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Vice Governador
Secretária da Educação
Secretário Adjunto
Secretário Executivo
Assessora Institucional do Gabinete da Seduc
Coordenadora da Educação Profissional – SEDUC
Cid Ferreira Gomes
Domingos Gomes de Aguiar Filho
Maria Izolda Cela de Arruda Coelho
Maurício Holanda Maia
Antônio Idilvan de Lima Alencar
Cristiane Carvalho Holanda
Andréa Araújo Rocha
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à 
Educação Profissional 
 
Curso Técnico em Fruticultura – Produção de mudas frutíferas Página 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PRODUÇÃO DE MUDAS FRUTÍFERAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à 
Educação Profissional 
 
Curso Técnico em Fruticultura – Produção de mudas frutíferas Página 2 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
 
I. INTRODUÇÃO ......................................................................................... 3 
II. FORMAS DE PROPAGAÇÃO DE PLANTAS FRUTÍFERAS ............... 4 
III. PRODUÇÃO DE MUDAS CERTIFICADAS ............................................ 34 
IV. BIBLIOGRAFIA ......................................................................................... 42 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à 
Educação Profissional 
 
Curso Técnico em Fruticultura – Produção de mudas frutíferas Página 3 
 
I. INTRODUÇÃO 
 
O Brasil é o terceiro maior produtor mundial de frutas, com 42 milhões de 
toneladas produzidas de um total de 340 milhões de toneladas colhidas em todo o 
mundo, anualmente. Apesar deste lugar de destaque, o país está no 12º lugar nas 
exportações de frutas. Deste volume total de produção, acredita-se que as perdas no 
mercado interno possam chegar a 40%. Contribuem com estes números, o mau uso das 
técnicas de manejo do solo e da planta, falta de estrutura de armazenamento, logística, 
embalagens inadequadas e a própria desinformação do produtor. 
Na América do Sul, o Chile e a Argentina são grandes produtores e exportadores de 
frutas frescas, ao ponto de ser um dos pilares da economia chilena, tradicional 
exportador de frutas de alta qualidade para o Brasil, Europa e EUA. 
Pela diversidade de climas e solos, o Brasil apresenta condições ecológicas 
para produzir frutas de ótima qualidade e com uma variedade de espécies que passam 
pelas frutas tropicais, subtropicais; e temperadas. Apesar desde quadro favorável, ainda 
importamos volumes significativos de frutas frescas e industrializadas, como acontece 
como a pêra, ameixa, uva, maçã, entre outras (CHAVES, 2000). 
Nesse sentido, é incontestável a importância da utilização de mudas de 
qualidade na instalação de pomares frutícolas, para se assegurar o sucesso do 
empreendimento. No Brasil, especialmente na região Nordeste, verifica-se uma enorme 
carência de oferta de mudas produzidas com tecnologia que garanta a qualidade 
genética e fitossanitária e, consequentemente, assegure o fortalecimento econômico da 
exploração, para atender às exigências dos mercados consumidores. Este fato concorre 
para desestimular a consolidação da atividade de produção de mudas, inviabilizando 
iniciativas de implantação de viveiros comerciais. 
A partir de mudas produzidas dentro dos padrões exigidos, os empresários da 
fruticultura terão condições de competitividade nos vários mercados existentes. Assim, 
a produção de mudas de qualidade é o primeiro passo para se obter pomares produtivos, 
longevos e que produzam frutos de qualidade. Para que isso aconteça, há necessidade do 
uso de material propagativo de elevado padrão genético e agronômico. Analisando os 
vários componentes de qualidade das mudas, percebe-se a multidisciplinaridade de 
conhecimentos necessários à sua produção, envolvendo profissionais especializados de 
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à 
Educação Profissional 
 
Curso Técnico em Fruticultura – Produção de mudas frutíferas Página 4 
várias áreas, como melhoramento vegetal, fitopatologia, entomologia, fitotecnia, 
extensão rural e viveiristas. 
 
II. FORMAS DE PROPAGAÇÃO DE PLANTAS FRUTÍFERAS 
 
A propagação é um conjunto de práticas destinadas a perpetuar as espécies de 
forma controlada. Seu objetivo é aumentar o número de plantas, garantindo a 
manutenção das características agronômicas essenciais das cultivares. (FACHINELLO, 
2000). 
Ainda segundo Fachinello (2000) os métodos de propagação podem ser 
agrupados em dois tipos: propagação sexuada, que se baseia no uso de sementes, e 
propagação assexuada, baseada no uso de estruturas vegetativas. Fundamentalmente, a 
diferença entre as duas formas de propagação é a utilização e a ocorrência da mitose e 
da meiose. Enquanto na propagação assexuada a divisão celular implica na 
multiplicação simples (mitose), mantendo o número de cromossomos inalterado, na 
propagação sexuada a meiose proporciona a redução do número de cromossomos. 
A propagação por sementes ocorre na maioria das plantas cultivadas e pode ser 
utilizada, também, na obtenção de mudas de plantas frutíferas. Esse método é 
responsável pela variação populacional e pelo surgimento de novas variedades, uma vez 
que na natureza, predomina a polinização cruzada, que assegura o maior intercâmbio de 
genes dentro de uma mesma espécie. 
Na produção comercial de mudas, a propagação assexuada é, por vezes, mais 
importante que a propagação sexuada, especialmente em plantas frutíferas, por diversas 
razões, entre as quais: 
- Normalmente, é mais rápida que a propagação por sementes; 
- O período improdutivo é mais curto; 
- Permite a produção de plantas idênticas à planta-mãe, o que é importante na 
preservação das características agronômicas desejáveis. Isso não ocorre na propagação 
sexuada, devido à recombinação dos genes. 
A preferência pela reprodução sexuada ou assexuada é dada conforme: 
- A facilidade de germinação da semente; 
- O número de plantas que podem ser produzidas pelo método de propagação; 
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Educação Profissional 
 
Curso Técnico em Fruticultura – Produção de mudas frutíferas Página 5 
- A importância da preservação dos caracteres agronômicos das plantas-
matrizes. 
Os ciclos reprodutivos das plantas podem ser visualizados na Figura 1: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fase juvenil ou juvenilidade: 
A fase juvenil, também denominada juvenilidade, é o período em que a planta 
tem pouca resposta aos estímulos indutores do florescimento (fotoperíodo, frio, 
fitohormônios e outros). 
Essa fase é um período de longa duração (2 anos ou mais), marcado pela 
ausência de produção e pela presença de algumas características, tais como espinhos, 
elevado vigor e morfologia diferenciada das folhas. 
 
Fase de transição 
Segue-se a essa etapa uma fase de transição, na qual há uma resposta parcial 
aos estímulos indutores, resultando na produção de poucas flores. 
 
Fase adulta 
 
Figura 1: Ciclo de propagação de plantas 
Fonte: Adaptado de Fachinello 
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Curso Técnico em Fruticultura – Produção de mudas frutíferas Página 6 
Na fase adulta, há uma resposta plena a tais estímulos indutores, resultando em 
elevação da produção de frutas e de material propagativo, para fornecer estacas, gemas 
ou outras estruturas de propagação. 
 
Assim, plantas propagadas, vegetativamente, apresentarão uma fase 
improdutiva menor, na qual há uma área foliar insuficiente, para a percepção dos 
estímulos indutores do florescimento e para o sustento da produção de frutos. Uma vez 
superado esse estágio, a planta atingirá a fase reprodutiva ou adulta. Entretanto, se 
forem utilizados propágulos de plantas em fase juvenil ou detransição, será necessário 
superar a juvenilidade e alcançar a área foliar adequada, o que representa um período 
improdutivo mais longo. 
Quando uma planta é produzida por outro método de propagação, tal como a 
estaquia, a enxertia, a mergulhia e a micropropagação, em geral, o desenvolvimento 
segue a mesma sequencia daquela planta obtida por semente, descartando-se a etapa da 
germinação, embora a duração do período vegetativo seja menor. Essa menor duração 
da fase vegetativa, quando da reprodução assexuada, deve-se à utilização de material 
colhido em partes da planta-matriz, que já ultrapassaram a fase juvenil. 
 
