher não grávida (1), na 
metade da gestação (2) e durante a lactação 
(3)
 Fonte: Carvalho (2004, p. 111).
 tecido glandular – conjunto de lobos 
e ductos;
 papila ou mamilo – protuberância 
elástica onde desembocam os ductos ma-
mários;
 aréola – estrutura central da mama 
onde se projeta a papila;
 tecido adiposo – cerca de 85% do teci-
do mamário são representados por gordura, 
cuja quantidade varia com as características 
físicas, estado nutricional e idade da mulher.
A glândula mamária consiste em epitélio 
glandular, composto de células produtoras 
de leite e num sistema de ductos envolvi-
dos em tecido, conjuntivo e gorduroso. O par 
de glândulas mamárias está situado entre a 
segunda e a sexta costelas, sobre o grande 
músculo peitoral, do esterno até a linha mé-
dia axilar. Cada glândula vai até a axila, uma 
área de tecido mamário chamada Cauda de 
Spence. Os ligamentos de Cooper, que são as 
bandas fasciais, sustentam a mama na pare-
de torácica. Cada glândula consiste em 15 a 
20 lóbulos, cada um com seu ducto lactífero. 
Todos os ductos de cada lóbulo desembo-
cam nos seios lactíferos, localizados abaixo 
da aréoIa, que por sua vez, após um estreita-
mento, abrem-se no mamilo.
As mulheres mais jovens apresentam ma-
mas com maior quantidade de tecido glan-
dular, tornando-as mais densas e firmes. 
Ao se aproximar a menopausa, o tecido ma-
mário vai se atrofiando e sendo substituído 
progressivamente por tecido gorduroso até 
se consistir, quase que exclusivamente, de 
gordura e resquícios de tecido glandular na 
fase pós-menopausa. Essas características 
fisiológicas representam nítidas diferenças 
entre as densidades radiológicas das mamas 
da mulher jovem e da mulher menopausada.
18 1919
As mamas, como outras estruturas do or-
ganismo feminino, modificam-se durante o 
ciclo menstrual, pela ação do estrogênio e da 
progesterona, os hormônios sexuais femi-
ninos. A ação da progesterona, na segunda 
fase do ciclo, leva a uma retenção de líquidos 
no organismo, mais acentuadamente nas 
mamas, provocando nelas aumento de volu-
me, endurecimento e dor.
Durante esse período de sintomatologia 
exacerbada pelo edema, torna-se mais difícil 
e exame das mamas mesmo por profissio-
nais. Por esta razão, sugere-se a realização 
do exame uma semana após a menstruação, 
quando as mamas encontrarem-se meno-
res, menos consistentes e indolores.
As mamas podem apresentar alterações 
funcionais benignas (AFBM) que antigamen-
te eram denominadas displasias mamárias. 
São um conjunto de aspectos patológicos da 
mama caracterizados por alterações histoló-
gicas benignas, durante a menacme e rela-
cionadas com alteração hormonal.
A etiologia não está bem estabelecida, 
mas todos os aspectos, como esterilidade, 
distúrbios menstruais, hipotireoidismo e di-
ficuldades de amamentação, apontam para 
uma disfunção hormonal ovariana.
As mulheres com gravidezes múltiplas e 
filhos estão menos sujeitas à mastalgia.
As alterações funcionais benignas 
das mamas podem ser classificadas, de 
acordo com três quadros clínicos espe-
cíficos, em:
a) Mastalgia: uma queixa bastante fre-
quente em consultas ginecológicas, a dor 
nas mamas, pode ser a princípio de caráter 
transitório, mais frequentemente no perío-
do pré-menstrual, tornando-se mais prolon-
gada e intensa e persistindo por todo o ciclo 
menstrual. Inicia-se por volta dos 20 anos e, 
nesta fase, geralmente, não há alterações 
morfológicas, pois os fenômenos proliferati-
vos são pouco acentuados.
b) Adenose: na adenose, a sintomato-
logia é a mesma do quadro anterior, mas à 
apalpação, percebe-se espessamento do 
parênquima mamário que se apresenta gra-
nuloso (como se fosse um punhado de arroz). 
Inicia-se mais tarde por volta dos 30 anos.
c) Doença císticaou fibrocística: nesta 
também há dor e os fenômenos proliferati-
vos do epitélio podem não ser tão acentu-
ados, mas percebe-se um ou mais cistos. À 
apalpação, sente-se uma massa densa, arre-
dondada, ligeiramente móvel.
Além do quadro clínico descrito acima, é 
comum ocorrer o fluxo papilar de coloração 
variável (amarelada, esbranquiçada, acasta-
nhada, esverdeada), quase sempre bilate-
ralmente. O fluxo não é espontâneo, sendo 
necessária a expressão (CARVALHO, 2004).
O diagnóstico é basicamente pelo exame 
clínico-ginecológico. Podem ser solicitados 
exames complementares por métodos de 
imagem e exames citológicos e histológicos 
principalmente para excluir a concomitância 
de câncer.
A conduta geral nas AFBM poderá 
ser a seguinte:
 orientar a restrição de líquidos e sal, 
principalmente no período pré-menstrual – 
diminuir também o consumo de chocolate, 
café, chá e fumo, pois estes parecem contri-
buir para retenção hídrica;
 poderão ser indicados antiestrogênicos 
como tamoxifeno, nos casos de dor intensa 
que se prolonga por vários dias, para minimi-
zar o edema e a proliferação celular. O uso de 
20 21
antiestrogênico exige controle médico cons-
tante, pois pode causar alterações do endo-
métrio;
 a amamentação alivia a dor. Na lactação, 
com a atividade mamária há uma exigên-
cia de líquido para produzir leite; dessa for-
ma, o edema local poderá ser drenado para 
compor o leite, aliviando a dor. A dor tende a 
voltar após o período de amamentação, mas 
com menor intensidade;
 o autoexame mamário para a paciente 
com AFBM é mais difícil, pois estas alterações 
podem também mascarar um tumor subja-
cente. A incidência de câncer nos casos de 
doença cística é aproximadamente o dobro 
da reincidência geral da população feminina;
 a mamografia é recomendada anual-
mente a partir de 35 anos, e repetida a cada 
dois anos até os 50 anos a partir de quando 
deverá ser feita anualmente;
 a conduta não medicamentosa, base-
ada na orientação verbal sobre a origem da 
doença, na ausência de malignidade deverá 
ser a conduta inicial. O estabelecimento de 
um relacionamento empático, orientações 
simples e seguras poderão promover o ree-
quilíbrio emocional, controle da ansiedade 
da paciente e alívio dos sintomas menos se-
veros;
 pacientes refratárias a esta conduta an-
terior ou com sintomas mais severos pode-
rão ser tratadas com medicamentos como:
- drogas dopaminérgicas – bromoergo-
criptina e lisurida;
- antiestrogênicos como o tamoxifeno;
- droga antigonadotrópica como o dana-
zol;
- analgésicos comuns e anti-inflamatórios 
não hormonais;
- diurético alguns dias antes da menstru-
ação;
- outros.
