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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ FACULDADE DE VETERINÁRIA – FAVET DISCIPLINA: TOXICOLOGIA VETERINÁRIA PLANTAS TÓXICAS Dieffenbachia picta (Comigo ninguém pode) Esta planta é presente em todo o Brasil, podendo crescer tanto na terra quanto na água. Costuma ser cultivada em domicilio, o que torna relativamente comuns intoxicações acidentais de cães e gatos, em virtude do acesso facilitado à planta. Toda a planta é tóxica, e a exposição pode ocorrer de forma ocular, dermal ou oral. A toxicidade ocular causa severa dor, inchaço, fotofobia, lacrimejamento, e lesão da córnea. A exposição dermal causa sintomas que variam desde dermatites moderadas até severas queimaduras e erupções com bolhas. A ingestão por via oral de qualquer parte dessa planta pode causar dor imediata, edema da língua, salivação, úlcera, vômitos, diarreia, e disfagia. O Princípio tóxico é a Ráfides de oxalato de cálcio em formato de agulhas nas suas folhas e hastes. Acomete cães, gatos, bovinos, caprinos e o homem. - Mecanismo de ação (cinética e dinâmica); O oxalato de cálcio é responsável pelos ferimentos causados pela planta, pois forma cristais solúveis e insolúveis responsáveis por causar injuria renal e por impedir a formação do ácido oxálico, que previne hemorragias no trato gastrointestinal. As proteases são semelhantes à tripsina e induzem a formação de cininas, mediadores químicos da inflamação. - Sinais clínicos; Hipertermia, desidratação, edema subcutâneo, língua exteriorizada e edemaciada, sialorréia intensa, hipomotilidade intestinal e edema de glote (possível causa do óbito – asfixia). - Diagnóstico; Histórico clínico e anamnese do paciente. Sinais clínicos entéricos e exames laboratoriais facilitam no diagnóstico. Exame físico completo, incluindo exame oral e ocular, pressão arterial, frequência cardíaca, temperatura corporal, oximetria de pulso, peso e reflexos, exame de urina e hemograma completo. Se o animal apresentar sintomas de exposição ocular, o veterinário fará um exame oftalmológico com fluoresceína. Este procedimento é feito pela coloração do olho com corante ocular e olhando para ele sob uma lâmpada de fenda. - Achados microscópicos; Alterações necrótico-degenerativa do epitélio da língua, formação de grandes fendas entre o extrato basal e o extrato espinhoso, infiltrados polimorfonucleares e necrose coagulativa de fibras musculares adjacentes à mucosa podem ser encontrados. - Tratamento. Consiste do tratamento sintomático e de suporte, com anti-histamínicos e analgésicos. Administrar corticóides. Uso de demulcentes, protetores de mucosa, como o sucralfato A pele e olho devem ser lavados com água e soro fisiológico sem esfregar. Deve-se realizar avaliação oftalmológica e, nos casos de ingestão, realizar endoscopia digestiva alta. Brachiaria decumbens (Braquiária comum, braquiária de alho, braquiária australiana.) A Brachiaria decumbens é uma forrageira amplamente utilizada como fonte alimentar para ruminantes e é encontrado em regiões tropicais, amplamente distribuída no Brasil. Entretanto tem sido associada à ocorrência de surtos de fotossensibilização nos animais. Toda parte da planta é toxica, principalmente durante a rebrota. Seu princípio toxico é a Saponina esteroidal – Protodioscina. A intoxicação por braquiárias causa quadro de fotossensibilização hepatógena caracterizada clinicamente por edema de face com formação de crostas ao redor dos olhos e orelhas, opacidade de córnea, e secreção nasal além de ocular com aspecto seroso. Bovinos e ovinos são os animais mais acometidos. - Mecanismo de ação (cinética e dinâmica); O princípio ativo toxico pertence a um fungo, o phytomyces chartarum, encontrado na gramínea. Ele produz uma toxina denominada esporodesmina que causa dermatite e distúrbios metabólicos hepático. A toxina produz fotossensibilização hepatógena. A planta tóxica impede a metabolização da filoeritrina pelo fígado e ela se acumula, indo para a circulação e depois para a pele. A toxina acumulada causa lesão hepática que vai levar a uma estase biliar. As moléculas de filoeritrina absorvem energia luminosa, e na presença de oxigênio passam por uma série de reações promovendo a peroxidação de lipídeos e desarranjo das estruturas celulares, resultando na liberação de enzimas hidroliticas e mediadores do processo inflamatório, que causam a dermatite necrótico- purulenta. - Sinais clínicos: Icterícia, Anorexia, diminuição dos movimentos ruminais, manifestação de fotossensibilização, eritemia, edema, necrose das partes despigmentadas da pele, icterícia (intoxicação aguda), urina amarronzada e fezes ressecadas. - Diagnóstico; Aparecimento dos primeiros sinais clínicos, histórico e biopsia de fígado. - Achados: Fígado e rim aumentado de tamanho. Necrose de hepatócitos e do epitélio biliar e obstrução de pequenos ductos. Fibroplasia e hiperplasia dos dutos biliares. No rim, é observado a presença de cristais nos túbulos renais, atrofia tubular, mineralização da medula e glomerulonefrite proliferativa, além de necrose e dilatação dos túbulos renais. Na histopatologia encontram-se bilestase, tumefação e vacuolização de hepatócitos, proliferação de ductos e canalículos biliares, sinusóides preenchidos por macrófagos, infiltrado linfocítico, além da presença de cristais birrefringentes em ductos biliares, dentro de hepatócitos e macrófagos. - Tratamento. Não há tratamento eficaz pelas lesões hepáticas já determinadas, mas pode ser realizado, para controle da intoxicação, fluidoterapia, carvão ativado, tratar as feridas da pele, manter o animal longe da planta e à sombra.
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