2.1. PROPAGAÇÃO SEXUADA 
 
É o processo onde ocorre a fusão dos gametas masculinos e femininos para 
formar uma só célula, denominada zigoto, no interior do ovário, após a polinização. 
Esses gametas podem ser provenientes de uma mesma flor, ou de flores diferentes de 
uma mesma planta (autopolinização) ou, ainda, de flores pertencentes a plantas 
diferentes (polinização cruzada). 
Do desenvolvimento do zigoto é produzida uma semente que originará uma 
nova planta, com genótipo distinto dos progenitores, devido à troca de informação 
genética na fecundação. Quando as plantas-matrizes são homozigotas e a 
autofecundação é predominante, os descendentes apresentarão características muito 
semelhantes às plantas que os originaram. 
Entretanto, como na natureza predomina a polinização cruzada, a segregação 
genética induzida pela reprodução sexual assume grande importância. Na reprodução 
sexuada, o embrião é, obrigatoriamente, proveniente do zigoto. Entretanto, no caso de 
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Curso Técnico em Fruticultura – Produção de mudas frutíferas Página 7 
sementes apomíticas, há formação de mais de um embrião, que podem ser oriundos, 
além do zigoto, de um conjunto de células do saco embrionário ou da nucela, com a 
mesma constituição genética do progenitor feminino. 
Mesmo que as técnicas de utilização de sementes apomíticas sejam 
semelhantes às da propagação sexuada, o método de propagação de plantas por 
apomixia é considerado por muitos autores como um processo de propagação 
assexuada. Esse processo é muito comum em plantas cítricas, e sua utilização é limitada 
à obtenção de clones novos ou clones nucelares a partir de plantas que produzem 
sementes poliembriônicas (Fig. 2 e 3). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 2: Estrutura de sementes monoembriônicas (à esquerda) e poliembriônica (à direita) 
Fonte: Adaptado de Fachinello (2000) 
 
Figura 3: Formação dos embriões numa semente embriônica 
Fonte: Adaptado de Fachinello (2000) 
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Curso Técnico em Fruticultura – Produção de mudas frutíferas Página 8 
Na propagação por sementes, é comum o uso do termo seedling para designar 
plantas jovens propagadas desse modo, que poderão ser utilizadas como porta-enxertos 
ou como pés-francos. 
A reprodução sexuada é o principal mecanismo de multiplicação das plantas 
superiores e de, praticamente, todas as angiospermas. A população proveniente da 
reprodução sexuada apresenta variabilidade genética, devido à segregação e à 
recombinação de genes. 
Em muitas espécies, esse tipo de propagação é o processo natural de 
disseminação. Mesmo que a variação das características entre os descendentes possa ser 
significativa, há casos em que a semente é a única forma de propagação viável. 
Quanto menor a manipulação de uma espécie pelo homem, tanto maior a 
significância desse tipo de reprodução, fato especialmente observado no caso de 
frutíferas nativas, pouco submetidas ao melhoramento genético. 
Em fruticultura, a propagação por sementes tem as seguintes finalidades: 
- Obter porta-enxertos ou cavalos. 
- Criar novas cultivares. 
- Formar mudas de espécies que suportam bem a propagação sexuada, 
conservando suas características. 
- Obtenção de clones nucelares (ou cultivares revigoradas, o que é comum em 
espécies cítricas). 
- Na obtenção de plantas homozigotas. 
- Na propagação de plantas que não podem ser multiplicadas por outro meio. 
A principal desvantagem da propagação por sementes, além da segregação 
genética nas plantas heterozigotas, que provoca dissociação de caracteres, é o longo 
período exigido por algumas plantas para atingir a maturidade. Contudo, existem 
exceções, como é o caso do maracujazeiro, cujo período improdutivo é semelhante entre 
plantas oriundas de propagação sexuada e assexuada. 
Uma das características da propagação por sementes é a variação que pode 
existir dentro de um grupo de plântulas. Na natureza, essa propriedade é importante, 
uma vez que torna possível a adaptação contínua de uma determinada espécie ao meio. 
Em cada geração, os indivíduos que estejam melhor adaptados a esse ambiente tendem a 
sobreviver e a produzir a geração seguinte. 
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Curso Técnico em Fruticultura – Produção de mudas frutíferas Página 9 
A propagação por sementes é um método eficiente para produzir plantas livres 
de doenças. Tem sido observado que vírus, nematóides e outros parasitas deletérios 
(nocivos) são comumente expurgados pela linha reprodutiva próxima à meiose ou pela 
meiose, e que, no entanto, são transmitidos e continuam a acumular em indivíduos de 
um gene propagado vegetativamente. As sementes podem ser usadas como um filtro 
para algumas viroses, pois estas não se transmitem pela semente botânica, com algumas 
exceções. 
As vantagens e as desvantagens do uso da propagação sexuada em fruticultura: 
Plantas propagadas por sementes apresentam o fenômeno da juvenilidade, uma 
fase normalmente de longa duração, na qual a planta não responde aos estímulos 
indutores do florescimento. Plantas em estado juvenil tendem a apresentar 
características tais como a presença de espinhos, folhas lobuladas, ramos trepadores, 
fácil enraizamento e menor teor de RNA (ácido ribonucléico). 
Durante a juvenilidade, não há produção de frutos, o que acarreta um 
prolongamento do período improdutivo do pomar. 
O porte mais elevado pode representar uma desvantagem nas práticas de 
manejo do pomar, como na poda, no raleio, na colheita e em tratamentos fitossanitários. 
Além disso, a propagação sexuada pode induzir à desuniformidade das plantas e da 
produção, normalmente indesejadas em pomares comerciais. 
O desenvolvimento vigoroso e a maior longevidade das plantas, propagadas 
por sementes, podem estar associados à formação de um sistema radicular pivotante, 
mais vigoroso e mais profundo do que o sistema fasciculado, encontrado em plantas 
propagadas por estacas. 
Muitos agentes causais de doenças, como vírus, bactérias, fungos e fitoplasmas 
não são transmitidos por meio das sementes, de modo que plantas obtidas por 
propagação sexuada tendem a apresentar melhor condição fitossanitária. 
Mesmo que a longevidade de plantas propagadas por sementes seja maior, um 
inconveniente de sua utilização como porta-enxerto é o condicionamento da vida útil da 
copa a uma baixa longevidade do porta-enxerto. Isso ocorre na enxertia de ameixeira 
sobre pessegueiro, na qual a vida útil da ameixeira, normalmente de 30 anos, fica 
reduzida a 15 anos, que é a vida útil do pessegueiro (porta-enxerto). 
 
 TÉCNICAS DE PROPAGAÇÃO SEXUADA 
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Curso Técnico em Fruticultura – Produção de mudas frutíferas Página 10 
Para o uso adequado da reprodução sexuada, alguns cuidados devem ser 
tomados, desde a escolha das plantas-matrizes até o manejo das mudas: 
- Escolha das plantas-matrizes 
As plantas-matrizes são aquelas destinadas ao fornecimento de sementes. 
Para a escolhade uma planta-matriz, devem-se considerar alguns critérios, tais 
como vigor, sanidade, regularidade de produção, qualidade e quantidade dos frutos, 
idade e representatividade da espécie. Além disso, é necessário que se escolham plantas 
com fenótipo o mais próximo possível de um padrão desejado. 
Características relacionadas ao hábito de ramificação, taxa de crescimento, 
resistência a pragas e doenças, e comportamento fenológico são parâmetros importantes 
na seleção de uma planta-matriz. Tais parâmetros são de suma importância quando se 
quer obter uma população relativamente uniforme, com características adequadas. Para 
tanto, é recomendável que se mantenha um bloco de plantas-matrizes no qual sejam 
registradas informações sobre esses parâmetros. 
No caso específico do pessegueiro, é desejável o uso de sementes provenientes 
de cultivares tardias ou de meia-estação, visto que as cultivares precoces apresentam 
menor período para o desenvolvimento do embrião. O uso de cultivares precoces, como 
matrizes, pode acarretar baixos percentuais de germinação, além da formação de 
plântulas anormais e com acentuada variação no porte. 
- Escolha dos frutos 
A exemplo da escolha das plantas-matrizes, a escolha dos frutos também deve 
obedecer a alguns critérios, como sanidade e maturação. Como regra geral, os frutos 
atacados por doenças, pragas, ou caídos no chão devem ser descartados, a fim de se 
evitar uma possível contaminação das sementes. Os frutos também devem ter atingido a 
maturação fisiológica, de maneira que as sementes encontrem-se completamente 
desenvolvidas. 
- Extração das sementes 
Geralmente, no momento da colheita, as sementes estão envoltas pelos frutos, 
que de acordo com suas características, são divididos em dois grandes grupos: secos e 
carnosos. 
Os frutos secos liberam as sementes por deiscência, ou por decomposição das 
paredes. Quando um fruto carnoso é formado por um ou mais carpelos, contendo uma 
ou mais sementes, como é o caso da uva, da maçã, da pêra, dos citros, do caqui, entre 
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outros, é genericamente chamado de baga. Quando um fruto é formado por um único 
carpelo, que contém no seu interior uma só semente, como o pêssego e a ameixa, é 
chamado de drupa. 
Para extração das sementes de frutos carnosos, esses devem estar maduros, a 
fim de facilitar a separação da polpa e da semente. Deve-se tomar cuidado para não 
deixar restos de polpa aderidos à semente, porque uma vez decompostos e fermentados, 
podem provocar sérios danos ao poder germinativo. 
Caroços com polpa aderida e mantidos amontoados podem ter sua temperatura 
aumentada, em virtude da fermentação, a ponto de prejudicar a viabilidade do embrião, 
reduzindo o poder germinativo das sementes. Por sua vez, em algumas espécies, uma 
ligeira fermentação da polpa pode facilitar a retirada das sementes, como acontece com 
caroços de pêssego. 
O intervalo compreendido entre a coleta das sementes e a semeadura deve ser o 
menor possível, para permitir alto percentual de germinação. Entretanto, se necessário, 
o armazenamento dessas sementes pode ser feito em locais úmidos e com baixas 
temperaturas, para que haja a maturação fisiológica ou a superação da dormência. Essa 
prática é muito utilizada em caroços de pessegueiro e em sementes de macieira e de 
pereira. 
- Escolha das sementes 
Entre outros fatores, devem-se considerar, principalmente, o tamanho e a 
sanidade das sementes. Dentro de uma espécie, geralmente sementes de maior tamanho 
apresentam maior quantidade de substâncias de reserva, com reflexos positivos no vigor 
da planta. Com relação à sanidade, sementes atacadas por pragas ou doenças podem ter 
a germinação comprometida, bem como a sanidade das plântulas. 
 
