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QUESTIONÁRIO COM GABARITO - TEXTO 06

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1 QUESTIONÁRIO – TEXTO COMPLEMENTAR 06 
QUESTIONÁRIO COM GABARITO – TEXTO COMPLEMENTAR 06 
 
1) A língua portuguesa é idioma oficial de quais países? 
R. Brasil, Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Timor 
Leste, Portugal, Macau. 
2) Em todos esses países, a língua portuguesa é língua materna da população? 
R. Não. Na maioria dos países em que é língua oficial, o português é a língua materna de 
uma reduzida parcela da população, exceto o Brasil (99% da população têm o português 
como língua materna) e Portugal. Em Angola e Moçambique, a maioria da população tem 
como língua materna uma entre as dezenas de línguas bantas faladas nesses países. Em 
Cabo Verde e São Tomé e Príncipe, a maioria da população fala uma língua crioula de 
base lexical portuguesa. Na Guiné-Bissau, um crioulo português serve como língua veicular 
entre os falantes de cerca de vinte línguas nativas. Já em Timor Leste, a língua veicular é o 
tétum, entre as dezesseis línguas locais. E a maioria da população de Macau é falante 
nativa do cantonês. 
3) A ampla e profunda implantação da língua portuguesa no Brasil deve-se a algumas 
das características essenciais de seu processo de colonização. Quais são elas? 
R. O extermínio da população autóctone e a colonização massiva pelos portugueses desde o 
século XVI até o século XIX. Os africanos trazidos como escravos foram forçados a 
abandonar as suas línguas nativas e a adotar o português como língua de comunicação. 
4) Qual é a variedade da língua portuguesa falada pelos brasileiros? 
R. É o português brasileiro. 
5) Com a expansão colonial portuguesa, houve um contato linguístico massivo, 
formando as línguas crioulas. Elas ainda existem? 
R. As línguas crioulas foram originadas a partir do estabelecimento de entrepostos 
comerciais no sul da Ásia e na Oceania. Muitas línguas crioulas se encontram hoje extintas 
ou em risco de extinção. Subsistem hoje os crioulos que se formaram em um contexto de 
plantation ou quilombo em Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e Guiné Bissau. 
6) O que o sociolinguista Gregory Guy afirmou sobre a crioulização do português no 
Brasil? 
R. Ele afirmou que há ausência de qualquer registro histórico conclusivo de processos de 
crioulização da língua portuguesa ocorridos no Brasil. 
 
2 QUESTIONÁRIO – TEXTO COMPLEMENTAR 06 
7) No texto, Dante Lucchesi afirma que o português brasileiro é a variedade que mais 
se diferencia do português europeu. Cite dois exemplos de frases com algumas 
diferenças. 
R. 
1) Português brasileiro (uso do sujeito pronominal). 
Ex.: Eles não gostaram das condições de trabalho, aí eles foram embora. 
 Você tem muitos bares na orla marítima de Salvador. 
2) Português europeu (uso de pronomes sujeitos não referenciais) 
Ex.: Não gostaram das condições de trabalho, então foram embora. 
 Há muitos bares na orla marítima de Salvador. 
8) No nível dos padrões coletivos de comportamento linguístico, como a língua se 
divide? 
R. Ela se divide entre uma “norma culta”, constituída pelos usos de uma minoria de 
privilegiados, e uma “norma popular”, constituída pela fala da grande maioria da 
população, com pouca ou nenhuma escolaridade. 
9) Cite um exemplo de principal marcador das fronteiras sociolinguísticas do Brasil, no 
nível da morfossintaxe. 
R. No nível da morfossintaxe, na norma popular, nem sempre há o emprego das regras de 
concordância nominal e verbal. Ex.: Meus fios trabaia na roça. – Português padrão: Meus 
filhos trabalham na roça. 
10) Atualmente o Brasil é um país monolíngue (98% da sua população têm apenas o 
português como língua materna). Porém, isso esconde um passado marcado pelo 
multilinguismo. Explique. 
R. Quando os portugueses iniciaram efetivamente a colonização do território brasileiro, em 
1532, cerca de 1000 línguas dos troncos tupi-guarani e macro-jê eram faladas por mais de 
um milhão de índios. Hoje cerca de 300 mil indivíduos falam 180 línguas, em sua grande 
maioria em vias de extinção e com poucas dezenas de falantes idosos. 
11) Por que a vida média de um escravo na lavoura era de sete anos? 
R. Porque os africanos eram submetidos a condições de trabalho extremas. Além disso, 
eram misturados entre indivíduos de diferentes povos, as famílias eram desarticuladas, 
hábitos e costumes eram desfeitos para que toda identidade linguística e cultural fosse 
suprimida. Também deveriam ser suprimidos o uso das línguas nativas e as práticas festivas 
e religiosas. Eles eram brutalmente violentados. Isso tudo explica que nenhuma língua 
 