 aspiração de cistos: após a antissepsia 
e anestesia local, o médico imobiliza o cisto 
com os dedos polegar e indicador, punciona 
e aspira os cistos superficiais utilizando uma 
seringa de 20 ml e agulha de calibre grosso. 
Os cistos profundos são mais bem tratados 
com exérese simples. Se os cistos são reinci-
dentes, poderá ser indicada biópsia. Nos ca-
sos graves persistentes de adenose, poderá 
ser indicada cirurgia com exérese da região 
comprometida. Devem ser extraídas, tam-
bém pela cirurgia, as fibroses e microcalcifi-
cações;
 fornecer folheto explicativo e enfatizar 
a importância de exames periódicos;
 encorajar a paciente a fazer perguntas 
para quaisquer dúvidas.
Outras alterações benignas das ma-
mas seriam:
a) Hiperplasias epiteliais ductais ou 
lobulares: encontradas em pequenos duc-
tos e em lóbulos, engloba tanto a prolifera-
ção papilar ou papilomatose. Ambos os tipos 
podem evoluir para tumores malignos.
b) Fibroadenoma: apresenta-se como 
nódulos de tamanhos variados, firmes e bas-
tante móveis. São características da mulher 
jovem e têm crescimento limitado. Os fibro-
adenomas, como todos os tumores benig-
nos, têm um comportamento de expansão 
apenas local, seu tratamento geralmente é 
cirúrgico, removendo-se o nódulo, e o exame 
histológico para afastar a possibilidade de 
malignidade.
20 21
As mamas acessórias também denomi-
nadas supranumerárias são quase sempre 
de localização axilar, uni ou bilateral. Não há 
explicação convincente para sua ocorrên-
cia, cujos fundamentos são embriogênios. 
No período de lactação; causa transtornos, 
motivo pelo qual sua extirpação prévia é in-
dicada.
Mastite lactacional ou mastite puerperal 
é um processo inflamatório agudo da mama, 
clinicamente importante pela grande fre-
quência, de origem infecciosa e relacionado 
com a lactação. Desenvolve-se geralmente 
entre a segunda e quarta semanas de puer-
pério, mas também pode ocorrer durante a 
gravidez.
A maioria das mastites puerperais é pro-
vocada por Staphylococus aureus podendo 
aparecer em conjunto com outros micror-
ganismos. Uma pequena solução de con-
tinuidade da aréola ou os próprios ductos 
lactíferos podem ser a porta de entrada dos 
microrganismos infectantes. Decorre ainda 
da estase láctea produzida nos próprios duc-
tos, em mamas volumosas e pendentes, que 
pela dificuldade da drenagem do leite podem 
infectar-se secundariamente.
Às vezes, na evolução do quadro inflama-
tório em consequência do mecanismo de ne-
crose e exudação, pode haver a formação de 
abscesso.
Existem duas vias para a entrada das 
bactérias na mama puerperal determi-
nando o aparecimento das mastites: 
transpapilar e a hematogênica:
 a via hematogênica é de importância 
secundária pela sua raridade;
 a via transpapilar – neste caso, os ger-
mes penetram pela papila mamária, pelos 
orifícios dos ductos lactíferos ou por fissuras 
no seu tegumento.
A mastite traduz-se clinicamente por dor, 
calor, rubor e aumento de volume do órgão, 
ou seja, pelos sinais característicos dos pro-
cessos infecciosos.
O diagnóstico é realizado basicamente 
por parâmetros clínicos de anamnese e exa-
me físico, a história de parto recente, de sin-
tomatologia dolorosa na amamentação e a 
verificação de sinais inflamatórios na mama. 
Pode-se também solicitar: cultura do leite; 
cultura de material colhido do abscesso; ul-
trassonografia e ainda biópsia.
Quanto às condutas de enfermagem, 
os cuidados devem ser oferecidos con-
forme a fase evolutiva do quadro:
 nas fases iniciais, o tratamento médico 
é exclusivamente clínico enquanto que na 
presença de abscesso o tratamento é cirúr-
gico;
 administrar analgésicos e antitérmicos 
para aliviar os sintomas;
 administrar antibioticoterapia específi-
ca;
 não há necessidade de deixar de ama-
mentar, só que a amamentação deve ser fei-
ta pelo lado não acometido;
 a mama afetada deve ser esvaziada re-
petidamente, fazendo ordenha manual ou 
utilizar bombas de sucção, e o leite poderá 
ser desprezado;
 quando os abscessos estão bem forma-
dos, está indicada drenagem cirúrgica que 
deverá ser realizada em ambiente cirúrgico e 
sob anestesia.
Sobre a Ginecomastia, é importante sa-
ber que as glândulas mamárias são iguais 
em ambos sexos até a puberdade, quando 
22 2322
então, sob estímulo hormonal, começa o 
rápido crescimento e hipertrofia na mulher, 
pela ação estrógeno-progesterona. A gine-
comastia é o distúrbio mamário mais comum 
entre os homens e é caracterizado pelo de-
senvolvimento excessivo da glândula ma-
mária. Geralmente começa na puberdade, e 
pode ser uni ou bilateral.
