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Filosofia da Educação Semana 1 Vídeo aula 1/ O que entender por filosofia A filosofia surge e é desenvolvida a partir do espanto diante da realidade e da natureza. Vários fatores históricos e culturais causaram o questionamento filosófico. Importa-nos aqui a forma como esse discurso se constituiu. Os primeiros registros desse novo método datam do século VI a.c. Como atividade racional ela surge em um momento em que se tentou superar o discurso mítico e pensar a realidade a partir de uma instância mais segura. O início da filosofia está relacionado com uma forma e uma concepção de educação. O discurso filosófico se distingue do discurso mitológico e pretende apresentar uma explicação racional para a realidade. Mas, o que era o discurso mitológico? O mito se configura como uma forma de narrar. Essa narrativa se vale de entidades explicativas e de uma lógica de acontecimentos que pode ser considerada pré-científica. Assim, o mito ou discurso mitológico, é uma forma de explicar a realidade das coisas de uma forma distinta da forma científica, que é baseada na investigação das causas. A filosofia se inicia como uma reflexão sobre a natureza e sobre e sobre sua formação. Os filósofos pré-socráticos investigavam a natureza a fim de saber de quem eram as coisas, isto é, quais eram os elementos mais básicos da realidade material. Essa investigação levou a um método explicativo diferente dos mitos que eram baseados nas relações entre os deuses e os humanos. Nesse sentido, é importante destacar que o surgimento da filosofia está relacionado com uma tentativa de obter mais segurança no conhecimento. Critério de verdade. A filosofia surge como uma investigação sobre a natureza que se baseava na racionalidade e na experiência. Mas o que esta origem tem a ver com a educação? A filosofia, desde seus princípios históricos, é marcada por uma característica que está diretamente relacionada com a educação. Os primeiros filósofos discutiam suas teorias com alunos e discípulos e esses debates, em alguns casos, eram realizados em escolas ou em público. Nota-se, desde então, que a filosofia se desenvolveu em ambiente educacional, isto é, em um contexto de ensino e a partir de concepções e relações ligadas à educação. Além desse dado histórico é preciso destacar que os primeiros filósofos possuíam concepções sobre a educação e o processo educativo, suas funções e objetivos. São notórias as histórias da academia de Platão e do Liceu de Aristóteles, mas mesmo antes destes filósofos do período clássico já existiam escolas e grupos de ensino de filosofia, retórica, matemática, etc. Se o conhecimento dos mitos era transmitido de maneira oral e através do teatro, o conhecimento filosófico passou a ser um tipo de conhecimento mais sistematizado, no seu método e na sua transmissão. Conta-se que a entrada da academia de Platão encontrava-se a inscrição que dizia que ali deveriam entrar aqueles que sabiam geometria. Portanto, um método era anunciado com essa inscrição. A filosofia sempre esteve ligada ao universo da educação por sua própria estrutura e essência. Mas é preciso apontar, também, para os fundamentos antropológicos que a filosofia estabelece a fim de relacioná-los com as concepções de educação, com a pedagogia. Toda teoria pedagógica possui um fundamento antropológico, isto é, toda teoria pedagógica parte de uma concepção de humanidade, de ser humano. Nosso primeiro desafio é compreender a diferença entre o discurso mitológico e o discurso filosófico. Enquanto os mitos explicavam a origem e a constituição do mundo através de causas divinas e externas à natureza (cosmogonia), o primeiro movimento da filosofia foi em direção à própria natureza, a fim de saber do que as coisas são feitas, quais são seus elementos mais básicos (cosmologia). Racionalidade natural. Ao compreendermos a diferença entre os dois tipos de discurso iniciaremos nossa jornada pela filosofia e pela relação da filosofia com a educação. Para isso é preciso apontar para o tema mais recorrente da filosofia dos chamados filósofos pré-socráticos, a unidade da diversidade. Para estes filósofos todas as coisas (diversidade) eram constituídas de elementos básicos, a água, o ar, a terra, o fogo, os átomos. Assim, os primeiros filósofos criaram métodos de apreciação da realidade natural, da natureza, por meio da observação e da análise dos elementos. Este conhecimento foi sistematizado na forma de discursos teóricos, que foram transmitidos à discípulos e alunos até chegarem até os dias de hoje. E como era constituído este discurso filosófico? Quais suas características? Uma característica que pode ser considerada como constitutiva do discurso filosófico é a estrutura lógica. No mito não existe uma estrutura lógica rigorosa. No discurso filosófico a estrutura lógica passa a ser essencial. Este aspecto já aponta para a natureza didática e pedagógica da filosofia. Entretanto, antes de chegar a uma oposição, mythos e lógos estiveram unidos, pelo menos segundo a antiga etimologia que identifica mythos e palavra. A palavra (o logos) seria o ponto comum entre mito e filosofia, mas essa palavra tomaria uma acepção diferente na filosofia. O logos é palavra, mas também é razão, proporção, fundamento, discurso organizado, explicação. Mito e filosofia se diferenciam bastante ao longo do desenvolvimento da filosofia, mas no início eles são discursos que não eram inconciliáveis. Existiam alguns aspectos mitológicos, metafísicos na filosofia nascente que depois foram depurados. Um dos pressupostos para o exercício e desenvolvimento da filosofia é a ideia de vida pública e liberdade. Criação da política. A vida na pólis. Leis, organização social, direitos, legitimidade do poder. Nesse ponto já temos uma relação importante entre filosofia e educação. Para a constituição da pólis, da cidade, é preciso que existam leis, para que as leis sejam cumpridas é preciso ter cidadãos educados. Racionalidade e liberdade. Indivíduos que formam a pólis devem ser formados em uma concepção de educação. Daí as disciplinas da filosofia: Lógica Ética Teoria do conhecimento Política Retórica Estética Metafísica. Os conteúdos de todas essas ―disciplinas‖ estão na estrutura dos projetos educacionais em geral. A concepção de formação passa por uma visão filosófica integral de formação do indivíduo para a cidade, para a democracia, para a sociedade. Assim, fica claro a relação da filosofia com a educação e outro ponto que veremos mais adiante o da concepção antropológica, que subjaz ao projeto educacional. Para finalizar, vamos relacionar diretamente a filosofia com a educação: Pode-se constatar, com efeito, que desde seu surgimento na Grécia clássica, a filosofia se constituiu unida a uma intenção pedagógica, formativa do humano. Ela já nasceu uma Paidéia. Para não citar senão o exemplo de Platão, em momento algum o esforço dialético de esclarecimento que propõe ao candidato a filósofo deixa de ser simultaneamente um esforço pedagógico de aprendizagem. A filosofia escolástica na Idade Média foi, literalmente, o suporte fundamental de um método pedagógico responsável pela formação cultural e religiosa das gerações europeias que estavam constituindo o que chamamos hoje de civilização ocidental. Retomando os objetivos da videoaula: Apresentar a Filosofia como área do saber. Explicar a origem da Filosofia. Fazer a distinção entre o discurso filosófico e o discurso mitológico. Relacionar Filosofia e Educação. Relacionar antropologia filosófica com educação. Elencar as disciplinas da filosofia. ***A principal diferença entre os discursos míticos e filosóficos é que o discurso mítico brinca com elementos imaginativos para explicar a realidade humana, valendo-se de metáforas sobretudo, enquanto o discurso filosófico caracteriza-se por ser mais lógico e racional. Texto 1- Maria Lucia Aranha – Filosofia daEducação- Importância da Filosofia A filosofia reúne o pensamento fragmentado pelas ciências e demais formas de conhecimento, buscando compreender o mundo da técnica dilacerado em tantas especializações. Quer resgatar, assim a unidade que se encontra no sentido humano do pensar e do agir. É a reflexão filosófica que permite ao homem adquirir outra dimensão além daquela que é dada pelo agir imediato, na qual estamos mergulhados no dia-a-dia. Além das análises antropológicas e epistemológicas acima referidas, a filosofia tem a função de interdisciplinaridade, pela qual estabelece a ligação entre as diversas ciências e técnicas que auxiliam a pedagogia. A filosofia não permite que a pedagogia se torne dogmática nem que a educação se transforme em adestramento ou outro tipo de pseudo- educação. É