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Plantas tóxicas Plantas tóxicas: quando ingeridas espontaneamente pelos animais domésticos, em condições naturais, causam danos à saúde destes e até mesmo a morte Problemas regionais: difusão da planta, clima, solo, manejo das pastagens, semeaduras, fertilizações, grau de desenvolvimento da agricultura e pecuária Palatabilidade Muitas são palatáveis Outras ingeridas em condições especiais (fome sede, desconhecimento) Acesso as plantas tóxicas Dose tóxica Período de ingestão Variação de toxicidade – Perda por morte dos animais → Baccharis coridifolia Perdas por diminuição da produção Senecio spp. (maria mole, flor das almas) Nierembergia veitchii, Solanum malacoxyolon (espichadeira) Perdas por custos de controle e profilaxia Gastos com diagnostico, tratamento, medidas de manejo Conhecer plantas da região e doenças que causam Dados epidemiológicos: presença das plantas, toxicidade, frequência, época e condições de ocorrência Sinais clínicos e evolução Diagnósticos diferenciais Necropsia e estudo dos materiais Toxicologia (pouca importância) – plantas cianogenicas a) Fatores ligados às plantas Fase do crescimento (Baccharis coridifolia – floração) Partes tóxicas (sementes de Senna occidentalis) Estado de armazenamento (seca ou verde) Tipo de solo (seca – nitrato elevado) b) Fatores ligados ao animal Espécies: tiamina em bovinos e samambaias em monogástricos Idade Pigmentação Ingestão de água Tolerância ao princípio ativo (ingestão crônica favorece a produção de enzimas) Variações individuais Classificação das plantas tóxicas segundo o quadro clínico Plantas que causam morte súbita Palicourea marcgravii Arbusto de 4 metros e folhas alongadas Nomes populares: cafezinho, erva de rato, vick Principal planta tóxica do Brasil (folhas e frutos, mesmo dessecados intoxicam) Distribuição: todo o País, menos região Sul Boa pluviosidade, terra firme e sombra (nunca alagados) Boa palatabilidade Alta toxicidade (pequena quantidade causa morte) Princípio ativo Ácido monofluoracético (AMF – não tóxico) Rapidamente absorvido Acumula-se nos tecidos do animal, inclusive SNC FLUORCITRATO (produto do metabolismo do AMF) Age inibindo uma enzima mitocondrial → aconitase Mecanismo de ação Parada no ciclo de Krebs → baixa produção de energia Nível intracelular de ATP cai significativamente AMF + Acetil-CoA → Fluoracetil-CoA + Oxalacetato → Fluorcitrato + Aconitase Acúmulo de citrato – citrato sintetase continua ativa Acidose metabólica Liga-se ao cálcio (hipocalcemia) Dose letal (DL50) Bovinos: 0,39 a 0,45mg/kg Aves: 4,8 a 6,5mg/kg Cães: 0,04mg/kg Sinais clínicos Poucas horas após a ingestão Urina constantemente Instabilidade, tremores, decúbito Movimentos de pedalagem, convulsão e morte Diagnóstico Sinais clínicos e evolução Dosagem sérica de citrato Necropsia → sem alterações macro e micro Controle e profilaxia Arrancar as plantas, cercar, retirar animais Na ausência de flores: espremer com os dedos (cheiro de vick) Bacharis coridifolia Toda a planta é toxica Maior toxicidade no período de floração (Mar-Out) Brotação: 4 vezes maior Nome popular: mio-mio Animais que se intoxicam não tiveram contato anterior com planta (recém- chegados), os animais locais não a ingerem Distribuição: sul do País (RS) e sul de São Paulo Princípio ativo Tricotecenos macrocíclicos Roridina A e B → produzidas por fungo (Myrothecium verrucaria) que se aloja nas raízes – absorção pela planta Ação cáustica, causando necrose nas células epiteliais do trato gastrointestinal Sinais clínicos Anorexia, timpanismo Tremor muscular dos membros pélvicos Exsudato catarral nos olhos e narinas Dor abdominal, inquietação Fezes ressecadas Morte: 4 a 40 horas após o início dos sinais Patologia Congestão (hiperemia) da mucosa e edema da parede do rúmen Petéquias no abomaso e Intestino Delgado Fígado mais claro que o normal Necrose do epitélio do rúmen Tratamento Não há tratamento específico Carvão ativado + cal hidratada (100g