- Conservação das sementes 
A finalidade da conservação das sementes é manter sua viabilidade pelo maior 
tempo possível, permitindo a semeadura na época mais adequada/ e garantindo a 
manutenção do germoplasma na forma de semente. A viabilidade após o 
armazenamento é resultante dos seguintes fatores: 
Viabilidade inicial na colheita - Determinada por fatores de produção e 
métodos de manejo. No caso de sementes que não requerem superação de dormência, o 
armazenamento pode, no máximo, manter a qual idade das mesmas. 
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Taxa de deterioração das sementes - Também denominada de taxa de trocas 
fisiológicas ou envelhecimento. Essa taxa é determinada pelo potencial genético de 
conservação da espécie e pelas condições de armazenamento, principalmente 
temperatura e umidade. 
A durabilidade da semente é bastante variável com a espécie. Podem ser 
encontradas espécies cujas sementes perdem rapidamente seu poder germinativo em 
condições naturais, como outras que mantêm o poder germinativo por longos períodos. 
As sementes de citros, armazenadas em condições normais, perdem 
rapidamente seu poder germinativo devido à desidratação dos tecidos. Sementes com 
embriões dormentes, como macieira, pereira e videira, possuem maior capacidade de 
conservação, mesmo em ambiente natural. 
É conveniente lembrar que, quanto maior for o período de armazenamento da 
semente, maior será o consumo das substâncias de reserva, resultando assim numa 
redução do vigor do embrião. 
As características das sementes podem determinar seu potencial de 
conservação: sementes amiláceas geralmente apresentam maior longevidade do que 
sementes oleaginosas. Além disso, sementes com embriões dormentes e envoltório 
impermeável apresentam maior tempo de conservação. 
Em se tratando de condições ambientais, a relação umidade/temperatura é 
muito importante na redução da taxa de respiração. Para a maioria das espécies, 
ambientes com baixa umidade e baixas temperaturas oferecem condições adequadas 
para prolongar a conservação das sementes. Além disso, a modificação da atmosfera de 
armazenamento, especialmente na redução do teor de oxigênio, mostra-se favorável à 
manutenção do poder germinativo da semente. 
No que se refere à umidade da semente, acima de 8% a 9% de umidade, insetos 
podem entrar em atividade; acima de 12 % a 14%, fungos podem tornar-se ativos; 
acima de 18% a 20%, pode ocorrer aquecimento devido à fermentação; e acima de 40% 
a 60%, ocorre germinação. Caso a semente seja tolerante à desidratação, é importante 
que seja mantida em baixa umidade. As baixas temperaturas prolongam a vida das 
sementes, sendo que em temperaturas de 0° a 45°C, cada diminuição de 5°C duplica a 
vida de armazenamento dessas sementes. 
 
 
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- Superação da dormência 
O tratamento para superação da dormência varia de acordo com o tipo de 
dormência que a semente apresenta. 
- Aumento da permeabilidade dos envoltórios 
É utilizado quando a causa da dormência é a impermeabilidade do tegumento 
da semente. A escarificação é o método indicado para tornar os envoltórios da semente 
mais permeáveis à entrada de água e às trocas gasosas, bem como facilitar a emergência 
da radícula ou da plúmula, podendo ser feita por métodos físicos, químicos ou 
mecânicos. 
Método físico - Consiste na imersão da semente em água quente, entre 60º e 
80° C, durante 10 minutos. A temperatura elevada diminui a resistência dos envoltórios 
e facilita a germinação. 
Método químico - Consiste no tratamento das sementes com hidróxido de 
sódio ou de potássio, formol e ácido clorídrico ou sulfúrico, geralmente por um período 
entre 10 minutos até 6 horas, conforme a espécie. Assim, os tegumentossão 
desgastados e a germinação é facilitada. É importante que sejam eliminados todos os 
resíduos de ácido que, aderidos à semente, podem prejudicar a germinação, o que pode 
ser feito por meio de lavagem em água corrente. 
Método mecânico - Esse método consiste no uso de uma superfície abrasiva, 
agitação em areia ou pedra ou na quebra dos envoltórios, como no caso das sementes de 
pessegueiro, que podem ser extraídas quebrando se os caroços com um torno manual, 
deve-se ter cuidado para que o embrião não seja danificado. As sementes escarificadas 
tornam se mais sensíveis ao ataque de patógenos. 
- Maturação do embrião 
Destina-se a superar a dormência da semente, por meio do amadurecimento do 
embrião, ou do estabelecimento de um balanço hormonal favorável à germinação. Isso é 
obtido pelo armazenamento das sementes em ambiente úmido e frio, por um 
determinado período (estratificação). 
Geralmente, o meio adequado para a estratificação é aquele que retém 
adequado teor de umidade e não contém substâncias tóxicas. Como exemplos, podem-se 
citar o solo, a areia lavada, o musgo, a vermiculita e a serragem, ou a mistura desses. 
Camadas de sementes são intercaladas com camadas de substrato à temperatura 
ambiente, ou em câmaras refrigeradas, com temperaturas entre 0°C e 10°C, o período de 
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armazenamento varia conforme a espécie, sendo que para a maioria, esse período é 
compreendido entre 1 e 4 meses. 
Durante a estratificação, deve-se ter cuidado com o teor de umidade do 
substrato e com a eventual germinação das sementes, antes que o período previsto para 
a estratificação das mesmas se expire. 
Em variedades precoces, nas quais o embrião não está completamente 
desenvolvido no período em que ocorre a maturação do fruto, muitas vezes é necessário 
cultivar o embrião em meio de cultura adequado, permitindo que seu desenvolvimento 
seja completado. Esse processo é utilizado em cultivares precoces de pessegueiro que se 
destinam ao melhoramento genético, bem como no melhoramento genético de uvas sem 
sementes. 
- Manejo das sementes e das sementeiras 
Antes da semeadura em viveiro, é importante que se adote um tratamento das 
sementes com fungicida ou hipoclorito de sódio. Assim, é possível minimizar a 
ocorrência de doenças que possam vir a prejudicar as plântulas. 
A sementeira deve estar localizada fora da área de produção, de preferência em 
terreno bem drenado, com pequena declividade, com plena exposição à luz e boa 
disponibilidade de água para irrigação. A má drenagem favorece a ocorrência de uma 
doença denominada dumping off que afeta a germinação e a sobrevivência das plantas 
jovens, provocando queda perece. Na verdade, essa doença é causada por fungos 
pertencentes aos gêneros Pythium, Rhizoctonia e Phytophthora, agentes também 
causadores de outras doenças de sementeiras. 
É recomendável o uso de áreas submetidas a uma prévia rotação de culturas, 
como forma de reduzir o potencial de inóculo de doenças. Não é aconselhável o uso de 
uma mesma área como sementeira, por mais de 2 anos. 
O tratamento do solo é útil para reduzir a incidência de patógenos nas futuras 
plantas, especialmente considerando-se a sensibilidade das mesmas no estágio de 
plântula. Esse tratamento pode ser feito com o uso de solarização (tratamento que 
consiste na cobertura do solo com filme plástico, sob insolação, para aumento da 
temperatura), uso de calor (por aquecimento direto, vapor d'água ou tratamento em 
autoclaves de alta pressão), uso de fungicidas ou de agentes de controle biológico 
(Trichoderma, por exemplo). 
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Em alguns casos, pode ocorrer a esterilização completa do solo, o que pode ser 
inadequado, considerando-se que organismos benéficos também são eliminados pelos 
tratamentos. O tratamento do solo será tanto mais eficiente quanto melhor a qualidade 
sanitária do substrato empregado. 
A semeadura pode ser feita em covas, diretamente na embalagem, a lanço ou 
em linha. A semeadura em linha é a mais utilizada em grandes viveiros de pessegueiro e 
de citros. A quantidade de sementes a ser utilizada deve ser de 3 a 4 vezes o número 
desejado de plantas, para permitir uma seleção rigorosa. Contudo, deve-se evitar uma 
densidade muito elevada de plântulas, para que não ocorra redução do tamanho e do 
vigor, obtendo-se plantas com sistema radicular pouco desenvolvido. 
A cobertura das sementes pode ser feita com solo ou areia, e a cobertura do 
canteiro com uma fina camada de palha. O objetivo da cobertura com palha é impedir o 
crescimento de plantas invasoras e conservar a umidade do solo. A palha deve ser 
removida pouco tempo antes da emergência das plântulas. 
Cuidados especiais devem ser dispensados no que se refere à irrigação, 
considerando-se a exigência de água para o processo da germinação e a sensibilidade 
das plântulas à falta de umidade do solo. 
A irrigação deve ser feita por aspersão, com uso de regadores ou de qualquer 
outro sistema de irrigação, no caso de sementeiras de maior porte. O controle da 
umidade pode ser feito por avaliação visual, uso de trados, tensiômetros ou pela 
estimativa da evapotranspiração. 
O controle de plantas invasoras pode ser feito por métodos químicos' ou 
mecânicos. A distância entre as linhas deve possibilitar a utilização de implementos 
agrícolas, e o uso de herbicidas pode ser feito em pré ou pós-emergência. Para definir a 
forma de controle das plantas invasoras, deve-se considerar a viabilidade econômica de 
cada método, e a sensibilidade das plantas aos herbicidas. 
De acordo com a espécie e o tempo de permanência na sementeira, é 
aconselhável proceder a adubação de correção e de cobertura. Conforme a exigência da 
espécie, é importante que o pH seja corrigido, com o uso de calcário. 
Se a adubação nitrogenada for necessária, deve ser feita com cautela, pois 
aplicações em excesso podem criar um desequilíbrio nutricional, que resulta em excesso 
de crescimento e elevada suscetibilidade a pragas e doenças. Por sua vez, elevadas 
concentrações de sais, produzidas por excesso de fertilizantes, inibem a germinação. 
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Dada à sensibilidade das plântulas e a elevada densidade na sementeira, é 
necessário que se adotem medidas eficientes de monitoramento e controle de pragas e 
doenças. A partir da sementeira, assim que as mudas atinjam um crescimento 
satisfatório, são submetidas a uma seleção por tamanho, visando obter-se um padrão 
adequado das plantas destinadas ao viveiro, quando estarão colocadas em maiores 
espaçamentos. 
No viveiro, as plantas poderão ser utilizadas como porta-enxerto ou como 
mudas destinadas à formação de pomares. No caso de mudas, é necessário selecionar as 
plantas próximas a um padrão característico da planta-mãe. 
 