necessário que a formação do pedagogo esteja voltada não só para o preparo técnico-científico, mas também para a politização e a fundamentação filosófica de sua atividade. Texto 2- Filosofia e Educação, elucidações conceituais e articulações a Filosofia é um corpo de conhecimento, constituído a partir de um esforço que o ser humano vem fazendo de compreender o seu mundo e dar-lhe um sentido, um significado compreensivo. Corpo de conhecimentos, em Filosofia, significa um conjunto coerente e organizado de entendimentos sobre a realidade. Conhecimentos estes que expressam o entendimento que se tem do mundo, a partir de desejos, anseios e aspirações. O filósofo sistematiza, assim, as aspirações dos seres humanos, aspirações essas que dão sentido ao dia-a-dia, à luta, ao trabalho, à ação. Ninguém vive o dia-a-dia sem um sentido; para o seu trabalho, para a sua relação com as pessoas, para o amor, para a amizade, para a ciência, para a educação, para a política etc. Então, a Filosofia é esse campo de entendimento que, quando nos apropriamos dele, nos sentimos refletindo sobre a cotidianidade dos seres humanos. Todos nos orientamos por valores. Mas que nem sempre esses valores estão conscientes, explícitos. Então não temos aí, propriamente, filosofia, desde que esta é sempre uma reflexão crítica sobre o sentido e o significado das coisas, das ações etc. Esse direcionamento diário inconsciente pode decorrer de massificação, do senso comum, que adquirimos e acumulamos espontaneamente. Em síntese, a filosofia é uma forma de conhecimento que, interpretando o mundo, cria uma concepção coerente e sistêmica que possibilita uma forma de ação efetiva. Essa forma de compreender o mundo tanto é condicionada pelo meio histórico, como também é seu condicionante. Ao mesmo tempo, pois, é uma interpretação do mundo e é uma força de ação. Anísio Teixeira chega a, refletir que "muito antes que as filosofias viessem expressamente a ser formuladas em sistemas, já a educação, como processo de perpetuação da cultura, nada mais era do que o meio de se transmitir a visão do mundo e do homem, que a respectiva sociedade honrasse e cultivasse".14 Evidentemente, nessa afirmação o autor está tomando filosofia como forma de vida de um povo, e não como sistema filosófico elaborado e explicitado deliberadamente. Filosofia e Educação são dois fenômenos que estão presentes em todas as sociedades. Uma como interpretação teórica das aspirações, desejos e anseios de um grupo humano, a outra como instrumento de veiculação dessa interpretação. A Filosofia fornece à educação uma reflexão sobre a sociedade na qual está situada, sobre o educando, o educador e para onde esses elementos podem caminhar. Nas relações entre Filosofia e educação só existem realmente duas opções: ou se pensa e se reflete sobre o que se faz e assim se realiza uma ação educativa consciente; ou não se reflete criticamente e se executa uma ação pedagógica a partir de uma concepção mais ou menos obscura e opaca existente na cultura vivida do dia-a-dia – e assim se realiza uma ação educativa com baixo nível de consciência. Texto 3- Convite à Filosofia- A origem da Filosofia- Marilena Chauí Filosofia é um modo de pensar e exprimir os pensamentos que surgiu especificamente com os gregos e que, por razões históricas e políticas, tornou-se, depois, o modo de pensar e de se exprimir predominante da chamada cultura europeia ocidental da qual, em decorrência da colonização portuguesa do Brasil, nós também participamos. Através da Filosofia, os gregos instituíram para o Ocidente europeu as bases e os princípios fundamentais do que chamamos razão, racionalidade, ciência, ética, política, técnica, arte. Semana 2- vídeo aula 1 FILOSOFIA E EDUCAÇÃO: RELAÇÕES ENTRE AS DUAS ÁREAS A relação entre a filosofia e educação é algo que já se manifesta na própria origem da filosofia. Os primeiros filósofos que iniciaram uma longa tradição de pensamento no século VI a.C., na Grécia, pensavam a filosofia a partir de concepções de educação e de perspectivas pedagógicas. Além dessa evidência histórica existe a inegável relação entre filosofia e educação. Na própria concepção de educação existe o pressuposto dessa relação, pois toda perspectiva pedagógica pressupõe uma concepção de humanidade e este é um tema que foi desenvolvido pela filosofia. Esta relação entre filosofia e educação fica mais evidente quando entendemos que toda teoria pedagógica está relacionada com a teoria do conhecimento. A teoria do conhecimento é a disciplina que estuda e estabelece as possibilidades do conhecer humano, suas origens, processos e limites. A possibilidade de um processo educativo passa pela possibilidade do próprio conhecimento. Entre as questões que surgiram no início do desenvolvimento da filosofia estavam as questões sobre a verdade e sobre a origem do conhecimento. Nesse tópico já surge uma questão bastante relevante para pensarmos a educação como um processo. Com a gradual substituição e crítica do pensamento mítico pelo pensamento filosófico surge a figura dos sofistas, que eram professores que cobravam por seus ensinamentos e destacavam a retórica e o relativismo em relação à verdade. Duas questões são fundamentais nesse contexto: a questão da verdade dos ensinamentos e a questão da origem do conhecimento. Sobre a origem do conhecimento podemos destacar duas teorias fundamentais: O empirismo e o racionalismo. É oportuno lembrar que estamos falando da possibilidade do conhecimento seguro, verdadeiro, e para isso precisamos saber como se origina para saber se o próprio conhecimento é legítimo. Ora, todo projeto educacional possui o pressuposto de uma segurança do conhecimento e da própria verdade do conhecer, portanto, essa questão sobre a origem, sobre a fonte do conhecimento é fundamental. Existem duas grandes orientações na teoria do conhecimento: O racionalismo e o empirismo. Para o racionalismo a fonte do conhecimento é a razão operando por si mesma, sem o auxílio da experiência sensível. Para o empirismo a fonte do conhecimento é a experiência sensível, que fornece o conteúdo para a razão. Na história da filosofia essa questão entre racionalismo e empirismo continuará até o pensamento moderno. Para nossos objetivos, pensando em uma introdução à filosofia da educação, é suficiente reconhecer e entender que esse problema está relacionado com a educação e com as teorias pedagógicas. Algumas teorias pedagógicas adotarão a perspectiva racionalista e outras darão ênfase à posição empirista. As duas teorias (racionalismo e empirismo) darão ênfase a dois tipos de raciocínio. O racionalismo lança mão do raciocínio dedutivo e o empirismo se apoia no raciocínio indutivo. O Raciocínio dedutivo é aquele que parte do universal e vai até o particular. O Raciocínio indutivo parte de casos particulares (empíricos) e tenta chegar até o universal, por exemplo um a lei da natureza. Percebemos com isso que na base das teorias que serão ensinadas, em qualquer modelo pedagógico, estão fundamentos de teoria do conhecimento. O quevimos está na base do que denominamos, em linhas gerais, por ―lógica‖. A lógica é a disciplina que estuda as regras do raciocínio correto. O processo educativo pressupõe uma estrutura lógica no aprendizado e esta estrutura está relacionada com a filosofia, assim como com as ciências naturais. Os termos proposição, raciocínio e argumento são inerentes ao processo de aquisição de conhecimento e, portanto, são termos lógicos fundamentais para a educação como um todo. Estas relações nos remetem à ideia de método. Se pensarmos, por exemplo, que, nas escolas, aprendemos teorias científicas, verificaremos que as teorias científicas adotam raciocínios indutivos e dedutivos em sua estrutura argumentativa e é esta estrutura que garante sua veracidade, confiabilidade e legitimidade. O método é o nome para o processo pelo qual se adquire conhecimentos seguros, verdadeiros, confiáveis. Já nos primórdios do desenvolvimento da filosofia Platão afirmava uma hierarquia de conhecimentos. Ele faz uma distinção entre opinião e conhecimento, mundo sensível e mundo inteligível. A opinião não tem a mesma validade que o conhecimento verdadeiro e os conhecimentos do mundo sensível (empírico) não possuem a mesma segurança dos conhecimentos do mundo inteligível. Esta posição de Platão será amplamente debatida ao longo da história da filosofia e é uma questão que está diretamente relacionada com a educação. Enfocamos a área da teoria do conhecimento como um exemplo fundamental, mas existem outros exemplos como: Ética – Educação e formação ética do indivíduo. Epistemologia – validade e confiabilidade das teorias e dos métodos pedagógicos. Antropologia filosófica – concepção