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Toxicologia das praguicidas

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ORGANOCLORADOS 
➩ Descobertos no final do século XIX. 
➩ Baixíssima degradabilidade e alta 
lipossolubilidade. 
*ou seja, adentram facilmente no tecido adiposo 
dos animais e produzem efeitos tóxicos e 
ambientais. 
➩ em quase todo o mundo. 
- 1970: EUA, Canadá, Austrália, EU. 
- 1989: Brasil, Lei n. 7.802. 
➩ Diclorodieniltricloroetanos (DDT): 
↳ baixo custo; 
↳ alta eficiência; 
↳ “baixa toxidade para o ser humano”. 
❑ Classificações: 
• Clorados do etano: 
➩ DDT, metoxicloro, pertano, clorobenzilato e 
dicofol. 
• Ciclodienos: 
➩ Clordano, aldrin, dieldrin e heptacloro. 
• Cicloexanos: 
➩ Hexaclorocicloexano, lindano e toxafeno. 
❑ Características: 
➩ ⭡ estabilidade; 
➩ ⭣ hidrossolubilidade; 
➩ ⭡ lipossolubilidade; 
➩ Inertes perante ácidos e bases; 
➩ Sob a ação da luz solar formam compostos 
mais resistente que o original. 
❑ Toxicocinética: 
Absorção Oral, dérmica e 
inalatória. 
Distribuição Tecido adiposo. 
Biotransformação Lenta, enzima hepática. 
Excreção Bile, ciclo êntero-
hepático. 
 
 
 
 
❑ Sinais da intoxicação: 
• Aguda por DDT: 
➩ Paresia da língua, lábios e face; 
➩ Aumento da susceptibilidade a estímulos 
externos (luz, toque, sons); 
➩ Irritabilidade, ataxia, andar anormal, 
tremores e convulsão. 
• Crônica por DDT: 
➩ Perda de peso, anorexia, tremores, 
fraqueza muscular, hiperexcitabilidade, lesão 
hepática. 
 ➩ Alterações endócrinas, reprodutivas e 
imunes. 
❑ Diagnóstico e tratamento: 
➩ Anamnese, exame clínico e teste 
toxicológico. 
➩ Tratamento sintomático. (não tem antídoto) 
❑ Meio ambiente e biomagnificação na 
cadeia alimentar: 
➩ Rachel Carlsson em seu livro Primavera 
Silenciosa – relacionou a mortalidade elevada 
de andorinhas à presença de DDT em 
minhocas. 
➩ Acumulação: plâncton > peixes pequenos 
> peixes maiores > aves. 
PIRETRINAS E PIRETROIDES 
PIRETRINAS 
• Substância natural, 
extraída do 
Chrysanthemum. 
• Baixa estabilidade 
no meio ambiente 
• Degradado pelo 
calor e luz. 
PIRETROIDES 
• Composto 
sintético a partir das 
piretrinas. 
• Introduzidos no 
mercado a partir de 
1980. 
• Ectoparasiticida. 
 
❑ Características dos piretroides: 
➩ ⭡ seletividade praga/mamífero; 
➩ Grande eficácia; 
➩ ⭣ fotoestabilidade; 
➩ ⭡ biodegradabilidade; 
➩ Menores efeitos adversos. 
 
 
❑ Estrutura química dos piretróides: 
• Tipo I: 
➩ Aletrina, tetrametrina, permetrina, 
resmetrina e fenotrina. 
• Tipo II: 
➩ Cialotrina, deltametrina, flumetrina, 
cifenotrina, fenvalerato e cipermetrina. 
❑ Usos: 
➩ Tipo I: inseticidas em ambientes 
domésticos (spray). 
➩ Tipo II: ectoparasiticidas, ácaros, 
carrapatos, moscas, pulgas, piolhos. 
❑ Fonte de exposição: 
➩ Forma direta: 
- manipulação incorreta; 
- ingestão acidental; 
- uso criminoso. 
➩ Forma indireta: 
- contaminação do meio ambiente; 
- resíduos em tecidos e produtos 
provenientes de animais. 
❑ Toxicocinética: 
Absorção Oral, dérmica e 
inalatória. 
Biotransformação Hepática. 
Excreção Urina. 
 