2.2. PROPAGAÇÃO ASSEXUADA 
 
A propagação assexuada, vegetativa ou agâmica é o processo de multiplicação 
que ocorre por mecanismos de divisão e diferenciação celular, por meio da regeneração 
de partes da planta-mãe. 
Esse tipo de propagação baseia-se nos seguintes princípios: 
Totipotencialidade 
As células da planta contêm toda a informação genética necessária para a 
perpetuação da espécie (totipotencialidade). 
Regeneração de células 
As células somáticas e os tecidos apresentam a capacidade de regeneração de 
órgãos adventícios. 
A propagação vegetativa consiste no uso de órgãos da planta, sejam eles 
estacas da parte aérea ou da raiz, gemas ou outras estruturas especializadas,ou ainda 
meristemas, ápices caulinares, calos e embriões. Assim, um vegetal é regenerado a 
partir de células somáticas, sem alterar o genótipo, devido à multiplicação mitótica. 
O uso desse tipo de propagação permite a formação de um clone, grupo de 
plantas provenientes de uma matriz em comum, ou seja, com carga genética uniforme e 
com idênticas necessidades edafodimáticas, nutricionais e de manejo. 
Enquanto em fruticultura a propagação sexuada tem importância restrita, a 
propagação assexuada é largamente utilizada na produção de mudas. Isso se deve à 
necessidade de se garantir a manutenção das características varietais, que determinam o 
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valor agronômico do material a ser propagado, em espécies de elevada heterozigose, 
como as frutíferas. 
A utilização da propagação assexuada diz respeito à multiplicação, tanto de 
porta enxertos, quanto da cultivar-copa. A importância e a viabilidade da utilização da 
propagação assexuada são uma função da espécie ou da cultivar, da capacidade de 
regeneração de tecidos (raízes ou parte aérea), do número de plantas produzidas, do 
custo de cada processo e da qualidade da muda formada. 
De modo geral, o uso da propagação assexuada justifica-se nos seguintes casos: 
- Propagação de espécies e cultivares que não produzem sementes viáveis, 
como, por exemplo, limão-tahiti, laranja-de-umbigo e figueira; 
- Perpetuação de clones, pois as frutíferas são altamente heterozigotas e 
perderiam suas características com a propagação sexuada; 
A escolha do método a ser utilizado depende da espécie e do objetivo do 
propagador. Basicamente, um bom método de propagação deve ser de baixo custo, fácil 
execução e proporcionar um elevado percentual de mudas obtidas. 
Dada a sua larga utilização na multiplicação de plantas frutíferas, a propagação 
assexuada apresenta diversas vantagens, que a torna, muitas vezes, mais viável que a 
propagação sexuada. 
São vantagens da propagação assexuada: 
- Permitir a manutenção do valor agronômico de uma cultivar ou clone, pela 
perpetuação de seus caracteres; 
- Possibilitar que se reduza a fase juvenil, uma vez que a propagação vegetativa 
mantém a capacidade de floração pré-existente na planta-mãe. Assim, há redução do 
período improdutivo; 
- Permitir a obtenção de áreas de produção uniformes devido à ausência de 
segregação genética. Assim, plantas obtidas por propagação assexuada apresentam 
maior uniformidade fenológica, bem como resposta idêntica aos fatores ambientais, o 
que permite uma definição mais fácil das práticas de manejo a serem executadas no 
futuro pomar; 
- Permitir a combinação de clones, especialmente quando a enxertia é utilizada; 
Como desvantagens da propagação assexuada, podem ser apontadas: 
-A possibilidade de transmissão de doenças, especialmente as causadas por 
vírus e fitoplasmas; 
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- A possibilidade de contaminação do material utilizado na propagação 
vegetativa (estacas, ramos e gemas) por vetores ou pelo uso de ferramentas; 
- O uso prolongado das mesmas plantas-matrizes aumenta o risco de 
propagação de doenças. 
- Os patógenos associados à propagação vegetativa incluem fungos 
(Phytophthora sp., Pythium sp., Rhizoctonia sp.), bactérias (Erwinia sp., Pseudomonas 
sp. e Agrobacterium tumefasciens), vírus e fitoplasmas. 
Ainda que a manutenção dos caracteres seja citada como uma vantagem, pode 
ocorrer, ao longo do tempo, uma mutação das gemas, podendo ser gerado um clone 
diferenciado e de menor qualidade que a planta-matriz. Entre plantas de um clone, 
podem ocorrer mudanças que resultam em degenerescência e variabilidade do mesmo. 
A exposição a um ambiente continuamente desfavorável pode conduzir à 
deterioração progressiva do clone, manifestada em perda gradual do vigor e da 
produtividade, ainda que o genótipo básico não se altere. A degenerescência do clone é 
causada, principalmente, por doenças de natureza virótica. O uso inadvertido das 
mesmas matrizes, sem que uma prévia indexagem tenha sido realizada, aumenta o risco 
de propagação de doenças e de degenerescência do done. 
Além disso, a replicação do DNA (ácido desoxirribonucléico), durante a 
divisão celular no meristema, pode resultar em alterações no genótipo e originar 
mutações. Na variabilidade de um clone, o efeito da mutação depende da taxa de 
mutação e da extensão que as células oriundas da célula mutante original ocupam dentro 
do meristema. Entretanto, como as células do meristema são relativamente estáveis e 
menos sujeitas a mutações, a significância das mutações, em boas condições 
fitossanitárias, é reduzida. 
A ausência de variabilidade gerada no clone pode levar a problemas na futura 
área de produção, aumentando o risco de danos em todas as plantas por problemas 
climáticos ou fitossanitários, uma vez que foram fixadas todas as características 
varietais e todas as plantas têm a mesma combinação genética. 
Geralmente, espécies frutíferas que se propagam, assexuadamente, são 
altamente heterozigotas e segregam amplamente, quando se reproduzem por via 
sexuada. Assim, a propagação assexuada é imprescindível em casos onde há interesse 
em se manter a identidade do genótipo, ou seja, obter-se um número infinito de plantas, 
com a mesma constituição genética, a partir de um único indivíduo. 
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A propagação assexuada é especialmente útil para manter a constituição 
genética de um clone
1
 ao longo das gerações. 
Um dos problemas sérios apresentados pela propagação vegetativa é o 
chamado envelhecimento dos clones, fenômeno causado pelo acúmulo de diversos tipos 
de vírus, responsáveis pela perda de vigor e da produtividade dos clones. 
Nesse caso, algumas das soluções que podem ser apontadas, são: o cultivo de 
meristemas, a termoterapia e podas drásticas na planta-matriz, a fim de estimular a 
produção contínua de brotações juvenis para propagações subsequentes, entre outros, 
bem como o uso associado desses métodos. 
Um meio de se preservar o clone e de se eliminar um vírus é proporcionado 
pelo cultivo de plântulas apomíticas, como tem sido usado em citrus, para obtenção de 
plântulas nucelares, que são a base de novas estirpes, livres de vírus, de variedades 
antigas que se encontram fortemente afetadas por viroses. 
Uma vez testados e aprovados, os clones podem ser mantidos em jardins 
clonais, que seriam a fonte de material vegetativo para uso subsequente, sem a 
necessidade de se coletar propágulos de indivíduos mais idosos e o consequente risco de 
transmissão de doenças. Esses jardins clonais devem ser mantidos em condições que 
impeçam a contaminação e que permitam esclarecer qualquer mudança em relação ao 
tipo original. 
Durante as diferentes fases do crescimento vegetativo de um clone, ocorrem 
milhares de divisões celulares. Quanto maior o período em que o clone é multiplicado, 
maior o risco de alterações genéticas. 
A propagação vegetativa dos indivíduos superiores, em grande escala, 
proporciona vantagens no manejo dos pomares, em função da uniformidade dos tratos 
culturais requeridos e da qualidade da matéria-prima produzida. 
Assim como na propagação assexuada, a escolha das matrizes é fundamental 
para o sucesso da propagação e para a qualidade da muda. As plantas-matrizes devem 
ser obtidas em órgãos oficiais de pesquisa (Embrapa, empresas estaduais de pesquisa, 
universidades, dentre outros) ou em empresas idôneas, e caso haja tecnologia adequada, 
no próprio Viveiro. Materiaisimportados devem ser submetidos a quarentena, atividade 
 
