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Texto-base - Conceitos de automação industrial | Ricardo Janes Automação vem do latim “automatus”, que significa “mover-se por si só. A ideia inicial da “criação” da palavra era de que máquinas e equipamentos pudessem realizar os serviços braçais realizados pelos seres humanos, sem a necessidade de interferência, ou seja, de forma autônoma. Vinculada à palavra “automação”, temos a palavra “manufatura”, que tem sua origem também no latim, e significa mãos (do latim “ manus”), e fazer (do latim “ factus”), ou seja, fazer com as mãos. A palavra “manufatura” representa exatamente como eram os processos produtivos no século XVI na Inglaterra, e em todo o mundo desenvolvido para aquela época. Toda a produção era artesanal, e as vendas destes produtos eram realizadas em pequenas lojas. Muitas destas produções eram trocadas por outros utensílios produzidos na mesma região. Com o passar do tempo, tecnologias mesmo que rudimentares, proporcionaram a criação de fábricas, para que diversos produtos pudessem ser produzidos em larga escala, e todas as técnicas artesanais foram substituídas por máquinas. Com a complexidade das operações, foram criados produtos mais sofisticados, e a mão de obra dos funcionários foi sendo gradativamente substituída por tarefas realizadas pelas máquinas. Dessa forma, os trabalhadores necessitaram melhorar suas especializações para se adaptar à novas tarefas, e passaram assim a se responsabilizar por somente parte do trabalho, dada a complexidade do sistema completo. Hoje, diversos sistemas produtivos são totalmente automatizados, e o trabalho humano se aplica principalmente nas áreas em que é necessária intervenção manual, quando ainda não existem equipamentos capazes de realizar tal tarefa. Segundo o conceito futurista de Indústria 4.0, o trabalho humano irá se restringir apenas às áreas de pensamento, pois tudo o que é realizado manualmente, poderá ser substituído por máquinas. Como evolução do tema, temos a mecanização da produção na geração do vapor, chamada de primeira revolução industrial, que ocorreu entre 1760 a 1860. Esta fase histórica limitou-se à Inglaterra, e foi marcada pelo surgimento das indústrias de tecidos, utilizando teares mecânicos movidos principalmente a vapor. A segunda revolução industrial foi possível devido a utilização da energia elétrica e ocorreu no período entre 1850 a 1945. Na metade do século XIX foi iniciada esta fase, e finalizada durante a segunda guerra mundial. Esta fase foi marcada pelo início da produção de diversos produtos em larga escala, como comidas enlatadas, o uso da refrigeração na conservação de alimentos, a criação do telefone e o desenvolvimento do avião, além do desenvolvimento de produtos químicos e combustíveis, permitindo assim a criação do motor a explosão. Diferentemente da primeira fase, que ocorreu principalmente na Inglaterra, a segunda fase se expandiu para a Alemanha, França, Rússia e Itália, e aos poucos começou-se a popularizar a ideia de automação. A terceira revolução industrial tem início durante a segunda guerra mundial, e é marcada principalmente pelas evoluções no campo científico, auxiliando assim o campo tecnológico e consequentemente a automação industrial. Essa nova fase é chamada por alguns historiadores de fase da “eletrônica”, ou ainda, fase do “transistor”, mas os conceitos e criações representam muito mais que isso. Nesta época, as pesquisas incentivadas principalmente pelo advento da guerra, foram importantíssimas no desenvolvimento de novos produtos e tecnologias. A quarta revolução industrial é mais conhecida pelo termo “Indústria 4.0”, e tem início em outubro de 2012 na Alemanha, através de um projeto estratégico criado pelo governo alemão para incentivar a informação da manufatura. Este termo foi usado pela primeira vez na principal feira de tecnologia industrial do mundo, a feira Hannover Messe. Um grupo de pesquisa formado pelos físicos Siegfried Dais (Robert Bosch GmbH) e Henning Kagerman ( German Academy of Science and Engineering) apresentaram uma vasta ideia da evolução da indústria mundial, e diversas recomendações para as devidas implementações destas evoluções, ao governo federal alemão. O relatório final do grupo de desenvolvimento da Indústria 4.0 foi apresentado na mesma feira Hannover Messe em apenas cinco meses, e em abril de 2013 foi criado um “padrão” a ser desenvolvido pelas indústrias para se alcançar o desenvolvimento necessário. O principal conceito é de unir inteligência artificial, internet das coisas (IOT), computação na “nuvem”, e o conceito de sistemas ciber-físicos. Abaixo, podemos ver na Figura 1 um arranjo de como está sendo a evolução industrial ao longo dos séculos. Figura 1 - Evolução da automação industrial Fonte: Diário do Comércio, 2018. Acesso em 07/04/2018. Disponível em http://diariodocomercio.com.br/noticia.php?tit=industria_4.0_as_oportunidades_de_negocio_de_uma_rev olucao_que_esta_em_curso&id=184431 Podemos perceber que a primeira revolução industrial é marcada principalmente pela geração do vapor, a segunda revolução industrial é marcada principalmente pelo uso da energia elétrica, a