Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Nathália Ferreira Carneiro Medicina Veterinária Disciplina: Microbiologia básica Fortaleza, 2019 → Relatório da primeira aula prática realizada no dia 19 de setembro Na primeira aula dentro do laboratório, aprendemos sobre as noções de biossegurança e métodos de controle microbiano, principalmente aplicadas em um laboratório de Microbiologia. As noções de biossegurança são um conjunto de ações que tem a função de proteger o homem, o animal ou o meio ambiente de possíveis riscos, podendo esses riscos serem físicos, químicos, biológicos, ergonômicos ou acidentais. Os riscos físicos podem ser desde de ruídos, temperatura, umidade, radiação ou pressão, principalmente de equipamentos; os químicos envolvem a toxicidade de substâncias, podendo ser através da inalação, ingestão ou absorção; os riscos biológicos estão diretamente ligados a manipulação de microrganismos patogênicos; os ergonômicos envolvem repetição de movimentos, postura inadequada e ritmo excessivo de trabalho; e os riscos de acidente envolvem a falta de manutenção, defeitos, quedas, cortes e afins. Para evitar que aconteçam quaisquer acidentes ou possíveis riscos, existem os EPI’s (equipamento de proteção individual), que irão depender do nível de biossegurança (1, 2, 3 e 4), podendo ser jalecos (descartáveis ou não), luvas, toucas, máscaras, entre outros, e os EPC’s (equipamento de proteção coletiva), que são as estufas, chuveiro, extintores, entre outros. Além disso, temos que lembrar sempre de respeitar a simbologia presente no laboratório, utilizar dos equipamentos de proteção, sejam eles individuais ou coletivos, ter boas práticas laboratoriais, como lavar as mãos e evitar comer e beber nas áreas de trabalho, e descartar os materiais utilizados corretamente. Falando sobre os métodos de controle microbiano, teremos cinco princípios: esterilização, desinfecção, antissepsia, degerminação e sanitização, que serão divididos entre os métodos físicos e químicos. Os métodos físicos envolvem: calor, filtração, baixas temperaturas, ressecamento, e a radiação, enquanto os métodos químicos utilizam os agentes químicos, que reduzem a população microbiana em níveis seguros, podendo ser usados o fenol, álcoois, agentes de superfícies, entre muitos outros, variando o uso de acordo com a necessidade. A esterilização destrói todas as formas de microrganismos, incluindo os endósporos, sendo o método mais comum o de aquecimento, usando a autoclave, por exemplo, que utiliza o calor úmido, com temperatura e pressão elevadas, para esterilizar meios de cultura, soluções, utensílios e instrumentos. Ainda sobre a autoclave, como forma de certificar que a esterilização foi completa, existem alguns métodos para isso, como uma fita que troca a cor após o aquecimento na autoclave. A desinfecção não consegue destruir os endósporos, mas reduz contaminação na superfície de objetos inanimados, como a limpeza da bancada com álcool, que causa a desnaturação de proteínas e o rompimento das membranas das células. Além desses, temos os agentes de superfície, como o sabão e o detergente, que tem maior importância na remoção mecânica, facilitando a remoção de microrganismos. Alguns fatores influenciam o tratamento microbiano, como o tamanho da população, pois quanto maior a população microbiana, maior será o tempo de tratamento, as características microbianas, como a presença de endósporos ou a variação de sensibilidades dos microrganismos, a concentração do agente, porque quanto maior a concentração do agente, a eficiência será maior, o tempo de exposição, a variação de temperatura e as condições ambientais, como a presença de material orgânico, o pH do meio e o calor. Nesse mesmo dia, além de conhecer o laboratório de Microbiologia, seus aparatos, as noções de segurança que devemos ter enquanto estivermos dentro do laboratório e a autoclave, conhecemos também a sala onde são mantidas as substâncias utilizadas para produção dos meios de cultura, além de outras no qual o intuito é diferente. → Relatório da segunda aula prática realizada no dia 26 de outubro Nessa segunda aula prática, aprendemos sobre meios de cultura. Vimos os diferentes tipos de ágar, placas e tubos, como realizar o semeio e os tipos de semeadura. Existem dois tipos de meio de cultura, artificiais ou sintéticos, e naturais ou complexos, que são classificados de acordo com a sua composição. Os dois são utilizados para trabalhos experimentais em laboratório, sendo que o meio de cultura do tipo natural não tem composição quimicamente definida, utilizando-se extrato de vegetais, animais ou microrganismos, e o artificial com composição quimicamente definida, com a intenção