de humanidade, ser humano e educação. Estética – arte e entretenimento na educação, problemas políticos. Vídeo aula 2- ANTROPOLOGIA FILOSÓFICA E EDUCAÇÃO Objetivos da aula: Apresentar o sentido da antropologia filosófica. Demonstrar a relação da antropologia filosófica com a educação. Apresentar um exemplo de concepção antropológica e sua consequente concepção de educação. Na segunda semana de Filosofia da educação vamos abordar a relação ente a educação e as concepções antropológicas que estão nos fundamentos das teorias pedagógicas. Para compreendermos esse tópico veremos três concepções de educação, ou três grupos de entendimento do sentido da educação na sociedade. A educação pode ser vista como: educação como redenção; educação como reprodução; e educação como um meio de transformação. Cada uma destas formas de compreender o papel da educação tem como base uma concepção antropológica e uma ideia de como deve ser a sociedade. Existe, portanto, um ideal de sociedade por detrás da concepção de educação. Para ficar bastante claro este ponto usaremos um exemplo baseado em uma obra de um educador muito conhecido que viveu no século XVII, e que produziu uma obra denominada ―Didática Magna‖. O uso do exemplo da obra de Comenius vai deixar claro como uma teoria pedagógica traz consigo, como fundamento, uma perspectiva antropológica, isto é, uma concepção de humanidade, de homem e de mulher. Concepção de educação de Comenius ―Que significa educar a juventude para Comenius? Educar é providenciar para que os espíritos dos jovens sejam preservados das corruptelas do mundo e para que as sementes de honestidade ... para que as suas mentes sejam imbuídas de um verdadeiro conhecimento de Deus, de si mesmas e da multiplicidade das coisas; para que se habituem a ver a luz à luz de Deus [4], e a amar e a venerar, acima de tudo, o Pai das luzes.‖ Comenius, Didática Magna, pág. 12. A partir do texto de Comenius podemos compreender dois tópicos essenciais desta lição. A ideia segundo a qual toda teoria pedagógica está fundamentada em uma concepção de humanidade (concepção antropológica) e a forma como uma pedagogia orienta sua metodologia através de uma noção preconcebida de humanidade, cultura e finalidade. Ideal de sociedade. 1 - A educação como redenção: No caso que examinamos temos um claro exemplo de concepção de educação como redenção, isto é, do papel e função da educação como redentora da sociedade corrompida. Além disso, podemos compreender que a perspectiva de Comenius é baseada em uma concepção religiosa do papel da educação A educação nesse contexto está vinculada a uma concepção teológica definida e pressupõe a religião cristã como verdade que deve orientar a educação em uma sociedade. Quanto à concepção de finalidade da educação ela tem o compromisso de sanar/curar a sociedade em sua corrupção natural. Esta concepção de educação que acabamos de examinar é uma concepção baseada na ideia de educação como redenção. Mas, como vimos no início, existem outras concepções de educação: Educação como reprodução e educação como transformação. 2 - Educação como reprodução: A tendência de interpretação do papel da educação na sociedade como reprodução é aquela que afirma que a educação faz parte da sociedade e a reproduz. Essa concepção aborda a educação como uma instância dentro da sociedade e exclusivamente ao seu serviço. Como afirma Luckesi na obra Filosofia da Educação: ―Não a redime de suas mazelas, mas a reproduz no seu modelo vigente, perpetuando-a, se for possível.‖ (Luckesi, 1990) Esta tendência é diferente da anterior, pois pensa a educação como perpetuadora de um modelo social. Na concepção de reprodução está presente uma ideia de aceitação do status quo, da estrutura da sociedade. Esta concepção pode estar a serviço das instâncias de poder de uma sociedade. A ideia da educação como instância reprodutora da sociedade é bastante problemática. 3 - A educação como Transformação: A terceira e última tendência que estamos analisando é aquela que parte da perspectiva que tenta compreender a educação como mediação de um projeto social com vistas ao futuro. Essa última, nem redime e nem reproduz a sociedade, mas seria uma concepção que serviria de meio, como aponta Luckesi: ―ao lado de outros meios, para realizar um projeto de sociedade; projeto que pode ser conservador ou transformador.‖ (Luckesi, 1990) No caso, como fica evidente, essa tendência não coloca a educação a serviço da conservação. Pretende demonstrar que é possível compreender a educação dentro da sociedade, com os seus determinantes e condicionantes, mas com a possibilidade de trabalhar por uma mudança na estrutura social. Se retomarmos o tema inicial (antropologia filosófica e educação) dessa aula veremos que em cada uma dessas concepções de educação teremos uma concepção antropológica, isto é, uma concepção de humanidade e de sociedade que se forma por força dessa natureza humana. Nesse sentido, reafirmamos o que enunciamos no início: A concepção de humanidade determinará a concepção de educação. Semana 3 Vídeo Aula 1- AS FORMAS DE CONHECIMENTO: RELAÇÃO SUJEITO X OBJETO Se estamos estudando a educação e a escola devemos reconhecer, em primeiro lugar, que estamos estudando a instituição que é responsável pela transmissão do conhecimento. Mas você já se perguntou o que é o conhecimento? Como ele é possível aos seres humanos? Como ele surge? Qual a sua origem? São essas as questões desta aula. A origem do conhecimento. A disciplina que trata dessa questão é a teoria do conhecimento. É uma disciplina filosófica que estuda as bases e a origem do conhecer humano. Duas questões são fundamentais nesse estudo: Qual a origem do conhecimento e qual o critério de verdade que adotamos para verificar (atestar, legitimar) um conhecimento como seguro. As duas linhas que respondem a essas questões são: O racionalismo e O empirismo. Chama-se racionalismo (de ratio, razão) o ponto de vista epistemológico que enxerga no pensamento, na razão, a principal fonte do conhecimento humano. Segundo o racionalismo, um conhecimento só merece realmente esse nome se for necessário e tiver validade universal. Se minharazão julga que deve ser assim, que não pode ser de outro modo e que, por isso, deve ser assim sempre e em toda parte, então (e só então), segundo o modo de ver do racionalismo, estamos lidando com um conhecimento autêntico. Ocorre algo assim quando, por exemplo, eu expresso o juízo "o todo é maior do que a parte" ou "todos os corpos são extensos". Em ambos os casos, percebo que deve ser assim e que a razão estaria se contradizendo se quisesse afirmar o contrário. E porque tem que ser assim é assim sempre e em toda parte. Esses juízos, portanto, possuem necessidade lógica e validade universal. O pensamento racionalista defenderá como princípio inquestionável da verdade científica e da formação da inteligência do homem, a evidência racional, não derivada da experiência. Os fundamentos do conhecimento seriam os conteúdos mentais, manifestados no homem desde sua origem no mundo. À tese do racionalismo, segundo a qual a verdadeira fonte do conhecimento é o pensamento, a razão, o empirismo (de empeiría, experiência) contrapõe a antítese, dizendo que a única fonte do conhecimento humano é a experiência. Segundo o empirismo, a razão não possui nenhum patrimônio apriorístico. Não existe conhecimento a priori. A priori = anterior à experiência. A consciência cognoscente não retira seus conteúdos da razão, mas exclusivamente da experiência. Por ocasião do nascimento, o espírito humano está vazio de conteúdo, é uma tabula rasa, uma folha em branco sobre a qual a experiência irá inscrever os dados. Todos os nossos conceitos, mesmo os mais universais e abstratos, provêm da experiência. O pensamento empirista assume como princípio norteador do conhecimento a experiência sensível, ponto de partida para a construção de conclusões legítimas, abstrações e generalizações das teorias científicas. O empirista diz extrair da experiência o conteúdo que será universalizado e abstraído dos fenômenos naturais para atuar teoricamente como fundamentos das teorias. Ainda existem alguns problemas relativos ao idealismo e ao realismo, ao dogmatismo e ao pragmatismo, mas a questão central da teoria do conhecimento, pode–se afirmar, é em relação à origem do conhecimento. Esta questão deflagra outras ainda mais complexas, por exemplo, sobre a possibilidade dos conhecimentos inatos. O que é importante destacar para nosso contexto é que o empirismo desempenha um papel fundamental na constituição das ciências naturais, pois é da observação da natureza que surgem boa parte das teorias científicas. No entanto, alguns filósofos da