1 O clone é definido por Hartmann et ai. (1990) como "o material geneticamente uniforme derivado de um só 
indivíduo e que se propaga de modo exclusivo, por meios vegetativos como estacas, divisões ou enxertos". O clone 
também pode ser conceituado como "um grupo de organismos que descendem por mitoses de um antecessor 
comum". Como o fenótipo de um indivíduo é resultante da interação do genótipo com o ambiente, plantas de um 
mesmo clone podem ter diferentes aspectos, em função do clima, do solo e do manejo das plantas. 
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de responsabilidade do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e de órgãos 
de pesquisa a ele vinculados. 
Uma vez obtido, o material deve ser testado (caso isso não tenha sido feito 
previamente), para verificar se não está contaminado por pragas ou doenças, 
principalmente por viroses. A verificação da ocorrência de virose numa planta matriz 
pode ser por meio de três técnicas: 
- Indexação por inoculação mecânica sobre plantas herbáceas. 
- Indexação por enxertia em plantas indicadoras. 
- Indexação por meio de testes sorológicos, como o teste de Elisa (Enzyme 
Linked Immunoabsorbant Assay). 
A obtenção de material livre de doenças pode ser feita por termoterapia 
(tratamento com ar quente a uma temperatura de 35°C a 43°C por um tempo variável 
entre 7 a 32 dias, dependendo da virose). 
A cultura de meristemas in vitro é outra técnica de larga utilização, sendo que 
os meristemas podem ser extraídos de plantas submetidas à termoterapia. A 
microenxertia é também outra técnica bastante eficiente, na qual se utiliza um 
meristema como enxerto (ou cavaleiro) sobre uma plântula, sob condições in vitro. 
A propagação assexuada pode ser realizada por meio de diversos métodos, 
sendo os principais: 
- Estaquia e microestaquia. 
- Enxertia e microenxertia. 
- Uso de estruturas especializadas. 
- Mergulhia. 
 
b.1. Estaquia 
Segundo Fachinello (2000) estaquia é o termo utilizado para denominar o 
método de propagação, no qual ocorre a indução do enraizamento adventício em 
segmentos destacados da planta-mãe que, uma vez submetidos a condições favoráveis, 
originam uma muda. 
Baseia-se no princípio de que é possível regenerar uma planta, a partir de uma 
porção de ramo ou folha (regeneração de raízes), ou de uma porção de raiz (regeneração 
de ramos). Assim, a partir de um segmento, é possível formar-se uma nova planta. 
Geralmente, as aplicações da estaquia são: 
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- Multiplicação de variedades ou espécies com aptidão para emitir raízes 
adventícias. 
- Produção de porta-enxerto clonal. 
- Perpetuação de novas variedades oriundas de processos de melhoramento 
genético. 
 Tipos de estaca: 
As estacas podem ser obtidas a partir do caule, raiz, folhas e gemas das plantas, 
sendo que as estacas caulinares são subdivididas em herbáceas, semilenhosas e 
lenhosas, dentre os tipos de caule, o que possui maior capacidade de enraizamento é o 
herbáceo, e quanto mais herbácea e nova for a estaca maior será sua capacidade de 
enraizamento. (WENDLING, 2002) 
A escolha do tipo de estaca a ser usado varia de espécie para espécie e, às 
vezes, em função da época, e a partir das necessidades do produtor. 
Para que a estaquia seja feita com sucesso, é necessário que se observem 
alguns aspectos: 
- Obtenção do material propagativo: No momento da coleta das estacas, deve-
se selecionar como planta-matriz aquela que possui identidade conhecida, características 
peculiares da espécie ou da cultivar, além de apresentar ótimo estado fitossanitário, 
vigor moderado e não apresentar danos provocados por déficit hídrico, geadas ou outras 
intempéries. A planta-matriz deve estar numa condição nutricional equilibrada. 
A posição e o tipo de ramo, de onde serão obtidas as estacas, são variáveis 
conforme a espécie. Recomenda-se o uso de ramos de crescimento vigoroso. No caso de 
estacas lenhosas, pode ser utilizado o material descartado pela poda, para obtenção de 
material propagativo. 
- Época de coleta das estacas: A época do ano afeta o potencial de formação de 
raízes, especialmente em espécies de difícil enraizamento. Para cada espécie, são 
necessários testes para se verificar, empiricamente, qual a época mais adequada para a 
coleta das estacas. Essa época está mais relacionada com as condições fisiológicas da 
planta do que com um período fixo do ano. A princípio, desde que se disponha de 
estrutura com nebulização intermitente, a coleta de estacas pode ser feita em qualquer 
época. 
 Preparo e manejo das estacas: 
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Uma vez selecionados os ramos, é necessário que estes sejam levados a um 
galpão ou estrutura semelhante, onde as estacas serão preparadas. O preparo pode ser 
feito com tesoura de poda ou em se tratando de estacas lenhosas em grandes 
quantidades, com o uso de serras elétricas. 
Uma vez preparadas, as estacas devem ser mantidas em água até o momento de 
serem colocadas no substrato. 
 O comprimento e o diâmetro das estacas variam conforme a espécie e o tipo 
de estaca: as lenhosas podem ter comprimento variável de 20 a 30 cm e diâmetro que, 
geralmente, se situa entre 0,6 e 2,5 cm; já as semilenhosas apresentam comprimento de 
7,5 a 15 cm, e estacas herbáceas podem ser ainda menores. 
Após o preparo, é conveniente a separação das estacas em grupos, conforme o 
tamanho. Isso permite a obtenção de lotes homogêneos de plantas, o que facilitará a 
realização de operações posteriores. É ainda recomendável a identificação dos lotes de 
estacas por cultivar, para se evitar a mistura posterior no viveiro. 
Em estacas semilenhosas ou de consistência mais herbácea, a presença de 
folhas favorece o enraizamento, provavelmente devido à produção de co-fatores do 
enraizamento nas folhas. Da mesma forma, em estacas lenhosas, a presença de gemas 
aumenta o percentual de enraizamento em diversas espécies. 
Por sua vez, a presença de folhas nas estacas representa uma superfície 
transpiratória cuja taxa de perda de água é aumentada em condições de elevada 
temperatura, normalmente observada nas épocas de coleta de estacas menos 
lignificadas. Por isso, é necessário o uso de nebulização nas estacas com folhas. 
Geralmente, são mantidas apenas 2 ou 3 folhas na parte superior da estaca. 
Quando as folhas forem muito grandes, podem ser cortadas ao meio, para 
facilitar o manejo e reduzir a perda de água. 
O corte superior da estaca deve ser reto e feito logo acima de uma gema e o 
inferior, logo abaixo em forma de bisel (inclinado). Essa recomendação é mais viável de 
ser seguida, quando é feito o preparo individual das estacas. Quando se trabalha com 
estacas lenhosas, com corte em feixes de 50 ou 100 estacas, o posicionamento do corte 
pode não ser o mais adequado. 
É possível o armazenamento das estacas lenhosas durante o inverno e, em 
alguns casos, esse procedimento permite a formação de calo ou de iniciais de raízes. 
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Para tanto, podem ser utilizados leitos aquecidos ou o simples armazenamento em 
substrato umedecido. 
Deve-se evitar a desidratação das estacas armazenadas, bem como acompanhar 
a brotação das mesmas, pois, caso contrário, ocorrerá uma perda de água, com prejuízosao enraizamento. O tratamento com fitorreguladores pode ser feito ainda no 
armazenamento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Estaqueamento: 
O plantio das estacas pode ser feito em recipientes (sacos de plástico, vasos, 
baldes, caixas, entre outros), em estruturas de propagação ou diretamente no viveiro. O 
primeiro caso é aplicado para estacas com folhas (semilenhosas ou herbáceas), as quais 
necessitam de umidade constante sobre a folha. 
O plantio direto no viveiro pode ser adequado para estacas lenhosas, 
especialmente de espécies caducifólias, quando a manutenção da umidade propiciada 
pela chuva ou por irrigações esporádicas é suficiente. Essa prática, denominada 
enviveiramento, destina-se, principalmente, à propagação de plantas em larga escala e à 
 
Figura 4: Etapas da Estaquia em caule 
Fonte: Adaptado de de Ribeiro (2008) 
 
Figura 5: Etapas da Estaquia em folha 
Fonte: Adaptado de Ribeiro (2008) 
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multiplicação de espécies ou cultivares de fácil enraizamento. Nesse caso, devem ser 
utilizadas áreas de solos profundos, bem drenados e com viabilidade de uso da 
irrigação. 
A profundidade de plantio é variável conforme o tipo de estaca, sendo que, 
para estacas de ramos, é aconselhável que dois terços sejam enterrados no substrato. No 
que se refere a estacas de raiz, é importante a manutenção dessas em profundidade de 
2,5 a 5,0 cm, na posição horizontal, para manter sua correta polaridade. 
(FACHINELLO, 2000) 
Como prevenção ao aparecimento de doenças, é recomendável a imersão das 
estacas em solução fungicida. Para aumentar a sobrevivência das estacas, pode-se 
misturar o fungicida com o fitorregulador durante o processo de tratamento das mesmas. 
No momento do plantio, é importante garantir uma boa aderência do substrato 
à estaca, uma vez que grandes espaços porosos podem aumentar a desidratação desta. 
 Substrato: 
Por ser um dos fatores de maior influência, especialmente no caso de espécies 
de difícil enraizamento, deve ser dada atenção especial à escolha do substrato. Para cada 
espécie, é necessário verificar, empiricamente, qual o melhor substrato (ou combinação 
de substratos). Um bom substrato deve proporcionar retenção de água suficiente, para 
prevenir a dessecação da base da estaca e, quando saturado (especialmente no caso de 
nebulização intermitente), deve manter uma quantidade adequada de espaço poroso, 
para facilitar o fornecimento de oxigênio, indispensável para a iniciação e o 
desenvolvimento radicular, e para a prevenção do desenvolvimento de patógenos na 
estaca. 
Deve-se, ainda, optar por substratos que não sejam fontes de inóculo de 
organismos saprófitos. Além da vermiculita, da casca de arroz carbonizada, da areia, 
etc., outros substratos, como o musgo turfoso, o musgo esfagníneo e a água poderão ser 
utilizados. 
No caso de utilização da água, é necessário um bom sistema de oxigenação, 
para permitir que as raízes se desenvolvam. 
 
