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Brenna Esteves APG 24 2P Metabolismo ósseo VISÃO GERAL: Com o avanço dos estudos do metabolismo ósseo, ocorreu um grande incremento na tecnologia laboratorial permitindo a melhora nas determinações do cálcio total e ionizado, fosfato, magnésio, fosfatase alcalina total, hormônio paratireóideo intacto (PTH), metabólitos da vitamina D, proteína liberadora de hormônio paratireóideo (PTHrP), marcadores do metabolismo ósseo (osteocalcina, fosfatase alcalina ós- seo-específica, pró-peptídios do colágeno, hidro-xiprolina urinária, hidroxilisina-glicada urinária, piridinolina, deoxipiridinolina, sialo-proteína óssea e fosfatase ácida tartarato-resistente) Como já estudamos, o tecido ósseo é composto por: - Sais minerais inorgânicos cristalizados: São compostos por fosfato de cálcio e carbonato de cálcio (força de compressão). Os minerais estão presentes como uma mistura de cristais de hidroxiapatita fosfato de cálcio amorfo e outros materiais. Pequenas quantidades de magnésio, sódio, potássio, hidróxido, fluoreto, estrôncio, zinco, rádio, cloreto e sulfato. - Matriz orgânica: É formada por 94% de fibras de colágeno, com elevado conteúdo dos aminoácidos prolina e hi- droxiprolina; 5% da substância básica (substâncias não-colagenosas) que incluem líquido extracelular, albumina, mucoproteína, sulfato de condroitina, ácido hialurônico, osteocalcina (proteína G1a), lipídios e pequenos peptídios além de 1% de citrato. Os processos de formação e reabsorção óssea são controlados por várias influências hormonais e metabólicas. O osso é formado pela ação de osteócitos e osteoclastos, cuja atividade é refletida no nível de fosfatase alcalina do soro. A reabsorção óssea ocorre, predominantemente, como resultado da ação de osteoclastos e ordinariamente envolve a dissolução de ambos, minerais e matriz orgânica. Nessse processo, temos a participação de pelos menos três células: -Osteoblastos: a membrana plasmática dos osteoblastos são ricos em fosfatase alcalina, cuja atividade é um índice de formação óssea. Os osteoblastos tem receptores para o hormônio paratireoideo (PTH), 1, 25- diidroxivitamina D (1, 25(OH) 2 D) e estrogênio, mas não para a calcitonina. O estímulo do PTH, 1, 25(OH)2 D, hormônio de crescimento e estrogênio induz os osteoblastos a produzir o fator de crescimento “insulin like” I (EG-1), que tem papel importante na regulação e modelagem óssea local. -Osteoclatos: relacionadas com a absorção – lise óssea com finalidade de reparação de uma fratura ou mobilização de íons cálcio – realizadas continuamente, porém sob o controle do hormônio paratireiodeo (PTH), que estimula a secreção de enzimas proteolíticas e ácidos orgânicos (lactato e cítrico), que digerem e solubilizam a matriz óssea calcificada. Os osteoclastos possuem uma ação oposta aos osteoblastos, reabsorvendo a matriz óssea. -Osteócitos: os osteócitos en- contram- se instalados nas criptas ósseas onde seriam estimuladas por fatores humorais locais ou sistêmicos a diferenciar- se rumo à atividade blástica (crescimento e reparação) ou à atividade clássica/lítica (reabsorção, mobilização, iônica). Os osteócitos sintetizam pequenas quantidades de matriz para manter a integridade óssea METABOLISMO DO CÁLCIO: - O cálcio está presente, principalmente, no esqueleto, tecidos moles e líquido extracelular. Brenna Esteves APG 24 2P - Aproximadamente, 99% de cálcio do organismo está localizado no esqueleto, primariamente, na forma de hidroxiapatita, que é uma rede de cristal composto de cálcio, fósforo e hidróxido. - O cálcio restante desempenha numerosas e significativas funções não relacionadas à estrutura óssea. As funções fisiológicas do cálcio nos diferentes compartimentos são: * Cálcio intracelular- Condução neuromuscular, manutenção do tono normal e na condução e relaxamento do músculo esquelético e cardíaco; etc * Cálcio extracelular- Mineralização óssea, mecanismo da coagulação sangüínea e manutenção do potencial de membrana plasmática. * Cálcio esqueleto- É o principal local de armazenamento e mobilização de cálcio para o “pool” extracelular e intracelular. O osso é continuamente remodelado através de um processo combinado de reabsorção e formação óssea. - O cálcio atua como um sinal intracelular nas vias de segundo mensageiro, na exocitose e na contração muscular. Também desempenha um papel nas junções celulares, na coagulação e na função neural. - O cálcio está presente no plasma humano em três formas: cálcio não ionizado, ionizado livre, e complexado. O primeiro está relacionado à albumina, o segundo é a forma fisiologicamente ativa e é regulado pelo PTH, e o terceiro está relacionado com vários íons, incluindo o fosfato. - A distribuição das três formas são modificadas conforme a variação de pH. EQUILÍBRIO DO CÁLCIO - A manutenção da homeostase do cálcio envolve a participação de três órgãos maiores - o intestino delgado, os rins e o esqueleto. A glândula mamária durante a lactação é também importante, assim como a placenta e o feto durante a gestação. - Segundo SIlvherthorn, a homeostasia do Ca2_ é resultado do equilíbrio da ingestão na dieta, do débito urinário e da distribuição do Ca2_ entre ossos, células e LEC. A homeostasia do cálcio segue o princípio de balanço de massa: Cálcio corporal total = entrada - saída 1. Cálcio corporal total é todo o cálcio presente no corpo, distribuído ao longo dos três compartimentos: (a) Líquido extracelular. O Ca2_ ionizado é concentrado no LEC. No plasma, cerca da metade do Brenna Esteves APG 24 2P Ca2_ está ligado a proteínas plasmáticas e a outras moléculas. O Ca2_ não ligado é livre para se difundir através das membranas pelos canais de Ca2_ abertos. A concentração plasmática total de Ca2_ é de cerca de 2,5 mM. (b) Ca2 intracelular. A concentração de Ca2_ livre no citosol é de cerca de 0,001 mM. Além disso, o cálcio está concentrado no interior da mitocôndria e do retículo sarcoplasmático. Os gradientes eletroquímicos favorecem o movimento de Ca2_ para o citosol quando os canais de Ca2_ abrem. (c) Matriz extracelular (osso). O osso é o maior reservatório de Ca2_ no corpo, com grande parte do Ca2_ do osso em forma de cristais de hidroxiapatita. O Ca2_ ósseo forma um reservatório que pode ser aproveitado para manter a homeostasia plasmática do Ca2_. Em geral, somente uma pequena fração do Ca2_ apresenta-se da forma ionizada e facilmente permutável, e esse pool permanece em equilíbrio com o Ca2_ do líquido intersticial. 2. Entrada é o cálcio ingerido na dieta e absorvido no intestino delgado. Somente cerca de um terço do cálcio ingerido é absorvido, e, diferentemente de outros nutrientes, a absorção de cálcio é regulada hormonalmente. Muitas pessoas não ingerem quantidades suficientes de alimentos que contêm Ca2_, no entanto, a entrada pode não coincidir com a saída. A absorção intestinal de cálcio é aparentemente transcelular e paracelular (entre as células). O transporte transcelular é realizado pela entrada no enterócito via canais apicais de Ca2_ (TRPV6, também chamado de ECaC). Uma vez dentro da célula, o Ca2_ liga-se a uma proteína, chamada de calbindina, que ajuda a manter baixa a (Ca2_) livre intracelular. Isso é necessário devido ao papel do Ca2_ livre como uma molécula de sinalização intracelular. Na região basolateral da célula, o Ca2_ sai por um trocador de Na_-Ca2_ (NCX) e por transportadores Ca2_-ATPase. A absorção transcelular é regulada hormonalmente, a absorção paracelular não é regulada. 3. Saída, ou perda de Ca2_ pelo corpo, ocorre principalmente pelos rins, com uma pequena quantidade excretada pelas fezes. O Ca2_ ionizado é livremente filtrado no glomérulo e então reabsorvido ao longo do comprimentodo néfron. A reabsorção hormonalmente regulada ocorre somente no néfron distal e utiliza transportadores similares àqueles encontrados no intestino. Não há transporte paracelular nos rins. CONTROLE DO METABOLISMO DO CÁLCIO/ REGULAÇÃO HORMONAL - O nível de cálcio é mantido em equilíbrio durante anos de ingestão variável de cálcio através de um equilíbrio eficaz entre a formação e destruição óssea e a absorção e excreção do cálcio. -Vários compostos estão envolvidos na regulação do