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Noções gerais: É pela contestação que o réu apresenta a sua defesa, não formula pedidos propriamente ditos, apenas resiste a pretensão formulada pelo autor na petição inicial, os pedido que são admitidos pelo réu na contestação são pedidos atípicos, como pedido de improcedência do pedido do autor, o requerimento de produção de provas, o pedido de assistência judiciária gratuita etc... Aqui o autor apenas resiste ás acusações. A contestação está para o réu no mesmo nível de importância que a petição inicial está para o autor, a petição inicial veicula o direito de ação, a contestação é a que se contrapõe a ela, o conteúdo da petição inicial elaborada pelo autor é a demanda, já a contestação feita pelo réu é onde ele apresenta toda sua defesa, além disso o réu tem o ônus de ter que se defender sob pena dos fatos alegados serem considerados verdadeiros, por isso, via de regra geral, toda a defesa deve estar concentrada na contestação. Ao apresentar a contestação, o réu formula a pretensão de ver o pedido inicial desacolhido, no todo ou em parte, apresentando argumentos e fundamentos que servirão para convencer o juiz. Daí que a pretensão contida na contestação é sempre declaratória negativa, de que o juiz declare que o autor não tem razão, desacolhendo o pedido. A contestação não serve para ampliar os limites objetivos da lide, que é aquilo que o juiz irá decidir na sentença. Nem para identificar a ação, pois o pedido e a causa de pedir já estão definidos na PI. Porém a contestação amplia a cognição do juiz, visto que, na sentença, ele terá que examinar não apenas os fundamentos da pretensão inicial, mas também os da defesa. A regra é que na contestação o réu não pode formular novos pedidos contra o autor, apenas pedir que suas pretensões sejam desacolhidas. Se o réu quiser apresentar pedidos de outra natureza, usará a reconvenção. Porém há ações, que são chamadas de dúplices, em que o réu pode utilizar a contestação para, além de se defender, formular pretensões em face do autor, sem que haja necessidade da reconvenção. Forma da contestação: No procedimento comum, a contestação é escrita e deve ser apresentada por quem tenha capacidade postulatória. Então, via de regra, a forma da contestação é a forma escrita. A capacidade postulatória geralmente pertence ao advogado ou ao ministério público, porém existem exceções, em que o jus postulandi é entregue à própria parte, como por exemplo no juizado especial (lei 9.099/99), onde a contestação pode ser feita verbalmente no procedimento sumaríssimo do juizado especial cível, o que vale também para o juizado especial federal (lei 10.259/2001) e para o juizado especial da fazenda pública (lei 12.153/2009). No procedimento dos juizados especiais a contestação pode ser feita dentro da própria audiência de instrução e julgamento e pode ser feita verbalmente, se ela for feita verbalmente ela será reduzida á termo, ou seja, ela será documentada na ata da audiência. Também no juizado especial a parte pode abrir mão da assistência por um advogado, no juizado cível e em causas de até 40 salários mínimos. Já no juizado especial federal e no juizado especial da fazenda pública, qualquer que seja o valor da causa, desde que se respeite o limite de alçada dos juizados especiais, que no juizado especial federal e da fazenda pública é de 60 salários mínimos também é possível que o réu ingresse sem a presença de um advogado no processo. Portanto, podemos observar que a forma obrigatória escrita se aplica no procedimento comum, porém nos juizados especiais, onde o procedimento é sumaríssimo, a forma pode ser escrita ou verbal e também assinada ou não por quem detém a capacidade postulatória (MP ou advogado) como citado nos casos anteriores, podendo assim ser assinada pela própria parte. Prazo para contestar: O prazo para a apresentação da contestação, via de regra geral é um prazo de 15 dias, como está previsto no caput do artigo 335: Art. 335. O réu poderá oferecer contestação, por petição, no prazo de 15 (quinze) dias, cujo termo inicial será a data: I - da audiência de conciliação ou de mediação, ou da última sessão de conciliação, quando qualquer parte não comparecer ou, comparecendo, não houver autocomposição; II - do protocolo do pedido de cancelamento da audiência de conciliação ou de mediação apresentado pelo réu, quando ocorrer a hipótese do art. 334, § 4º, inciso I ; III - prevista no art. 231 , de acordo com o modo como foi feita a citação, nos demais casos. § 1º No caso de litisconsórcio passivo, ocorrendo a hipótese do art. 334, § 6º , o termo inicial previsto no inciso II será, para cada um dos http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art231 réus, a data de apresentação de seu respectivo pedido de cancelamento da audiência. § 2º Quando ocorrer a hipótese do art. 334, § 4º, inciso II , havendo litisconsórcio passivo e o autor desistir da ação em relação a réu ainda não citado, o prazo para resposta correrá da data de intimação da decisão que homologar a desistência. Obs: Se o réu for o Ministério Público (art. 180 do CPC), ente público (art. 183 do CPC) ou representado por defensor público (art. 186 do CPC), a justificativa para esse fato é o excesso de trabalho que essas pessoas enfrentam, bem como litisconsortes com advogados diferentes (art. 229 do CPC, não se aplica à processos eletrônicos) o prazo para contestar é de 30 dias. A doutrina vem colocando que esse fator não viola o princípio da igualdade processual, visto que, pessoas diferentes estão sendo tratadas de maneiras diferentes, a partir da igualdade material. A partir de quando se inicia a contagem do prazo? Estão descritos nos incisos I, II e III do artigo 335. Sendo eles: • Da audiência de conciliação ou de mediação, ou da última sessão de conciliação, quando qualquer parte não comparecer ou, comparecendo, não houver autocomposição: No procedimento comum do novo CPC/2015, antes do réu oferecer contestação será designada uma audiência preliminar de mediação e conciliação, caso assim as partes desejem. Após a PI ser aceita pelo juiz, o réu será citado e no mesmo ato (se o autor consentiu ou se calou sobre a audiência de conciliação e mediação) será intimado a comparecer nessa audiência. Até 10 dias antes da audiência de conciliação ou mediação o réu pode protocolar uma petição nos autos do processo recusando-se a comparecer à esta audiência, porém se não o fizer, deverá comparecer à audiência. O não comparecimento injustificado, tanto pelo réu quanto pelo autor gerará uma multa, visto que se trata de um dever processual. Se comparecerem à audiência e não houver acordo, finda a audiência (pode ter mais de uma sessão), inicia- se o prazo para que o réu apresente a sua contestação. Se não comparecer alguma das partes injustificadamente a audiência também se inicia a contagem do prazo. A contagem sempre se inicia um dia após a sessão/não comparecimento à sessão e inclui o último dia. Importante lembrar que prazo processual não se inicia e nem termina em dia não útil, portanto se cair em um destes, se esperará o próximo dia útil. Resumindo: houve a audiência de mediação ou conciliação, ou as partes aceitaram-na e uma das partes não compareceu. • Do protocolo do pedido de cancelamento da audiência de conciliação ou de mediação, apresentado pelo réu, quando ocorrerá a hipótese do artigo 334, §4º, inciso I: Art. 334. Se a petição inicial preencher os requisitos essenciais e não for o caso de improcedência liminar do pedido, o juiz designará audiência de conciliação ou de mediação com antecedência mínima de 30 (trinta) dias, devendo ser citado o réu com pelo menos 20 (vinte) dias de antecedência. (...) § 4º A audiência não será realizada: I - se ambas as partes manifestarem, expressamente,desinteresse na composição consensual; Se o réu após ser intimado para a audiência de conciliação ou mediação, nos 10 dias que a antecedem, protocola uma petição junto aos autos do processo para que não seja realizada, o prazo começa a correr a partir daí, excluindo o dia do início e incluindo o dia do término. Resumindo: O autor aceitou, porém o réu peticionou pedindo o cancelamento da audiência de mediação e