A ginecomastia corresponde ao aumento 
de volume da mama masculina à custa de hi-
pertrofia da glândula mamária. Ao aumento 
de volume causado pelo acúmulo localizado 
de gordura dá-se o nome de lipomastia (uma 
falsa ginecomastia), comum na obesidade.
A ginecomastia iatrogênica, tanto por 
drogas hormonais como não hormonais vem 
aumentando bastante em incidência, prova-
velmente em função do aparecimento de um 
número grande de novos remédios, como a 
cimetidina, o cetoconazol, o acetato de ci-
proterona, entre outros.
A anatomia da glândula mamária normal 
do homem consiste em uma pequena aréola 
e uma pequena papiIa, com mínima camada 
de gordura retroareolar. A glândula mamária 
no homem encontra-se bastante reduzida, 
quase rudimentar.É formada por raros duc-
tos, sem lóbulos e ácinos.
O aspecto macroscópico de uma gineco-
mastia é semelhante ao do tecido glandular 
da mama feminina. A morfologia da gineco-
mastia é a mesma, independente da causa, 
porém, é variável com a duração.
O exame físico estabelece o diagnóstico 
com certa facilidade, principalmente na ado-
lescência, em virtude da escassez de tecido 
adiposo. A principal característica clínica da 
ginecomastia é a presença de um nódulo de 
forma discoide. A mamografia confirma o 
diagnóstico.
O tratamento é cirúrgico. Nas pequenas e 
médias ginecomastias, a cirurgia é simples e 
usa-se a incisão periareolar ou transpapilar. 
Na lipomastia, a lipoaspiração corrigirá o pro-
blema (CARVALHO, 2004).
22 2323
UNIDADE 6 - Doenças Sexualmente 
Transmissíveis (DSTs)
Entende-se por doenças sexualmente 
transmissíveis (DST) ou doenças venéreas, 
as doenças infecciosas e contagiosas cau-
sadas por microrganismos próprios das es-
truturas genitais humanas, e que são adqui-
ridas principalmente pelas relações sexuais.
Apesar da evolução dos costumes e a di-
vulgação em torno da sexualidade pelos 
meios de comunicação, ser portador de uma 
DST implica medo, culpa, ansiedade e angús-
tia, pois pode colocar em evidência ligações 
amorosas extraconjugais. Além disso, a pre-
sença de pus, úlceras vegetativas e lesões 
deformantes na região genital expressa a 
sensação de sujeira, infertilidade, incapaci-
dade de manutenção de uma relação sexual 
(SANTOS, 2009).
Torna-se necessário o esclarecimento 
de informações básicas sobre as DSTs para 
a população, em geral, e ao profissional de 
saúde cabe o bom senso, o conhecimento 
técnico e a sensibilidade ao lidar com esta 
problemática.
Nos vários níveis do sistema de saúde, o 
portador de DST continua sendo discrimina-
do, com atendimento inadequado e expo-
sição a situações de constrangimento; isso 
ocorre quando vai a locais sem privacidade 
ou encontra profissionais de saúde despre-
parados e demonstrando seus próprios pre-
conceitos. Esses fatores contribuem para 
afastar este tipo de portadores dos serviços 
de saúde.
Para reverter essa situação, indica-
-se:
a) Priorizar as DSTs no sistema de saú-
de pelos seguintes aspectos:
 são facilitadoras da transmissão sexual 
pelo HIV;
 quando não diagnosticadas e tratadas 
a tempo, podem evoluir para complicações 
graves e até ao óbito;
 durante a gestação, podem ser trans-
mitidas ao feto, causando-lhe importantes 
lesões ou mesmo provocando a interrupção 
espontânea da gravidez;
 podem causar grande impacto psicoló-
gico em seus portadores;
 provocam grande impacto social e tra-
duzem em custos para a economia do País, 
em decorrência direta das internações e pro-
cedimentos necessários para o tratamento 
de suas complicações.
b) Aplicar os princípios básicos de con-
trole das DST:
 interromper a cadeia de transmissão – 
detectar precocemente os casos, tratando-
-os e a seus parceiros, adequada e oportuna-
mente;
 prevenir novas ocorrências – por meio 
de aconselhamento específico, que favorece 
a compreensão e o seguimento das prescri-
ções médicas e contribui de forma mais efe-
tiva para a adoção de práticas sexuais mais 
seguras (SANTOS, 2009).
Algumas DSTs clássicas e suas carac-
terísticas básicas são:
a) Sífilis primária: presença de úlcera 
geralmente única e indolor, associada à pes-
quisa de treponema pallidum “em campo es-
curo” positiva.
b) Sífilis secundária: presença de sifíli-
24 25
des papulosas (vesículas bolhosas) dissemi-
nadas (principalmente palmo-plantares), e/
ou condiloma plano, acompanhadas ou não 
por poliadenomegalia, e YDRL, ou RPR, ou 
FTA-ABS reagentes.
c) Sífilis latente recente: presença de 
VDRL, ou RPR, ou FTA-ABS reagentes em 
portador assintomático de sífilis, com menos 
de 1 ano de evolução.
d) Sífilis latente tardia: não se obser-
vam sinais e sintomas clínicos e, portanto, 
tem o seu diagnóstico feito mediante testes 
sorológicos.
e) Sífilis terciária: os sinais e sintomas 
geralmente ocorrem após 3 a 12 anos de in-
fecção ou mais, principalmente por lesões 
cutâneo-mucosas (tubérculos ou gomas), 
neurológicas (demência), cardiovasculares 
(aneurisma aórtico) e articulares (artropatia 
de Charcot).
f) Cancro mole: presença de lesão geni-
tal ulcerada, geralmente múltipla e dolorosa, 
associada à bacterioscopia pelo Gram, apre-
sentando estreptobacilos Gram negativos, 
sugestivos de H. Ducreyi.
g) Herpes genital: evidência ou história 
de lesões vesiculosas agrupadas, sobre base 
eritematosa, cujo aparecimento foi precedi-
do de ardor ou prurido, especialmente com 
história de recorrência das lesões.