http://diariodocomercio.com.br/noticia.php?tit=industria_4.0_as_oportunidades_de_negocio_de_uma_revolucao_que_esta_em_curso&id=184431 http://diariodocomercio.com.br/noticia.php?tit=industria_4.0_as_oportunidades_de_negocio_de_uma_revolucao_que_esta_em_curso&id=184431 terceira revolução industrial é marcada pela presença principalmente da eletrônica e da tecnologia, mas a quarta revolução industrial mais conhecida como Indústria 4.0 não tem a presença de algo físico que a caracteriza, seu conceito é muito mais amplo. Para alguns pesquisadores, a principal ideia é de se produzir algum produto que seja totalmente customizável pelo comprador, através da interface de seu celular ou computador diretamente com a indústria, e que essa indústria possa se adaptar de forma autônoma para produzir tal produto. Saímos dessa forma, da geração de produção em larga escala de produtos padronizados, para a geração de produtos customizados e produzidos essencialmente por máquinas, ou seja, de lotes de produção em massa, para lotes de produção unitários. Abaixo, na fotografia apresentada na podemos ver a chanceler alemã Angela Merkel recebendo o relatório final dos físicos Siegfried Dais (Robert Bosch GmbH) e do Prof. Henning Kagermann (German Academy of Science and Engineering, da esquerda para a direita. Figura 2 - Evento de entrega do relatório da Indústria 4.0 Fonte: IGMETALL, 2013. Acesso em 07/04/2018. Disponível em: https://www.igmetall.de/hannover-messe-der-wandel-industrieller-arbeit-durch-industrie-4-11482.htm Podemos perceber com estas evoluções, que a cada dia a função manual humana é substituída pela atividade de uma máquina, e que, apesar da decisão de se substituir este trabalho braçal por uma atividade automatizada seja do próprio ser humano, o mercado mundial acaba ditando as regras comerciais, e os países que não se adaptam às novas tecnologias e automações disponíveis acabam https://www.igmetall.de/hannover-messe-der-wandel-industrieller-arbeit-durch-industrie-4-11482.htm https://www.igmetall.de/hannover-messe-der-wandel-industrieller-arbeit-durch-industrie-4-11482.htm não conseguindo ser competitivos. Abaixo, na Figura 3, podemos visualizar os principais tópicos que são tratados no tema “Indústria 4.0”. Figura 3 - Temas da Indústria 4.0 Fonte: Diário do Comércio, 2018. Acesso em 07/04/2018. Disponível em http://diariodocomercio.com.br/noticia.php?tit=industria_4.0_as_oportunidades_de_negocio_de_uma_rev olucao_que_esta_em_curso&id=184431 O cientista Carl Frey da Universidade de Oxford (Reino Unido) fez um estudo e os resultados indicaram que trabalhos manuais serão facilmente substituídos por máquinas, e diversas profissões deixarão de existir nos próximos anos (a curtoe médio prazos), mas a evolução também gerará novos empregos, dos quais muitos dele ainda nem passam por nossas cabeças. Segundo o pesquisador, as habilidades humanas vinculadas à originalidade e inteligência são praticamente impossíveis de se automatizar, e as tarefas que dependem especificamente destas habilidades, são as que exigirão pessoas em suas execuções. Elementos básicos de um sistema automatizado Um sistema qualquer automatizado é composto por pelo menos três elementos básicos: a) Energia (de qualquer fonte e característica) para concluir os processos e operar o sistema; b) Programa de instruções que direcione os processos a serem executados; c) Sistema de controle que tenha capacidade de executar tais instruções. a) Energia para a realização do processo automatizado http://diariodocomercio.com.br/noticia.php?tit=industria_4.0_as_oportunidades_de_negocio_de_uma_revolucao_que_esta_em_curso&id=184431 http://diariodocomercio.com.br/noticia.php?tit=industria_4.0_as_oportunidades_de_negocio_de_uma_revolucao_que_esta_em_curso&id=184431 Em sistemas manuais, a energia para converter matéria prima em produto é proveniente do trabalho humano, mas em sistemas automatizados, a energia para realizar tais tarefas deve ser gerada. Em geral, a principal fonte de energia é a elétrica, mas hoje em dia existem diversos outros tipos de energia. As principais vantagens do uso da energia elétrica estão elencadas abaixo: Está amplamente disponível e a um custo moderado. É importante salientar que em nosso país, a principal fonte de sua geração é a hidrelétrica, no entanto, com a escassez da água em algumas fases do ano e a alta demanda, seu custo tem crescido, e a necessidade de se gerar energia elétrica por outras fontes se tornou primordial. Tem facilidade de conversão em outras grandezas, como a energia mecânica, luminosa, térmica, hidráulica e pneumática, e acústica. Pode ser utilizada para transmissões de dados, processamento de informações e armazenamento de dados, em baixa escala; Pode ser armazenada em baterias para utilização nos momentos em que a energia elétrica não esteja disponível. Outros tipos de energia alternativa podem ser utilizados. A energia eólica é amplamente utilizada na região nordeste do país, pois utiliza apenas a força dos ventos, e nossas regiões litorâneas fornecem estes ventos em quase todas as épocas do ano. A energia solar também é uma fonte de energia importante, mas sua eficiência ainda é muito baixa, e está relacionada diretamente à área de implantação do