ciência destacam a importância dos raciocínios dedutivos para a ciência. Na área da educação e em relação às teorias pedagógicas a reflexão sobre o desenvolvimento da inteligência e o seu processo evolutivo tiveram no racionalismo e o empirismo alguns pontos de influência. Os princípios das duas teorias não podem ser tomados de maneira radical e reducionista. Se o conhecimento provém da experiência, a inteligência não deve ser entendida como produto exclusivo do meio que fornece os elementos para a sua formação, como quer o empirismo. Live referente a semana 3 Empirismo- todo conhecimento advém inteiramente da experiência. Não existem ideias inatas, ―nada está do intelecto que não tenha estado ante nos sentidos‖, o ser humano nasce como uma ―tábula rasa‖. O conhecimento científico deve se fundamentar na observação e experimentação regulada. A prática pedagógica deve ser capaz de expor o aluno a experiências que, mediado por seus sentidos, promovem seu aprendizado. Racionalismo- O conhecimento se fundamenta na razão e na lógica. A experiência não oferece confiabilidade de conhecimento. A prática pedagógica deve ser capaz de estimular/despertar o pensamento lógico-abstrato do aluno, promovendo a complexificação do conhecimento. Racionalismo cartesiano- desconfiança dos sentidos, tudo poderia ser questionado. Como tudo poderia ser questionado?? Penso, logo existo – Se tudo pode ser questionado, então o que é real? Semana 4 Piaget- Estudava processos de pensamento, era um construtor de teorias Vygotsky–métodos- olhar o fenômeno no seu contexto histórico Vídeo aula 1- Interacionismo e Epistemologia AS FORMAS DE CONHECIMENTO: RELAÇÃO SUJEITO X OBJETO Se estamos estudando a educação e a escola devemos reconhecer, em primeiro lugar, que estamos estudando a instituição que é responsável pela transmissão do conhecimento. Mas você já se perguntou o que é o conhecimento? Como ele é possível aos seres humanos? Como ele surge? Qual a sua origem? A disciplina que trata dessa questão é a teoria do conhecimento. É uma disciplina filosófica que estuda as bases e a origem do conhecer humano. Duas questões são fundamentais nesse estudo: Qual a origem do conhecimento e qual o critério de verdade que adotamos para verificar (atestar, legitimar) um conhecimento como seguro. As duas linhas que respondem a essas questões são: O racionalismo eo empirismo. Chama-se racionalismo (de ratio, razão) o ponto de vista epistemológico que enxerga no pensamento, na razão, a principal fonte do conhecimento humano. Segundo o racionalismo, um conhecimento só merece realmente esse nome se for necessário e tiver validade universal. Se minha razão julga que deve ser assim, que não pode ser de outro modo e que, por isso, deve ser assim sempre e em toda parte, então (e só então), segundo o modo de ver do racionalismo, estamos lidando com um conhecimento autêntico. Ocorre algo assim quando, por exemplo, eu expresso o juízo "o todo é maior do que a parte" ou "todos os corpos são extensos". Em ambos os casos, percebo que deve ser assim e que a razão estaria se contradizendo se quisesse afirmar o contrário. E porque tem que ser assim é assim sempre e em toda parte. Esses juízos, portanto, possuem necessidade lógica e validade universal. O pensamento racionalista defenderá como princípio inquestionável da verdade científica e da formação da inteligência do homem, a evidência racional, não derivada da experiência. Os fundamentos do conhecimento seriam os conteúdos mentais, manifestados no homem desde sua origem no mundo. Empirismo À tese do racionalismo, segundo a qual a verdadeira fonte do conhecimento é o pensamento, a razão, o empirismo (de empeiría, experiência) contrapõe a antítese, dizendo que a única fonte do conhecimento humano é a experiência. Segundo o empirismo, a razão não possui nenhum patrimônio apriorístico. Não existe conhecimento a priori. A priori = anterior à experiência. A consciência cognoscente não retira seus conteúdos da razão, mas exclusivamente da experiência. Por ocasião do nascimento, o espírito humano está vazio de conteúdo, é uma tabula rasa, uma folha em branco sobre a qual a experiência irá inscrever os dados. Todos os nossos conceitos, mesmo os mais universais e abstratos, provêm da experiência. O pensamento empirista assume como princípio norteador do conhecimento a experiência sensível, ponto de partida para a construção de conclusões legítimas, abstrações e generalizações das teorias científicas. O empirista diz extrair da experiência o conteúdo que será universalizado e abstraído dos fenômenos naturais para atuar teoricamente como fundamentos das teorias. Ainda existem alguns problemas relativos ao idealismo e ao realismo, ao dogmatismo e ao pragmatismo, mas a questão central da teoria do conhecimento, pode–se afirmar, é em relação à origem do conhecimento. Esta questão deflagra outras ainda mais complexas, por exemplo, sobre a possibilidade dos conhecimentos inatos. O que é importante destacar para nosso contexto é que o empirismo desempenha um papel fundamental na constituição das ciências naturais, pois é da observação da natureza que surgem boa parte das teorias científicas. No entanto, alguns filósofos da ciência destacam a importância dos raciocínios dedutivos para a ciência. Na área da educação eem relação às teorias pedagógicas a reflexão sobre o desenvolvimento da inteligência e o seu processo evolutivo tiveram no racionalismo e o empirismo alguns pontos de influência. Os princípios das duas teorias não podem ser tomados de maneira radical e reducionista. Se o conhecimento provém da experiência, a inteligência não deve ser entendida como produto exclusivo do meio que fornece os elementos para a sua formação, como quer o empirismo. Texto 1- Teorias Construtivistas Um novo caminho As teorias construtivistas representam um esforço na busca de caminhos que deem conta da complexidade do processo de aprendizagem. Os principais representantes partem de estudos de psicologia e medicina, buscando, por meio de pesquisas com crianças, a melhor compreensão desse processo. Nessas teorias prevalece a orientação antropológica histórico-social, pela qual o ser humano se faz pela interação social, isto é, pelas relações com outros homens e pela ação sobre o mundo. Por isso, a maneira de aprender a realidade é um processo dinâmico que se expressa de formas diferentes através da história. Do ponto de vista epistemológico, os representantes dessa tendência desenvolvem uma concepção interacionista ou construtivista do conhecimento. Para isso, superam tanto o inatismo, pelo qual o sujeito seria o pólo mais importante no processo de conhecimento, quanto o empirismo, pelo qual o sujeito seria passivo, recebendo de fora os elementos para a elaboração do conteúdo mental. Semana 5 Vídeo aula 1- PRÁTICAS PEDAGÓGICAS A princípio temos os seguintes elementos para pensar o ambiente de uma sala de aula. Professor: Alunos Metodologia Avaliação Relação professor e alunos Concepção de educação e de escola. Nesse contexto, o tema das práticas pedagógicas se relaciona com a concepção filosófica de educação, como veremos a seguir. A pergunta de cunho filosófico que se faz é: A partir das práticas está se pensando que tipo de formação para os alunos? A concepção de formação está em jogo neste contexto. A partir de uma ideia de formação se terá uma estratégia educacional e uma diretriz de prática pedagógica. Com as novas teorias educacionais muda a concepção de relação entre professor e aluno e, consequentemente, mudam as práticas pedagógicas. Com o advento da escola nova e das tendências não tradicionalistas, alguns postulados da escola convencional foram substituídos, passando a ser mais considerados os seguintes aspectos: Aumento da Autonomia do aluno. Consideração das diferenças. Valorização da curiosidade natural. Direito ao protagonismo. Métodos voltados aos interesses culturais. Valorização das atividades de campo e interações com a natureza e sociais. Todos estes aspectos terão uma relação com o tema das práticas pedagógicas e com uma característica social que é incontornável e determinante do que é a escola hoje: A TECNOLOGIA. Portanto, o que debateremos nessa aula é um dos temas atuais da filosofia da educação, a saber, a relação entre tecnologia e ensino. Mas, em primeiro lugar, o que é uma prática pedagógica? Uma prática social orientada por objetivos, finalidades e conhecimentos, e inserida no contexto da sociedade. A prática pedagógica é uma dimensão da prática social. Existem contradições socioculturais em contextos sociais, portanto, essas contradições também estão presentes na sala de aula. Fundamentos que orientam (hoje) as práticas pedagógicas: Participação do