de suprir as exigências nutricionais dos microrganismos. Os meios de cultura ainda são classificados em simples, especiais, de enriquecimento, diferencial e seletivo. Cada um tem sua função e especificidade, variando desde meios que são mais nutritivos, que selecionam as bactérias de interesse aos que vão separar os grupos de microrganismos. Em um primeiro momento, aprendemos sobre os diferentes tipos de ágar e para qual intuito cada um é destinado. Dentre os diversos tipos de ágar, teremos o ágar Sangue, o ágar Cled, o Mac Conkey, o ágar Salmonella Shigella, o ágar Chocolate, o ágar Müeller Hinton e Lowenstein-Jensen, e alguns caldos de enriquecimento, como o Caldo BHI e Caldo Tioglicolato. Usamos durante a aula prática o ágar Mac Conkey e ágar Cled. O Mac Conkey é um meio dos tipos seletivo e diferencial, com cor rosada e tem presente a lactose. Ele é usado para diferenciar as bactérias fermentadoras de lactose e as que não fermentam, e ocorre a distinção através da mudança da cor. O ágar Cled é um meio do tipo diferencial, usado principalmente para isolar, cultivar e realizar contagem de colônias em amostras de urinas, inicialmente tem coloração verde, e também permite a identificação de bactérias fermentadoras de lactose através da mudança de cor no meio. Logo após, nos foi apresentado as placas de Petri, diferenciadas pela capacidade, que variam de 5 ml a 40 ml, e o tubo de ensaio, que tem capacidade de 15 ml. Para a preparação do ágar, deve-se seguir as informações que vem com o produto, porém, se for para pequena escala, é indicado realizar um cálculo proporcional a quantidade que for ser usada, para não haver desperdício. O ágar deve ser diluído em água destilada, e depois deve ir a autoclave para que seja feita a esterilização. Após a esterilização, o meio está pronto para ser semeado. Primeiramente, deve ser recolhido a bactéria que será utilizada, que poderá ser por intermédio da extração de uma colônia já existente, através da alça de platina, ou recolhimento através do swab, após isso, a amostra já pode ser semeada no ágar. O semeio pode ser feito de três formas: esgotamento, semi-quantitativo e tapete. O semeio através de esgotamento é feito a partir de estrias em quadrantes, e tem a intenção de obter colônias isoladas, para contagem ou afins. O método semi-quantitativo é feito a partir de uma estria central com outras estrias perpendiculares a central. A semeadura feita em tapete recobre toda a superfície do ágar e é utilizada para testes de sensibilidade, para antibióticos, por exemplo. Semeio pelo método de tapete, amostra da tela do celular através do swab. Depois do semeio no ágar, seja na placa ou tubo, o meio de cultura dependerá de alguns critérios para que ocorra o crescimento, como os nutrientes corretos, o pH ajustado, presença ou não de oxigênio, a temperatura, que é essencial, entre outros. Dessa forma, ela estará pronta para que ocorra a análise macromorfológica. → Relatório da terceira aula prática realizada no dia 17 de outubro Na terceira aula prática, aprendemos sobre a Coloração de Gram. A coloração de Gram, uma coloração do tipo diferencial,que diferencia as bactérias em gram- positivas ou gram-negativas, de acordo com a parede celular da mesma. A parede celular das bactérias gram-positivas tem a camada de peptideoglicanos espessa, enquanto as gram-negativas tem uma camada de peptideoglicanos fina e uma membrana externa. Para realizar a coloração, deve-se seguir o passo-a-passo: I. Fazer a extração de um meio de cultura com bactéria usando a alça de platina; II. Dispor as bactérias sobre a lâmina, conhecido como esfregaço; III. Passar a lâmina sobre a chama para a fixação; IV. Cobrir a lâmina com a violeta de genciana, também chamado de cristal violeta (as células ficarão coradas em roxo); V. Lavar a lâmina; VI. Aplicar o iodo ou lugol, que servirão como mordente, para intensificar o roxo (as células permanecem roxas); VII. Lavar novamente a lâmina; VIII. Colocar o álcool-acetona, para descolorir (aqui as células gram- negativas ficarão incolores, e as gram-positivas continuam roxas); IX. Lavar mais uma vez a lâmina; X. Aplicar a fucsina, que dará uma cor rosada para as bactérias gram- negativas; XI. Lavar, pela última vez, a lâmina; Após seguir esses passos, a lâmina estará pronta para ser observada em microscópio e realizar a diferenciação ou estudo das bactérias. Preparação de lâmina para iniciar a coloração. Visualização das lâminas em microscópio. A esquerda, Bacilos, e a direita, Streptococcus. → Relatório da quarta aula prática realizada no dia 14 de novembro Nesta aula prática, aprendemos sobre os fungos, como preparar o meio de cultura, como semear e alguns testes de