h) Dnovanose: presença de ulceração 
com borda plana ou hipertrófica, bem delimi-
tada, com fundo granuloso, de sangramento 
fácil, de evolução lenta e progressiva, asso-
ciada à identificação dos corpúsculos de Do-
novan no material obtido por biópsia.
i) Linfogranuloma venéreo: presença 
de linfadenopatia inflamatória uni ou bilate-
ral, acompanhada ou não por úlcera genital 
perceptível.
j) Infecção gonocócica: no homem, ob-
serva-se a presença de corrimento uretral 
geralmente purulento, associado à bacte-
rioscopia com diplococos Gram negativos 
intracelulares; na mulher ocorre hiperemia, 
ou edema, associado à cultura positiva para 
Neisseria gonorrhoeae, ou apenas cultura 
positiva em mulher assintomática.
k) Outras infecções causadas por cla-
mídia de transmissão sexual: no homem, 
pode ser observada a presença de corrimen-
to uretral associado a Elisa ou IF-direta rea-
gente para clamídia; na mulher, observa-se 
mucopus cervical (muco com aumento de 
leucócitos) associado a Elisa ou IF-direta ou 
outros exames específicos, ou apenas Elisa 
ou IF-direta reagente.
l) Outras uretrites: presença de corri-
mento uretral; porém a bacterioscopia pela 
coloração de Gram e/ou cultura são negati-
vas para o gonococo, e Elisa ou IF-direta não 
são reagentes para clamídia.
m) Outras cervicites: presença de mu-
copus cervical associado ou não à hiperemia, 
friabilidade, ectopia ou colpite; todavia, a 
cultura é negativa para Neisseria, e Elisa ou 
IF-direta para clamídia não são reagentes.
n) Condiloma acuminado/HPV: pre-
sença de lesão vegetante característica, 
única ou múltipla, localizada ou difusa e de 
tamanho variável.
o) Candidíase vaginal: presença de cor-
rimento branco grumoso, com aspecto case-
oso (“leite coalhado”), geralmente aderido às 
paredes vaginais.
p) Tricomoníase vaginal: presença de 
corrimento amarelado ou amarelo- esverde-
ado, bolhoso, com odor fétido.
24 25
q) Vaginose bacteriana: presença de 
ao menos 3 (três) dos seguintes critérios, ou 
apenas os dois últimos: 1) corrimento vaginal 
homogêneo, geralmente acinzentado; 2) ph 
vaginal > 4,5; 3) teste das aminas positivo; 
4) presença de “clue-cells” ao exame a fres-
co, ou corado, do conteúdo vaginal (SANTOS, 
2009).
6.1 A abordagem sindrômi-
ca das DSTs
A abordagem sindrômica estabelece no 
reconhecimento de sinais e sintomas da cer-
tificação clínica e, para as DSTs, esta aborda-
gem é resolutiva, determinando um número 
limitado de síndromes.
Suas características são:
 determinar os principais agentes etioló-
gicos;
 fazer uso de fluxograma, na identifica-
ção de determinadas síndromes com o in-
tuito de conduzir o profissional da saúde na 
tomada de decisões, prevenindo novas ocor-
rências;
 designar tratamento para agentes etio-
lógicos;
 atentar os parceiros sobre o aconseIha-
mento e a redução de riscos;
 ofertar sorologia para sífilis, hepatites e 
para o HIV.
Na abordagem sindrômica, as DSTs 
restringem-se a cinco síndromes:
1) Úlcera genital: presença de lesão 
ulcerada em região genital, de origem não 
traumática.
2) Corrimento uretral no homem: pre-
sença de corrimento uretral verificado com o 
prepúcio retraído e, se necessário, pela com-
pressão da base do pênis em direção à glan-
de.
3) Corrimento cervical: presença de mu-
copus cervical verificado obrigatoriamente 
ao exame especular.
4) Corrimento vaginal:presença de cor-
rimento vaginal associado à hiperemia, e/ou 
edema da mucosa vaginal, associado ou não 
a sinais de colpite, com ou sem ectrópio.
5) Dor pélvica: dor à descompressão, ou 
defesa muscular abdominal, ou dor à mobi-
lização do colo ou anexos ao toque vaginal 
combinado.
A Síndrome da Imunodeficiência Adqui-
rida (AIDS) merece atenção, visto ser ainda 
uma síndrome com números alarmantes na 
maioria dos países.
A AIDS é causada pelo HIV (vírus da imu-
nodeficiência humana), atingindo tanto os 
linfócitos B como T, particularmente as cé-
lulas T auxiliares (linfócitos T4), célula-chave 
do sistema de defesa, deixando o organismo 
desprotegido e permitindo o desenvolvi-
mento de infecções endógenas e exógenas.
O contágio se dá por relações sexuais, pelo 
sangue contaminado e transmissão vertical. 
Qualquer pessoa pode se contaminar com o 
vírus da AIDS, desde que esteja em situações 
consideradas de risco, por meio das formas 
de transmissão citadas.
O diagnóstico da AIDS é feito por meio das 
manifestações clínicas associadas à sorolo-
gia específica para o anti-HIV. Os dois prin-
cipais testes que revelam a presença de 
anticorpos contra o vírus são:
a) ELISA: teste de alta sensibilidade para 
o vírus. Em alguns casos são detectados an-
ticorpos que se assemelham ao HIV; surge, 
26 27
então, a possibilidade de ocorrer falso positi-
vo ou falso negativo, isto é, o indivíduo já foi 
infectado pelo vírus, porém não apresenta 
anticorpos suficientes (janela imunológica);
b) WESTERN BLOT: mais específico que 
o anterior, este teste é considerado confir-
matório, pois consegue confirmar com mais 
exatidão os anticorpos específicos contra 
o HIV, separando os falsos dos verdadeira-
mente positivos.
Temos também o teste rápido que é de 
triagem de uso único, ou seja, uma um co-
quetel de antígenos que detecta anticorpos 
para HIV em soro, plasma ou sangue total 
humanos. São necessários, em média, 10 mi-
nutos para detectar um resultado.