aluno. O rompimento com a relação arcaica professor/conteúdo – aluno/receptáculo. Trabalhos coletivos. Aprendizado compartilhado. Conscientização. Sensibilização das questões atuais. Tecnologia. Internet e celulares, tablets. Integração cultural. Diversidade cultural. Transversalidade. Inclusão. Multiplicidade de possibilidades. Dentro da multiplicidade é preciso ter uma ideia de método. O que é o método? Processo organizado, lógico e sistemático de instrução, de investigação e de apresentação. A concepção de práticas pedagógicas já passou por inúmeras adaptações, revisões e contextualizações. Uma tendência das teorias pedagógicas que se opuseram ao ensino tradicionalista mais antigo é a questão da participação do aluno no processo didático. Existe uma relação importante entre o contexto social e o contexto da sala de aula. Esta relação deverá determinar aspectos das práticas pedagógicas. A Prática pedagógica está relacionada com a prática social. É preciso considerar a cultura local e a cultura escolar. Uma característica que é exemplar nesse contexto é a relação entre a transformação tecnológica que ocorre na sociedade e as mudanças nas práticas pedagógicas. A inclusão de tecnologia no contexto das salas de aula. Dois fatores são determinantes nessa mudança: A internet e os celulares. Tecnologia: Soluções e problemas. Os defensores e entusiastas das novas tecnologias em educação indicam como elementos positivos: livros digitais — além do texto, podem conter vídeos, áudios, animações ou mapas interativos, com o intuito de facilitar a aquisição do conhecimento. Formação continuada on-line — permite que o educador se atualize periodicamente, dando mais condições de melhorar o trabalho desenvolvido com os alunos Gamificação — por meio de jogos eletrônicos, os estudantes assimilam o conteúdo de maneira mais divertida e desafiadora, pois precisam demonstrar conhecimento para avançar nas fases Redes sociais — os grupos permitem uma maior interatividade entre professores e alunos, gerando trocas de materiais e um amplo debate sobre os assuntos abordados Avaliação on-line — propicia uma correção mais rápida dos testes e a análise do desempenho dos estudantes. Nesse contexto, surge uma pergunta sobre a tecnologia em sala de aula: O objetivo é preparar os novos integrantes da sociedade para o novo modelo social? Preparo para a vida em sociedade (tecnológica). Didática. Interação entre os alunos. Comprometimento do aluno. O aspecto tecnológico (técnico) é mais importante que o aspecto humanístico? Neste ponto, começam a surgir algumas contradições. A tecnologia auxilia e dinamiza processos de aprendizagem, mas também insere diretamente as mídias sociais, a indústria cultural no contexto da sala de aula. A questão do controle passa para um novo paradigma. Exemplos: Em 2018, a França proibiu o uso desses aparelhos nas escolas de ensino infantil e nos collèges (primeiro ciclo do ensino secundário) do país. A lei impede o uso de qualquer aparelho conectável à internet nessas instituições de ensino e permite que a medida seja adotada total ou parcialmente nos liceus (segundo ciclo do ensino secundário). A filosofia da educação tenta equacionar e dimensionar os problemas relacionados com educação de um ponto de vista atual. A reflexão sobre a tecnologia em sala de aula está relacionada com outras discussões e problemas relacionados com as práticas pedagógicas, como reflexo das práticas sociais. Vídeo aula 2 – Introdução à ética A ética é a disciplina da filosofia que estuda as ações humanas. As ações humanas são estudadas porque são problemáticas. A humanidade vive entre a liberdade e a necessidade. Entre a liberdade e o determinismo. Os seres humanos agem de acordo com valores e valores não são universais. Juízo de fato e juízo de valor. O conceito de Valor pode se referir a... Valor (economia) Valor (filosofia) Valor (pessoal e cultural) Na ética o problema é determinar o valor de uma ação. Positivo ou negativo. Aprovado ou reprovado. Quem determina esse valor é a cultura. Não nascemos morais? Cultura adquirida. Se a moralidade não é inata ela surge e se desenvolve na cultura. Logo ela está ligada à educação. A educação é um dos pilares formadores da moralidade. Mas existe distinção entre ética e moral. História das doutrinas éticas. Religião – códigos morais,leis, organização social. Racionalidade – regras, normas, leis - fundamentadas em contratos sociais. Natureza – fundamentos instintivos, princípio do prazer, ego. Tipos de teorias éticas. Ética descritiva. Ética prescritiva – deontológica Fundamento teórico da moral: Fundamento racional. Fundamento teológico. Fundamento contratual. Fundamento comunicacional. Fundamento político. Legitimidade dos fundamentos Problemas éticos relacionados com a educação: • Liberdade – necessidade. • Relativismo cultural. • Fundamento da moral. • Teorias da Justiça. O que é justo, quem determina? • Natureza humana. O que é? Como funciona? • Direitos humanos. Liberdade e imputabilidade. Se o indivíduo é livre ele pode ser julgado por seus atos. Imputabilidade pressupõe liberdade e racionalidade. Campo ético Relativismo cultural. Cada povo possui uma cultura. Cada cultura possui um código moral. Qual moral é a correta? Moral relativa ou absoluta. Moralidade contemporânea. • Fundamento da moral. Qual é o fundamento da moral? O que caracteriza um ato moralmente bom, aprovável? Um sentimento? A razão? Uma divindade? Uma lei? Moral e ética. Moral - origem cultura. Sentido e visão de mundo. Ética - origem racionalidade. A ética está ligada, também, à ideia de repressão aos instintos, princípio de realidade, contrato social. Processo civilizatório. I As questões relacionadas com o conceito de liberdade: Liberdade de expressão. Liberdade política. Liberdade de pensamento. Liberdade de culto. Todos estes problemas nos levarão ao tema dos direitos humanos. O Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos (PNEDH), de 2006, afirma a importância da educação em direitos humanos: Sendo a educação um meio privilegiado na promoção dos direitos humanos, cabe priorizar a formação de agentes públicos e sociais para atuar no campo formal e não formal, abrangendo os sistemas de educação, saúde, comunicação e informação, justiça e segurança, mídia, entre outros. (Brasil, 2006) A relação entre ética e educação é muito abrangente e vai desde a questão da formação do indivíduo social até as mais complexas diretrizes da cultura. (estética) O que, a princípio, pode não ser tão evidente é que a Ética está diretamente relacionada com as práticas pedagógicas, pois é no momento de contato e diálogo entre professores, e alunos, que surgem as diferenças culturais e os problemas éticos surgem de diferenças (alteridade). Diferenças de formação moral, de orientação religiosa, diferenças econômicas, de classe social entre outras. Semana 6 Vídeo aula 1- ÉTICA E EDUCAÇÃO Educação como condução (ducere), para um ambiente que já está formado, instituído – mesmo que esteja em transformação. Essa condução é baseada nas ações e exige ações de determinados tipos. Não somente as ações espontâneas e não somente ações propositivas, mas ações repressivas – no sentido de reprimirmos em nós mesmos as ações nocivas a esse ambiente. Então, educação está baseada no universo das ações humanas. As ações humanas estão fundamentadas na ideia de consciência e na ideia de valores. Os valores configuram um sentido e uma direção para a educação e para as ações com um todo. Como vimos os valores não estão dados de maneira evidente, eles são culturais-sociais. Nesse sentido, é preciso, de certa forma, justificar os valores. Aí entra a ética como disciplina teórica. Nesse contexto, também entra a ideia de projeto. A educação é um projeto ético de formação de indivíduos. Essa formação segue os valores de uma sociedade. Os valores devem ser universais. A universalidade é a característica daquilo que pode ser imposto a todos. Na ética e na moral se reconhece que algumas coisas devem ser mantidas e outras devem ser mudadas. Outro aspecto que está relacionado com a educação é a questão da responsabilidade e da autoridade. Possui autoridade o conhecimento que é legítimo. O universo do educador é permeado pela ideia de autoridade e de responsabilidade. A responsabilidade do educador está relacionada com a legitimidade do conhecimento. O conhecimento legítimo e a constatação do comportamento humano - instintivo – leva à ideia de normas. As normas coagem a todos os indivíduos, mas nem todos conhecem as normas e sua legitimidade. A norma legítima é aquela que coage o indivíduo no sentido do bem social – do todo. A legitimidade da norma está baseada no benefício da norma, no benefício