❑ Sinais da intoxicação: 
➩ Tipo I: síndrome T (tremores). 
➩ Tipo II: síndrome CS (coreoatetose e 
salivação). 
➩ Para ambos os tipos: salivação, vômito, 
hiperexcitabilidade, tremores, convulsão, 
dispneia, fraqueza, prostação e morte. 
➩ 24 a 48h: recuperação ou morte. 
❑ Diagnóstico e tratamento: 
➩ Anamnese, exame clínico e teste 
toxicológico. 
➩ Tratamento sintomático. 
PRAGUICIDAS 
➩ Cuidados com a agricultura, pecuária, 
domicílio. 
➩ Natureza > síntese laboratorial. 
➩ Praguicidas com alta toxidade para pragas 
e menos tóxicos para os organismos não alvo. 
ORGANOFOSFORADOS E CARBAMATOS 
➩ Anticolinesterásicos 
➩ II Guerra Mundial: usado como armas 
químicas “gases dos nervos”. 
➩ 1970: declínio dos organoclorados. 
➩ Esses praguicidas possuem atividade: 
- inseticida; - acaricida; 
- nematicida; - fungicida; 
- herbicida. 
❑ Organofosforados: 
➩ Derivados dos ácidos fosfóricos, 
ditiofosfórico e tiofosfóricos. 
➩ ⭡ lipossolubilidade. 
➩ Rápida hidrólise no meio ambiente e em 
meios biológicos. 
*não se acumulam no ambiente, nem no organismo. 
• Histórico: 
➩ 1854: tetratil-pirofosfato (TEPP), 1° 
sintético. 
➩ 1944: parationa, 1° usado na agricultura 
como inseticida. 
➩ Em seguida foram sintetizadas a fentiona e 
malationa: maior estabilidade e menor 
toxicidade. 
• Usos: 
➩ Acaricida, cupinicida, inseticida, formicida e 
nematicida. 
 
 
Gatos são muito sensíveis a Permetrina. 
(deficiência da enzima glicuroniltransferase) 
A intoxicação ocorre devido à: aplicação do 
produto destinado a uso em cão ou 
lambedura de animais tratados. 
 
 
• Exemplos: 
Organifosforados Nome comercial 
Clorfenvinfós 
(suponha) 
Supox 
Clorpirifós Colosso 
Coumafós Tanidil 
Diazinona Na mosca (brinco 
mosquicida), Defender 
(coleira) 
Diclorfentinona Matabicheiras 
Cooper 
Diclorvós (DDVP) Bactrovet 
Etiona Potenty 
Fentinona Colosso FC30 
Fenitrotiona Cidental 
Triclorfom 
(metrifonato) 
Friezol Unguento 
 
❑ Carbamatos: 
➩ Alcaloide extraído da semente da planta 
Physostigma venenosum. 
➩ Os carbamatos são derivados do ácido N-
metil-carbâmico e ácidos tiocarbamatos e 
ditiocarbamatos. 
• Histórico 
➩ 1840 – Inglaterra: investigação sobre as 
propriedades farmacológicas. 
➩ 1864: isolado um alcaloide puro 
(fisostigmina). 
➩ 1877: fisostigmina foi usada na terapêutica 
do glaucoma. 
➩ 1931 – Aeschlimann e Reinert: 
investigaram uma série de fenil-ésteres. 
➩ 1953 – EUA: Carbaril (1° inseticida 
carbamato). 
• Aldicarbe: 
➩ Praguicida de uso agrícola. 
➩ Uso ilícito com raticida. 
➩ Intoxicações fatais em seres humanos e 
animais. 
➩ 2012: registro suspenso. 
 