O tratamento baseia-se em drogas que 
tentam prolongar a vida do doente, atuando 
de forma isolada ou combinada. Estas medi-
cações agem na tentativa de inibir a ação do 
vírus, retardando o declínio do sistema imu-
nológico; contudo, sem proporcionar a cura 
da doença (SANTOS, 2009).
6.2 Abordando o portador 
de DST
É importante ressaltar que um princípio 
fundamental na abordagem é ver o portador 
como um todo, constituído por sentimentos, 
crenças, valores, entre outros. Essa aborda-
gem visa interromper a cadeia de transmis-
são da forma mais efetiva e imediata, evitan-
do, assim, complicações advindas das DSTs 
em questão.
O atendimento ao portador, em uma con-
sulta, visa o diagnóstico, tratamento e acon-
selhamento adequados; mas é importante 
frisar que a obtenção de informações fide-
dignas para a realização de uma anamnese, 
implica na construção de uma relação de 
confiança entre o profissional de saúde e o 
indivíduo em atendimento. O profissional da 
saúde deve ter o conhecimento do contex-
to assistencial das DST, das questões sobre 
sexualidade, fidelidade, prazer, desprazer, 
violência, conceito de risco, da doença, da 
saúde e outros, de acordo com o meio socio-
econômico e personalidade do portador e do 
profissional.
a) Aconselhamento
O aconselhamento pode ser realizado em 
grupo ou individualmente e constitui um 
instrumento importante para a quebra da 
transmissão das DST. É um diálogo baseado 
em uma relação de confiança, que proporcio-
na ao portador condições para avaliar seus 
próprios riscos e encontrar meios de como 
enfrentar seu problema de saúde.
O sucesso depende da troca de intera-
ções entre ambos, o profissional de saúde e 
o portador. À pessoa que realiza os aconse-
lhamentos ou atividades, é fundamental que 
tenha informações dos dados mais recentes 
e técnicas corretas sobre DSTs/AIDS, identi-
fique a demanda do grupo e adote atitudes 
de acolhimento, importando-se com o que o 
portador sabe, pensa e sente, prontificando-
-se para a formação do vínculo de confiança.
Assim que o profissional da saúde de-
monstra credibilidade, reduzindo o estresse 
que o portador possui, propicia atingir os se-
guintes objetivos:
 trocar informações sobre DST, HIV e 
AIDS, desde sua forma de transmissão ao 
seu tratamento;
 avaliar riscos, compreender os riscos 
pessoais de infecção para a DST e HIV;
 reconhecer os limites e as possibilida-
26 27
des existentes para aderir medidas preven-
tivas e os cuidados para si e aos parceiros;
 promover a adesão ao tratamento;
 promover a comunicação e tratamento 
do(s) parceiro(s) sexual(is) (SANTOS, 2009).
Essas abordagens propiciam a diminuição 
do estresse, favorecendo o indivíduo a iden-
tificar o que sabe e o que sente, otimizando 
o tempo de espera nos serviços de saúde. O 
importante é que o profissional de saúde te-
nha uma percepção dos limites de tudo o que 
é abordado nos grupos e respectivos atendi-
mentos individuais.
Quanto aos procedimentos básicos do 
aconselhamento, existem orientações ge-
rais e algumas específicas que irão acontecer 
no pré-teste HIV; nos pós-teste HIV diante 
de resultado negativo; pós-teste HIV diante 
de resultado positivo; pós-teste HIV diante 
de resultado indeterminado. Os procedi-
mentos básicos são:
 confirmar o sigilo das informações ad-
quiridas;
 reconhecer a demanda do portador;
 oferecer apoio emocional ao portador;
 analisar as crenças e os valores do por-
tador, referente a DSTs/AIDS;
 ter uma linguagem clara com o portador;
 analisar com o portador seu histórico de 
outras DSTs e os riscos que propiciaram esta 
DST;
 reforçar as práticas seguras para a re-
dução de riscos;
 deixar claro as complicações que pode-
rão ocorrer, caso não seja feito o tratamento 
conforme orientação de enfermeiros e mé-
dicos;
 informar ao portador, que ao apresen-
tar algum sintoma ou não haver melhora, re-
tomar ao serviço de saúde;
 explicar que é imprescindível o trata-
mento dos parceiros sexuais;
 trocar informações sobre DSTs, HIV e 
AIDS;
 incentivar o portador a avaliar seus ris-
cos de infecção pelo HIV e DSTs;
 cooperar na elaboração de planos viá-
veis para a redução de riscos;
 recomendar as práticas sexuais seguras 
como o uso de preservativos;
 informar que o consumo de álcool e dro-
gas, pode alterar a percepção de risco;
 quebrar tabus e preconceitos referente 
às DSTs, HIV e AIDS;
 disseminar as orientações recebidas;
 oferecer testagem anti-HIV e aconse-
lhamento pré e pós-teste.
Os demais aconselhamentos estão 
no quadro abaixo:
28 29
Pré-teste:
reafirmar a índole voluntária e confidencial da testagem;
analisar com o cliente a realização ou não do teste;
conferir histórico anterior antes da testagem e riscos;
explicar o sistema do teste e o conceito de “janela imunológi-
ca” (período de tempo que o organismo leva, a partir de uma 
infecção para produzir anticorpos);
oferecer informações sobre os possíveis resultados do teste;
tornar a afirmar ao cliente as diferenças entre HIV e AIDS;
examinar ponderadamente o impacto que o cliente terá em 
sua vida dos possíveis resultados do teste;
buscar qual apoio emocional e social disponível ao cliente;
expor ao cliente possíveis reações emocionais na espera do 
resultado;
tornar a afirmar quanto às práticas seguras frente ao HIV, no 
período do teste.
Pré-teste HIV 
diante de 
resultado 
negativo:
esclarecer que o resultado negativo indica que a pessoa não 
está infectada no momento ou foi infectada, mas não produ-
ziu anticorpos para a detecção do teste utilizado;
informar ao cliente que um resultado negativo não significa 
imunidade às doenças;
tornar a afirmar as práticas do sexo seguro;
esclarecer os benefícios do uso de equipamentos descartá-
veis exclusivos para o consumo de drogas, demonstrando o 
uso correto de todo o equipamento.