 
 
 
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b.2. Enxertia 
 
A enxertia é uma forma de propagação 
assexuada de vegetais superiores, na qual se 
colocam em contato duas porções de tecido 
vegetal, de tal forma que se unam e, 
posteriormente, se desenvolvam, originando uma 
nova planta (HARTMANN et al., 1990). 
Uma planta propagada por enxertia é 
composta, basicamente, de duas partes (Figura 6): 
o enxerto ou garfo e o porta-enxerto ou cavalo, 
ainda que eventualmente possa ser utilizada uma 
porção intermediária ao enxerto e ao 
portaenxerto, chamada de interenxerto, enxerto 
intermediário ou filtro. 
Para que se tenha sucesso com a propagação de plantas por meio da enxertia, é 
necessário que ocorra um bom contato da região cambial de ambas as partes enxertadas. A 
região cambial é formada por um tecido delgado da planta, situado entre a casca (floema) e 
a madeira (xilema) e composto por células meristemáticas capazes de dividirem-se e 
formarem novas células. 
Diversas espécies frutíferas são propagadas comercialmente por enxertia, como o 
pessegueiro, a ameixeira, a nectarineira, a macieira, a pereira, a videira, os citros em geral, a 
mangueira, o caquizeiro, entre outros 
 Vantagens: 
Dentre as diversas vantagens que a enxertia nos apresenta, podemos considerar 
as seguintes (JÚNIOR, 2009): 
- Redução do porte das plantas em geral, o que constitui considerável 
vantagem, notadamente em relação às árvores frutíferas de alto porte, de vez que, com 
isso, a colheita do produto torna-se mais fácil, assim como os tratos culturais relativos à 
poda e combate às pragas e moléstias, etc. 
- Maior produtividade, melhoria nas qualidades gustativas, em aspecto, etc. 
- Possibilidade de transformar plantas estéreis em produtivas, inoculando-lhes 
ramos ou gemas frutíferas. 
 Figura 6: planta propagada por 
enxertia 
Fonte: Adaptado de Fachinello, 2000) 
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- Cultivar certas plantas em solos que lhe são completamente impróprios, como 
o caso da cultura da pereira enxertada sobre marmeleiro- em terras úmidas, assim como 
a do marmeleiro sobre o pilriteiro em solos pedregosos. 
- Assegurar as características da planta matriz (a nova planta produzirá flores e 
frutos igual, ou melhor, como a que deu origem); 
- Assegurar a precocidade na frutificação (árvores frutíferas enxertadas 
produzem muito mais cedo do que aquelas cultivadas a partir de sementes, devido que a 
parte enxertada provém de um adulto que já está em sua fase reprodutiva); 
- Maior ganho genético no melhoramento de plantas perenes propagadas 
vegetativamente: toda a variância genética pode ser aproveitada, incluindo a aditiva, 
dominante e epistática. A partir da obtenção de um genótipo superior, geralmente 
heterozigótico, estas características favoráveis seriam transmitidas vegetativamente para 
as gerações posteriores, resultando em ganho de seleção anual (GSa) maior do que as 
propagadas por sementes, devido a herdabilidade (h2) maior e ao número de gerações 
de seleção necessárias. 
 União entre enxerto e porta-enxerto: 
Para uma perfeita união entre enxerto e porta-enxerto, é necessário que ocorra 
uma seqüência de eventos, na seguinte ordem: 
- Primeiro passo 
Quando se colocam em contato os tecidos cambiais do enxerto e porta enxerto, 
ambos com grande capacidade meristemática, ocorre multiplicação desordenada de 
células, irregularmente diferenciadas e agrupadas num tecido denominado calo. 
A temperatura e a umidade podem estimular a atividade celular dos tecidos 
envolvidos, sendo que o aumento da temperatura, até UIT' determinado limite, favorece 
a divisão celular. A umidade é essencial à divisão celular, uma vez que em células ou 
em tecidos desidratados não há divisão. Existem outros fatores que também influem na 
formação de calo, como o potencial genético, a idade dos tecidos, os patógenos, etc. 
- Segundo passo 
Com a multiplicação das células, ocorre um entrelaçamento das mesmas, 
formando um tecido de calo comum a ambas as partes. 
- Terceiro passo: 
Há uma diferenciação das células em novas células cambiais, promovendo uma 
união com o câmbio original do enxerto e porta enxerto. 
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- Quarto passo: 
O novo câmbio produz novos tecidos vasculares, que permitem o fluxo normal 
de água e de nutrientes. Com isso, está formada a união entre enxerto e portaenxerto. 
Deve-se ressaltar que, durante a cicatrização do ponto de enxertia, não há 
mistura de conteúdos celulares, pois as células produzidas mantêm suas características, 
sejam provenientes do enxerto ou porta enxerto. 
 
 Técnicas de enxertia 
Quanto ao método utilizado, existem três tipos de enxertia: enxertia de 
borbulhia, enxertia de garfagem e enxertia de encostia. As demais são variações desses 
tipos (chamadas formas). 
 
b.2.1. Borbulhia ou enxerto de gema: 
É o processo que consiste na justaposição de uma única gema sobre um porta 
enxerto enraizado. As borbulhas podem ser destacadas com um pouco de lenho, 
tornando-as mais resistentes e a extração mais simples. 
Recomenda-se que a enxertia por borbulhia seja realizada a uma altura de 5 a 
20 cm do nível do colo do cavalo, de acordo com a espécie, podendo ser realizada 
também em qualquer ponto da planta. Uma condição essencial para se efetuar a 
borbulhia é que o porta enxerto esteja desprendendo a casca. 
Normalmente, a borbulhia é realizada em plantas jovens ou em ramos mais 
finos de plantas maiores (de 0,5 a 2,5 cm de diâmetro, geralmente o diâmetro de um 
lápis). Existem diversas modalidades de enxertia por borbulhia, sendo a borbulhia em T 
normal e em T invertido as principais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 7: Esquema geral da enxertia por borbulhia 
Fonte: Jacomino, 2012 
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- Enxertia em T normal: 
Essa forma é bastante utilizada na propagação de espécies frutíferas 
principalmente cítricas e rosáceas. 
O porta-enxerto deve apresentar 
um diâmetro de 6 a 8 mm (diâmetro de 
um lápis, no qual, com o auxílio de um 
canivete, faz-se uma incisão na forma de 
T, ou seja, faz-se um corte vertical com 
aproximadamente 3 cm de comprimento e, 
na extremidade superior, um corte 
horizontal. O escudo ou gema é retirado, 
segurando-se o ramo em posição 
invertida. Prende-se o escudo lateralmente 
ou pelo pecíolo, levanta-se a casca com o 
dorso da lâmina e introduz-se a borbulha. 
Corta-se o excesso e amarra-se de cima 
para baixo. 
Os cortes devem ser feitos a uma altura de 5 a 25 cm do solo, cortando-se 
somente a casca que será desprendida do lenho. Uma altura de corte muito baixa poderá 
ocasionar a contaminação no local da enxertia, bem como gerar um futuro enraizamento 
da cultivar-copa. Por sua vez, uma grande altura de corte implica maior superfície de 
retirada de brotações do porta enxerto e maior risco de quebra no ponto de enxertia. 
 
- Enxertia em T invertido: 
A enxertia de T invertido é idêntica à forma anterior, diferindo dessa apenas 
quanto à forma de incisão no porta-enxerto. Nesse caso, o corte horizontal é feito na 
extremidade inferior do corte vertical, daí a denominação de T invertido. 
Esse tipo de inserção apresenta algumas vantagens com relação ao anterior. Por 
exemplo, confere maior resistência ao broto no primeiro estágio de crescimento e 
dificulta a entrada de água, tanto proveniente da chuva, quanto da exsudação de seiva. 
O excesso de água no ponto da enxertia causa apodrecimento da gema. A 
amarração deve ser feita de baixo para cima, para impedir que a gema seja empurrada 
para fora do corte e evitar a penetração de água. 
 