conciliação. • Prevista no art. 231, de acordo com o modo como foi feita a citação, nos demais casos: O art. 231 traz a regra geral de início da contagem de prazo, a depender da modalidade da citação: Art. 231. Salvo disposição em sentido diverso, considera-se dia do começo do prazo: I - a data de juntada aos autos do aviso de recebimento, quando a citação ou a intimação for pelo correio; II - a data de juntada aos autos do mandado cumprido, quando a citação ou a intimação for por oficial de justiça; III - a data de ocorrência da citação ou da intimação, quando ela se der por ato do escrivão ou do chefe de secretaria; IV - o dia útil seguinte ao fim da dilação assinada pelo juiz, quando a citação ou a intimação for por edital; V - o dia útil seguinte à consulta ao teor da citação ou da intimação ou ao término do prazo para que a consulta se dê, quando a citação ou a intimação for eletrônica; VI - a data de juntada do comunicado de que trata o art. 232 ou, não havendo esse, a data de juntada da carta aos autos de origem devidamente cumprida, quando a citação ou a intimação se realizar em cumprimento de carta; VII - a data de publicação, quando a intimação se der pelo Diário da Justiça impresso ou eletrônico; VIII - o dia da carga, quando a intimação se der por meio da retirada dos autos, em carga, do cartório ou da secretaria. § 1º Quando houver mais de um réu, o dia do começo do prazo para contestar corresponderá à última das datas a que se referem os incisos I a VI do caput. § 2º Havendo mais de um intimado, o prazo para cada um é contado individualmente. § 3º Quando o ato tiver de ser praticado diretamente pela parte ou por quem, de qualquer forma, participe do processo, sem a intermediação de representante judicial, o dia do começo do prazo para cumprimento da determinação judicial corresponderá à data em que se der a comunicação. § 4º Aplica-se o disposto no inciso II do caput à citação com hora certa. Se o autor expressa na PI que não tem interesse na audiência de mediação e conciliação, esta não ocorrerá, visto que o CPC respeita a autonomia da vontade das partes, portanto, após acolhida a PI o juiz ordenará a citação do réu e o prazo se iniciará nos termos do artigo acima, geralmente da juntada aos autos do documento pelo qual se deu a citação. Resumindo: O próprio autor se recusou a participar da audiência de mediação e conciliação, razão pela qual o prazo para o réu contestar começa a correr nos termos do art. 231. O §1º do supracitado artigo 335 trata do caso de litisconsórcio passivo, onde ocorrer a hipótese do art. 334, §6º, que diz: Art. 334. Se a petição inicial preencher os requisitos essenciais e não for o caso de improcedência liminar do pedido, o juiz designará audiência de conciliação ou de mediação com antecedência mínima de 30 (trinta) dias, devendo ser citado o réu com pelo menos 20 (vinte) dias de antecedência. (...) § 6º Havendo litisconsórcio, o desinteresse na realização da audiência deve ser manifestado por todos os litisconsortes. Nesse caso, o termo inicial da contagem do prazo previsto no inciso II do art. 335 será, para cada um dos réus, a data da apresentação de seu respectivo pedido de cancelamento de audiência, ou seja, para cada litisconsorte correrá um prazo diferente. Lembrando que se o litisconsórcio for passivo simples, os réus podem participar separadamente de audiências de mediação e conciliação, porém se for passivo unitário, todos devem comparecer na mesma audiência, visto que, a decisão terá de ser, obrigatoriamente a mesma para todos. O §2º do supracitado art. 335 fala sobre a hipótese do art. 334, §4º: Art. 334. Se a petição inicial preencher os requisitos essenciais e não for o caso de improcedência liminar do pedido, o juiz designará audiência de conciliação ou de mediação com antecedência mínima de 30 (trinta) dias, devendo ser citado o réu com pelo menos 20 (vinte) dias de antecedência. (...) § 4º A audiência não será realizada: I - Se ambas as partes manifestarem, expressamente, desinteresse na composição consensual; II - Quando não se admitir a autocomposição. Havendo litisconsórcio passivo e o autor desistir da ação em relação ao réu ainda não citado, o prazo para resposta correrá da data de intimação da decisão que homologar a desistência. Aqui são tratados os casos em que o direito litigado não admite a realização de audiência de mediação e conciliação, como por exemplo os direitos tutelados pela fazenda pública. Nesse caso, existe mais de um réu no polo passivo da demando e o autor resolve desistir da ação em relação a um destes réus, este réu que ainda não foi citado, portanto após protocolar essa desistência, o juiz a homologará por meio de decisão interlocutória, visto que o processo continuará em razão dos outros réus, portanto, para esses réus remanescentes, o prazo começará a fluir a partir da intimação a decisão que homologar a desistência. Requisitos: Os requisitos da contestação são semelhantes aos da petição inicial: • Nome e prenome das partes (qualificação não é necessária, se corretamente feita na inicial); • Endereçamento ao juízo da causa (o juízo para qual foi distribuída a petição inicial); • Documentos indispensáveis (a prova das suas alegações); • Requerimento de provas (que o réu pretende produzir, caso contrário esse direito preclui); • Dedução dos fatos e fundamentos jurídicos da defesa, ou seja, qual o objeto litigioso que será apreciado pelo juiz na prolação da sua sentença; Pedidos do réu: O réu pode formular pedidos bem peculiares em sua defesa, já que via de regra o réu não formula pretensão na contestação, tais como: A) A extinção do processo sem exame de mérito: Se o réu verificar a existência de vícios processuais, irregularidades, que impeçam o prosseguimento do feito ele pode em preliminar de mérito arguir esses vícios processuais e requerer a extinção do processo sem resolução de mérito, nos termos do art. 485 do CPC. B) A remessa dos autos ao juízo competente, ao juízo prevento: irá acontecer, por exemplo, quando o réu alegar uma incompetência absoluta, relativa, nesse caso ele irá requerer o envio ao juízo competente ou no caso de o réu alegar uma conexão, continência, o réu irá requerer o envio dos autos ao juízo prevento (aquele que primeiro conheceu a causa). C) Devolução do prazo de defesa: Irá ocorrer, regra geral, quando o réu vem aos autos alegando as nulidades ou a inexistência da citação, aí ele poderá pedir a devolução do prazo, para aí sim oferecer a contestação. D) A improcedência do pedido do autor: Ou seja, que não seja reconhecida a pretensão formulada pelo autor, que o seu pedido seja julgado improcedente. E) A condenação do autor ás verbas de sucumbência e litigância de má-fé: Verbas essas que são as custas processuais e os honorários advocatícios, e se for o caso, pedir a aplicação de uma pena por litigância de má fé, se verificar que o autor da ação está atuando fora dos limites da lealdade e da boa-fé processual nos termos do artigo 80 do CPC. Regra da eventualidade ou da concentração da defesa: Art. 336. Incumbe ao réu alegar, na contestação, toda a matéria de defesa, expondo as razões de fato e de direito com que impugna o pedido do autor e especificando as provas que pretende produzir. Por essa regra, toda matéria de defesa do réu deve ser apresentada na contestação,sob pena de preclusão, que é a perda da capacidade de praticar determinados atos pelo decurso do tempo (preclusão temporal), o réu também tem de pedir as provas que ele deseja produzir na peça de contestação. O réu pode cumular defesas, propriamente ou impropriamente: A) Cumulação própria de defesa: Quando o réu apresentar defesas contra vários pedidos, que foram apresentados também em cumulação própria. A cumulação própria de pedidos formulada pelo autor na inicial consiste no fato do autor formular dois ou mais pedidos, com a intenção de que todos sejam deferidos, então, o autor tem a expectativa de obter todos eles. A cumulação própria pode ser simples, quando o deferimento de um pedido independe do deferimento do outro, como por exemplo uma indenização por dano moral e uma por dano material, também pode ser sucessiva, que ocorre quando o segundo depender do deferimento do primeiro, como por