28 29
Pré-teste HIV 
diante de 
resultado 
positivo:
consentir o tempo necessário para o portador assimilar o im-
pacto do diagnóstico;
oferecer apoio emocional;
atentar para os sentimentos comuns, como raiva,ansiedade, 
depressão e outros;
desvendar sentimentos que agregam HIV/AIDS à culpa, puni-
ção, rejeição e outros;
informar que o resultado positivo não significa que a pessoa 
está com a doença desenvolvida;
esclarecer que o portador assintomático pode transmitir o 
vírus;
afirmar que é fundamental o acompanhamento médico e que 
a infecção é controlável;
reafirmar sobre o uso correto de preservativos e o uso de 
equipamentos de uso exclusivo e descartável para o consumo 
de drogas; esclarecer que é necessário que o(a) parceiro(a) 
sexual, saiba do resultado, para que realize o teste anti-HIV;
expor aos portadores os serviços sociais necessários disponí-
veis, incluindo grupos comunitários;
em caso de gestante, explicar: as formas de transmissão ver-
tical durante a gestação, as formas de minimizar a transmis-
são vertical, o processo de soroconversão no recém-nascido, 
os riscos da amamentação e a realização do teste em todos 
filhos nascidos.
Pré-teste HIV 
diante de 
 resultado 
indeterminado:
esclarecer que o resultado indeterminado pode significar: um 
falso positivo ou um verdadeiro positivo, no qual, os anticor-
pos ainda não estão desenvolvidos;
reforçar as informações sobre as práticas do sexo seguro, de-
monstrando o uso correto de preservativos, a fim de reduzir 
os riscos de infecção pelo HIV e outras DSTs, como também, 
deixar claros os procedimentos que o usuário de drogas deve-
rá ter;
orientar o cliente a refazer o teste no período definido pelo 
laboratório;
atentar a possíveis reações emocionais no aguardo do resul-
tado do teste e referenciar apoio psicológico.
30 31
Evidentemente que a convocação dos 
parceiros é fundamental para o controle e o 
rompimento da cadeia de transmissão das 
DSTs, a fim de que sejam tratados\educados 
sobre os riscos da infecção para um grupo 
que está sobre maior risco, independente do 
local onde os cuidados de saúde são ofereci-
dos.
É necessário que haja comunicação en-
tre os centros de atendimentos a pacientes 
com DST, a fim de verificar os casos que ne-
cessitam do envio do aerograma ou da bus-
ca ativa, tornando esta atividade possível 
mediante a existência de um profissional 
responsável pelo sistema de convocação em 
cada centro.
A integração entre a informatização do 
sistema de convocação e os centros de uma 
área geográfica, permitirá a troca de infor-
mações e o controle das atividades prioritá-
rias.
Este sistema deverá ter senha, no qual 
o operador e seu chefe assinarão termo de 
responsabilidade, referente ao não vaza-
mento de informações (SANTOS, 2009).
6.3 As ações de enferma-
gem
Sendo a informação, o primeiro passo 
para a prevenção das DST, deverá chegar à 
população-alvo na forma de mensagens sim-
ples, que esclareçam dúvidas, combatam os 
preconceitos e crendices sobre o assunto.
A população-alvo a que se refere a maioria 
dos itens abaixo é a população sexualmente 
ativa, principalmente os jovens, portanto, a 
enfermagem deve colocar a informação em 
locais que vão ao encontro dos jovens, como 
escolas, comunidades esportivas ou religio-
sas, fábricas, escritórios, entre outros.
As principais informações dizem res-
peito a:
 todas as pessoas podem contrair uma 
DST, não importando idade, raça, sexo, reli-
gião;
 deve-se procurar um serviço de saúde 
imediatamente e não esperar que os sinto-
mas desapareçam sozinhos, ou quando hou-
ver disúria, saída de secreção purulenta na 
vagina ou pênis, úlceras nas regiões genitais, 
manchas hiperemiadas na pele, adenopatia 
axiliar e inguinal e dor na relação sexual;
 não existem vacinas para as DST e uma 
mesma pessoa pode ter uma mesma DST 
mais de uma vez;
 as DST são curáveis, com exceção da 
AIDS, desde que tratadas adequadamente;
 ao adquirir-se uma DST, deve-se con-
versar com o parceiro; ambos devem ser tra-
tados, para que se possam cortar os elos de 
transmissão da doença;
 não se deve ter vergonha de procurar 
um serviço de saúde, pois este é imprescin-
dível para o sucesso do tratamento de uma 
DST; procurar amigos ou ir à farmácia não é a 
solução para o problema;
 mediante a prática do sexo seguro, são 
menores as chances de se adquirir uma DST, 
isto é, evitar a troca constante de parceiros e 
fazer uso de preservativo;
 o uso do espermicida junto ao preserva-
tivo dá uma margem de segurança maior em 
relação à DST e à gravidez;
 a higiene dos órgãos genitais, antes e 
depois das relações sexuais, podem reduzir a 
probabilidade de adquirir uma DST; mas isto 
não dispensa o uso do preservativo;
 o autoexame do corpo e dos órgãos 
genitais facilita a identificação de sinais de 
DST; as mulheres devem ser incentivadas a 
realizarem exame ginecológico e coleta do 
30 31
Papanicolau, pelo menos uma vez ao ano e, 
quando grávidas, no pré-natal;
 o aparecimento de DST em crianças su-
gere abusos sexuais e deverá ser notificado;
 os agentes causadores das DST não so-
brevivem fora do sistema genital humano; 
por isso, não se adquire DST andando descal-
ço, no ônibus, utilizando utensílios comuns, 
no aperto de mão, em maçanetas de porta e 
sanitários (BRASIL, 1999; BRASIL, 2005).