cálcio plasmático e, em muitos casos, afetam também os níveis de fosfatemia. Os dois principais controladores da homeostase do cálcio são o hormônio paratireoideo e a vitamina D. Outras substâncias também contribuem em menor grau: calcitonina, hormônios tireodideos, esteroides adrenais, prostaglandinas, fator ativador dos osteoclastos e proteína PTH relacionada. a) Hormônio Paratireoideo PTH É secretado pela células principais da glândula paratireóide em resposta a hipocalcemia ou hipomagnesemia. Os teores de PTH exibem uma variação diurna, estando elevado nas primeiras horas da manhã (ao redor das 9 h). As ações do PTH são: - Vitamina D. Além de efeitos indiretos sobre a absorção gas trointestinal de cálcio e fosfato, o PTH ativa a conversão da 25-hidroxivitamina D a 1,25-diidroxicolecalciferol (calcitriol), a forma ativa da vitamina D que estimula a absorção gastrointestinal do cálcio e fosfato. Brenna Esteves APG 24 2P - Rins: o PTH (a) aumenta a reabsorção tubular distal de cálcio e a excreção do fósforo através do mecanismo adenilato ciclase-AMP cíclico, (b) reduz a reabsorção do fosfato, sódio, cálcio e íons bicarbonato nos túbulos proximais e (c) estimula a produção de 1,25- diidroxicolecalciferol pelos rins com o seguinte resultado: aumento da reabsorção do cálcio e inibição da reabsorção do fosfato, produzindo fosfatúria. - Ossos: o PTH atua tanto direta como indiretamente alterando a atividade e o número de osteoblastos, osteoclastos e osteócitos, regulando o cálcio para o líquido extracelular. O PTH aumenta a reabsorção óssea pelos osteoclastos, necessitando dos osteoblastos para mediar o eu efeito. O aumento na atividade osteoblástica é detectada pela elevação na atividade da fosfatase alcalina sérica. O incremento na atividade osteoclástica é evidenciado pela elevação da hidroxiprolina urinária e excreção de desoxipiridinolina. O resultado final da ação do PTH é uma reabsorção verdadeira e não simplesmente a desmineralização óssea. O efeito total do PTH é o aumento do cálcio ionizado plasmático e a redução da fosfatemia (pelo aumento da excreção renal de fosfato). Excesso prolongado de PTH está associado com hipercalcemia, hipofosfatemia e aumento da ativi- dade da fosfatase alcalina (estimulação dos osteoblastos). A deficiência de PTH (hipoparatireoi- dismo) promove a hipocalcemia e hiperfosfatemia) B) CALCITONINA É um polipeptídio de 84 resíduos de aminoácidos produzido e secretado pelas células parafoliculares da tireóide (ou células C) e, em menor grau, pelas paratireóides, timo e medula supra-renal. A secreção deste hormônio parece ser contínua e é estimulada pela concentração de cálcio ionizado no sangue. A secreção aumenta em resposta às elevações do cálcio ionizado e diminui com reduções nos teores sanguíneos deste íon. Portanto, estas respostas são de direção oposta ao controle exercido pelo cálcio sobre a secreção de hormônio paratireóideo. Ações da calcitonina: § Exerce controle sobre o nível sérico de cálcio ao inibir a reabsorção óssea osteoclástica, reduzindo assim, a perda de cálcio e fósforo do osso. § Alguns efeitos sobre a função renal, como a inibição da reabsorção de cálcio e fósforo pelos túbulos renais. C) VITAMINA D É a designação genérica para um grupo de esteróis estruturalmente análogos e absolutamente importantes no metabolismo do cálcio e fósforo. É sintetizada na pele por irradiação ultravioleta ou absorvida no intestino. O 1,25- diidroxicolecalciferol (calcitriol) (DHCC) – forma biologicamente ativa da vitamina D – (a) estimula a absorção do cálcio e fósforo no intestino delgado, (b) aumenta a mobilização de cálcio do osso (nessa ação o PTH atua sinergisticamente) e (c) eleva a reabsorção renal do cálcio e fósforo. O efeito total da vitamina D é o aumento plasmático do fósforo, cálcio total e ionizado. A deficiência da 1,25-OHCC leva a defeitos na mineralização óssea. Três são os principais estímulos para a síntese de calcitriol: (a) redução da concentração de cálcio plasmático, (b) aumento na secreção do PTH e (c) elevação dos níveis de fósforo intracelular D) OUTROS HORMÔNIOS: Os