Figura 8: Esquema de borbulhia em T normal 
Fonte: Jacomino, 2012 
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b.2.2. Enxertia de garfagem 
É o processo que consiste em se soldar um pedaço de ramo destacado (enxerto 
ou garfo) sobre outro vegetal (porta-enxerto) de maneira a permitir a união dos tecidos e 
o seu desenvolvimento. O garfo difere da borbulha por possuir normalmente mais de 
uma gema. 
A época normal da garfagem para as plantas de folhas caducas se dá no período 
de repouso vegetativo (inverno) e nas folhas persistentes, dependendo da espécie, na 
primavera, verão e outono. 
Principalmente para espécies lenhosas, é recomendada a colocação de um saco 
plástico amarrado com barbante na base do porta enxerto, o que permite maior umidade 
relativa do ar e temperatura até o pegamento do enxerto. 
Os principais tipos de garfagem são os seguintes: meia-fenda cheia; meia-fenda 
esvaziada; fenda incrustada; fenda completa; dupla garfagem; inglês simples e inglês 
complicado. 
Em todos os tipos citados, o porta enxerto tem a sua parte superior decapitada. 
O enxerto de garfagem é feito 20 cm, aproximadamente, acima do nível do solo ou 
abaixo dele, na raiz, na região do coleto. A região do ramo podada com a tesoura é a 
seguir alisada com o canivete. Para o sucesso da enxertia, é essencial que a região 
cambial do garfo seja colocada em contato íntimo com a do cavalo. 
 
Figura 9: Esquema de Borbulhia em T invertido 
Fonte: Jacomino, 2012 
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- Fenda cheia 
Faz-se o cavalo numa fenda, no sentido do raio, 
até atingir a medula. A fenda estende-se por 2 a 3 cm, no 
sentido do comprimento do cavalo. O garfo é preparado na 
forma de bisel e introduzido na incisão. O bisel deve ter 
aproximadamente o mesmo comprimento da incisão 
lateral. 
- Fenda esvaziada 
A incisão do cavalo é semelhante ao anterior, dele 
diferindo por praticar duas incisões convergentes, de modo 
a retirar uma cunha de madeira, esvaziando a incisão. O 
garfo é preparado do mesmo modo que o anterior. É um 
tipo mais aconselhável para espécie de lenho duro. 
- Fenda inscrustada 
Difere da anterior por não atingir a medula. É utilizada quando os garfos são de 
pequeno diâmetro. O cavalo e o garfo são preparados à semelhança da meia-fenda 
esvaziada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
- Fenda completa 
Podado o cavalo, alisado o corte, faz-se com o canivete uma fenda 
perpendicular, no sentido do diâmetro, até aprofundar-se 2 a 3 cm. A fenda completa 
pode ser cheia ou esvaziada. O garfo, que deve ter o mesmo diâmetro do cavalo, é 
preparado na forma de cunha e introduzido na fenda. 
 
 
Figura 10: Fenda cheia 
Fonte: Jacomino, 2008 
 
FIGURA 11- Esquema da garfagem em fenda incrustada. 
Fonte: JACOMINO, 2008 
 
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- Dupla garfagem 
É utilizado quando o garfo é de diâmetro inferior ao raio do cavalo. Usam-se 
dois garfos, cada um introduzido em uma das extremidades. O método é igual ao da 
fenda completa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
- Inglês simples 
Para a prática desse tipo de enxerto, é necessário que o cavalo e o cavaleiro 
apresentem o mesmo diâmetro. A operação é bastante fácil e consiste tão somente no 
corte em bisel do cavalo e no cavaleiro. Unem-se as partes e em seguir amarram-se. 
- Inglês Complicado 
A operação é semelhante ao inglês simples, mas, neste tipo, faz-se uma incisão 
longitudinal em ambas as partes a unir. A incisão será feita no terço inferior do garfo, se 
a do cavalo for feita no terço superior, para que haja perfeito encaixe entre as fendas. 
O inglês complicado dá ao enxerto maior penetração de uma parte sobre a 
outra, e, portanto, maior fixação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A B 
FIGURA 12- (A) Garfagem em fenda completa. (B) Dupla garfagem. 
Fonte: JACOMINO, 2008 
 
A B 
FIGURA 13- (A) Garfagem em ingles simples (B) Garfagem em ingles complicado. 
Fonte: JACOMINO, 2008 
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b.2.3.Encostia 
Também chamada de enxertia de aproximação, consiste na união lateral de 
duas plantas com sistemas radiculares independentes, de modo que o enxerto e o porta 
enxerto sejam mantidos por seus sistemas radiculares até que a união esteja 
completamente formada. 
É o método mais simples de enxertia, porém é muito pouco utilizado 
comercialmente. 
Os principais tipos de encostia podem ser resumidos em lateral e no topo. 
Tanto lateralmente como no topo, a encostia pode ser simples ou inglesa e inarching. 
- Lateral simples e inglesa 
Pratica-se no cavalo e no ramo-
enxerto um entalhe, retirando-se parte do 
alburno. Aproximam-se as duas partes, 
ajustando as superfícies. Fixam-se as partes 
com amarrilhos, no caso da lateral simples. 
Na lateral inglesa, procede-se da 
mesma maneira, porém, sobre o entalhe do 
cavalo e do cavaleiro, faz-se uma incisão 
oblíqua. Abre-se o entalhe, unindo-se as 
partes. A seguir, amarra-se. 
 
- No topo 
Na encostia simples no topo, poda-se o cavalo 
a determinada altura e, com o canivete, faz-se um corte 
em bisel em ambos os lados. O ramo- enxerto sofre 
uma incisão oblíqua até o lenho. Encaixa-se sobre o 
bisel do cavalo e amarra-se. 
A inglesa é preparada do mesmo modo. 
Apenas recebe uma incisão a mais tanto no cavalo 
como no cavaleiro, para que haja maior fixação. 
 
 
 
 
FIGURA 14- Esquema da encostia lateral. 
Fonte: JACOMINO, 2008 
 
FIGURA 15- Esquema da encostia 
inglesa e da utilização de prendedores 
de auxílio. 
Fonte: JACOMINO, 2008 
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- Inarching 
Inarching ou subenxertia vem a ser um tipo de encostia para revigorar uma 
planta em decadência, devido à incompatibilidade entre cavalo e cavaleiro. 
O processo consiste em plantar, ao lado do tronco da árvore, uma muda que 
será ligada a ela. No tronco, faz-se uma incisão e, no ápice da muda, um bisel. Ajusta-se 
a região e fixa-se com um prego ou cravo de madeira. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
b.3. Mergulhia 
 
A mergulhia é um processo de multiplicação assexuada, em que a planta a ser 
originada só é destacada da planta-mãe após ter formado seu próprio sistema radicular. 
Essa técnica é recomendada para espécies com dificuldades de multiplicação 
por outros métodos clonais ou mesmo por sementes. 
Baseia-se no princípio de que, pelo sombreamento parcial ou total do ramo ou 
de outra parte da planta, são proporcionadas condições de umidade, aeração e ausência 
de luz, que favorecem a emissão de raízes (FACHINELLO, 2000). 
Algumas técnicas de condicionamento da planta, tais como o anelamento ou a 
dobra do ramo no local da mergulhia, provocam a redução da velocidade de transporte 
de carboidratos e fitorreguladores, aumentando as possibilidades de formação de raízes 
no local. 
A mergulhia é feita na primavera ou no fim do verão, ou seja, durante ou no 
final da estação de crescimento das plantas. Na propagação comercial de plantas 
frutíferas, a mergulhia é um processo bastante utilizado na obtenção de porta enxertos 
de macieira, pereira e marmeleiro, ainda que possa ser usada, também, em casos onde as 
 
FIGURA 16: Esquema da encostia Inarching ou subenxertia. 
Fonte: Adaptado de Jacomino, 2008 
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plantas apresentam dificuldade de formar raízes nas estacas, ou não possam ser 
propagadas por outros métodos. 
A mergulhia é um processo trabalhoso, que exige grande quantidade de mão de 
obra, tendo por isso um custo mais elevado do que os outros métodos de multiplicação 
vegetativa. Existem espécies, como a framboeseira e a amoreira, nas quais a mergulhia 
ocorre naturalmente, sendo, por isso, a principal forma de propagação. 
No processo de mergulhia (Figuras 5 a 9), a muda a ser formada só é separada 
da planta-mãe após ter formado um sistema radicular próprio. Existem diversas formas 
de propagar plantas por mergulhia, porém as mais utilizadas são a mergulhia contínua e 
a mergulhia de cepa, muito utilizada na cultura da macieira e pereira para obtenção de 
porta enxertos clonal. 
- Mergulhia simples normal 
Consiste em curvar-se um ramo, cobrindo uma parte com solo, deixando sua 
extremidade descoberta e em posição vertical. 
Para que o ramo não seja deslocado pela ação do vento ou de outros agentes, 
deve-se fixá-lo ao solo, pois o movimento do ramo poderá danificar as raízes, 
prejudicando o enraizamento. Assim que o ramo formar raízes suficientes para sua 
manutenção, deve- se desligá-lo da planta-mãe. 
- Mergulhia simples de ponta 
É semelhante à mergulhia simples normal, mas nesse caso, a ponta ou coberta 
com solo. Ocorre inversão de polaridade das gemas, que brotarão e formarão uma nova 
planta. Do mesmo modo que na anterior, após a formação do sistema radicular, deve-se 
separar a muda da planta-mãe. 
- Mergulhia contínua chinesa 
Consiste em curvar-se um ramo, cobrindo com solo a maior extensão possível do 
mesmo, de modo que apenas sua extremidade fique descoberta. 
Com a cobertura do ramo, as gemas dispostas em sua extensão permanecem 
sob o solo e emitirão brotações enraizadas. Teoricamente, poder-se-ia obter um numero 
e plantas igual ao numero e gemas enterradas, mas isso dificilmente ocorre devido à 
permanência de algumas gemas no estado de dormência. 
 