Para que a informação chegue e seja ab-
sorvida pela população-alvo, são necessá-
rios um planejamento viável, a formação de 
multiplicadores (líderes comunitários, pro-
fessores, agentes de saúde, entre outros) e 
uma abordagem com aspectos práticos, em 
detrimento dos aspectos extremamente 
técnicos que causam confusão na mensa-
gem recebida (SANTOS, 2009).
Para tornar a abordagem mais agradável, 
recomenda-se utilizar estratégias que moti-
vem a elaboração de técnicas com dinâmica 
de grupo, para facilitar a participação de to-
dos, a fim de minimizar preconceitos e sen-
sação de vergonha. Também se indicam as 
técnicas de demonstração que permitam a 
manipulação de instrumentos (como as ca-
misinhas e espermicidas), a utilização de ál-
buns seriados, slides e fitas de vídeo das di-
versas instituições que lidam com a questão, 
distribuição e leitura de folhetos, textos de 
jornais e revistas.
Os profissionais de saúde e os multiplica-
dores devem estar atentos para não “julga-
rem” o comportamento das pessoas, excluin-
do seus valores morais e religiosos durante a 
transmissão das informações.
Os profissionais de saúde e a comunidade 
devem ser incentivados a notificar os casos 
existentes, a fim de se processar a vigilância 
epidemiológica.
A localização dos contatos objetiva iden-
tificar o indivíduo-fonte de contaminação e 
seus comunicantes e prover recursos para o 
pronto diagnóstico e tratamento da doença. 
E esse processo ocorre quando há pessoal 
capacitado para coleta de exames e sistema 
de referência e contrarreferência estabele-
cido para o encaminhamento dos casos.
O indivíduo sequelado por uma DST de-
verá ser encaminhado aos recursos cabíveis 
como, por exemplo: tratamento psicológico 
às mulheres inférteis, encaminhamento (ao 
neurologista, ortopedista, fisioterapeuta, 
entre outros) dos portadores de deficiên-
cia física decorrente de DST e reintegração 
à família do portador de HIV (BRASIL, 2005; 
SANTOS, 2009).
A assistência de enfermagem com enfo-
que na abordagem sindrômica tem subsídios 
no aspecto epidemiológico e na identifica-
ção e controle dos casos, fundamentada na 
educação e comunicação com mobilização 
social, e torna fundamental o papel do en-
fermeiro na equipe e nas atenções primária, 
secundária e terciária de saúde, com vistas 
a sistematizar os cuidados. Portanto, é uma 
ação racional que disponibiliza poucos recur-
sos e cujo sucesso exige monitoração e ava-
liação constantes dos protocolos, bem como 
supervisão e treinamento do profissional 
envolvido na promoção (IST/HIV/AIDS). Algu-
mas ações que podem nortear a assistência 
de enfermagem consistem em:
 realizar o acolhimento do usuário;
 identificar precocemente as infecções 
sintomáticas e assintomáticas;
 aconselhar e ofertar a sorologia para sí-
filis, HIV, hepatites B e C.
32 3332
UNIDADE 7 - Oncologias
As neoplasias malignas podem ser 
classificadas em:a) Carcinomas Mamários: os carcino-
mas incluem os cânceres que se originam de 
células que formam a epiderme e as glându-
las mamárias.
b) Carcinomas Ductais: são constituí-
dos por todas as lesões que esboçam ou for-
mam estruturas semelhantes e glândulas ou 
túbulos.
c) Carcinomas Lobulares: apresentam 
células pequenas e uniformes, isoladas ou 
em filas indianas ou ainda, células grandes 
com luz intracitoplasmática.
d) Carcinoma Papilar: é responsável 
por apenas 2% dos carcinomas de mama, 
afeta mulheres na pós-menopausa.
e) Carcinoma Tubular: é encontrado em 
pacientes com idade por volta de 50 anos e 
é responsável por 2% dos carcinomas de 
mama.
f) Carcinomas Inflamatórios: a glându-
la mamária acometida encontra-se tumefei-
ta e dolorosa, com pele edemacida e erite-
matosa.
g) Doença de Paget do Mamilo: células 
carcinomatosas na epiderme do mamilo, que 
inicialmente apresenta-se avermelhada, 
pruriginosa e progride para erosão e ulcera-
ção.
h) Sarcomas Mamários: agrupa alguns 
tumores malignos não epiteliais de baixa in-
cidência nas mamas, constituem por sua vez 
os cânceres, originam dos tecidos conecti-
vos.
i) Angiossarcoma: tumor mamário pal-
pável com características vasculares. Aco-
mete jovens em idade fértil, tem crescimen-
to rápido e ocasionalmente bilateral.
j) Tumor Phyllodes: chamado também 
de Cistossarcoma phylodes, tumor fibroepi-
telial raro, responde por 0,5 a 2% dos tumo-
res, semelhante ao fibroadenoma, acomete 
mulheres em torno dos 45 anos, podendo ter 
um crescimento rápido e causando, às vezes, 
ulceração da pele.
Veremos algumas neoplasias que acome-
tem o corpo uterino, passando pelos ovários, 
mamas, neoplasias cervical intraepitelial e 
finalizando com tratamentos complementa-
res como quimioterapia e outros.
7.1 Carcinoma de vulva
É o tumor maligno que se localiza na vulva. 
Os locais mais frequentes são os lábios, clitó-
ris e pode invadir a uretra. Em 60 a 70% dos 
casos, o Papilomavírus humano (HPV) está 
associado com este carcinoma.
Representa 3 a 5% das malignidades gi-
necológicas. A sua disseminação pode ocor-
rer por extensão direta para órgãos adjacen-
tes, como vagina, reto ou bexiga. Noventa 
por cento das portadoras estão acima dos 50 
anos de idade. O comprometimento dos lin-
fonodos regionais é o principal determinante 
da sobrevida das pacientes.
Segundo Vinha e col. (2001), aquelas que 
apresentam linfonodos negativos a sobrevi-
da em 5 anos é de 90% e aquelas com linfo-
nodos positivos a sobrevida é de 60%.