cada) Controle e profilaxia Arrancar, cercar Evitar colocar animais que nunca ingeriram essa planta Plantas com ação anti-hematopoiética Pteridium aquilinum Nomes populares: samambaia, samambaia do campo Folhas grandes (60 a 180cm de comprimento e 60 a 120cm de largura), profundamente lobadas Brotos e plantas imaturas são mais tóxicas Rizoma menos tóxico Fome é forma de intoxicação Bovinos > equinos > ovinos > suínos Distribuição Cosmopolita, invasora de pastagens Solos ácidos e arenosos Solos abandonados Princípios ativos Agente carcinogênico Ptaquilosídeo (dienona) – mutação do gene p53 (inibe supressão tumoral/ apoptose) Distúrbios neurológicos em monogástricos Tiaminase (Vitamina B1) Formas clínicas de intoxicação Forma aguda (neurológico X diátese hemorrágica) Hematúria enzoótica (crônica) Tumores no TGI superior Sinais clínicos - Forma aguda Animais ingerem a planta na fase de brotação Fome, superlotação, seca Após o inverno, a samambaia cresce com vigor Equinos: menor quantidade de tiamina Bovinos/ ruminantes: bactérias ruminais produzem tiamina Bovinos jovens e adultos Morbidade de 70% Letalidade de 100% EQUINOS – alterações neurológicas Discreta incoordenação motora, ataxia Membros em posição anormal Dorso curvado, tremores, sonolência Espasmos clônicos, opistótono Forma aguda – BOVINOS DIÁTESE HEMORRÁGICA Sinais clínicos iniciam-se em três semanas Pelo arrepiado, perda de peso e apetite Andar cambaleante, diarreia sanguinolenta Febre, mucosas pálidas (hipocoradas) Petéquias na conjuntiva, gengiva e vulva Longo tempo em decúbito (morrem) Anemia, leucopenia, trombocitopenia Patologia Palidez das mucosas e vísceras Petéquias e sufusões em mucosas Hemorragias nas fáscias musculares e endocárdio Áreas de infarto no fígado Intestino com sangue e ulcerações Histopatologia: necrose e desaparecimento do tecido hematopoiético Sinais clínicos - Hematúria enzoótica Hematúria intermitente ou contínua Emagrecimento, mucosas hipocoradas Queda da produção de leite Óbito por caquexia Tempo de coagulação sanguínea aumentado Trombocitopenia Curso da doença dura vários anos Bovinos com mais de 2 anos de idade Patologia Palidez das vísceras em geral Bexiga com conteúdo urinário vermelho e coágulos de sangue Epitélio vesical espessado e pequenas elevações (nódulos) no epitélio → carcinomas epidermóides Sinais clínicos – Tumores do trato digestivo Emagrecimento e perda de apetite Dificuldade de deglutição (disfagia) – pescoço esticado Regurgitação frequente (fossas nasais) Diarreia, ulcerações na cavidade oral e mau cheiro Óbito em 2 a 4 meses (caquexia) Bovinos com mais de 5 anos de idade Patologia Tumores na região faringiana e base da língua Cárdia, rúmen e esôfago Ulcerações necróticas com mau cheiro Metástases em linfonodos retrofaringeanos Histologia: carcinomas de células escamosas Diagnóstico Presença significativa da planta na pastagem em conjunto com sintomatologia e lesões Hemograma em intoxicações agudas (penias) Tempo de coagulação aumentado Diferencial de outras doenças: pasteurelose, carbúnculo hemático Diferenciar os tumores de outras neoplasias Controle e profilaxia Não há tratamento eficaz Abate Controle da planta Erradicação pode ser conseguida realizando calagem e aração do solo Equinos podem ser curados com Vitamina B1 (100mg diários) por uma semana Plantas hepatotóxicas Senecio spp. Mais de 1200 espécies No Brasil: conhecidas cerca de 128 espécies Mais comum: Senecio braziliensis (tasneirinha, flor das almas, maria mole) Distribuição: região centro-sul do País Não é palatável Pode ocorrer contaminação em silagem Epidemiologia Lesão hepática progressiva Período de brotação: maio a agosto (maior concentração do alcaloide) Pouco palatáveis Ovinos consomem sem adoecer e controlam pastagem Morbidade de até 30% e letalidade de 100% Princípio ativo Alcaloides pirrolizidínicos (pirróis) Metabólito tóxico Se liga ao DNA ou RNA e proteínas celulares Causa efeitos tóxicos no fígado Inibição da mitose Lesão crônica e