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FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS PSICOLOGIA RELATÓRIO CIENTÍFICO ATIVIDADE PRÁTICA SUPERVISIONA INTRODUÇÃO A PSICOLOGIA SÃO PAULO 2021 AMANDA KAROLYNE GODOI DA SILVA RA: 2515362 MARIA CAROLINA TAVARES ROSSI DUTRA RA. 2942805 LETICIA ALEXANDRINA DE SOUZA SCHEELERG RA:2171296 LETICIA MOTTA HORIE RA: 1865675 MILENA TRES DE LIMA RUBETTI RA: 2094756 TAÍS RAIANE FLORA CORDEIRO RA: 2169691 RELATÓRIO CIENTÍFICO ATIVIDADE PRÁTICA SUPERVISIONA PROCESSOS PSICOLÓGICOS BÁSICOS Orientador: Profª.Me. Melline Ortega Faggion Profª.Msc. Catalina Naomi Kaneta SUMÁRIO INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 5 O NASCIMENTO DA PSICOLOGIA CLÍNICA ........................................................... 5 DEFINIÇÃO ................................................................................................................. 7 ÁREAS DE ATUAÇÃO/INVESTIGAÇÃO ................................................................... 7 MÉTODOS .................................................................................................................. 8 PRINCIPAIS ABORDAGENS CLÍNICAS ................................................................... 9 CONCLUSÃO ........................................................................................................... 10 REFERENCIAS ......................................................................................................... 11 ANEXO I.................................................................................................................... 12 ANEXO II................................................................................................................... 13 5 1. INTRODUÇÃO No presente trabalho vamos abordar o objetivo e a prática do psicólogo clínico, tomando como ponto de partida entrevista realizada com um profissional da área e pesquisa cientifica e suas vertentes, salvo que este não busca o estudo minucioso das questões históricas desta forma terapêutica da psicologia, assim iremos indicar as principais características da atuação do psicólogo clínico e alguns desafios que os profissionais dessa área se deparam no dia a dia dos seus consultórios. Para Figueiredo (1995), a visão da clínica seria o espaço da escuta do excluído, do interditado, procurando atender a esta demanda. Para ele, a clínica define-se, portanto, por um "ethos": em outras palavras, o que define a clínica psicológica é a sua ética: ela está comprometida com a escuta do interditado e com a sustentação das tensões e dos conflitos. (p. 40). A psicologia clínica é uma área de atuação que se utiliza para conhecer a realidade psíquica e comportamental do indivíduo. O Psicólogo Clínico pode atuar em diferentes frentes e abordagens: como transtornos mentais, intervenções, prevenção, orientando e estabelecendo a escuta na psicoterapia, reabilitação, avaliação, traçando um diagnóstico e visando restabelecer a saúde mental do paciente 2. O NASCIMENTO DA PSICOLOGIA CLÍNICA Para Huber (1993) o termo "psicologia clínica" foi empregado pela primeira vez pelo psicólogo americano Witmer, quando, depois de se formar na Alemanha com Wundt, retorna à Universidade Pensilvânea e ali funda, em 1896, uma "psychological clinic". Também teria utilizado o termo "método clínico". Por sua vez, Prévost (1988) lembra que, entre 1897 e 1901, Hartemberg e Valentin (sucessores da "École de Nancy") publicam na França uma Revue de Psychologie Clinique et Thérapeutique — na mesma época em que Janet (Salpêtrière) já empregava correntemente a expressão. Seja como for, Witmer e Janet, mais Ribot, Dumas e Kraepelin seriam autores cujos trabalhos, apoiados ao mesmo tempo sobre problemas psicológicos e psicopatológicos, distinguiram uma das duas correntes ou orientações com 6 prolongamentos na psicologia clínica contemporânea. A outra seria representada por Charcot, Liébault, Bernheim e Freud (Ellemberger, 1970/1994, Huber, 1993). O nascimento da psicologia clínica ocorreu devido à época na qual os três