Quanto à sintomatologia:
32 3333
 prurido vulvar intenso ou não: sintoma 
mais comum (ocorrem em 60% dos casos) 
que muitas vezes é negligenciado, contri-
buindo para um diagnóstico tardio e diminui-
ção da sobrevida;
 nodulação;
 ulceração;
 dor em tumores mais avançados;
 corrimento fétido;
 podem ocorrer sangramentos mais tar-
de.
O diagnóstico é feito pela sintomatolo-
gia, exame clínico, exames complementares, 
sendo a biópsia fundamental para a confir-
mação.
O tratamento é cirúrgico, dependen-
do do tipo de lesão e do estágio da do-
ença:
 carcinoma de células basais – hemi-
vulvectomia superficial;
 carcinoma invasivo – Vulvectomia ra-
dical e ressecção bilateral dos gânglios linfá-
ticos inguinais (linfadenectomia inguinal).
A rádio e quimioterapia são empregadas 
em pacientes com doenças em estágio avan-
çado e que apresentem condições clínicas 
favoráveis para receber estes tratamentos 
(CARVALHO, 2004).
7.2 Corpo e colo uterino
a) Neoplasia intraepitelial cervical NIC
É o conjunto de alterações (lesões pré-
-malignas) caracterizadas por atipias celula-
res que de acordo com o estádio evolutivo do 
processo, classificam-se em três graus: NIC I, 
NIC II, NIC III e Ca in situ. Um termo atualmen-
te utilizado para estas alterações é LIE (lesão 
intraepitelial escamosa) e podem ser dividi-
das em duas categorias:
a) LIE de baixo grau: são alterações iniciais 
no tamanho, forma e número de células que 
formam a superfície do colo uterino. Algumas 
delas desaparecem por si próprias. Entretan-
to, com o decorrer do tempo, estas lesões 
podem se tornar maiores ou com maior anor-
malidade, formando uma lesão de alto grau. 
Ocorrem mais frequentemente em mulheres 
com idade entre 25 e 35 anos, mas também 
podem surgir em outros grupos etários.
b) LIE de alto grau: nesta categoria, há um 
grande número de células pré-cancerosas, e 
que possuem um aspecto muito diferente 
daquele das células normais. Ocorrem mais 
frequentemente entre as idades de 30 e 40 
anos, mas também podem ocorrer em ou-
tras faixas etárias. Caso as células anormais 
se disseminem mais profundamente dentro 
do colo uterino ou para outros órgãos, a do-
ença é também chamada de câncer cervical 
invasivo.
Portanto, podemos classificar as ne-
oplasias intraepiteliais da seguinte ma-
neira:
 NIC I – displasia cervical leve ou lesão 
de baixo grau: 1/3 do epitélio próximo à ca-
mada basal;
 NIC II – displasia cervical moderada: 
50% do epitélio alterado;
 NIC III – displasia cervical acentuada ou 
lesão de alto grau: praticamente todo o epi-
télio;
 CIS – Ca in situ, carcinoma pré-invasi-
vo ou intraepitelial. A ocorrência do NIC I e II 
verifica-se entre 25 a 35 anos. O carcinoma 
pré-invasivo, entre 30 a 40 anos. Esta ob-
servação é importante para considerar as 
34 35
displasias como lesões pré-malignas.
Como fatores de risco temos:
 multiparidade;
 baixo nível socioeconômico;
 início precoce da atividade sexual;
 promiscuidade sexual.
O diagnóstico é feito por meio do exame 
pélvico e a citologia oncótica permitem de-
tectar a presença de alterações no colo ute-
rino. A colposcopia é um método amplamen-
te usado para avaliar o colo uterino quanto à 
presença de áreas anormais. Eventualmen-
te, coleta-se uma pequena quantidade de 
tecido cervical (biópsia) para exame anato-
mopatológico.
O tratamento para uma lesão pré-cance-
rosa do colo uterino depende de vários fato-
res. Esses fatores incluem o fato de a mulher 
desejar ter filhos, sua idade e saúde geral e a 
preferência da mulher e do seu médico.
Uma mulher com uma lesão de baixo grau 
pode não necessitar de tratamento adicio-
nal, especialmente se a área anormal foi 
completamente removida durante a biópsia, 
mas serão necessários exame pélvico e cito-
logia oncótica regularmente. Quando uma 
lesão pré-cancerosa requerer um tratamen-
to, poderá ser utilizada a criocirurgia (conge-
lamento), diatermocauterização (calor), cau-
terização química ou laserterapia (cirurgia 
para destruir a área anormal sem danificar 
o tecido sadio adjacente). Pode-se também 
remover o tecido anormal pelo método LEEP 
ou conização. Em alguns casos, pode-se re-
alizar histerectomia, particularmente se as 
células anormais são encontradas na endo-
cérvice (CARVALHO, 2004).
Segundo Bastos (1998), o tratamento 
será de acordo com o grau da NIC, pe-
las características epidemiológicas da 
paciente, pela idade e pela paridade, a 
saber:
NIC I: Conduta expectante, pois pode re-
gredir espontaneamente. Trata-se proces-
sos inflamatórios como cervicites e colpites.
NIC II: Em jovens nuligestas ou naquelas 
que ainda desejam engravidar, é suficien-
te tratar o colo uterino, mesmo que este se 
apresente epitelizado.
A paciente deverá ser acompanhada se-
mestralmente com colposcopia e citologia 
oncótica. Em muitas mulheres maduras com 
número de filhos constituídos, pode ser a 
conduta anterior ou conização do colo uteri-
no.
NIC III: Diagnosticado pela biópsia. Deve-
rá ser tratado pela conização ou amputação 
do colo. Qualquer dos dois procedimentos 
deve ser feito após o teste de Schiller para 
delimitar e fazer a incisão além do limite de 
positividade do teste. A conização é usada 
para pacientes jovens que desejam engravi-
dar e a amputação para pacientes próximas 
à menopausa.
Toda paciente tratada de carcinoma pré-
-invasivo deve permanecer sobre controle 
colposcópico e citológico para detecção de 
possíveis recidivas.
Na ocorrência de NIC III e gravidez, geral-
mente indica-se