exemplo, numa ação de investigação de paternidade, cominada com uma ação de alimentos. Nas hipóteses de cumulação própria de pedidos, também haverá cumulação própria de defesas, ou seja, o réu deverá fazer a sua defesa quanto á todos os pedidos formulados pelo autor na inicial. B) Cumulação imprópria/eventual de defesas: Quando o réu alega uma defesa para a hipótese de a outra, anteriormente formulada, não ser acolhida (ex: defesa processual e defesa de mérito). A defesa processual pode ser oferecida quando o réu verificar que a petição inicial oferecida pelo autor contém alguma irregularidade ou algum vício processual que seja capaz de causar a extinção do processo sem resolução de mérito ou capaz de dilatar o tempo da ação, via de regra geral, as defesas processuais são feitas antes da defesa do mérito, visto que se de fato ficar contatada que a defesa processual é procedente, o mérito nem chegará a ser analisado. Na hipótese da defesa processual não ser acolhida, o réu vem e formula sua defesa de mérito, rebatendo os fundamentos de fato e jurídicos trazidos pelo autor na petição inicial, negando os fatos e as consequências jurídicas, ou trazer fatos impeditivos, modificativos ou extintivos do direito do autor. Portanto nesse caso, diferentemente da cumulação própria, onde o réu vai rebater todos os fatos alegados pelo autor, aqui ele irá elaborar primeiro uma defesa, e se essa não for acolhida, elaborará outra. Exceções à regra da eventualidade: Art. 342. Depois da contestação, só é lícito ao réu deduzir novas alegações quando: I - relativas a direito ou a fato superveniente; II - competir ao juiz conhecer delas de ofício; III - por expressa autorização legal, puderem ser formuladas em qualquer tempo e grau de jurisdição. As matérias elencadas no supracitado artigo podem ser arguidas pelo réu após o prazo para contestação, ou seja, ainda que o réu não argua esses fatos na contestação, não há que se falar em preclusão. São elas: • Relativas a direito ou a fato superveniente: Aqui, o fato ocorreu ou o direito surgiu após o oferecimento da contestação, não podendo o réu fazer a sua defesa na peça de contestação, por uma questão temporal. • Competir ao juiz conhecer delas de ofício: Quando o juiz pode apreciar a matéria, sem que haja tido um requerimento das partes, portanto, não há empecilho para que o próprio réu requeira a apreciação dessa matéria mesmo após a contestação. • Por expressa autorização legal, puderem ser formuladas em qualquer tempo ou grau de jurisdição: Existem algumas matérias específicas que podem ser analisadas a qualquer tempo ou grau de jurisdição, como matérias de ordem pública, os pressupostos processuais. É diferente do item anterior visto que há matérias que podem ser conhecidas a qualquer tempo ou grau de jurisdição, por expressa determinação legal, porém não podem ser conhecidas de ofício pelo juiz como por exemplo a decadência convencional, que não pode ser reconhecida de ofício pelo juiz, porém a requerimento da parte ela pode ser arguida a qualquer tempo ou grau de jurisdição. Ônus da impugnação especificada: Art. 341. Incumbe também ao réu manifestar-se precisamente sobre as alegações de fato constantes da petição inicial, presumindo-se verdadeiras as não impugnadas, salvo se: I - não for admissível, a seu respeito, a confissão; II - a petição inicial não estiver acompanhada de instrumento que a lei considerar da substância do ato; III - estiverem em contradição com a defesa, considerada em seu conjunto. Parágrafo único. O ônus da impugnação especificada dos fatos não se aplica ao defensor público, ao advogado dativo e ao curador especial. A regra vem prevista no caput e as exceções nos seus incisos. Esse princípio diz que o réu tem que impugnar todos os fatos arguidos na petição inicial, sob pena dos fatos não impugnados serem considerados verdadeiros. A exceções vem previstas em seus incisos: • Não for admissível, a seu respeito, a confissão: Quando o réu não impugna um fato trazido pelo autor na petição inicial, esse fato será considerado verdadeiro, tendo assim uma confissão ficta (ou fictícia, presumida), visto que o réu não confessou diretamente, apenas não os negou. Porém, existem fatos pelos quais não se admite a confissão, portanto, portanto, não será considerado verdadeiro o fato não impugnado pelo réu se aquele for um fato pelo qual não se admite a confissão, como por exemplo, um processo de interdição e curatela, o réu não poderá abrir mão do seu direito personalíssimo, e poderá ser constatada a debilidade mental do réu. • A petição inicial não estiver acompanhada de instrumento que a lei considerar da substancia do ato: A própria lei determina que alguns fatos só se provam por meio de documentos ou instrumentos, como por exemplo, a certidão de nascimento para provar a situação de filiação, o registro imobiliário, numa ação de dissolução de condomínio. • Se os fatos estiverem em contradição com a defesa, considerada em conjunto: Não haverá necessidade de o réu impugnar todos os fatos, se aqueles fatos já impugnados, em seu conjunto, trouxerem uma incompatibilidade lógica com os fatos não impugnados. Por exemplo, numa ação de danos morais, o réu alega que esse ato ilícito não existiu, não haverá necessidade de ele provar que não há nexo de causalidade entre o ato ilícito e o dano, visto que ele já está negando a ocorrência do próprio ato ilícito ou dano. O parágrafo único do referido artigo traz as pessoas as quais o ônus da impugnação especificada não se aplica, que são elas: o defensor público, o advogado dativo e ao curador especial. Essas pessoas podem contestar pela chamada negativa geral, ou seja, poderá dizer que aqueles fatos não ocorreram de maneira geral, sem necessidade de impugnar cada um dos fatos. Á essas pessoas não se aplica a regra da impugnação especificada devido ao fato dessas pessoas não conhecerem o réu e os fatos pelos quais estão o defendendo. Ao defensor público essa regra só se aplica se este não tiver acesso ao réu, pois via de regra o defensor irá conhecer o réu e estudar seu caso, tendo conhecimento dos fatos alegados pelo autor na inicial. Defesas de admissibilidade (Processual): Também chamadas de preliminar de mérito, pois devem ser feitas antes da discussão deste. Podem ser dilatórias ou peremptórias: • Dilatória: Quando o réu argui na contestação algum vício processual que a princípio não é apto a gerar a extinção do processo sem resolução de mérito, trata-se de um vício sanável, que pode ser corrigido e a demanda prosseguirá. • Peremptória: São aqueles vícios processuais que uma vez arguidos vão gerar a extinção do processo sem resolução de mérito, portanto, a defesa peremptória é aquela que fulmina a pretensão do autor, que impede que a pretensão do autor seja exercida, ao menos naquele processo,o invalidando, como por exemplo a alegação de coisa julgada, que extinguirá o processo sem resolução de mérito, visto que aqui, a pretensão do autor já foi analisada em outro processo. A defesa pode ser em um primeiro momento dilatória e depois se transformar em peremptória, como por exemplo, se o réu arguir a incapacidade postulatória do autor, o juiz determinará que este corrija essa falha (dilatória), se o mesmo não o fizer, o processo será extinto sem resolução de mérito (peremptória). Crítica do professor Fredie Didier Jr: O artigo 337 do CPC obriga que o réu argua primeiro as defesas de admissibilidade, porém poderia haver o caso em que o réu preferisse que fosse julgada a improcedência do pedido do que a extinção do processo, porém isso não é possível com este artigo. E caso o pedido do autor fosse julgado procedente (que seria o risco corrido pelo réu) o réu teria direito a repropositura da ação. 1. Inexistência ou nulidade de citação: Art. 337. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar: I - inexistência ou nulidade da citação; Trata-se de defesa dilatória, pois o máximo que o réu vai conseguir com o acolhimento de sua alegação é a renovação do prazo para a apresentação da resposta. Nesse caso, o réu toma conhecimento do processo mesmo sem ter sido citado ou sendo citado invalidamente (por exemplo, nas ações de estado, a citação deve ser feita sempre por oficial de justiça, então, se o réu for citado nessa ação via correio, a citação se torna inválida) e apresenta sua contestação alegando esse problema, nesse caso, o juiz irá conceder novo prazo de citação para sanar esse vício. O a contestação sobre isso que o réu apresentar será válida, pois o próprio CPC prevê que o comparecimento espontâneo do réu supre a ausência ou invalidade da citação. Caso o réu venha ao processo apenas alegando a inexistência ou invalidade da citação e o juiz acolha, será renovado o prazo da citação e o réu terá novos 15 dias para contestar, agora, se o juiz não acolher o pedido, o réu terá perdido o prazo de citação e será considerado revel (art. 239, §2º), para isso o réu pode contestar alegando a inexistência ou inadmissibilidade da citação e juntamente na mesma peça formular sua defesa de mérito, formando assim uma cumulação imprópria/eventual de pedidos. 2. Incompetência do juízo: Art. 337. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar: (...) II - incompetência absoluta e relativa; A competência absoluta (matéria, pessoa e funcional) é imposta como garantia de interesses públicos, por isso é improrrogável, podendo ser alegada na preliminar de mérito e também em outros momentos do processo, e pode ser reconhecida de ofício pelo juiz, é um fato grave, que pode ser alvo de ação rescisória até dois anos após o transito em julgado do mérito. Já a incompetência relativa (valor da causa e territorial) visa resguardar apenas interesses particulares, é prorrogável, portanto, se o réu não a arguir em preliminar de mérito o direito preclui o juiz se torna competente para julgar o caso, ela também não pode ser reconhecida de ofício, tendo que se aguardar a arguição dela pelo próprio réu na contestação, se ele não o fizer, a competência se prorroga para o resto do processo. Art. 340. Havendo alegação de incompetência relativa ou absoluta, a contestação poderá ser protocolada no foro de domicílio do réu, fato que será imediatamente comunicado ao juiz da causa, preferencialmente por meio eletrônico. § 1º A contestação será submetida a livre distribuição ou, se o réu houver sido citado por meio de carta precatória, juntada aos autos dessa carta, seguindo-se a sua imediata remessa para o juízo da causa. § 2º Reconhecida a competência do foro indicado pelo réu, o juízo para o qual for distribuída a contestação ou a carta precatória será considerado prevento. § 3º Alegada a incompetência nos termos do caput , será suspensa a realização da audiência de conciliação ou de mediação, se tiver sido designada. § 4º Definida a competência, o juízo competente designará nova data para a audiência de conciliação ou de mediação. Segundo a regra desse artigo, é permitido ao réu que ele argua as incompetências, sejam absolutas ou relativas, no foro do seu domicílio, juntamente com toda a sua contestação, não se restringindo a fazer a defesa de admissibilidade relativa a competência. Esse fato deverá ser imediatamente comunicado ao juiz da causa, no juízo onde a causa foi distribuída, preferencialmente por meio eletrônico para que haja mais agilidade nessa comunicação. O objetivo desse instituto é facilitar o direito de defesa do réu, visto que, por exemplo, pode ocorrer de o autor, de má-fé, promover a ação em lugar muito distante, dificultando o direito de defesa do réu. O §1º explica que, caso o réu opte por oferecer a sua contestação no foro do seu domicílio, onde ele alegará a incompetência absoluta ou relativa e fará também sua defesa de mérito, a contestação ficará submetida à livre distribuição dentre os juízos competentes para aquele tipo de demanda. Se o réu foi citado por carta precatória, o juízo que cumpriu este se tornou prevento para também, conhecer da contestação do réu. O §2º reforça que o juízo para o qual foi distribuída a contestação do réu (no seu domicílio) ou o que foi distribuída e cumprida a carpa precatória, será considerado prevento. Esse juízo então, comunicará imediatamente o juízo originário da causa, caso o juiz da causa originária reconheça sua incompetência absoluta ou relativa, o processo será julgado nesse novo juízo, onde foi protocolada a contestação ou carta precatória. Os §§3º e 4º tratam do tema da audiência preliminar de mediação ou conciliação nesses casos, quando o réu ingressa em juízo no foro do seu domicílio alegando a incompetência absoluta ou relativa do juízo para julgar aquela causa essa audiência será adiada e então haverá a decisão do juízo da causa acerca da arguição da incompetência, se o juiz reconhecer sua incompetência, ele remeterá os autos ao juízo competente, onde será designada nova audiência de mediação ou conciliação. Portanto a audiência será em um primeiro momento adiada e depois remarcada perante o juízo competente. É uma defesa de admissibilidade dilatória, pois com ela o processo não será extinto sem resolução de mérito. 3. Incorreção do valor da causa: Art. 337. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar: (...) III - incorreção do valor da causa; A impugnação ao valor da causa pode se basear em dois fundamentos: A) O autor atribui valor a causa em desconformidade com o art. 292 do CPC, que estabelece critérios legais para a fixação do valor da causa: Toda causa deve ter á ela atribuído um valor, que é de suma importância para atos como fixação dos honorários advocatícios, multa por litigância de má-fé, dentre outros. O valor da causa será estimativo quando a causa não tiver valor econômico aferível, como por exemplo uma ação de investigação e reconhecimento de paternidade. Já o valor legal é o valor previsto em lei, já que em determinados casos a própria lei determina o valor a ser dado a causa, como no art. 292 do CPC, a lei do inquilinato, dentre outras legislações extravagantes... B) Nas hipóteses não regulamentadas pelo art. 292, cabe ao autor atribuir valor estimado a causa, nesse caso, caberá impugnação pelo réu se o valor não for razoável: Nesse caso, entram os valores de causa estimativos, portanto se o autor a ela atribuir um valor não compatível, que prejudique o cálculo das custas iniciais, dos honorários advocatícios, a escolha do procedimento etc.. Nesses casos pode o autor, em preliminar de mérito impugnar o valor atribuído a causa. Art. 293. O réu poderá impugnar, em preliminar da contestação, o valor atribuídoà causa pelo autor, sob pena de preclusão, e o juiz decidirá a respeito, impondo, se for o caso, a complementação das custas. A complementação das custas se dá por que na contestação, as custas iniciais já terão sido pagas pelo autor, portanto se o juiz acolher o pedido do réu, além de modificar o valor da causa, terá de ser pago o que faltou nas custas iniciais. A decisão do magistrado sobre a incorreção do valor da causa é impugnável apenas por ocasião da apelação ou das contrarrazões (art. 1009, §1º). Quando o juiz de 1ª instância proferir sentença, contra ela caberá o recurso de apelação, a parte que interpõe o recurso é chamada de apelante ou recorrente e a parte contrária é chamada de apelado ou recorrido, o apelante irá apresentar as suas razões recursais e o apelado se defende no recurso através das suas contrarrazões de apelação, então nesse momento a decisão interlocutória do juiz da primeira instância, que não é passível de agravo de instrumento (pois a incorreção do valor da causa não está elencada no art. 1015 que prevê as hipóteses de agravo de instrumento) será impugnada, se pelo apelante, nas razões de apelação, se pelo apelado, nas contrarrazões de apelação. É uma defesa de admissibilidade dilatória, pois com ela o processo não será extinto sem resolução de mérito. 4. Inépcia da petição inicial: Art. 337. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar: (...) IV - inépcia da petição inicial; A hipóteses em que a petição inicial é inepta estão previstas no §1º do art. 330: Art. 330. A petição inicial será indeferida quando: I - for inepta; (...) § 1º Considera-se inepta a petição inicial quando: I - lhe faltar pedido ou causa de pedir; II - o pedido for indeterminado, ressalvadas as hipóteses legais em que se permite o pedido genérico; III - da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão; IV - contiver pedidos incompatíveis entre si. Inicialmente, a função de aferir a inépcia da petição inicial é do juiz, porém algo pode passar despercebido e mesmo assim o juiz acolher a PI e ordenar a citação do réu. Nesse caso não se fala mais em indeferimento da PI, visto que o juiz já a acolheu, apenas em inépcia solicitando a extinção do processo sem resolução de mérito. É uma defesa de admissibilidade peremptória, pois fulmina a pretensão do autor, gerando a extinção do processo sem resolução de mérito 5. Preempção, litispendência e coisa julgada: Art. 337. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar: (...) V - perempção; VI - litispendência; VII - coisa julgada; O conceito de perempção está previsto no art. 486, §3º do CPC: Art. 486. O pronunciamento judicial que não resolve o mérito não obsta a que a parte proponha de novo a ação. (...) § 3º Se o autor der causa, por 3 (três) vezes, a sentença fundada em abandono da causa, não poderá propor nova ação contra o réu com o mesmo objeto, ficando-lhe ressalvada, entretanto, a possibilidade de alegar em defesa o seu direito. A perempção é uma sanção aplicada ao autor da ação pelo seu abuso do direito de ação. Isso se dá quando o autor abandona a causa, sem praticar os atos e diligências que lhe incumbir num prazo de 30 dias, o juiz verificando que o autor não movimentou o processo por 30 dias, irá ordenar a citação pessoal deste, dando prazo de cinco dias para que o autor dê prosseguimento ao feito cumprindo aquele ato ou diligência que lhe incumbia praticar, se o autor nada fizer, o juiz extinguirá o processo sem resolução de mérito. A ação que é extinta sem resolução de mérito pode ser proposta novamente, porém no caso do abandono da causa só poderá ser proposta por três vezes. Se o autor tentar propor a mesma ação pela quarta vez, ela deve ser inadmitida pelo juiz, mas como no caso anterior, isso pode passar aos olhos do juiz, que pode não saber que está diante de um caso de perempção, não vislumbrando que o autor já propôs aquela ação anteriormente por três vezes e que as mesmas se extinguiram por abandono da causa por parte do autor. Nesse caso, uma vez citado, cabe ao réu arguir a perempção na preliminar de mérito. É uma defesa de admissibilidade peremptória, pois fulmina a pretensão do autor, gerando a extinção do processo sem resolução de mérito A litispendência e coisa julgada vem descritas no próprio art. 337, §§1º, 2º, 3º e 4º: Art. 337 (...) § 1º Verifica-se a litispendência ou a coisa julgada quando se reproduz ação anteriormente ajuizada. § 2º Uma ação é idêntica a outra quando possui as mesmas partes, a mesma causa de pedir e o mesmo pedido. § 3º Há litispendência quando se repete ação que está em curso. § 4º Há coisa julgada quando se repete ação que já foi decidida por decisão transitada em julgado. Duas ações são idênticas quanto possuírem as mesmas: partes, pedidos e causa de pedir. Quando há duas ações idênticas tramitando ao mesmo tempo temos a chamada litispendência, nesse caso, a segunda ação que foi proposta deverá ser extinta sem resolução de mérito, se o juiz não verificar a litispendência de plano, cabe ao réu uma vez citado, em preliminar de mérito na contestação alegar a litispendência, dizendo que aquela ação é idêntica a uma ação anteriormente proposta que também está tramitando em juízo e que, portanto, aquela ação deve ser extinta sem resolução de mérito. A coisa julgada ocorre quando é reproduzida uma ação idêntica à outra ação anteriormente ajuizada, sendo que a ação anteriormente ajuizada já tem sentença transitada em julgado, portanto o réu na sua contestação deve alegar que já houve uma ação idêntica à aquela e que já foi proferida uma sentença que inclusive já transitou em julgado. Ambas são defesas de admissibilidade peremptórias, pois fulminam a pretensão do autor, gerando a extinção do processo sem resolução de mérito. 6. Conexão e continência: Art. 337. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar: (...) VIII - conexão; O art. 55 do CPC traz o conceito de conexão: Art. 55. Reputam-se conexas 2 (duas) ou mais ações quando lhes for comum o pedido ou a causa de pedir. § 1º Os processos de ações conexas serão reunidos para decisão conjunta, salvo se um deles já houver sido sentenciado. (...) Regra geral, a consequência da conexão é a reunião dos processos na mão do juízo prevento para evitar decisões contraditórias, salvo se uma das decisões já teve sua sentença proferida (não necessariamente trânsito em julgado, pode estar aguardando recurso), nem sempre a conexão resultará na reunião dos processos, visto que para ela ocorrer é necessário apenas que dois ou mais processos tenham o mesmo pedido e causa de pedir, a reunião é apenas uma consequência. Já a continência vem descrita no art. 56 do CPC: Art. 56. Dá-se a continência entre 2 (duas) ou mais ações quando houver identidade quanto às partes e à causa de pedir, mas o pedido de uma, por ser mais amplo, abrange o das demais. A continência é uma espécie da conexão, ela existe quando em duas ou mais ações houverem as mesmas partes, a mesma causa de pedir, mas o pedido de uma é mais amplo e abrange as demais. Art. 57. Quando houver continência e a ação continente tiver sido proposta anteriormente, no processo relativo à ação contida será proferida sentença sem resolução de mérito, caso contrário, as ações serão necessariamente reunidas. Cabe ao réu em preliminar de mérito, na contestação, arguir a existência da conexão ou continência, regra geral, se o réu as argui na contestação, as ações serão reunidas na mão do juízo prevento, sendo assim defesas preliminares dilatórias, visto que não fulminam a pretensão do autor, a extinguindo sem resolução de mérito, apenas ampliando o procedimento. Porém, no art. 57 temos a possibilidade de ser uma defesa de admissibilidadeperemptória, dizendo que se a ação continente (a mais ampla, que abrange todos os pedidos) tiver sido proposta antes da ação contida (a que tem menos pedidos e que se encaixam na ação continente) deverá ser proferida sentença na ação contida sem resolução de mérito, ao invés de serem reunidas, já que tudo que está sendo pedido na ação contida, também está sendo pleiteado na ação continente, então não há necessidade da ação contida prosseguir. Do contrário, se a ação contida tiver sido proposta antes da ação continente, não há como se aplicar essa regra, as ações serão reunidas para evitar decisões contraditórias, não é possível extinguir sem resolução de mérito a ação continente que foi proposta depois, pois nela está incluído o pedido que não foi abrangido pela ação contida. O art. 58 complementa a norma: Art. 58. A reunião das ações propostas em separado far-se-á no juízo prevento, onde serão decididas simultaneamente. As duas razões reunidas no juízo prevento serão resolvidas simultaneamente, ou seja, deve ser proferida uma única sentença na qual se decide ambas as ações conexas, ou a ação continente e a contida. Quem é o juízo prevento? Isso é esclarecido no art. 59 do CPC: Art. 59. O registro ou a distribuição da petição inicial torna prevento o juízo. O juízo prevento é aquele que julgará as ações conexas que forem reunidas, e será aquele onde a primeira ação foi distribuída, observando a data da distribuição das ações. 7. Incapacidade da parte, defeito de representação ou falta de autorização: Art. 337. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar: (...) IX - incapacidade da parte, defeito de representação ou falta de autorização; Esses são todos defeitos ligados à capacidade processual, que é conferida ás pessoas maiores e capazes de praticar em nome próprio os atos processuais, independentemente de estar assistido (relativamente incapazes) ou representado (absolutamente incapazes). • Incapacidade da parte: Se o autor da ação não possuir capacidade processual e não estiver devidamente assistido ou representado, e na falta de representante legal não tiver sido nomeado um curador especial para representar seus interesses, cabe ao réu, em preliminar de mérito na contestação arguir a incapacidade processual do autor. • Defeito de representação: Caso em que a pessoa que vem representando o autor não é propriamente o seu representante legal, seu tutor, curador ou a pessoa que, nos termos da lei, tem a função de representar o incapaz. • Falta de autorização: Em determinadas hipóteses exige-se a autorização para que o autor possa litigar, como por exemplo no art. 73 do CPC, que diz que para o autor poder litigar em uma ação fundada em direitos reais sobre bens imóveis e esse autor for casado, é necessária a autorização do outro cônjuge, salvo se for casado em regime de separação absoluta de bens, essa obrigação também é estendida ao companheiros que vivem em regime de união estável que não seja em regime de separação absoluta de bens, falamos aqui da outorga uxória (quando o marido é autor da ação e necessita da autorização da esposa) e a outorga marital (quando a esposa é autora da ação e necessita da autorização do marido). Sem a devida autorização, o cônjuge não obtém capacidade processual plena para litigar sobre direitos reais sobre imóveis. Porém caso o marido ou a esposa se recusem a conferir a outorga uxória ou marital o juiz pode suprir sua falta. Então, caso o autor não junte aos autos a respectiva autorização do cônjuge ou o juiz não conceda a autorização, caberá ao réu argui-la em preliminar de mérito. 8. Alegação de convenção de arbitragem: Art. 337. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar: (...) X - convenção de arbitragem; (...) § 5º Excetuadas a convenção de arbitragem e a incompetência relativa, o juiz conhecerá de ofício das matérias enumeradas neste artigo. § 6º A ausência de alegação da existência de convenção de arbitragem, na forma prevista neste Capítulo, implica aceitação da jurisdição estatal e renúncia ao juízo arbitral. A convenção arbitral é gênero, de qual são espécies: compromisso arbitral e a cláusula compromissária. • Cláusula compromissária: É estabelecida através de um contrato, antes mesmo do conflito ocorrer, no momento em que as partes vão celebrar o contrato, negócio jurídico, elas estabelecem em uma das cláusulas deste que quaisquer conflitos referentes a aquele negócio/contrato serão submetidos a um tribunal arbitral. • Compromisso arbitral: Pressupõe que o conflito já tenha sido estabelecido, então surge o conflito e diante deste as partes firmam um compromisso arbitral, ou seja, determinam que aquele conflito não será submetido ao poder judiciário, mas sim à um tribunal arbitral, à decisão de um árbitro. Ambos as espécies podem ser alvo de alegação do réu em preliminar de mérito. Esses casos não podem ser conhecidos de ofício pelo magistrado, por isso devem ser alegados pelo réu na contestação, como prevê o §5º do art. 337, supracitado. É uma defesa peremptória, pois o réu pede que o processo seja extinto sem resolução de mérito e o conflito seja enviado a um tribunal arbitral. O §6º diz que o momento oportuno para que o réu alegue a existência de uma convenção de arbitragem é na contestação, se este não o fizer nesse momento se pressupõe que o réu aceitou a jurisdição estatal e renunciou o uso da jurisdição estatal. Essa é a justificativa para a matéria não poder ser conhecida de ofício, visto que o próprio réu pode renunciar tacitamente a convenção de arbitragem e se utilizar da jurisdição estatal. 9. Ausência de legitimidade ou de interesse processual: Art. 337. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar: (...) XI - ausência de legitimidade ou de interesse processual; • Legitimidade ad causa: Nesse inciso, estaríamos falando da legitimidade extraordinária, onde o autor atua em sua pessoa, porém em defesa dos direitos de outrem. Visto que para discutir a legitimidade ordinária, onde o autor atua em causa própria teria de se adentrar no mérito do processo, o que não é feito nas preliminares de mérito. Art. 338. Alegando o réu, na contestação, ser parte ilegítima ou não ser o responsável pelo prejuízo invocado, o juiz facultará ao autor, em 15 (quinze) dias, a alteração da petição inicial para substituição do réu. Parágrafo único. Realizada a substituição, o autor reembolsará as despesas e pagará os honorários ao procurador do réu excluído, que serão fixados entre três e cinco por cento do valor da causa ou, sendo este irrisório, nos termos do art. 85, § 8º. O réu em sua contestação, irá alegar a ilegitimidade passiva, ou seja, ele vai alegar que ele, réu, não é legitimado para estar no polo passivo da demanda, caso o réu alegar isso o juiz irá intimar o autor e, o autor, em um prazo de 15 dias, alterar sua petição inicial e substituir o réu, excluindo o originário e incluindo um novo réu na demanda. O autor não terá a obrigação de substituir o réu, apenas poderá fazê-lo, diante da intimação do juiz, que dará ao autor essa oportunidade. Caso a substituição do réu seja realizada, o autor ficará responsável por reembolsar ao réu que foi citado equivocadamente as despesas e também pagar os honorários sucumbenciais do procurador que representou o réu, que serão fixados entre 3% á 5% do valor da causa, e caso esse seja irrisório, seguirá os termos do art. 85, §8º, que estabelece os critérios para a fixação destes. Art. 339. Quando alegar sua ilegitimidade, incumbe ao réu indicar o sujeito passivo da relação jurídica discutida sempre que tiver conhecimento, sob pena de arcar com as despesas processuais e de indenizar o autor pelos prejuízos decorrentes da faltade indicação. Se o réu alegar a sua ilegitimidade passiva, dizendo que ele não é o titular da obrigação correspondente, não é o responsável pelos prejuízos invocados pelo autor, ele tem o dever, então, de indicar quem é o verdadeiro réu, quem deveria ser o sujeito passivo daquela relação jurídica que está sendo discutida, caso o direito pleiteado pelo autor seja reconhecido pelo juiz ao final. Então, cabe ao réu originário, se souber, indicar aos autos quem é o novo réu que deve assumir sua posição no polo passivo da demanda. Se o réu tiver conhecimento de que é o verdadeiro réu e ficar inerte em relação a isso, sofrerá também consequências processuais, ficando responsável pelo pagamento das despesas processuais, que originalmente seriam arcadas pelo autor e também se torna responsável pelo pagamento de uma indenização ao autor pelos prejuízos que ele causou ao não indicar quem é o verdadeiro réu. Importante ressaltar novamente que este dispositivo só se aplica se o réu originário tiver conhecimento de quem é o verdadeiro réu, se ele não souber, basta que alegue a sua ilegitimidade passiva nos termos do art. 338. Segue o art. 339: § 1º O autor, ao aceitar a indicação, procederá, no prazo de 15 (quinze) dias, à alteração da petição inicial para a substituição do réu, observando-se, ainda, o parágrafo único do art. 338. § 2º No prazo de 15 (quinze) dias, o autor pode optar por alterar a petição inicial para incluir, como litisconsorte passivo, o sujeito indicado pelo réu. Caso o autor concorde com o réu, ele terá um prazo de 15 dias para alterar a petição inicial e substituir o réu original pelo novo réu que foi indicado, nos termos do parágrafo único do art. 338. O §2º traz uma outra possibilidade, que diz que o autor ao concordar com o réu não precisa necessariamente excluí-lo do polo passivo, pode decidir apenas por trazer o novo réu para o polo passivo da demanda, mas permanecer com o réu originário nela também, nesse caso teremos um litisconsórcio passivo ulterior (pois surgiu no curso da demanda). Já se o réu desiste da ação em face do réu originário e segue com ela em face do novo réu, estamos diante de uma situação peculiar, pois haverá de certa forma uma desistência da ação e via de regra geral, depois que o réu é citado, o autor precisa da autorização dele para desistir da ação, visto que o réu também tem o direito de ver a causa julgada, porém, nesse caso, não há nenhuma necessidade de se buscar a anuência do réu, caso o autor o substitua, visto que o próprio réu veio alegando a sua ilegalidade passiva e pedindo sua exclusão do processo. • Interesse processual: Para que haja interesse processual, três requisitos devem ser preenchidos: necessidade, adequação e utilidade. A necessidade surge do fato de que o autor não conseguiria o resultado que ele almeja se não fosse através da propositura da ação, visto que extrajudicialmente não logrou êxito. A adequação está relacionada à escolha do procedimento, não basta que a demanda seja necessária, é preciso que se valha do procedimento adequado para buscar o fim almejado. A utilidade é basicamente uma consequência da necessidade e da adequação, visto que a demanda será útil ao autor se lhe for necessária e se este utilizar o procedimento adequado. 