hormônios da tireóide (triiodotironina e tiroxina) elevam a mobilização de cálcio do osso. Os esteróides adrenais podem alterar a excreção de cálcio pelos rins, particularmente, nos casos de insuficiência supra-renal. Finalmente, os hormônios sexuais (especialmente estrogênios) estão relacionados aos teores de cálcio; a diminuição de estrogênios em mulheres em fase pós- menopausa está associada a um aumento de reabsorção do osso com declínio da massa óssea;e o aumento de osteoporose e fraturas. Brenna Esteves APG 24 2P METABOLISMO DO FOSFATO O organismo de um adulto contém 500 a 600 g de fósforo (medido como fosfato inorgânico) amplamente distribuído. É o sexto elemento mais abundante do organismo. Os papéis biológicos do fósforo incluem: § Confere resistência estrutural ao osso quando combinado com o cálcio na forma de hidroxiapatita. § Participa como agente essencial (em ligações fosfato de “alta energia”) no metabolismo energético e no metabolismo dos carboidratos e gorduras. § Atua como tampão no plasma e urina. No líquido extracelular e em pH fisiológico, a maior parte do fósforo se apresenta nas formas inorgânicas monovalentes (diidrogenofosfato) e divalentes (hidrogenofosfato). As quantidades relativas dos dois íons fosfato são dependentes do pH. Em pH 7,4, o coeficiente de diidrogeno fosfato/hidrogenofosfato é de 4:1. § Manutenção da integridade celular. § Regulação da atividade de algumas enzimas. § Regulação do transporte do oxigênio através do 2,3-difosfoglicerato eritrocitário. - A média de consumo dietético para os adultos é 800 a 1.500 mg/d dos quais cerca de 70% é absorvido (absorção ativa) principalmente pelo jejuno e o restante é excretado pelas fezes no intestino delgado. O fósforo está presente virtualmente em todos os alimentos. No organismo, está distribuído assim: ->Fosfato no esqueleto (80-90% do total). O fosfato inorgânico e o cálcio são os principais componentes da hidroxiapatita presentes no osso. § Fosfato intracelular (10-20% do total). Fosfatos de alta energia entre os quais o ATP. Esta fonte de energia mantém muitas funções como: contractilidade muscular, função neurológica e transporte eletrolítico. O fosfato intracelular está primariamente ligado ou na forma de ésteres de fosfato orgânico. § Fosfato extracelular (<0,1% do total). Mantém a concentração intracelular crítica e fornece o substrato para a mineralização dos ossos. Ocasionalmente, cristais de fosfato de cálcio precipitam em outras áreas do corpo. Níveis de fosfatos anormalmente elevados, muitas vezes, provocam a formação de cálculos nos rins ou bexiga. - Equilíbrio/ HOMEOSTASE DO FOSFATO: A homeostase do fósforo é mantida por meio de diferentes mecanismos. Os três principais órgãos envolvidos na são: o intestino delgado, os rins e o esqueleto. Os níveis de fosfatemia elevam facilmente após uma copiosa refeição. Os antiácidos reduzem a Brenna Esteves APG 24 2P absorção e o cálcio, o alumínio e o magnésio ligam o fósforo em complexos insolúveis. O alumínio é o ligante mais eficiente.- REGULAÇÃO DOS NÍVEIS DE FOSFATEMIA Os fatores que regulam os níveis de fosfatemia são, em muitos casos, os mesmos que atuam sobre os teores de cálcio no sangue. Os níveis séricos de fósforo, são inversamente proporcionais aos do cálcio sérico. a) Hormônio paratireóideo (PTH). O PTH é secretado em resposta a hipocalcemia ou hipomagnesemia. Isto libera o cálcio e o fósforo para a circulação, mas como a reabsorção tubular do fósforo é inibida, o nível de fosfato não se eleva, podendo mesmo diminuir, provocando o aumento do cálcio sangüíneo. Nor - malmente, 85 a 95% do fósforo filtrado pelo glomérulo é reabsorvido; a secreção de PTH bloqueia este mecanismo. b) Vitamina D. Essa vitamina exerce efeito sobre os níveis de fosfato pelo aumento da reabsorção óssea e, também, na elevação da absorção no lúmem intestinal. Além disso, a vitamina D em sua forma ativa, 1,25-diidroxicolecalciferol, eleva a reabsorção tubular de fosfato c) Hormônio de crescimento (GH). O GH regula o crescimento ósseo, promove a absorção intestinal e a reabsorção renal de cálcio e