polos de forças dominavam o campo do saber, das artes, da cultura, da sociedade em geral. Os polos eram o liberalismo, o romantismo e o das práticas disciplinares seguindo respectivamente as ideias de representação dos excluído, de forma a ampliar o seu autodomínio e sua autonomia, ideal fortemente vinculado aos princípios da Revolução Francesa onde os homens eram livres e iguais, dar vias de expressão ao excluído e reduzir o excluído, construída pela visão fracassada do homem livre, com direitos inafiançáveis, à singularidade, à privacidade e à propriedade. É exatamente neste cenário que se descobre a possibilidade de avaliar, controlar, normatizar o homem a fim de ajustá-lo em prol da sociedade. Assim, o pólo disciplinar visava reduzir o excluído, isto é, curar seus sintomas. Após a Segunda Guerra Mundial, a Psicologia conhece sua época de maior avanço. Os contatos com a medicina ocorreram quase que na totalidade e as atividades de psicodiagnóstico ganham lugar de destaque na sociedade (Stubbe & Langenbach, 1988). Partindo deste raciocínio, entendemos que a Psicologia Clínica veio ocupar um lugar determinado, não por ela, mas pela configuração cultural de uma época. Entretanto, o que isto representou num primeiro momento (auto-afirmação e pretensa independência), acarretou para a Psicologia Clínica uma trajetória de distorções e uma complicada definição do que seja seu campo de conhecimento. Em 1935, uma declaração do American Psychological Association anunciava que a Psicologia Clínica tinha como finalidade: "definir capacidades e características de comportamento de um indivíduo através de testes de medição, análise e observação e, integrando esses resultados e dados recebidos de exames físicos e histórico social, fornece sugestões e recomendações, tendo em vista o ajustamento apropriado do indivíduo" (Meiras, 1987, p.186). 7 3. DEFINIÇÃO A psicologia clínica é uma das áreas mais conhecidas do cenário psicológico, possuindo o maior número de profissionais atuando. As definições acerca do que seja a Psicologia Clínica não estão muito distantes da divulgada em 1935. Macedo (1984), coloca que a Psicologia Clínica está relacionada à compreensão e intervenção nos problemas do homem, visando o bem-estar individual e social e, nesse sentido, a atividade do clínico está popularmente vinculada à psicoterapia. A grande parte das definições caracteriza a clínica como o estudo do comportamento, abrangendo a psicoterapia. Meiras (1987) expõe que a psicologia clínica é, muitas vezes, definida como o uso de métodos de teste mental, de inteligência, considerando em muitos casos a psicometria como sinônimo de clínica. Num outro momento, a clínica passa a ser o estudo do indivíduo subnormal e anormal e, por fim, surge a definição ligada à medicina. 4. ÁREAS DE ATUAÇÃO/INVESTIÇÃO O psicólogo clínico trabalha em diversas áreas, sendo elas no estuo, no diagnóstico e prognóstico em situações de crises, em problemas de desenvolvimento ou em instituições específicas de saúde mental, como hospitais-dia, unidades psiquiátricas e outros, podendo intervir em quadros psicopatológicos. Desenvolve trabalho de orientação, atendimentos terapêuticos, em diversas modalidades, tais como psicoterapia individual, de casal, familiar ou em grupo, psicoterapia lúdica, terapia psicomotora, arteterapia, orientação de pais e outros. Atua junto a equipes multiprofissionais, identificando, compreendendo e atuando sobre fatores emocionais que intervêm na saúde geral do indivíduo, especialmente em unidades básicas de saúde, ambulatóriose hospitais. Atua em contextos hospitalares, na preparação de pacientes para a entrada, permanência e alta hospitalar, inclusive em cuidados paliativos, participando de decisões com relação à conduta a ser adotada pela equipe, para oferecer maior apoio, equilíbrio e proteção aos pacientes e seus familiares., tanto individual como grupalmente, auxiliando no diagnóstico e no esquema terapêutico proposto em equipe. Atende a gestante, no acompanhamento ao processo de gravidez, parto e puerpério. Atua