e na necessidade da coação. Então, vistas estas ideias iniciais temos que pensar na diferença entre ética e moral. Já vimos que não possuem o mesmo significado. A moral é proveniente do costume. A ética é uma reflexão racional sobre as ações, daí pensarmos em princípios éticos (ideais). As normas provêm da moral e da ética. As normas se originam na cultura em geral. Fato, valor e norma. Normas surgem dos fatos, baseadas em valores. Mas, normas também surgem de valores e se impõem aos indivíduos. Um tipo de norma está relacionado com o costume e outro está relacionada com ideais. A norma que surge de um valor pretende criar fatos éticos. Faz uma prescrição. Neste contexto teórico podemos perguntar: Quais são os problemas éticos que fazem parte do cotidiano de um educador? Esses problemas mudam com o tempo. Várias questões que são consideradas, hoje, como dilemas éticos não faziam parte das preocupações de educadores de décadas passadas. Mas existem problemas que sempre entram em consideração para um educador em relação à ética. Vamos denominar dilemas éticos da educação: Dilemas de avaliação. Dilemas sobre cumprimento de regras. Dilemas de relacionamento com os alunos. Dilemas relacionados com a moralidade. Atualmente, as questões éticas que atingem os educadores sofreram uma grande renovação devido à dinâmica cultural. Em primeiro lugar, é preciso entender que a ética enquanto disciplina filosófica passou por grandes transformações no século XX. As referências éticas que davam sentido para as normas vigentes nos séculos XVII e XIX passam por uma corrosão crítica radical no século XX. O pensamento ocidental sofreu o influxo das críticas dos chamados mestres da suspeita: Nietzsche, Marx e Freud. A suspeita recai sobre a moralidade, sobre a autonomia do indivíduo e sobre a legitimidade da constituição social. Estas posições críticas deram origem à outras perspectivas que relativizaram os antigos valores que fundamentavam a ética e a moral da época. O que ficou conhecido como pensamento pós-moderno ou modernidade tardia representa uma grande crise do pensamento. A partir dessa crise, as instituições sociais que determinavam a legitimidade dos valores passaram a ser questionadas em sua efetividade em estabelecer valores. Uma crise de valores representa uma crise na educação. A crise abre espaço para novas perspectivas morais relacionadas à sexualidade, gênero e etnia. Estas perspectivas eram, até então, subjugadas por pontos de vista conservadores, religiosos, institucionais e sociais. A área da educação não pode ser pensada sem considerarmos as novas perspectivas éticas que se anunciaram no limiar do século XX e que adentraram com força no século XXI. Nesse sentido, trabalhamos na disciplina de filosofia da educação, mais especificamente no tópico ―Ética e educação‖ temas como direitos humanos, relativismo cultural e diversidade. Vídeo aula 2- Ética no contexto escolar Os problemas éticos em ambiente escolar, atualmente, estão relacionados com os seguintes fatores: A diversidade cultural. A sociedade e a cultura de direitos. A necessidade de compreender a alteridade. A importância da tolerância – ética. A nova compreensão de humanidade. A negação do etnocentrismo. Para compreendermos esse problema faremos um percurso pelos conceitos: cultura diversidade alteridade tolerância. Natureza e cultura. Concepçõesde cultura. Segundo Marilena Chauí, em Convite à filosofia: Dois são os significados iniciais da noção de Cultura: significa cultivar, criar, tomar conta e cuidar, Cultura significava o cuidado do homem com a Natureza. a partir do século XVIII, Cultura passa a significar os resultados daquela formação ou educação dos seres humanos, resultados expressos em obras, feitos, ações e instituições. No primeiro sentido: Cultura é o aprimoramento da natureza humana pela educação em sentido amplo, isto é, como formação das crianças não só pela alfabetização, mas também pela iniciação à vida da coletividade por meio do aprendizado da música, dança, ginástica, gramática, poesia, retórica, história, Filosofia, etc. A pessoa culta era a pessoa moralmente virtuosa, politicamente consciente e participante, intelectualmente desenvolvida pelo conhecimento das ciências, das artes e da Filosofia. É este sentido que leva muitos, ainda hoje, a falar em ―cultos‖ e ―incultos‖. A Cultura é considerada uma segunda natureza, que a educação e os costumes acrescentam à primeira natureza, isto é, uma natureza adquirida, que melhora, aperfeiçoa e desenvolve a natureza inata de cada um. Essa tendência leva a considerar o indivíduo de outra cultura como portador de outra natureza e a empatia não ocorre. Boa parte dos problemas éticos existentes, no contexto escolar, diz respeito a diferentes formações culturais. Como vimos no início, diferenças Raciais, sociais, religiosas, morais e intelectuais implicam em relacionamentos conflitantes: Daí a ética trabalhar o tema da tolerância. O problema é enfocado pela ética a partir da noção de alteridade. A alteridade é situação, estado ou qualidade que se constitui através de relações de contraste, distinção, diferença. A alteridade é fonte de dissensão, que foi durante boa parte da história a fonte de divergência, conflito, disputa e litígio. O que o novo paradigma filosófico educacional propõe, sobretudo depois dos estudos antropológicos que relativizaram a cultura, é pensar a alteridade como fonte de formação e convívio, crescimento cultural baseado na tolerância. A proposta é conhecer a cultura do outro, conhecer a alteridade e deixar que ela influencie minha visão de mundo. Este não é processo fácil. Existe muita resistência de uma visão de mundo em relação à outra. O problema é relacionar alteridade e empatia. O conceito filosófico que entra em questão é o do reconhecimento. A partir do momento em que a alteridade é reconhecida com empatia, que a diferença é reconhecida como natural, tem-se um ambiente ético. Lembrando que um campo ético é aquele no qual pelo menos duas racionalidades e duas liberdades estão em relação uma coma outra. A racionalidade é a responsável pelo reconhecimento da alteridade. Explicação: A naturalidade da alteridade é explicada pela ciência antropologia que demonstra que a cultura é diversificada e não é. hierárquica A ciência fornece o elemento legítimo para o preceito ético da tolerância cultural. Alteridade e etnocentrismo. A antropologia originou-se com traços fortemente etnocêntricos. O etnocentrismo é a tendência a observar o mundo a partir de uma perspectiva particular do povo e cultura a que se pertence. O etnocentrismo é uma atitude individual ou coletiva que coloca a própria etnia como o eixo central da interpretação do mundo. Antes do século final do século XIX e início do século XX havia uma concepção de hierarquia das raças que se atestava pela cultura. O pressuposto era que havia culturas mais desenvolvidas e culturas inferiores. Havia ainda uma concepção de evolucionismo cultural. Ora, essa visão era racialista, racista e etnocêntrica, e vinculou o antigo conceito de raça à cultura. Este critério definia a noção de alteridade. A alteridade era, então, definida pela diferença por inferioridade. Franz Boas conseguiu enxergar a necessidade de desvincular ―raça‖ de cultura. Para o pensador, entender uma sociedade significava entrar nela, aprender a sua língua, conviver com seus nativos e, sobretudo, deixar de lado os preconceitos e a visão da sua própria cultura. Caso contrário, o efeito esperado poderia ser o de olhar para a cultura diferente da sua como sendo inferior. Alteridade e empatia. É comum o pensamento de que alteridade e empatia são sinônimas, porém são termos diferentes. Enquanto a empatia refere-se à capacidade de colocar-se no lugar do outro, sentir a dor do outro de maneira imaginária ou por analogia, a alteridade é a capacidade de reconhecer que o outro é daquele jeito porque ele é, essencialmente, diferente de você. Além do reconhecimento da diferença, a alteridade propõe um respeito ético ao outro como ser singular. É na alteridade que surge a tolerância. Semana 7 Vídeo aula 1- ÉTICA, EDUCAÇÃO E DIREITOS HUMANOS Os Direitos Humanos se constituem como uma ideia eminentemente política. Mas a base dessa ideia é ética e está diretamente ligada à educação. Envolve os conceitos de justiça, igualdade e democracia, indivíduos e Estados. Assim com a educação está ligada à ideia de dignidade humana. Existem três níveis de direitos fundamentais: primeira, segunda e terceira gerações. indivíduo, grupo, sociedade. Primeira geração: aqueles que se referem à individualidade das pessoas (liberdades físicas, liberdades de expressão, liberdade de consciência, direito de propriedade, garantias