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1. Os estudos sobre línguas sinalizadas são recentes, e a emergência repentina de pesquisas nessa área da linguística, criou a necessidade urgente de nomear fenômenos que eram observados durante a descrição das línguas de sinais. O mais adequado foi lançar mão de termos já usados na descrição das línguas orais e este parece ser o caso dos classificadores. Os classificadores são muito importantes nas línguas de sinais. Disserte sobre os classificadores e suas características. FONTE: SCHEMBRI, Adam. Rethinking 'Classifiers' in Signed Languages. In: EMMOREY, K. Perspectives on classifier constructions in sign languages. London: Lawrence Erlbaum Associates, 2003. Resposta Esperada: Os classificadores são elementos que classificam e especificam determinado aspecto de uma entidade designada por um nome. Seus usos são variáveis em algumas línguas. A noção de elementos nominais ou verbais classificadores nasce a partir de estudos de línguas consideradas classificadoras, amplamente estudadas nas línguas faladas por vários autores. Um classificador é um afixo ou pedaço de palavra que se encaixa ou acompanha um nome ou verbo para dar informações sobre a relação significado-função e a classe a que se refere esse nome ou verbo. Os classificadores têm significado, já que eles mostram ou apontam alguma característica saliente de um objeto de mundo que é referido por um nome. Eles podem ser definidos por dois critérios bem específicos: 1. Eles se realizam como morfemas na estrutura de superfície sob condições específicas; 2. Eles têm significado, já que os classificadores denotam alguma característica saliente ou imputada a uma entidade que é referida por um nome. Os classificadores em línguas orais podem estar inseridos em oito categorias diferentes: material (constituição), função, forma, consistência, tamanho, locação, arranjo e quantia. Um classificador em língua de sinais trata-se de uma configuração manual que se assemelha a um fonema/morfema, cujo significado é construído no contexto do enunciado. Os elementos classificadores de um (língua oral) e outro (língua de sinais) não representam o mesmo fenômeno. Libras tem classificadores que se comportam como os que aparecem nas línguas predicativas. Na tipologia e morfologia dos Classificadores da ASL de Supalla (1981), os classificadores foram divididos em: especificadores de tamanho e forma; classificador semântico; classificador corpo; classificador parte do corpo; classificador instrumento e morfemas para outras propriedades de classes de nomes. Algumas configurações classificadoras são mais específicas e remetem a um significado mais estável, outras, porém, são mais genéricas. 2. Tratando da aprendizagem de Libras por ouvintes, os autores Leite e McCleary (2009) partem da própria experiência do primeiro deles. Assim, usando a metodologia de estudos em diário, Leite registrou cotidianamente sua experiência de aprendiz de Libras como segunda língua em contextos formais e informais, e encontrou algumas dificuldades que ouvintes têm na aquisição da Libras. As dificuldades que encontrou na área linguística estava relacionada aos seguintes aspectos: modalidade, datilologia, morfossintaxe, classificadores, unidades não manuais, uso do espaço, a semântica. Disserte sobre essas dificuldades. FONTE: LEITE, T. A.; MCCLEARY, L. Estudo em diário: fatores complicadores e facilitadores no processo de aprendizagem da Língua de Sinais Brasileira por um adulto ouvinte. In: QUADROS, R. M.; STUMPF, M. R. Estudos Surdos IV. Petrópolis: Arara Azul, 2009. Resposta Esperada: Modalidade: normalmente, os iniciantes observam as mãos dos sinalizantes e isto faz com que percam informações. Com o passar do tempo, tomam consciência de que é preciso focalizar o rosto, ganhando, assim, na qualidade da captação e percepção. Datilologia: parece fácil, entretanto, exige certo ritmo quando inserido no discurso espontâneo. Muitas vezes é dado pouco espaço à prática de soletração manual nos cursos de Libras. Morfossintaxe: incorre-se no erro de dar muita ênfase no ensino de vocabulário, sem contextualizar a construção de sentenças, o que leva o ouvinte a produzir os sinais na estrutura linear de sua primeira língua e, por isso, a realização daquilo que é chamado de uma interlíngua, chamada de Português sinalizado. Classificadores: devido a uma abordagem muito simples sobre esses elementos por parte dos professores, os ouvintes tendem a ficar confusos quanto ao seu uso e sua semelhança com as unidades lexicais estabilizadas e, por vezes, tornam-se muito parecidos com pantomimas. Unidades não manuais: essas unidades são difíceis de produzir, sobretudo porque, como os cursos focalizam muito em ensinar lista de sinais e as expressões são apenas para a distinção de determinados itens lexicais, as explicações para o uso prosódico e sintático ficam comprometidas. O uso do espaço: no espaço ocorrem vários processos de recuperação referencial, e isto é de estabelecimento das relações entre as unidades numa sentença, dispensando a necessidade de artigos e preposições no estabelecimento de certas relações gramaticais e coesivas. Semântica: o ensino de vocabulário geralmente compreende uma lista de sinais com sua tradução em Português, levando a crer que todos os sinais têm um equivalente em Português, mas que também algumas palavras do Português podem ter várias acepções de sinais, como no caso do verbo CAIR.
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