junto aos indivíduos ou grupos na 8 prevenção, orientação e tratamento de questões relacionadas a fases de desenvolvimento, tais como adolescência, envelhecimento e outros. Participa de programas de atenção primária e centros e postos de saúde na comunidade, organizando grupos específicos na prevenção de doenças ou no desenvolvimento de formas de lidar com problemas específicos já instalados, procurando evitar seu agravamento em contribuir ao bem estar psicológico. Acompanha programas de pesquisa, treinamento e desenvolvimento de políticas de saúde mental, participando de sua elaboração, coordenação, implementação e supervisão, para garantir a qualidade da atenção à saúde mental em nível de macro e microssistema (2015, CRP-GO) 5. MÉTODOS Huber (1993), em sua concepção de psicologia clínica, não se refere ao método clínico no singular. Ao discorrer sobre método em psicologia clínica, o psicólogo belga distingue os métodos de pesquisa, que permitem constituir o corpo de saber da disciplina, daqueles que viabilizam a aplicação desse saber no nível do diagnóstico e da intervenção ¾ evidenciando assim que a intervenção clínica em psicologia, como em toda ciência genuinamente aplicada, faz-se em dois tempos distintos. No primeiro caso, como métodos de pesquisa em psicologia clínica, ele cita principalmente: 1) o estudo de caso, 2) o estudo correlacional, 3) o estudo normativo, 4) a experimentação, 5) as estatísticas e os planos experimentais. No nível do diagnóstico e da avaliação clínica, ele cita 1) a entrevista diagnóstica, 2) os testes mentais, 3) a observação e a análise do comportamento, e a análise psicodinâmica; 4) os métodos biológicos. (Tudo descrito, ele discute em seguida as condições de validação). Enfim, no nível da intervenção, deduz-se que ele leva em conta os métodos que, a seu ver, seriam próprios dos quatro campos maiores assim discriminados: 1) a neuropsicologia clínica; 2) a psicologia da saúde; 3) o aconselhamento psicológico, a intervenção de crise e a psicoterapia (sendo as cinco orientações teóricas maiores: as terapias psicanalíticas, as terapias 9 comportamentais, as terapias humanistas, as terapias familiares e sistêmicas, as mterapias biopsicológicas); enfim, 4) a psicologia comunitária. (AGUIAR, 2001). 6. PRINCIPAIS ABORDAGENS CLÍNICAS Comportamental Terapia Cognitivo-Comportamental A Terapia Cognitivo Comportamental ou TCC é uma abordagem da psicoterapia baseada na combinação de conceitos do Behaviorismo radical com teorias cognitivas. A TCC entende a forma como o ser humano interpreta os acontecimentos como aquilo que nos afeta, e não os acontecimentos em si. Psicanalítica (ou Psicanálise) Terapia psicanalítica se trata de um método de cura mental e comportamental baseado nas ideias de Freud. Em uma sessão de Psicanálise, o paciente vai elaborar junto com o psicanalista as questões impactantes em sua vida. Psicologia Analítica A psicologia junguiana, também conhecida como psicologia analítica, é a abordagem psicológica baseada na filosofia e nas ideias do psiquiatra e teórico Carl Gustav Jung. Essa vertenteda psicologia busca compreender a mente humana em suas complexidades e experiências pessoais por meio de uma análise geral do indivíduo. Humanista O humanismo propõe uma abordagem terapêutica não-diretiva e centrada na pessoa. Parte-se do pressuposto que é o indivíduo que possui a responsabilidade pela condução e pelo sucesso do tratamento. O humanismo é considerado como uma abordagem otimista. 10 Gestalt A gestalt terapia é uma abordagem que se concentra mais na experiência “aqui e agora” do cliente. De fato, os clientes são encorajados a não simplesmente falar sobre suas emoções ou experiências, mas trazê-los para a sala. Dessa forma, elas podem ser processadas em tempo real com o terapeuta. 