fósforo. Quando secretado excessivamente reduz teores de fosfatemia, pela utilização de fosfato na formação óssea. Na prática clínica, o único indicador disponível para as desordens da homeostase do fósforo é o seu nível plasmático que, não necessariamente, reflete o conteúdo de fósforo do corpo ou extraesqueleto. Associação da homeostasia cálcio- fosfato: A homeostasia do fosfato é intimamente relacionada à homeostasia do cálcio. O fosfato é o segundo ingrediente principal da hidroxiapatita no osso, Ca10(PO4)6(OH)2, e grande parte do fosfato presente no corpo humano é encontrado no osso. Entretanto, os fosfatos possuem outros importantes papeis fisiológicos, incluindo a transferência e o armazenamento de energia em ligações de fosfato de alta energia, e a ativação ou desativação de enzimas, transportadores e canais iônicos via fosforilação e desfosforilação. Os fosfatos também fazem parte da estrutura do DNA e do RNA. A homeostasia do fosfato é paralela à do Ca2_. O fosfato é absorvido no intestino, filtrado e reabsorvido nos rins e distribuído entre o osso, o LEC e os compartimentos intracelulares. A vitamina D3 facilita a absorção intestinal de fosfato. A excreção renal é afetada tanto pelo PTH (que promove a excreção de fosfato) como pela vitamina D3 (que promove a reabsorção de fosfato) METABOLISMO DO MAGNÉSIO: - O magnésio é o quarto catíon mais abundante no corpo e o segundo catíon mais concentrado no compartimento intracelular. O conteúdo total no corpo é 2.000 mEq ou 24 g. Sua concentração no líquido intracelular é aproximadamente 10 vezes maior que no líquido extracelular. Cerca de 67% do magnésio no organismo está associado ao cálcio e ao fósforo, no esqueleto. O restante é encontrado no músculo esquelético e cardíaco, rim, fígado e líquido intersticial. Somente 1% do magnésio total se encontra no plasma. Funções fisiológicas: a)Função intracelular: § Importante papel como cofator em mais de 300 sistemas enzimáticos. § Ativador alostérico de muitas enzimas (ex: adenilato ciclase). § Fundamental na glicólise, fosforilação oxidativa, replicação celular, metabolismo dos nUcleotídios, biossíntese protéica, contração muscular e coagulação sangüínea. Brenna Esteves APG 24 2P § Essencial na manutenção da estrutura macromolecular do RNA, DNA e na síntese protéica. § As proteínas regulatórias Gs e Gi necessitam magnésio para expressar sua atividade. b) Função extracelular Fonte de manutenção do magnésio intracelular. § Estabilização dos axônios neurológicos; a redução da concentração do magnésio diminui o limiar do estímulo do axônio aumentando a velocidade da condução nervosa. § Influencia a liberação do neurotransmissor na junção neuromuscular por competitividade inibindo a entrada de cálcio no terminal pré-sináptico nervoso. Portanto, a redução do teor de magnésio no soro aumenta a excitabilidade. O magnésio e o cálcio são antagonistas fisiológicos no sistema nervoso central. c)Função no esqueleto § Aproximadamente 67% do magnésio está presente nos ossos; um terço do mesmo está disponível para troca com o líquido extracelular. Esta fração atua como reservatório para manutenção do magnésio no plasma. BALANÇO/ REGULAÇÃO DO MAGNÉSIO: O mecanismo de regulação do magnésio no plasma é pouco conhecido. A fração ionizada é afetada pelo pH e pela concentração das proteínas, citrato, e fosfato no plasma. O hormônio paratireóideo e a aldosterona também atuam no controle de magnésio circulante. Foram descritas relações recíprocas entre a magnesemia e a calcemia e, em alguns casos, entre a magnesemia e fosfatemia. Somente 30-40 por cento do magnésio ingerido é absorvido. A absorção pode ser afetada pela quantidade de cálcio, fosfato, proteína , lactose ou álcool presentes na dieta. O magnésio é excretado na urina e fezes (este ú1timo representa o catíon não absorvido). A excreção urinária é igual a aborção, exceto nas condições de depleção ou excesso de magnésio. A avaliação do estado do magnésio é difícil. O diagnóstico da deficiência de magnésio baseia-se geralmente na história e exame físico cuidadoso. A medida da excreção urinária