3 QUESTIONÁRIO – TEXTO COMPLEMENTAR 06 
africana conseguiu subsistir no Brasil, em face da violência perpetrada no processo de 
escravidão. 
12) Que efeitos do contato linguístico sobre o português foram identificados por Silva 
Neto? 
R. Ele identificou a variação da concordância nominal e verbal e o fenômeno do ieísmo. 
Além disso, chegou a formular o conceito de ‘semicrioulo’ para definir precisamente como 
o contato entre línguas afetou o português no Brasil. 
13) Conceitue o termo ‘crioulística’. 
R. É o ramo da Linguística que focaliza as situações radicais de contato entre línguas. 
14) Como Lucchesi define o conceito de Transmissão Linguística Irregular? 
R. O conceito de Transmissão Linguística Irregular busca dar conta das situações de 
contato massivo entre línguas, para além daquelas situações mais radicais em que surge 
uma língua nova (um pidgin ou crioulo) que é distinta em sua estrutura gramatical de todas 
as outras que concorreram para sua formação, não obstante o seu léxico seja 
majoritariamente proveniente de apenas uma dessas línguas e alguns mecanismos de sua 
gramática possam ter sido transferidos da gramática de outras. 
15) Como e quando se formou a maioria das línguas pidgins e crioulas? 
R. A maioria das línguas pidgins e crioulas se formou com a expansão colonial europeia e 
com o sequestro de populações africanas para trabalharem como escravos no continente 
americano, entre os séculos XVI e XIX. 
16) O que é o pré-pidgin? 
R. A língua do grupo dominante é imposta aos grupos dominados, mas sua aquisição é 
defectiva, em razão de os indivíduos em sua maioria já serem adultos. E por ser imposta, 
esses indivíduos criam também certa resistência em não alcançarem uma proficiência 
plena. Dessa forma, o pré-pidgin pode ser considerado como o restrito código de 
comunicação que se estabelece entre dominantes e dominados, no geral, formado por um 
reduzido elenco de palavras da língua do grupo dominante sem qualquer estrutura 
gramatical regular. 
17) Quais são os dois processos de formação de uma variedade linguística em uma 
situação de contato massivo e radical? 
R.A erosão da estrutura gramatical da língua adquirida pelos grupos dominados (a língua 
alvo), e, por outro, a reestruturação gramatical dessa variedade linguística defectiva, na 
medida em que a situação de contato se sedimenta, ocorrendo a sua socialização e 
nativização entre os grupos dominados (o substrato). 
 
4 QUESTIONÁRIO – TEXTO COMPLEMENTAR 06 
18) Após a aquisição defectiva da língua alvo pelos falantes adultos de outras línguas, o 
jargão passa por um processo de recomposição da estrutura gramatical, resultando na 
formação da gramática original da língua crioula ou língua pidgin plenamente 
expandida. Destaque as características mais gerais e exemplos desses elementos que são 
reconstituídos. 
R. 
1) O sistema de tempo, modo e aspecto do verbo por meio de partículas pré-verbais que 
resultam da gramaticalização de verbos auxiliares ou advérbios da língua lexificadora. 
Ex.: n’fla  forma básica do crioulo português de Cabo Verde  eu falei 
2) Os verbos são gramaticalizados e passam a funcionar como preposições que 
desaparecem no processo de erosão gramatical. 
Ex.: Complá sapé da um = Comprar chapéu dá eu. (Comprar chapéu para mim)  Crioulo 
português de São Tomé e Príncipe. O verbo ‘dar’ pode ser empregado comopreposição. 
3) Os verbos discendi são gramaticalizados para desempenhar a função de 
complementizador. 
Ex.: M sab tak a true. (tak = do inglês “talk” – “falar”) (Eu sei que é verdade) – Crioulo 
inglês do Suriname. 
19) Destaque os mecanismos que mais frequentemente se perdem na formação das 
línguas pidgins e crioulas. 
R. 
1) Os morfemas de pessoa e número do verbo: as línguas crioulas empregam uma única 
forma verbal inflexionável para todas as pessoas do discurso (tal forma deriva ou da forma 
verbal do infinitivo da língua lexificadora ou da 3ª. pessoa do singular). 
Ex.: n’sebê  eu sei 
 bo sebê  você sabe 
 e sebê  ele / ela sabe 
 nõ sebê  nós sabemos 
 nãsse sebê  vocês sabem 
 inem sebê  eles sabem 
2) A concordância nominal de gênero e número: as línguas crioulas normalmente não 
exibem os mecanismos morfossintáticos da concordância de gênero e de número do 
sintagma nominal. 
Ex.: I tene um fiju fêmya bonitu. (= tem um filho fêmea bonito) – Crioulo português de 
Guiné Bissau (Tem uma filha bonita). 
 