10. Falta de caução ou de outra prestação que a lei exige como preliminar: Art. 337. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar: (...) XII - falta de caução ou de outra prestação que a lei exige como preliminar; Exemplos: não pagamento de honorários advocatícios em processo extinto sem resolução de mérito, quando o autor intente a mesma ação (art. 486, §2º), não realização do depósito obrigatório na ação rescisória, para evitar lides temerárias, descabida (art. 968, II) etc... 11. Indevida concessão do benefício da gratuidade concedido ao autor: Art. 336. Incumbe ao réu alegar, na contestação, toda a matéria de defesa, expondo as razões de fato e de direito com que impugna o pedido do autor e especificando as provas que pretende produzir. Art. 337. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar: (...) XIII - indevida concessão do benefício de gratuidade de justiça. Caso o autor tenha pedido a assistência judiciária gratuita na petição inicial e o juiz tenha lhe concedido, porém o réu conhece a situação financeira do autor e verifica que na verdade o autor possui condições financeiras de custear as despesas processuais sem sacrifício do seu próprio sustento ou do sustento de sua família, então o réu, na contestação poderá arguir a revogação desse benefício por meio de preliminar de mérito, dizendo que o autor não faz jus a ele. Se a gratuidade da justiça foi concedida após petição inicial (pois pode ser requerida a qualquer tempo do processo), o pedido de revogação será formulado por petição simples, no prazo de 15 dias, nos termos do art. 100, caput, abaixo: Art. 100. Deferido o pedido, a parte contrária poderá oferecer impugnação na contestação, na réplica, nas contrarrazões de recurso ou, nos casos de pedido superveniente ou formulado por terceiro, por meio de petição simples, a ser apresentada no prazo de 15 (quinze) dias, nos autos do próprio processo, sem suspensão de seu curso. A parte que atravessar petição nos autos do processo requerendo a revogação da assistência judiciária gratuita terá que produzir provas de que de fato a parte possui condições financeiras para custear o processo e apesar disso ingressou em juízo requerendo a assistência judiciária gratuita. É uma defesa dilatória, visto que não fulmina a pretensão do autor. Defesa substancial ou de mérito: Depois de arguir eventuais preliminares, o réu apresentará, na mesma peça, a sua defesa de fundo, que poderá ser de dois tipos: direta ou indireta. • Direta: É aquela defesa que nega os fatos que o autor descreve na inicial, ou nos efeitos que dele pretende retirar. • Indireta: É aquela em que o réu, embora não negando os fatos da inicial, apresenta outros que modifiquem, extingam ou impeçam os efeitos postulados pelo autor. Por exemplo: em uma ação de indenização por acidente de trânsito, haverá defesa direta se o réu negar que houve acidente ou negar que ele ocorreu da forma descrita na petição inicial, já haverá defesa indireta se o réu reconhecer que houve o fato na forma narrada, mas alegar que já pagou, que houve prescrição da pretensão indenizatória, ou que as partes já transigiram sobre a questão. A alegação de prescrição ou decadência constitui defesa substancial indireta, cujo o exame deve preceder os demais fatos substanciais, pois, se acolhida, implicará a extinção do processo com resolução de mérito, sem necessidade de apreciação das demais alegações. Por isso, há parte da doutrina que as encaixe nas preliminares de mérito. Aditamento e indeferimento da contestação: • Aditamento da contestação: É a possibilidade de acrescentar alguma matéria de defesa a contestação, devido à regra da eventualidade e da concentração da defesa esse aditamento não é possível, como prevê o art. 336 do CPC: Art. 336. Incumbe ao réu alegar, na contestação, toda a matéria de defesa, expondo as razões de fato e de direito com que impugna o pedido do autor e especificando as provas que pretende produzir. Portanto, via de regra, toda matéria de defesa deve ser incluída pelo réu na contestação sob a pena de preclusão, ou seja, sob pena de não poder fazê-lo posteriormente. Entretanto, a contestação poderá ser aditada nas hipóteses que excecionam a regra da eventualidade, estas que estão previstas no art. 342: Art. 342. Depois da contestação, só é lícito ao réu deduzir novas alegações quando: I - relativas a direito ou a fato superveniente; II - competir ao juiz conhecer delas de ofício; III - por expressaautorização legal, puderem ser formuladas em qualquer tempo e grau de jurisdição. - Relativos a direito ou a fato superveniente: Se o fato surgiu após o prazo para constar, é evidente que o réu não teria meios de discutir esse fato ou direito quando da sua contestação, já que naquele momento ele sequer existiam. - Matérias que podem ser conhecidas de ofício pelo juiz: Existem matérias de ordem pública, que tem por objetivo a garantia de interesses públicos, e que, portanto, podem ser conhecidas de ofício pelo juiz, independente de requerimento das partes. - Matérias que possam ser conhecidas em qualquer tempo ou grau de jurisdição: A grande maioria das matérias de ordem pública podem ser reconhecidas a qualquer tempo ou grau de jurisdição, não está junto ao caso anterior visto que existem matérias que podem se encaixar nesse caso, porém não podem ser conhecidas de ofício pelo juiz. Então, é possível o aditamento da contestação? Sim, é possível, mas somente se disser respeito ás matérias que excepcionam a regra da eventualidade, que são encontradas no art. 342. • Indeferimento da contestação: Pode ser indeferida, se for intempestiva ou se, por exemplo, não ficar comprovada a regularidade da representação processual da parte (ex: ausência de documentos que comprovem a aptidão do sócio para atuar em nome da sociedade). A contestação intempestiva é aquela que é apresentada fora do prazo, que via de regra geral é de 15 dias, porém há casos especiais onde esse prazo se transforma em 30 dias, como já visto anteriormente. O representante processual é aquele que defende interesse alheio em nome alheio, participando do processo para suprir a ausência de capacidade processual, tendo que ser comprovado por meios de documentos se aquele é o legítimo representante para a causa. Nos casos de pessoas jurídicas, geralmente, no contrato social há a designação de algum ou alguns sócios específicos para atuarem em nome da pessoa jurídica, ativa ou passivamente, judicial ou extrajudicialmente, portanto, por exemplo, quem teria que conferir procuração ao advogado da pessoa jurídica seria esse sócio. Regra geral, se houver indeferimento da contestação ela deverá ser desentranhada, ou seja, retirada dos autos do processo, para que não influencie num futuro julgamento de mérito pelo juiz. A contestação intempestiva não será desentranhada se contiver defesas que podem ser alegadas após o prazo para resposta (os previstos no art. 342). Embora a peça de defesa possa ser desentranhada, os documentos que a acompanham permanecerão nos autos, pois o réu revel tem o direito a produção de provas. Súmula 231 do STF: O revel, em processo cível, pode produzir provas, desde que compareça em tempo oportuno. Resumo Características Peça de defesa por excelência, deve veicular toda a defesa do réu. É a peça que se contrapõe a petição inicial, servindo para que o réu resista à pretensão do autor. Pelo princípio da eventualidade, todas as defesas, ainda que não compatíveis entre si, devem figurar na contestação. Prazo No procedimento comum, a contestação deve ser apresentada no prazo de quinze dias. Se o réu for ministério público, Fazenda Pública, Defensoria Pública ou litisconsortes com advogados de escritórios distintos, não sendo o processo digital, o prazo será em dobro. Conteúdo Deve conter as defesas processuais (preliminares, que em regra, poderiam ser conhecidas de ofício, exceto incompetência relativa e compromisso arbitral). E também as