de magnésio é útil na distinção entre as perdas renais de magnésio de outras causas de hipomagnesemia. MARCADORES BIOQUÍMICOS DO METABOLISMO ÓSSEO: Conceito: Podemos definir marcadores bioquímicos do metabolismo ósseo como substâncias que retratam a formação ou a reabsorção óssea. Como a formação é dependente da ação dos osteoblastos, os marcadores de formação, na realidade, medem produtos decorrentes da ação destas células; da mesma maneira, os marcadores de reabsorção medem a ação dos osteoclastos, o principal tipo celular envolvido na reabsorção da matriz óssea. (Bioquímica do tecido ósseo- UFRGS- Seminário apresentado pelo aluno JOÃO DIONÍSIO HENN na disciplina BIOQUIMICA DO TECIDO ANIMAL, no Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, no primeiro semestre de 2010. Professor responsável pela disciplina: Félix H. D. González.) MARCADORES DE FORMAÇÃO ÓSSEA: Fosfatase Alcalina Óssea Esta enzima é codificada pelo gene, tecido não-específico, A1P, localizado no cromossoma 1.A isoenzima óssea é um peptídeo de 507 amino ácidos, cuja seqüência é exatamente igual à da isoenzima hepática; a diferença entre elas se dá na glicosilação, um fenômeno pós- tradução. Em condições normais, as duas formas predominantes em circulação (>90% do total) de Brenna Esteves APG 24 2P fosfatase alcalina, são a óssea e a hepática, em quantidades equivalentes. A outra forma circulante, em concentrações significativas, é a forma intestinal, que representa menos de 5% do total. A fosfatase alcalina é uma ectoenzima, ou seja, está localizada na superfície externa da célula onde exerce sua atividade. Quando ancorada na superfície celular, a enzima está na forma de um tetrâmero, sendo que quando liberada para a circulação, por ação das fosfolipases C e D, o é na forma dimérica. No caso da isoenzima óssea, a atividade e a importância da enzima na formação e mineralização da matriz óssea ainda é mal definida. As alterações encontradas na hipofosfatasia, doença devida a uma mutação no gene codificador da enzima, predominantemente osteomalácia, sugerem fortemente que a enzima tenha papel fundamental na mineralização.Durante muitas décadas, a medida da atividade total de fosfatase alcalina foi a base do estudo de patologias tanto ósseas como hepáticas, partindo-se do pressuposto de que o aumento da atividade total seria devida à isoenzima específica da patologia. Em linhas gerais, este raciocínio é válido principalmente naquelas patologiasonde existe um incremento significativo, como a doença de Paget ou doenças obstrutivas hepáticas. No entanto, nas condições em que se espera uma alteração muitas vezes sutil dos níveis séricos, torna-se óbvia a perda de sensibilidade e especificidade da dosagem da atividade total da fosfatase alcalina. Inúmeros métodos foram descritos com o intuito de separar a atividade das duas isoenzimas, sendo os mais empregados a inativação térmica e a precipitação específica com lectinas (11). Com a descrição recente de anticorpos monoclonais específicos para a enzima óssea (12), alguns métodos específicos foram descritos, dos quais dois merecem maior atenção, um baseado na captura específica da enzima e posterior revelação por sua atividade enzimática intrínseca (13), e outro um ensaio imunométrico de dupla identificação (14). A reatividade cruzada com fosfatase alcalina hepática é, nos dois métodos, em torno de 15% e não existem estudos que mostrem superioridade de um método sobre outro. Um aspecto relativo ao uso e interpretação dos valores de fosfatase alcalina óssea é o fato de que eles não aumentam exclusivamente com o aumento da formação óssea, mas também na osteomalácia. Esta observação torna a enzima um ótimo marcador para o acompanhamento do tratamento da osteomalácia com vitamina D. Osteocalcina A osteocalcina é um peptídeo secretado pelos osteoblastos maduros, condrócitos hipertrofiados e odontoblastos. Apesar de ser primariamente depositada na matriz óssea recém formada, uma pequena fração entra em circulação, caracterizando esta proteína como marcador da atividade osteoblástica. Apesar de ser depositada em