7. CONCLUSÃO Ao estabelecermos um paralelo entre a estrutura fundamental e escopo do presente trabalho quanto a um processo de escolha das linhas de atuação de um profissional da área de Psicologia face à Psicologia Clínica, identificam-se pontos de congruência que ao serem somados e potencializados, convergem em ferramentas imprescindíveis, seja para o processo de escolha, seja para a área de atuação – busca de conhecimento. O processo de junção teórica e escuta guiada (questionário) de um profissional desta área, nos revela que a contextualização sobre a realidade psíquica e comportamental do indivíduo quanto paciente, pode cruzar-se com um dos mais importantes pilares de sustentação de um processo de escolha, fundamentado sobre a busca de conhecimento sobre um tema e sua predisposição a isso, para assim chegar a uma escolha/definição. A construção de uma base de confiança e ética junto ao paciente, para assim poder guiá-lo em um tratamento, se solidifica neste mesmo prisma, sendo um ponto de inflexão muito importante para todos nós – futuros profissionais e indivíduo / agente e interditado. 11 8. REFERENCIAS 1- TEIXEIRA, Rita Petrarca. PENSANDO A PSICOLOGIA CLÍNICA. Paidéia (Ribeirão Preto) no.12-13 Ribeirão Preto Feb./Aug. 1997. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103- 863X1997000100005. Acesso em: 15 de maio de 2021. 2- TEIXEIRA, Rita Petrarca. PENSANDO A PSICOLOGIA CLÍNICA. Paidéia (Ribeirão Preto) no.12-13 Ribeirão Preto Feb./Aug. 1997. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102- 79722001000300016. Acesso em: 15 de maio de 2021. 3- DOUGLAS, Walison. PSICOLOGIA CLÍNICA – UMA INTRODUÇÃO. Rede Psico. Disponível em: https://www.redepsi.com.br/2010/07/16/psicologia-cl- nica-uma-introdu-o/ . Acesso em: 15 de maio de 2021. 4- Sede do Conselho Regional De Psicologia 9ª Região GO. ORIENTAÇÃO E FISCALIZAÇÃO. Conselho Regional de Psicologia (CRP09- GO). Disponível em:http://www.crp09.org.br/portal/orientacao-e-fiscalizacao/orientacao-por- temas/areas-de-atuacao-do-a-psicologo-a. Acesso em: 15 de maio de 2021. 5- AGUIAR, Fernando. MÉTODO CLÍNICO: MÉTODO CLÍNICO? Psicol. Reflex. Crit. vol.14 no.3 Porto Alegre 2001. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102- 79722001000300016. Acesso em: 15 de maio de 2021. https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-863X1997000100005 https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-863X1997000100005 https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-79722001000300016 https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-79722001000300016 https://www.redepsi.com.br/2010/07/16/psicologia-cl-nica-uma-introdu-o/ https://www.redepsi.com.br/2010/07/16/psicologia-cl-nica-uma-introdu-o/ http://www.crp09.org.br/portal/orientacao-e-fiscalizacao/orientacao-por-temas/areas-de-atuacao-do-a-psicologo-a http://www.crp09.org.br/portal/orientacao-e-fiscalizacao/orientacao-por-temas/areas-de-atuacao-do-a-psicologo-a https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-79722001000300016 https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-79722001000300016 12 ANEXO I – TERMO DE CONSENTIMENTO 13 14 ANEXO II– TRANSCRIÇÃO DA ENTREVISTA 15 ENTREVISTADO: Rd FORMAÇÃO: UNIP (Universidade Paulista) Psicologia Clínica/Hospitalar – Terapia Cognitivo Comportamental, Psicoterapia. 1. Você poderia comentar como é sua atividade como psicóloga? Nessa área da psicologia clínica? Eu ouso dizer que em todas as áreas a gente tem desafios e é extremamente recompensador. Na psicologia clínica você acaba criando um vínculo maior com o seu paciente, com o seu cliente. Você acaba desenvolvendo esse vínculo no decorrer da terapia. Muitas vezes em uma consulta, só o jeito que o seu paciente entra no consultório, você já sabe se ele não está bem e quando tem um pouco de intimidade ele já chega falando a atual condição dele. É muito gratificante você poder compartilhar, ver a mudança das pessoas, não tem algo que seja mais prazeroso frente a tudo isso, é muito legal. 