 
 
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- Mergulhia de cepa: 
Consiste no plantio de uma muda oriunda de semente ou de estaca e, antes do início da 
estação de crescimento, faz-se uma poda drástica, para favorecer a emissão de inúmeras 
brotaçães. 
Quando essas brotaçães atingirem 10 a 15 cm de altura, faz-se a primeira 
amontoa com terra ou outro substrato. A segunda amontoa é feita com 20 a 25 cm e a 
terceira, quando as brotaçães atingirem em torno de 40 cm. 
A amontoa deve ser feita na primavera, de modo que se forme um camalhão 
com 25 a 30 cm de altura, ao redor dos ramos, para possibilitar um bom 
desenvolvimento do sistema radicular nas brotaçães. Em muitos casos, deve-se fazer 
amontoas posteriores, para manutenção da altura desejada. 
A mergulhia de cepa é o principal método de propagação de porta enxertos de 
macieira e de pereira, e só devem ser utilizadas espécies capazes de emitir gemas 
adventícias ou dormentes, pois com a poda drástica, elimina-se toda a parte aérea da 
planta. 
A separação das brotações enraizadas é feita no inverno seguinte, devendo-se 
desmanchar o camalhão com cuidado, para não danificar o sistema radicular. O corte 
deve ser feito o mais próximo possível da planta mãe, que deve ser mantida descoberta 
para emissão de novas brotações e tão logo essas novas brotações atinjam 15 cm de 
comprimento, o processo é repetido. 
 
 
 
 
A B C 
Figura 17: (A) Mergulhia simples normal; (B) Mergulhia contínua chinesa; (C) Mergulhia chinesa serpenteada 
Fonte: Fachinello, 2000 
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b.4. Órgãos especializados 
Em fruticultura, a propagação das plantas por meio de estruturas especializadas é 
usada em algumas espécies, como, por exemplo, o morangueiro, a bananeira, o 
abacaxizeiro, a framboeseira e a amoreira-preta (FACHINELLO, 2000). 
Tipos de estruturas 
Embora existam vários tipos de estruturas especializadas que podem ser 
utilizadas na propagação de plantas, no caso das plantas frutíferas, as principais 
estruturas utilizadassão: estolões, rebentos e rizomas. 
- Estolões 
São caules aéreos especializados, mais ou menos horizontais, que surgem da 
axila das folhas, na base ou na coroa das plantas que enraízam e formam uma nova 
planta. 
Geralmente, primeiro ocorre a formação de uma pequena planta no segundo nó 
do estolão e só depois é que é formado o sistema radicular. 
A formação de estolões é geralmente determinada pelo fotoperíodo, sendo 
iniciada em dias com duração de 12 horas de luz solar ou mais, dependendo da 
sensibilidade da espécie ou cultivar. 
 
Figura 18 - Mergulhia de cepa (adaptado de WESTWOOD, 1982) 
Fonte: Adaptado de Fachinello, 2000 
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Um exemplo característico de planta que pode ser propagada por estolões é o 
morangueiro, no qual o número de mudas obtidas em cada planta-mãe é dependente da 
cultivar. 
- Rebentos 
São brotações que surgem a partir de raízes, do caule ou dos próprios frutos 
que, quando enraizados, podem ser utilizados na produção de novas plantas. A 
framboeseira, a amoreira-preta e o abacaxizeiro são facilmente propagados por rebentos. 
- Rizomas 
São caules modificados de crescimento normalmente subterrâneo, e que 
apresentam capacidade de armazenar reservas. 
As mudas do tipo rizoma são importantes para a propagação da bananeira e, a 
exemplo do abacaxizeiro, recebem denominações diferentes de acordo com o tamanho e 
a forma, o que tem proporcionado algumas confusões, pela adoção de diferentes 
critérios regionais na separação dos tipos. 
 
III. PRODUÇÃO DE MUDAS CERTIFICADAS (FACHINELLO, 2000) 
 
Para competir no atual mercado de frutas, é necessário produzir com qualidade 
e com preço competitivo, obtido com o aumento da produtividade dos pomares. Entre 
os fatores que afetam, negativamente, a qualidade das frutas e, principalmente, a 
produtividade dos pomares, destaca-se a infecção das plantas por vírus e assemelhados. 
Assim, a sustentabilidade do setor produtivo de frutas passa, obrigatoriamente, 
pela adoção de programas para produzirem mudas de qualidade. 
As principais regiões produtoras de frutas, no mundo, adotaram como 
estratégia principal, o uso de programas de certificação de mudas, associados a barreiras 
fitossanitárias que impedem a entrada, trânsito e comercialização de material infectado 
ou não-certificado. 
As principais vantagens da certificação de mudas são: melhorar a qualidade 
dos viveiros, trazer garantias ao produtor e consumidor e simplificar a vida dos 
viveiristas, já que a responsabilidade maior é da entidade certificadora. 
O processo de certificação de plantas teve início nos anos 40 do século 20, nos 
Estados Unidos, quando fitopatologistas formularam os princípios da certificação de 
plantas-matrizes. Em 1955, foi implantado o projeto oficial de mudas certificadas nos 
Estados Unidos e no Canadá. 
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Na Europa, o trabalho foi iniciado com a estação experimental East Malling, na 
Inglaterra, e hoje, esse sistema vigora em toda a União Européia, possibilitando que as 
mudas transitem de um país para outro, sem barreiras fitossanitárias. 
A produção de mudas certificadas passou a ser um excelente negócio em países 
como França, Itália, e Holanda, tradicionais produtores de frutas e exportadores de 
mudas para outros países, inclusive para o Brasil. 
A legislação brasileira não trata de certificação de mudas em â nacional nem do 
sistema de mudas fiscalizadas, conforme a Lei 6.5(19 de dezembro de 1997). No Brasil, 
os programas de certificação estaduais, como é o caso da certificação de mudas de 
citros, inicial 1998, no Estado de São Paulo e no Rio Grande do Sul, conforme a Pc 
302/98 da Secretaria da Agricultura do Rio Grande do Sul, que estas normas para a 
produção de mudas fiscalizadas e mudas certificada 
Para criação de um sistema de mudas certificadas, é necessário um esforço 
conjunto do setor público e privado, que ofereça, à sociedade, muda de alta qualidade, 
sem a necessidade de se recorrer à importação e a todos os riscos dela derivados. 
A decisão e a implementação de um Programa de Certificação de Mudas não 
dependem somente de leis e de decretos. Dependem, acima de tudo, de vontade política 
e dos esforços do setor público e privado para colocar em prática algo que já deveria ser 
uma realidade, pela importância da fruticultura brasileira. 
Um programa moderno de certificação de mudas deve permitir que os órgãos 
públicos e privados tenham condições de trabalhar em parcerias, dispondo de 
instrumentos capazes de garantir a qualidade do material propagativo, bem como 
estabelecer critérios de autocontrole em todas as etapas do processo de produção de 
mudas certificadas. 
Etapas da produção de mudas certificadas 
As mudas certificadas são aquelas produzidas de acordo com a legislação 
específica, sob controle de uma entidade certificadora, e que obedecem a padrões 
rígidos de qualidade em todas as fases de produção. 
A justificativa para a produção de mudas certificadas é que a propagação 
vegetativa de plantas faz com que as doenças causadas por vírus e outros patógenos, se 
disseminem, facilmente, por meio das mudas, quando as plantas-matrizes não são 
controladas, causando diminuição significativa da produção nos pomares. A maioria 
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dessas doenças não é visível a olho nu, e só aparece quando o pomar inicia a produção 
de frutos. 
A produção de mudas certificadas é baseada em normas e padrões específicos 
que orientam sobre a escolha do local do viveiro, uso de quebra-ventos, localização e 
manutenção de plantas em estufas, desinfestação do material, identificação, indexagem 
periódica, pedido de registro, inspeção, certificados de garantia, entre outros. 
No caso específico de plantas cítricas, a presença de vetares de doenças 
viróticas obriga que as plantas-matrizes - e todo o sistema de produção de mudas - 
estejam sob telados à prova de afídeos. O sistema deve prever as seguintes ações: 
Criação de um banco de plantas-matrizes básicas - É necessário que 
entidades de pesquisa mantenham bancos de plantas-matrizes básicas em telados à 
prova de afídeos e isolados do solo, identificadas geneticamente e devidamente 
indexadas, para as principais doenças de origem viral ou assemelhadas, 
disponibilizando-as para multiplicação. 
Controle fitossanitário - Na primeira fase, as plantas-matrizes básicas são 
submetidas a uma bateria de testes diagnósticos, com uso de plantas indicadoras ou 
testes laboratoriais, para verificar se existem ou não, doenças de natureza virótica, 
fitoplasmas ou bactérias. Se positivo, as plantas podem ser submetidas à termoterapia, 
seguida do cultivo in vitro e, novamente, submetidas aos controles fitossanitários e 
genéticos. 
Macro e micropropagação - Depois de assegurada sua sanidade e identidade 
genética, as plantas-matrizes básicas são multiplicadas por meio de métodos 
convencionais e in vitro, e passam a ser utilizadas na constituição dos campos de 
plantas-matrizes mantidos por órgãos oficiais ou credenciados. 
Controle genético/varietal- Nessa fase, é fundamental que se tenha um 
controle genético varietal, por meio da verificação da autenticidade das cultivares 
sanitariamente controladas, evitando-se variações genéticas degenerativas. Para isso, 
deve ser feita uma verificação feno-pomológica para cada planta individualmente, por 
genótipo presente nos campos de plantas-matrizes, verificando-se o método de obtenção 
(cruzamento, seleção clonal, transformação gênica

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