quantidades significativas na matriz óssea, sendo uma das proteínas não-colágenas mais abundantes, não é um marcador de reabsorção óssea pois é totalmente destruída quando da reabsorção promovida pelos osteoclastos. A osteocalcina é constituída por 49 amino ácidos, sendo três (posições 17, 21 e 24) constituídos por ácido gama-carboxiglutâmico (Gla), o que lhe dá a peculiaridade de ligar cálcio. A função ou funções da osteocalcina são ainda mal definidas, apesar de sua estrutura indicar interação com cálcio e com cristais de hidroxiapatita. Adicionalmente, estudos indicam que o aparecimento e aumento de produção da proteína são coincidentes com o início do processo de mineralização (15). A produção de osteocalcina é um marcador do osteoblasto maduro (15). Outros estudos, in vitro e in vivo, sugerem que a osteocalcina tenha importante papel no recrutamento e diferenciação dos osteoclastos (16).A osteocalcina circula em diferentes formas moleculares, que incluem a forma intacta 1-49 (36%), um fragmento amino-terminal grande 1-43 (40%) e fragmentos menores (aa 1-19, 20-43, 29-49, 34%) (17). A excreção destes diferentes peptídeos depende da integridade da função renal, de maneira que mesmo pequenas disfunções renais podem levar a aumentos diferenciados das diferentes formas circulantes. O fato de várias formas de osteocalcina serem encontradas normalmente no soro e da metabolização de algumas ser dependente Brenna Esteves APG 24 2P da integridade da função renal, torna mais complexa a interpretação dos resultados obtidos pelos diferentes métodos de medida de osteocalcina sérica. Esta é uma razão pela qual os estudos comparativos entre métodos radioimunológicos mostraram diferenças significativas entre eles, diferenças estas independentes do padrão de referência empregado (18). O desenvolvimento de ensaios imunométricos baseados em anticorpos monoclonais tornou os resultados das dosagens com diferentes métodos mais comparáveis (19,20). No entanto, a interpretação dos níveis de osteocalcina deve levar em consideração uma série de fatores: desde a metodologia empregada até as condições de coleta, pois o peptídeo é susceptível a proteólise e deve ser coletado e manipulado com cuidados especiais para evitar a degradação. Adicionalmente, os níveis de osteocalcina também observam ritmo circadiano, com valores decrescentes durante a manhã, elevando-se lentamente à tarde e atingindo o pico em torno de meia noite (21). Uma observação adicional, e que comprova o fato de que a osteocalcina mede atividade osteoblástica em estágio diferente da medida pela fosfatase alcalina óssea, é o fato da correlação entre as duas medidas ser bastante baixa (22). MARCADORES DE REABSORÇÃO ÓSSEA Hidroxiprolina A excreção urinária de hidroxiprolina é um marcador clássico da reabsorção óssea, tendo sido usado durante décadas em pesquisa e diagnóstico. No entanto, o fato da hidroxiprolina não ser limitada ao osso, nem mesmo ao colágeno, contribuiu muito para o seu gradual abandono como exame de referência. De fato, o componente Clq do complemento é rico em hidroxiprolina e pode contribuir com até 40% do total excretado; além disto, a excreção é dependente da dieta, desde que alguns alimentos comuns (que contenham gelatina) podem contribuir significativamente para o pool de amino ácido excretado (17). Desta maneira, com o desenvolvimento dos métodos mais específicos para avaliação da reabsorção óssea, a medida de hidroxiprolina tem sido abandonada. Interligadores do Colágeno Durante a maturação do colágeno, as fibrilas colágenas recém depositadas na matriz extracelular são estabilizadas pela interligação entre radicais lisina e hidroxilisina de diferentes cadeias. Assim, por ação da enzima lisil oxidase, moléculas de lisina e hidroxilisina da porção terminal (telopeptídeos) das moléculas de colágeno formam aldeídos e se condensam com o resíduo de molécula adjacente formando uma estrutura interligadora composta de três radicais hidroxilisina (piridinolina) ou uma lisina e duas hidroxilisinas (deoxipiridinolina). As piridinolinas atuam como interligadores (cross-links) nos