5 QUESTIONÁRIO – TEXTO COMPLEMENTAR 06 
20) Cite três exemplos que podemos encontrar nas situações de plantation e nas 
comunidades quilombolas para que ocorra a crioulização ou a pidginização. 
R. 1) A retirada de populações de seu contexto cultural e linguístico de origem, como 
ocorreu com o tráfico negreiro; 2) a concentração de um grande contingente linguístico 
heterogêneo sob o domínio de um grupo dominante numericamente muito inferior; 3) a 
segregação da comunidade que se forma na situação de contato. 
21) O aumento do acesso aos modelos gramaticais da língua alvo inibe os potenciais 
processos de pidginização e crioulização? Por quê? 
R. Sim. Porque as variantes gramaticais da língua do grupo dominante acabam por 
prevalecer sobre as estruturas das línguas do substrato que eventualmente poderiam estar 
sendo transferidas para a variedade linguística em formação na situação de contato, 
inibindo a pidginização. Além disso, com a maior assimilação dos mecanismos gramaticais 
da língua alvo entre os indivíduos dos grupos dominados, os seus descendentes passam a ter 
menos lacunas nos dados linguísticos primários para a aquisição da língua materna, 
suspendendo um potencial processo de crioulização. 
22) Por que se pode dizer que o contato entre línguas desempenhou papel importante 
na formação da realidade linguística brasileira? 
R. Porque quase 2/3 da população brasileira eram constituídos de afro e índio-
descendentes, mais de 80% da população viviam no campo e aproximadamente 90% da 
população não tinham qualquer instrução escolar. Apesar disso, essas condições não foram 
suficientes para dar ensejo a uma ampla crioulização do português. 
23) Quais são os fatores que inibiram a pidginização/crioulização do português no 
Brasil? 
R. 1) A proporção média de falantes do grupo dominante de 30% da população do Brasil, 
entre os séculos XVI e XIX, ser bem superior à das situações típicas de crioulização com, no 
máximo, 10% de falantes do grupo dominante; 2) a utilização de línguas francas africanas 
em senzalas e sociedades de mineração; e 3) o elevado grau de mestiçagem. 
24) O que caracteriza as variedades do português brasileiro? 
R. É a difusão de mudanças induzidas pelo contato entre línguas, constituída 
majoritariamente por afro e índio-descendentes. Nesse sentido, o conceito de Transmissão 
Linguística Irregular de tipo leve é o que melhor dá conta do tipo de mudança que 
caracteriza as variedades linguísticas. 
 
6 QUESTIONÁRIO – TEXTO COMPLEMENTAR 06 
25) A variação no uso das regras de concordância nominal e verbal nas variedades 
rurais e populares do português brasileiro constitui o reflexo do processo de 
Transmissão Linguística Irregular de tipo leve? Por quê? 
R. Sim. Porque o português no Brasil foi afetado em função de sua aquisição imperfeita por 
milhões de escravos africanos e índios. 
26) Cite características e exemplos das falas de falantes de comunidades rurais 
brasileiras que teriam sido afetadas pelo processo de Transmissão Linguística 
Irregular. 
R. a) Variação na concordância verbal com a 1ª. pessoa do singular. Ex.: Eu trabalha na 
roça; 2) Variação na concordância de gênero no interior do sintagma nominal. Ex.: Às vez, 
‘duece um pessoa, num tem um ambulança; e 3) Construção de objeto duplo. Ex.: Eu dei os 
menino o remédio.