2. Como é o seu local de trabalho? No meu consultório, eu tenho uma sala. Eu acredito que a pessoa que vai até mim, ela tem que se sentir bem. Certa vez um professor meu disse que o ambiente onde você atende não é importante. Eu discordo muito, porque a pessoa tem que se sentir confortável onde ela está. Não estou dizendo que você tem que ter móveis de última geração, mas tem que ser um ambiente aconchegante, ventilado, não um ambiente escuro, você tem que estar confortável e se sentir bem. Local onde tem muita interferência, muito barulho, também não é legal, acaba atrapalhando. Uma das grandes dificuldades que eu tenho em atendimento on-line é a oscilação da conexão da internet, às vezes acabo perdendo o time de algumas coisas e então tenho que pedir para o paciente responder novamente, mas tem surtido muito efeito, principalmente em casos emergenciais. 16 3. O psicólogo clínico, ele precisa estar dentro de um consultório ou não? Vai depender muito da liberdade que você tem, por exemplo, eu já cheguei a ficar presa no trânsito, nós estávamos indo para o mesmo lugar, eu e uma paciente. Falei para ela que eu não conseguiria chegar a tempo e ela disse que também não, então combinamos um lugar no meio do caminho, fomos a um restaurante, pegamos uma mesa e fiz a sessão terapêutica ali. Não vou poder atender um paciente pela primeira vez em outro lugar que não seja o consultório, não dá para falar “Vamos logo ali, num restaurante que a gente vai tomar um suco e eu vou fazer sua terapia, seu atendimento ali”. Não. Mas por exemplo, já tive um atendimento com um adolescente em que nós demos uma volta na praça, fomos conversando e eu fui atendendo. Acredito que quando você tem essa liberdade como paciente, já tem um vínculo pré estabelecido, não importa muito o lugar, o que importa é como você vai atender ali naquele momento. 4. Quais são os desafios e benefícios de trabalhar nessa área? Você não tem um vínculo estabelecido confiável, é muito difícil porque a pessoa tem que se sentir confortável para poder conversar com você. Às vezes isso não vai acontecer em uma, duas ou três sessões, até você conseguir realmente acesso a esse paciente. Porque a gente só conversa com quem a gente confia e às vezes leva um tempo para conseguir se soltar e realmente ir abordando os assuntos. Outras vezes, junto com o paciente a gente estabelece algumas situações e isso também está dentro do previsto, criamos certa expectativa e acaba fugindo completamente, então o paciente liga e fala: “Ai, não consegui, está difícil” e é onde você começa a ter que reforçar os comportamentos, os acertos, motivando mesmo. Para mim a maior dificuldade é a questão do estabelecimento do vínculo, se você não conseguir estabelecer um vínculo fica muito difícil. Posso falar sobre diversos benefícios, de repente a pessoa chega em um grau de instabilidade emocional muito grande e é ali onde você pode conseguir ajudar, porque na verdade o processo terapêutico a gente não faz por ninguém e nem tomamos decisão por ninguém. 17 A gente conversa, o atendimento em si, ele gira em torno das demandas que o paciente vai apresentar e em cima dessas demandas, você vai levantando possibilidades do paciente se posicionar. Às vezes a gente pode falar, “Olha, você já pensou em fazer isso dessa forma?” E sempre levantamos questionamentos do tipo; “Olha, quais seriam os benefícios de você agir dessa maneira ou não agir dessa outra maneira” então é sempre importante ter esse momento de reflexão. Outro benefício é você ser um profissional liberal, às vezes dependendo da situação você vai ficar sem paciente, mas é uma profissão que eu posso dizer que você consegue flexibilizar bastante, porque você se torna dona do seu negócio. Você faz sua agenda, estipula o quanto de tempo você vai trabalhar e consegue se programar para tudo isso. Tem a questão também de você não se descuidar emocionalmente, porque para cuidar de alguém, preciso também ser cuidada. Nesse caso, o que acaba acontecendo é que a gente precisa ter alguém que supervisione o nosso atendimento. Porque às vezes, eu posso propor algo para um paciente que vai super funcionar e de repente, eu posso propor esse mesmo algo para outro paciente, que não vai funcionar, ou seja, vai depender da individualidade de cada um. Tem muitos benefícios, você pode fazer sua agenda de trabalho, você pode escolher o local onde você vai trabalhar. Se você quiser trabalhar até mais tarde você vai trabalhar, se você quiser fugir do trânsito, você vai atender até mais tarde, então a flexibilidade é bem grande. 