colágenos tipo I, II e III, os principais de todos os tecidos com exceção da pele (23). As proporções piridinolina:deoxipiridinolina variam de acordo com o tipo de colágeno, sendo menores no colágeno tipo I. Estas interligações ocorrem essencialmente em duas regiões da fibrila colágena: na região amino-terminal, onde dois amino-telopeptídeos se ligam na altura do resíduo 930 e na região carboxi- terminal, onde dois carboxi-telopeptídeos se ligam na altura do resíduo 87. Quando os osteoclastos reabsorvem o tecido ósseo, eles o fazem através da secreção de uma mistura de proteases ácidas e neutras, que agindo seqüencialmente degradam as fibrilas colágenas em fragmentos de diferentes tamanhos. Os produtos e degradação que são jogados em circulação variam desde amino ácidos livres até fragmentos carboxi e amino- terminais contendo interligadores (C e N-telopeptídeos). Os fragmentos liberados pelos osteoclastos são adicionalmente metabolizados pelo fígado e rins, de maneira a resultar em fragmentos suficientemente pequenos para serem excretados pelos rins por simples filtração glomerular. As piridinolinas, livres ou ligadas a fragmentos amino ou carboxi-terminais, têm uma série de vantagens sobre a hidroxiprolina como marcadores de reabsorção óssea. Eles só se originam de fibrilas colágenas extracelulares e maduras, os peptídeos amino ou carboxi-terminais têm seqüências características do Brenna Esteves APG 24 2P colágeno de onde se originaram (ex.: colágeno tipo I), e apesar de estarem presentes na dieta, aparentemente não são absorvidos. As metodologias existentes para a medida dos interligadores do colágeno evoluíram bastante nos últimos anos. Os primeiros métodos descritos que tiveram aplicação prática foram os baseados em técnicas de Cromatografia Líquida de Alta Performance (HPLC) e medem simultaneamente a piridinolina e a deoxipiridinolina totais (24,25). Estes métodos implicam em hidrólise prévia das amostras e se baseiam na detecção das piridinolinas com base em suafluorescência natural. Foram aplicados extensivamente, inclusive em nosso meio (26), e apresentam boa reprodutibilidade. No entanto, são métodos muito laboriosos, demorados e bastante dispendiosos, daí a procura por metodologias alternativas, mais rápidas, práticas e baratas. Dentre as alternativas disponíveis destacaram-se os métodos imunológicos baseados em anticorpos específicos contra as estruturas dos interligadores. Podemos classificá-los em três tipos: a).os baseados em anticorpos contra as piridinolinas livres (piridinolina e/ou deoxipiridinolina), comercializados por Metra Biosystems, Palo Alto, CA - USA; b).os baseados em anticorpo que reconhece a seqüência que inclui os interligadores N-terminais (N-telopeptídeo), comercializado como NTx por Ostex International Inc., Seattle, WA - USA e J&J Diagnósticos;c) .os baseados em anticorpos dirigidos contra a seqüência que inclui os interligadores C-terminais (C-telopeptídeo), comercializado como Crosslaps por Osteometer, Rodrove, Dinamarca. O USO DOS MARCADORES: O uso dos marcadores bioquímicos se estende, teoricamente, a qualquer condição que leve a uma alteração do metabolismo do tecido ósseo, com incremento ou diminuição da remodelação óssea. Condições de aplicação óbvia dos marcadores são no diagnóstico e seguimento de patologias ósseas onde são encontradas importantes alterações do metabolismo ósseo, como na doença de Paget, no raquitismo, no hiperparatiroidismo primário e outras mais raras. No caso de pacientes com alterações ósseas induzidas pelo uso de corticosteróides, o emprego da dosagem de osteocalcina tem indicação precisa desde que é o marcador mais precocemente alterado. No entanto, começa a se abrir, com os novos métodos mais específicos, a possibilidade do uso dos novos marcadores em situações clínicas de muito maior abrangência, como por exemplo, na osteoporose. Fonte: Artigo de Revisão: Considerações Sobre os Marcadores Bioquímicos do Metabolismo Ósseo e sua Utilidade Prática José Gilberto H. Vieira Brenna Esteves APG 24 2P
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