defesas substanciais ou de mérito, que se classificam em diretas e indiretas. As diretas são aquelas que negam os fatos em que se baseia o pedido do autor, e as indiretas, aquelas que, conquanto não negando os fatos, apresentam outros impeditivos, extintivos ou modificativos do direito do autor. PRELIMINARES (CPC, 337) São questões que devem ser apreciadas pelo juiz antes de passar ao exame do mérito. São as defesas de cunho processual, que podem ser de duas espécies: a) as de acolhimento que implique a extinção do processo: • inépcia da petição inicial • perempção • litispendência • coisa julgada • convenção de arbitragem • carência da ação b) as de acolhimento que resulte apenas em sua dilação: • inexistência ou nulidade de citação (que não implicará a extinção do processo, mas a necessidade de fazer ou renovar a citação) • incompetência absoluta e a relativa • conexão • incorreção do valor da causa • incapacidade da parte • defeito de representação ou a falta de autorização (que só causarão a extinção do processo se não regularizadas no prazo fixado pelo juiz) • indevida concessão do benefício da gratuidade da justiça As preliminares devem ser conhecidas pelo juiz de ofício. Por isso, não precluem, ainda que não alegadas na contestação. Exceção: incompetência relativa e compromisso arbitral. Alegada qualquer das preliminares do art. 337 em contestação, o autor será ouvido em réplica, no prazo de 15 dias. Questões pertinentes: • Caso o réu alegue na contestação ser parte ilegítima ou não ser o responsável pelo prejuízo invocado, o juiz facultará ao autor, em 15 (quinze) dias, a alteração da petição inicial para substituição do réu. Trata-se, portanto, de uma forma de modificação dos elementos da demanda mesmo após a citação do réu e sem que seja necessário o seu consentimento específico, sendo esta uma exceção ao regime de estabilização progressiva delimitado pelo art. 329 do CPC. • Situação fática: O Ministério Público, pelo Promotor de Justiça com atribuição, ajuizou uma demanda cível em face de uma empresa particular e do Estado do Rio de Janeiro, em litisconsórcio passivo. Sabendo-se que os autos são eletrônicos e que cada réu tem o seu próprio procurador, é correto afirmar que o prazo da empresa particular para oferecer eventual contestação será de: 15 dias úteis, uma vez que os autos são eletrônicos e o prazo é processual. • Na contestação, é lícito ao réu propor reconvenção para manifestar pretensão própria (e NÃO de terceiro), conexa com a ação principal ou com o fundamento da defesa. • A indevida concessão do benefício de gratuidade de justiça deverá ser alegada antes do mérito. •O juiz não poderá conhecer de ofício a existência de convenção de arbitragem entre as partes litigantes, mas poderá corrigir de ofício o valor da causa. Já o réu, de acordo com o CPC/2015, alegará a existência de convenção de arbitragem e impugnará o valor da causa em preliminar de contestação, sob pena de preclusão. • Nos termos do Código de Processo Civil, se verificada a incompetência relativa do juízo para julgar a demanda após o recebimento da inicial, o réu deve: Alegar a incompetência em preliminar de contestação. • Quando o réu alegar sua ilegitimidade, incumbe ao réu indicar o sujeito passivo da relação jurídica discutida sempre que tiver conhecimento. • Situação fática: Manoel oferece no quinto dia contestação em uma ação de cobrança contra ele proposta. Posteriormente, ainda dentro dos quinze dias para defesa, apresenta petição complementando suas razões, com argumentos outros que havia esquecido de exteriorizar. Essa conduta não é possível, tendo ocorrido preclusão consumativa. • Havendo alegação de incompetência absoluta ou relativa, a contestação poderá ser protocolada no foro de domicílio do réu. • O termo inicial do prazo para apresentação da contestação será a data do protocolo do pedido de cancelamento da audiência de conciliação ou de mediação apresentado pelo réu, quando ambas as partes manifestarem desinteresse na composição consensual. • Incumbe ao réu alegar, na contestação, toda a matéria de defesa, expondo as razões de fato e de direito com que impugna o pedido do autor e especificando as provas que pretende produzir.• Havendo alegação de incompetência relativa ou absoluta, a contestação poderá ser protocolada no foro de domicílio do autor, fato que será comunicado ao juiz da causa, em 15 (quinze) dias, preferencialmente por meio eletrônico. • Não enseja preclusão temporal o fato de o réu deixar de alegar a litispendência ou a coisa julgada em preliminar de contestação. • A compensação pode ser alegada em contestação como matéria de defesa, independentemente da propositura de reconvenção. • Pode reconvir sem contestar, mas se contestar e reconvir tem que fazer os dois ao mesmo tempo, sob pena de preclusão. • Situação fática: Humberto comparece à unidade da Defensoria Pública da cidade onde reside, no interior do Estado, informando que recebeu citação de uma demanda em que se discutem direitos reais sobre bens móveis, proposta na capital do mesmo Estado, sendo intimado no mesmo ato do prazo para a apresentação de resposta. Humberto discorda do pedido do autor e deseja apresentar defesa. Diante desta situação, o Defensor lotado no interior do Estado deverá: elaborar a peça defensiva de contestação, com a alegação de incompetência do juízo em preliminar de contestação, hipótese em que poderá protocolar a contestação no foro de domicílio do réu. • Depois da contestação, só é lícito ao réu deduzir novas alegações quando: relativas a direito ou a fato superveniente, competir ao juiz conhecer delas de ofício, por expressa autorização legal, puderem ser formuladas em qualquer tempo e grau de jurisdição. • O termo inicial para apresentação da contestação será o da data da última sessão de conciliação, com ou sem comparecimento das partes. • Fixada contratualmente a eleição de foro, como modificação da competência territorial, incumbe ao réu alegar a abusividade da referida cláusula na contestação, sob pena de preclusão. • Em obediência ao princípio da eventualidade, incumbe ao réu alegar, na contestação, toda a matéria de defesa, expondo as razões de fato e de direito com que impugna o pedido do autor e especificando as provas que pretende produzir. • Quando alegar sua ilegitimidade, incumbe ao réu indicar o sujeito passivo da relação jurídica discutida sempre que tiver conhecimento, sob pena de arcar com as despesas processuais e de indenizar o autor pelos prejuízos decorrentes da falta de indicação. • Alegando o réu, na contestação, ser parte ilegítima ou não ser o responsável pelo prejuízo invocado, o juiz facultará ao autor, em quinze dias, a alteração da petição inicial para substituição do réu. • Citado regularmente, o réu ofereceu contestação no quinto dia do prazo de que dispunha para tanto. Mas, depois de protocolizada a sua peça de bloqueio, lembrou-se ele de outra tese defensiva que lhe seria aproveitável, não suscitada em sua contestação e tampouco sendo cognoscível ex officio pelo juiz. Assim, optou o demandado por ofertar nova contestação, o que fez no décimo segundo dia após o da juntada do mandado de citação. Nesse cenário, deve o juiz: deixar de receber a segunda contestação, em razão da preclusão consumativa. • A audiência de mediação e conciliação não será realizada: se ambas as partes manifestarem, expressamente, desinteresse na composição consensual, quando não se admitir a autocomposição. • Sobre a data correta sobre o termo inicial do prazo para contestação nos casos em que a citação seja realizada por ato do escrivão ou do chefe de secretaria: A data de ocorrência da citação. • Na área cível, o princípio da eventualidade impõe ao réu o dever de formular, em sua contestação, todas as defesas que tiver, sob pena de não poder fazê-lo em outro momento processual. • Não se presumem verdadeiros os fatos não impugnados que estiverem em contradição com a defesa, considerada em seu conjunto. • Havendo alegação de incompetência relativa ou absoluta, a contestação poderá ser protocolada no foro de domicílio do réu, com imediata comunicação ao juiz da causa, preferencialmente, por meio eletrônico.
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