irreversível Hepatócitos não se dividem, mas continuam sintetizando DNA (megalócitos) Células vão morrendo e ocorre fibroplastia Hepatócitos não sintetizam ureia adequadamente e a morte ocorre por intoxicação com amônia no SNC (encefalopatia hepática) Outras plantas com o mesmo princípio ativo: Crotalaria sp. (xique-xique) e Symphytum officinale (confrel) Sinais clínicos Intoxicação por alcaloides Sintomatologia nervosa (equinos) encefalopatia hepática Cegueira, head press (contra objetos) Agressividade, incoordenação Tenesmo, prolapso retal, diarreia Emagrecimento progressivo Decúbito até o óbito Ascite, fotossensibilização, icterícia Elevação de níveis enzimáticos: GGT, FA, ALT, AST Equinos Apatia, perda de peso, anorexia, icterícia Diarreia, sonolência, bocejos, incoordenação Dismetria, tremores musculares Aumento de GGT Patologia – necropsia Edema do mesentério, abomaso e intestino Fígado esbranquiçado ou amarelado, aumento de consistência, áreas brancas, hemorragias e proliferação de tecido fibroso Vesícula biliar aumentada de tamanho, espessada e edemaciada podendo ter nódulos Lesões histológicas Megalocitose dos hepatócitos, fibrose difusa Proliferação celular nos ductos biliares Espongiose no SNC Vacuolização e degeneração do epitélio tubular Fibrose na cápsula de Bowman Diagnóstico Dados epidemiológicos Sinais clínicos e lesões macroscópicas confirmando pelas lesões histopatológicas Diagnóstico diferencial: raiva cetose, parasitoses gastrointestinais, babesiose, aflatoxicose e Echium plantagineum (chupa mel, língua de vaca) Controle e profilaxia Não existe tratamento especifico Abate antes de grandes perdas econômicas Dosagem de GGT pode dar prognóstico Utilizar ovinos no pastoreio Possibilidade de se intoxicarem Áreas severamente invadidas e na fase do crescimento da planta Cestrum spp. Coerana, dama da noite Arbusto de 1m a 1,5m de altura, flores amarelas e frutos violáceos Distribuição: Sul e Sudeste Morbidade variável, letalidade 100% Sinais clínicos Agressividade, paresia de membros posteriores Incoordenação, tremores musculares, dorso arqueado Atonia ruminal, dor abdominal Fezes ressecadas, dificuldade para defecar Decúbito esternal com cólicas, batem a cabeça no chão, contração abdominal, pedalagem Curso de 24 a 72 horas Aumento de bilirrubina e AST Patologia Fígado em noz moscada Edema de parede na vesícula biliar, intestino e abomaso Hemorragia em diversos órgãos Líquido livre na cavidade abdominal (ascite) Histologia: necrose centro tubular com hemorragias e congestão Diagnóstico Presença da planta e sinais clínicos Lesões macroscópicas confirmadas pela histopato Diagnóstico diferencial: doenças que afetam o SNC e hepatotóxicas Controle e profilaxia Erradicação da planta ou evitar pastoreio Glicose + extratos hepáticos Plantas fotossensibilizantes Lantana spp. Nomes populares: cambará, chumbinho 1 a 2 metros de altura, inflorescências amarelas, laranjas, vermelhas, brancas ou violetas Toda região Sul do Brasil Intoxicação ocorre em animais transferidos com fome para áreas infestadas Princípio ativo Triterpenos lantadene A e B Afetam hepatócitos periportais Ficam permeáveis a bile Causam colestase – filoeritrina na circulação – sensibilização cutânea Toxicidade varia com as espécies Sinais clínicos Anorexia, depressão Diminuição ou parada de movimentos ruminais Ficam deitados e com sinais de dor Icterícia e edema dos membros Lacrimejamento, sialorreia Fotossensibilização Patologia Icterícia generalizada Edema subcutâneo amarelo intenso Fígado aumentado de tamanho, coloração laranja Vesícula biliar distendida e edemaciada Rins com edema de pelve Petéquias e sufusões no peritônio Opacidade de córnea Diagnóstico Sinais clínicos e patologia (bastante característicos) Dados epidemiológicos Diagnóstico diferencial: outras doenças que causam fotossensibilização Controle e profilaxia Fornecer áreas de sombra Glicose IV e pomadas (Vitamina A e óxido de Zinco)
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