• Usos: 
➩ Acaricida e inseticida. 
• Exemplos: 
Carbamatos Nome comercial 
Carbaril Farmaril, Pulgoff, 
Talco antipulga Toy 
Metomil Vetomil 
Propoxur Bolfo, Kiltix, Leevre 
 
❑ Toxicocinética: 
Absorção Pele, trato digestório e 
respiratório. 
Distribuição Todos os órgão e 
tecidos 
Biotransformação Hepática. 
Excreção Urina, fezes, leite. 
 
*a distribuição é rápida, alguns compostos 
podem atravessar a barreia HE e placentária. 
❑ Mecanismo de ação: 
➩ Inibem a ação da acetilcolinasterase 
(responsável por degradar o neurotransmissor 
acetilcolina). 
➩ Acúmulo de acetilcolina leva a estimulação 
excessiva dos receptores colinérgicos 
nicotínicos e muscarínicos. 
➩ Em quadros de intoxicação o sistema 
parassimpático estará hiperestimulado (devido 
aos receptores presentes nele), logo os efeitos 
são: miose + permanente, sialorreia e 
bradicardia intensa, diarreia, entre outros. 
 
Localização dos receptores colinérgicos: 
• Nicotínicos: glânglios do SNA 
parassimpático e simpático, adrenal, junção 
neuromuscular e no SNC. 
• Muscarínicos: órgão efetores do SNA 
parassimpático e SNC. 
 
❑ Sinais clínicos da intoxicação: 
➩ Crise colinérgica aguda > Síndrome 
intermediária > Polineuropatia tardia. 
• Crise colinérgica aguda: 
 
• Síndrome intermediária: 
➩ Paralisia das musculaturas: proximal dos 
membros, flexora do pescoço e respiratória 
➩ 24 a 96h após a crise colinérgica aguda. 
• Polineuropatia tardia: 
➩ 1 a 3 semana após a exposição aos 
anticolinesterásicos. 
(principalmente organofosforados) 
 
 
❑ Tratamento geral: 
➩ Exposição por via dérmica: banho com 
água e sabão, tricotomia, tosa. 
➩ Exposição por via oral: lavagem gástrica 
até 2h da exposição, carvão ativado. 
*já que essa subst. compromete o SN, não tem 
indicação de induzir a êmese. (risco de 
broncoaspiração) 
➩ Exposição por via inalatória: ambiente 
arejado, suporte ventilatório. 
➩ Contato com região ocular: lavar por pelo 
menos 15min. 
❑ Tratamento específico: 
• Sulfato de atropina: 
➩ Competidor dos organofosforados e 
carbamatos (mesmo local de ação). 
➩ 0,2 a 0,5mg/kg; ¼ dose IV e ¾ dose SC, 
IM. 
➩ Reverte os efeitos muscarínicos. 
➩ Marcador clínico: reduz a sialorreia, alivia 
asalterações respiratórias (dispneia e 
secreções respiratórias ausentes). 
*se fez a dose inicial e o animal melhorar, não 
precisa mais fazer outra. 
➩ Mecanismo de ação: atua no mesmo sítio 
que os organofosforados. (sítio esterásico) 
• Pralidoxina ou 2-PAM: 
➩ Restrita. 
➩ Reativador de acetilcolinesterase. 
➩ Mecanismo de ação: se liga ao sítio 
aniônico e por força “expulsa” o 
organofosforado do outro sítio. 
*ligação temporária. 
❑ Diagnóstico: 
➩ Histórico de exposição ao agente: sinais de 
toxicose. 
➩ Exame toxicológico: conteúdo estomacal e 
ruminal. 
➩ Atividade da colinesterase: amostra de 
sangue ou tecido cerebral. 
➩ Alterações post mortem: congestão e 
edema pulmonar, hemorragia. 
❑ Medidas preventivas: 
➩ Manipulação e armazenamento; 
*respeitar a dose para espécie/idade. 
➩ Descontaminação do ambiente; 
➩ Descartar leite do animal intoxicado; 
➩ Notificação de casos.

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