5. Você trabalha em parceria com outros profissionais? Se sim, quais? Por exemplo, no meu consultório sou apenas eu, divido um local com minha irmã que é advogada, trabalhamos juntas. Eu tenho um massoterapeuta, a gente estava desenvolvendo uma parceria, não sei se vocês já ouviram falar na psicoterapia morfoanalítica, que vai falar sobre realinhamento corporal, tem muito haver com a psicologia somática, dependendo das situações emocionais que você passa, vai refletir no seu corpo, então a gente procura trazer um equilíbrio entre mente e corpo. Não trabalhamos no mesmo local, tem pacientes dele que ele me indica, e pacientes meus que eu indico a ele. 18 6. Como as pessoas tem acesso ao seu trabalho? (por iniciativa própria, encaminhamento, encaminhadas à Instituição etc.)? A maioria por indicação, acho que eu atendi apenas um paciente que veio pela internet, a maioria é por indicação e acompanhamento, mas por exemplo indicação que eu digo é assim, a pessoa tem o encaminhamento e está procurando um profissional, então meu cliente já indica: Ah vai lá na R.D, ela é ótima. Mas a maioria é por indicação mesmo, e dento dessas indicações vem o acompanhamento, eu também trabalho com psicologia hospitalar, e alguns dos meus clientes me conhecem por lá e então sai do hospital e acaba indo para o meu consultório particular depois. 7. Quais são os requisitos necessários para atuação nesta área? Somente o curso de formação na graduação atende a esses requisitos ou há necessidade de formação posterior à graduação? A graduação você tem que ter para começar, é o mínimo. Mas você tem quer uma pós. Durante a graduação você vai ter acesso a várias teorias como a cognitiva, comportamental, psicanálise, fenomenológica, a sistêmica e outra mais, não sei se vocês estão indo para uma área dogmática, onde o profissional trabalha apenas em cima de uma teoria, eu acho que a gente pode fazer o uso daquilo que visa a promover ou que o paciente vai ter beneficio, e dependendo do método que você escolhe nós saímos da faculdade muito crus, então a gente precisa de pós graduação, e de um profissional para te guiar no caminho. 8. Como foi seu ingresso no mercado de trabalho? No começo eu atendia no escritório da minha irmã por que minha salanão estava pronta. Ai com essa situação da pandemia os moveis demoraram pra chegar ... Eu tenho a facilidade de ter um espaço, eu vejo colegas que se formaram comigo e no ano passado me chamaram pra atender numa clínica que só atende convenio e assim pra pegar experiencia é muito legal. Mas eu não quis me sujeitar a ganhar dezesseis reais por cinquenta minutos, por mais que ganhe por volume, você teria que trabalhar muito. Uma coisa que me abriu muitas portas foram os estágios que eu fiz como e da jurídica e o hospitalar. São experiencias que agregam e te mostram 19 que tudo que você quer fazer você tem que gostar, por que vão haver dificuldades, como no caso da hospitalar que muitas vezes você tem que atender no corredor. 9. Que dica você daria para quem deseja ingressar nesta área? Primeiro você precisa estar disponível. Por que por exemplo se você for se credenciar em uma clínica que tenha o recurso de capitação de pacientes por convenio, você tem que estar disponível até na hora de talvez ganhar menos do que você esperaria. A tabela que rege o concelho de psicologia pelo convenio provavelmente não seria utilizada e querendo ou não a questão da gasolina, estacionamento, alimentação ... são coisas precisamos colocar no papel. O conhecimento sempre vale a pena, mas precisamos ter noção da nossa realidade e pensar até que ponto aquilo é viável. Hoje em dia nos temos algumas possibilidades como pagar uma sala pra fazer uma sessão ou o próprio atendimento online que não tem a mesmo efeito que o presencial, mas mostrou muito positivo.
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