de direitos) Segunda geração: reservados ao grupo, ou sociedade, seriam os direitos sociais, (direitos econômicos, sociais e culturais) Terceira geração: seriam os direitos de solidariedade e fraternidade (direito ao desenvolvimento, direito ao meio ambiente sadio, direito à paz, direito à descolonização) Primeira geração: correspondem aos direitos de liberdade, ou seja, a um não agir do Estado. segunda geração - direitos sociais - correspondem a uma ação positiva do Estado. Os direitos de terceira geração constituem uma categoria ainda excessivamente heterogênea e vaga, e referem-se aos direitos do homem no âmbito internacional, destacando-se o direito de viver num ambiente não poluído. Assim, os direitos de primeira geração seriam direitos individuais, da liberdade; os de segunda geração, direitos sociais, da igualdade; e de terceira geração, direitos transindividuais e coletivos, da solidariedade. Primeira geração: aqueles que se referem à individualidade das pessoas (liberdades físicas, liberdades de expressão, liberdade de consciência, direito de propriedade, garantias de direitos) Esta categoria está relacionada com a educação no sentido da autonomia do indivíduo. Só é possível a autonomia através da educação. Na disciplina de ética estudamos os conceitos de emancipação e alienação, que estão relacionados com este aspecto. Existe um texto clássico de Kant que trata da autonomia do indivíduo pela determinação do que seria a saída do homem de sua minoridade intelectual. Vale a citação da obra de Kant: Resposta à pergunta: O que é o esclarecimento? ―Esclarecimento (Aufklärung) significa a saída do homem de sua minoridade, pela qual ele próprio é responsável. A minoridade é a incapacidade de se servir de seu próprio entendimento sem a tutela de um outro. É a si próprio que se deve atribuir essa minoridade, uma vez que ela não resulta da falta de entendimento, mas da falta de resolução e de coragem necessárias para utilizar seu entendimento sem a tutela de outro. Sapereaude! Tenha a coragem de te servir de teu próprio entendimento, tal é, portanto, a divisa do Esclarecimento.‖ (KANT, 1784) Os direitos, de primeira e segunda geração, integram a Declaração Internacional de Direitos, da Organização das Nações Unidas, de 1948. Marco histórico de uma era dos direitos e de educação em direitos humanos. Toda ideia de educação passa a ser influenciada pela propagação da cultura dos direitos humanos. Se retomarmos o tema dosvalores podemos concluir que a cultura dos direitos humanos é universal, pois tenta se afirmar a partir de valores universais: Em síntese, pode-se destacar como ponto central: a liberdade para os direitos de primeira geração, a igualdade para os de segunda, a solidariedade para os de terceira geração. As principais características doutrinárias atribuídas aos Direitos Humanos fundamentais são: a) Historicidade. São históricos como qualquer direito. Nascem, modificam-se e desaparecem. Eles apareceram com a revolução burguesa e evoluem, ampliam-se, com o correr dos tempos; b) Universalidade. Os direitos fundamentais, por natureza, são destinados a todos os seres humanos. Constituem uma preocupação generalizadora da raça humana; c) Inalienabilidade. São direitos intransferíveis, inegociáveis, porque não são de conteúdo econômico-patrimonial. Se a ordem constitucional, os confere a todos, deles não se pode desfazer, porque são indisponíveis; d) Imprescritibilidade. O exercício de boa parte dos direitos fundamentais ocorre só no fato de existirem reconhecidos na ordem jurídica (...). Se são sempre exercíveis e exercidos, não há intercorrência temporal de não exercício que fundamente a perda da exigibilidade pela prescrição; e) Irrenunciabilidade. Não se renunciam direitos fundamentais. Alguns deles podem até não ser exercidos, pode-se deixar de exercê-los, mas não se admite que sejam renunciados. O aspecto histórico é importante, pois reflete a experiência humana da II grande guerra. A declaração Universal dos Direitos Humanos Após a 1ª Guerra Mundial (1914-1918), sob a inspiração do Reino Unido, da França e dos Estados Unidos. Confirma-se o ―Tratado de Versalhes‖ (1919), onde se inseria a ―Sociedade das Nações‖, com o intuito de estabelecer uma paz mundial duradoura, ideal, que viria a fracassar temporariamente com a eclosão da segunda edição do conflito (1939—1945). A educação passaria por mudanças significativas, pois a experiência da guerra levaria à reflexão sobre a fragilidade da humanidade diante da barbárie. Dois polos de discussão permearam os debates: civilização e barbárie. Nesse sentido, Theodor Adorno escreve ―A educação após Auschwitz‖ Com o final da Segunda Grande Guerra, os países vencedores e seus aliados decidiram apostar no mesmo ideal e resolveram estabelecer um foro definitivo para a discussão de interesses comuns, através de uma organização capaz de promover, exigir e garantir a coexistência pacífica de seus membros através de uma paz duradoura, daí resultando a criação da ―Organização das Nações Unidas - ONU‖ Em 1948, foi aprovada, na ONU, a ―Declaração Universal dos Direitos Humanos‖, se constituindo no elenco dos direitos fundamentais básicos que tem o ser humano como objeto da atenção e da proteção da comunidade internacional, e que deve ser vista dentro do seu contexto histórico de vitória de um modelo que despontava sua supremacia universal após a segunda guerra mundial. A criação das ―Organização das Nações Unidas‖ e a ―Declaração Universal dos Direitos Humanos‖ se constituíram em baluartes decisivos na proteção aos Direitos Humanos, bem como no combate as suas violações. Mas o estabelecimento de uma propagação destes ideais depende da educação. Daí, a novamente a aliança entre ética e educação. Somente na formação do indivíduo ele pode ser consciente de seus direitos mais básicos, pois compreende com autonomia sua essência. O Brasil firmou sua adesão incondicional à ―Declaração Universal dos Direitos Humanos‖ na mesma data de sua proclamação, assumindo integralmente os compromissos nela contidos. Reafirma os princípios contidos na ―Declaração Francesa dos Direitos do Homem e do Cidadão‖, estabeleceu uma obrigatoriedade contratual universal, sem causar uma situação de inferioridade jurídica internacional a qualquer Estado. A educação, nesse contexto, é compreendida como um compromisso com a pessoa, com o ser humano, não só pode como deve desempenhar um papel fundamental na construção e no desenvolvimento de uma consciência cidadã, preocupada com a defesa dos Direitos Humanos e com a afirmação da Cidadania, pois na educação (do homem) a raiz é o próprio homem. O essencial da reflexão sobre a educação é a condição humana, o homem, a antropologia. A Declaração Universal dos Direitos do Homem, em seu Art. XXVI, 2 estabelece: ―A instrução será orientada no sentido do pleno desenvolvimento da personalidade humana e do fortalecimento do respeito pelos direitos do homem e pelas liberdades fundamentais.‖ Por sua vez, a Constituição Federal determina no Art. 205 que: ―A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho‖. Vídeo aula 2- ESTÉTICA, ÉTICA E EDUCAÇÃO Nosso plano de aula propõe a inserção da estética como uma disciplina e um tema importante para a filosofia da educação. Qual seria o motivo da inserção da estética? A arte faz parte da formação educacional, da educação. A arte e produção cultural com a qual temos contato diariamente. Este ponto nos conduz ao tema da indústria cultural e sua relação com a educação. Sabemos que a educação pode ser formal e informal. A educação formal é responsabilidade da escola, das instituições de ensino. Mas a educação informal se dá na sociedade espontaneamente e concorre com a educação formal. De fato, quem responde pela a educação informal é a indústria cultural. Esta não tem os mesmos valores das instituições de educação formal. O filósofo que se debruçou sobre este problema foi Theodor Adorno. Em vários textos sobre educação Adorno contrapõe a formação orientada pelas instituições e a formação influenciada pela indústria da cultura. A indústria da cultura seria uma concorrente desigual em relação à formação educacional ideal. Em seu texto ―Teoria da Semicultura‖, ele usa o termo Bildung (Formação), um termo que significa cultura e formação cultural. A cultura diz respeito ao conjunto de bens materiais e imateriais produzidos pela humanidade, ou seja, a arte, a filosofia, a música, a ciência, as técnicas, etc. Já a formação cultural, diz respeito ao modo como o indivíduo se apropria dos bens culturais. A formação autêntica (Bildung) se dá quando o indivíduo se apropria de forma equilibrada da cultura, ou seja, quando ele, de posse dos bens culturais, age