identificação. No início de tudo, deve-se realizar a coleta de amostra. No caso do material biológico, é preciso recolher a identificação do paciente, os dados epidemiológicos, como profissão e estado imunológico, e as informações clínicas, como o aspecto das lesões e o local anatômico acometido, sendo importante também, caso o paciente estiver usando algum antifúngico, suspender o uso. A coleta irá variar de acordo com a região que foi prejudicada e a suspeita clínica, dessa maneira, o tipo de material poderá variar entre escarro, pele ou pelo, urina, ou ainda outros. Importante lembrar que a quantidade de material coletado deve ser o suficiente para realizar diferente tipos de testes, ou até mesmo, repetições dos mesmos. O primeiro tipo de exame a ser realizado é o direto, ele tem como finalidade detectar a presença de fungos em material colhido de pacientes com suspeita de infecção fúngica. A presença de fungos é detectada por meio de diferentes corantes, como a Tinta da China ou lactofenol, ou a adição do hidróxido de potássio (KOH – 10- 20%). No caso da nossa aula, foi realizado a esfregaço do fungo na lâmina, adicionado o corante lactofenol, azul de algodão, colocado a lamínula, e a lâmina estava pronta para ser visualizada no microscópio. Dependendo da espécie, o exame direto é suficiente para identificar completa ou parcialmente o fungo, mas outras espécies poderão precisar de outros testes de identificação, como semear o fungo em um meio de cultura. Para a preparação do meio de cultura, a composição é quase semelhante do meio bacteriano, a diferença será no ágar utilizado. Para isolamentos de fungos a partir de qualquer tipo de amostra, devem ser utilizados meios não seletivos, como por exemplo, o ágar Sabouraud dextrose (ASD). Normalmente, usa-se junto com o ágar Sabouraud, cloranfenicol, um tipo de antibiótico, resistente a esterilização na autoclave, para impedir o crescimento de bactérias que podem prejudicar o isolamento de fungos. Em meios seletivos, utiliza-se cicloheximida, em conjunto com o Sabouraud e o cloranfenicol, que inibe parcialmente, ou totalmente, fundos anemófilos. Para isolamento ou subcultivo de dermatófitos, é recomendado o uso do ágar batata, que aumenta a esporulação e facilita a identificação do gênero e espécie do fungo. Ainda, para fungos dimórficos e de crescimento lento, é usado o ágar BHI (brain heart infusion), por ser um meio extremamente nutritivo. A preparação do ágar é básica, com a dissolução do ágar e componentes na água destilada, o acerto do pH do meio, aquecimento para a dissolução completa, distribuição em placas ou tubos, e ao final, a esterilização na autoclave. Meios de cultura de fungos em tubos. Meios de cultura de fungos em placas. Para aquelas espécies no qual o exame direto não é o suficiente, existem outros tipos de testes de identificação, separados no caso dos fungos de leveduras e filamentosos. As leveduras só devem ser identificadas quando estiverem sem contaminação bacteriana ou em mistura de espécies. Inicia-se com o tubo germinativo, que identifica a espécie Candida albicans, em seguida com o cultivo em lâmina, que avalia a capacidade de produção de hifas hialinas ramificadas, logo após o teste da urease, que diferencia as espécies Candida e Cryptococcus, e por último a assimilação de carbono e nitrogênio (auxanograma) ou fermentação de carboidratos (zimograma). O microcultivo da levedura, ocorre da seguinte forma: 1. Primeiro é retirado a amostra com o garfo; 2. Aplica a amostra na superfície do ágar com estrias; 3. Coloca a lamínula em cima das estrias; 4. Pronto para visualizar no microscópio. A identificação dos fungos filamentosos tem como objetivo a observação da morfologia da colônia e aspectos microscópicos. A análise da colônia visa observar cor, textura, superfície, entre outros, e pode ser feita no tubo de ensaio contendo a cultura primária do fungo. Os testes possíveis para os filamentosos são: o microcultivo, teste da perfuração de pelo, onde acima da amostra são colocados pelos, para que sirvam de nutriente (queratina), e também, o teste da urease. O microcultivo dos filamentosos, ocorre da seguinte maneira: 1. Primeiramente apoiam-se duas lâminas em uma placa de Petri, uma principal e outra de suporte; 2. Corta-se um quadrado do ágar Sabouraud ou batata; 3. Coloca-se o cubo do ágar em cima das duas lâminas; 4. A amostra deve ser semeada nos 4 lados do cubo; 5. Adiciona-se uma lamínula; 6. E, por último, aplica-se gotas de água nas laterais da placa, para que o ambiente fique úmido e evite a dessecação do meio de cultura. Microcultivo dos fungos filamentosos. Observação dos fungos no microscópio. Meio de cultura de fungo.
Compartilhar