em prol da sociedade, havendo assim um equilíbrio entre reflexão e práxis. Em outros termos, a Bildung possibilita ao indivíduo instrumentalizar-se dos saberes técnicos e aplicá-los de forma consciente e crítica em favor do bem da humanidade. O problema do contraste entre o interesse pelo universo da cultura de massa e da indústria cultural, e o interesse pela escola e pelos conteúdos e métodos das instituições de ensino, é um grande problema atual da filosofia da educação. Os estímulos da cultura de massa são de natureza diferente dos estímulos dos conteúdos e dos métodos de ensino tradicionais. Os alunos manifestam muitas vezes grande interesse pelo entretenimento e pouco interesse pela escola O problema apontado por Adorno é que a indústria cultural produz alienação e não autonomia e emancipação. Alienação: situação na qual o indivíduo não é consciente de sua identidade. Autonomia: plena consciência ética de sua identidade. Age por si mesmo. Emancipação: situação de independência de qualquer tutela, atua no jogo político com direitos e de maneira afirmativa. Leitura: Segundo essa visão filosófica e educacional, o problema da educação atual passa pelo contraste e oposição, e o verdadeiro antagonismo entre o mercado do entretenimento, que substituiu o mundo da arte, que formava os indivíduos e não alienava, e os objetivos e o poder das instituições educacionais.Nesse sentido, a estética não somente está ligada à e é relevante para a educação, como é um dos maiores problemas da cultura atual. Se uma fonte de alienação é uma influência maior que a escola, essa instituição (a escola) se vê em desvantagem enquanto agente da autonomia, da liberdade e da emancipação. A força alienante do mercado de entretenimento forma mais indivíduos com seus valores que as escolas. Este dilema constitui um problema para os educadores atuais. Mas existem diversas propostas para a reversão dessa tendência. Alguns educadores veem na indústria cultural um aliado da educação. Nesse sentido, existem os entusiastas do progresso cultural e os detratores da indústria do entretenimento. Vídeo aula 3- Ética e Política A educação política não pode ser compreendida sem a educação ética. A ética como disciplina tem o objetivo de formar o indivíduo como cidadão de direitos, livre e racional. A política é atividade de afirmação da cidadania. Como contextos das relações de poder, a política só se torna justa se as individualidades são respeitadas. Logo: somente a formação ética (autonomia) gera justiça política e social. Sociedade legítima. A educação em reação à política está ligada a uma questão essencial: A produção da autonomia. A autonomia é a capacidade de pensar por si próprio, como vimos na obra de Kant: Resposta à pergunta: o que é esclarecimento? A autonomia é, como vimos, contrária a alienação. O que é o esclarecimento e o que ele tem a ver com a educação? O iluminismo ou esclarecimento é um movimento filosófico que incluiu uma série de ideias centradas na razão como principal fonte de autoridade e legitimidade e defendiaideais como liberdade; progresso; tolerância; fraternidade; governo constitucional e separação igreja-estado. Para Kant: Esclarecimento significa a saída do homem de sua minoria, pela qual ele próprio é responsável. A minoridade é a incapacidade de se servir de seu próprio entendimento sem a tutela de um outro. A maioridade para Kant é a tomada da vida racional do sujeito em suas próprias mãos e não está necessariamente relacionada com a idade: atinge-se a maioridade quando o sujeito deixa de se aceitar passivamente e de forma acrítica aquilo que os outros lhe dizem e começa a interpretar o mundo de acordo com o exercício qualificado d razão, abandonando o pensamento dogmático. Existe segundo Kant, a vocação de cada homem de pensar por si mesmo. Pensar por si mesmo- autonomia AUTONOMIA HETERONOMIA Teses do texto de Kant: A culpa da servidão é do próprio indivíduo. A servidão e a tutela não são naturais A razão é o caminho da liberdade de pensamento A razão pode e deve ser exercitada O exercício da razão deve ser regrado, mas livre, garantido. Para Kant, a educação e o melhoramento humano são noções que se implicam necessariamente. Isso significa que não se pode conceber, desde a posição kantiana, uma proposta pedagógica cujo cume não desemboque na construção de si, do sujeito como instância racional teórico-prática. Leitura: A pedagogia é responsável pelo cumprimento do ideal de esclarecimento moderno, a partir do qual se articula o desenvolvimento do indivíduo, seja do ponto de vista teórico- especulativo, seja daquele moral. A proposta da educação, para Kant, coincide com a proposta do esclarecimento, que por sua vez, nada mais é que aquela da autoconstrução do sujeito como senhor de si mesmo, como horizonte aberto em permanente aprimoramento no sentido ético e político. A educação deve ser orientada por uma noção de autonomia e emancipação e não de tutela. A concepção de sociedade democrática tem como pressuposto a autonomia dos indivíduos e a emancipação política, econômica e de pensamento. A tutela representa um estágio pré-esclarecimento. Vídeo aula 4- Estética, política e educação A filosofia está relacionada com a educação em vários sentidos e por meio de algumas disciplinas e temas, essa relação pode ser abordada: teoria do conhecimento, ética, estética, política, direitos humanos, entre outros. A filosofia da educação não é somente uma epistemologia. A cultura contemporânea e a educação se relacionam de maneira bastante conflitante e isso representa um grande desafio à educação. O embate se dá através da natureza da cultura produzida pela indústria cultural, baseada no entretenimento e a natureza do conhecimento que a escola tem a função de transmitir. Os filósofos contemporâneos apontam para a diferença entre os estímulos advindos da cultura de massa, que molda a cultura como um produto de mercado e as dificuldades de transmissão da cultura erudita, que compões boa parte dos conteúdos dos programas de ensino formais. Para que fique claro o uso do termo erudita, pensemos em uma distinção entre cultura erudita, cultura popular e cultura de massa. Como os conteúdos complexos das ciências podem ser transmitidos nas escolas de forma a motivar os alunos para o universo das ciências? Os estímulos e os conteúdos da cultura de massa são mais atrativos e determinantes da cultura social do que os conteúdos dos currículos escolares. O problema se torna político porque o resultado da cultura é a formação do indivíduo social. Como vimos, a autonomia só é alcançada através de um projeto de esclarecimento do indivíduo. A cultura está relacionada com a formação da consciência social. Nesse ponto, podemos compreender porque ética; cultura (estética), estão relacionados com problemas políticos. Se os valores da cultura de massa, da cultura pensada como mercadoria, direcionada para um mercado cada vez mais amplo, não propaga valores sociais e coletivos o projeto de conscientização dos indivíduos sociais se torna ineficaz. Mas, por que o problema se localiza nos valores de massa? Os estudos dos filósofos da escola de Frankfurt, sobre a educação, sobretudo de Adorno e Horkheimer, apontam para um cenário de massificação da cultura que provoca um efeito contrário à reflexão. Mas, o que seria a massificação da cultura? O processo de massificação é contrário ao projeto do esclarecimento por provocar: Padronização do pensamento e do consumo cultural. Simplificação de conteúdos culturais Mercantilização da cultura. Privilegia o entretenimento em relação à arte. Explora o narcisismo e o culto à personalidade Provoca homogeneização e alienação Em última instância, segundo Adorno, a cultura de massa provoca a barbárie, pois mobiliza os instintos e racionalidade, na tentativa de perturbar os produtos culturais a serviço de um mercado. A arte se torna mercadoria (entretenimento) e entra na lógica comercial e midiática como um produto a ser consumido sem provocar uma reflexão sobre a realidade. Mas, é inegável que este é um fenômeno atual que atinge diretamente a área da educação. Com o advento das novas tecnologias e sua inserção no interior da sala de aula o problema se torna mais sensível para os educadores. As redes sociais compõem este cenário como uma nova forma de cultura que pode reforçar o narcisismo, o sectarismo e a alienação. Os projetos educacionais possuem como princípio a emancipação do indivíduo, a negação da tutela e a autonomia. Esta é uma concepção filosófica, educacional, ética e política. Assim, a filosofia ajuda a educação a pensar o papel da escola no contexto da cultura contemporânea.
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