sistema, ou seja, quanto mais energia gerada, maior deve ser a área de instalação dos painéis solares. Outro tipo de energia comum é a energia elétrica gerada a partir da queima de combustíveis fósseis como o petróleo, carvão e óleo do xisto betuminoso. Apesar de eficientes, são altamente poluentes e em diversos países, seu uso tende a ser proibido. Tem-se ainda os biocombustíveis, como o biodiesel e o etanol, que apesar de gerarem energia elétrica a partir de sua queima, são considerados limpos. Algumas empresas utilizam a queima de seus rejeitos para gerar vapor, e a partir deste vapor, gerar energia elétrica. Este é o exemplo de algumas usinas de processamento de açúcar e álcool a partir da cana de açúcar. Após a moagem da cana, o bagaço é utilizado como combustível para se gerar energia elétrica para a própria empresa, e o excedente é vendido à concessionária local de energia, ou doado para o consumo da cidade onde se encontra instalada a usina. Na produção industrial, o termo “processo” se refere à operação da produção executada sobre uma unidade de trabalho. Abaixo, a Tabela 1 apresenta uma lista de processos de produção comuns, da forma da energia necessária para realizar cada um deles e da ação resultante sobre a unidade de trabalho. Podemos afirmar que nas plantas automatizadas, a maior parte da energia é consumida por esses tipos de operações. Tabela 1 - Fontes de energia utilizadas em processos comuns de produção PROCESSO FORMA DE ENERGIA AÇÃO ALCANÇADA Corte de peças em geral (laser) Luminosa e térmica Um feixe de luz altamente coerente é utilizado no corte de material através da vaporização e do derretimento Corte de peças em geral (água) Mecânica Um jato de água de alta pressão é utilizado no corte de materiais através de seu impacto com a área a ser cortada Forjamento Mecânica A unidade de trabalho de metal é deformada por moldes opostos. As peças costumam ser aquecidas antes da deformação, o que demanda energia térmica Moldagem Térmica Derretimento do metal antes de seu despejo no molde em que ocorre a solidificação Moldagem por injeção Térmica e mecânica O calor é utilizado para elevar a temperatura do polímero a uma consistência altamente plástica, e a força mecânica é utilizada na injeção do polímero fundido em um molde Perfuração e estampagem de folhas de metal Mecânica A força mecânica (uso de prensas) é utilizada para cisalhar folhas e chapas de metal Soldagem Térmica ou mecânica A maior parte dos processos de soldagem utiliza o calor para causar a fusão e a união de duas (ou mais) peças de metal em suas superfícies de contato. Alguns processos de soldagem também aplicam pressão mecânica às superfícies. Tratamento térmico Térmica A peça de trabalho metálica é aquecida a uma temperatura abaixo do ponto de derretimento para causar alterações microestruturais Usinagem Mecânica O corte de metal é alcançado por meio da movimentação entre a ferramenta e a peça de trabalho Usinagem por eletroerosão Elétrica A remoção de material é realizada por meio de uma série de descargas elétricas discretas entre o eletrodo (ferramenta) e a unidade de trabalho. As descargas elétricas causam elevações localizadas de temperatura que derretem o metal. A automação industrial visa principalmente a produção de um produto de forma autônoma, mas existem outras operações além das de produção, que demandam o uso de energia. Podemos citar como exemplo a carga e descarga de materiais da unidade de trabalho. Todos os processos listados na Tabela acima são realizados sobre peças independentes, e estas devem ser colocadas na posição e orientação adequadas dentro da máquina para que o processo possa ser realizado. Para que esta peça seja colocada na máquina e após a execução do processo, seja removida, algum tipo de energia mecanizada deverá ser utilizado. Além disso, muitos processos são realizados em máquinas diferentes, e será gasto algum tipo de energia para transportar estes materiais em processo por todas as máquinas que fazem parte da produção de um produto final, quando este requer diferentes processos. Além dos gastos com energia já citados, existem ainda os requisitos básicos de energia para as operações de produção, utilizada na Unidade Controladora (computadores industriais capazes de realizar a leitura de parâmetros industriais e a partir destes parâmetros, tomar decisões de forma a realizar os processos de produção). b) Programa de instruções As ações a serem tomadas pela máquina para a realização dos processos a serem realizados na matéria prima para a produção de um determinado produto deve seguir uma ordem lógica, e normalmente esta sequência é determinada por um programa de instruções. No passado (entre 1900 a 1950), os programas eram armazenados em cartões perfurados, chamados de Hollerith card, e foram muito utilizados em teares, na produção seriada de tecidos. Estes cartões definiam as etapas do processo automatizado, através de furos que eram lidos por um equipamento, e este tomava as decisões a partir das posições dos furos. Atualmente, os programas são baseados em sistemas informatizados e armazenados em meios físicos diversos, como memória RAM (random access memory) a armazenamento em “nuvem”. Abaixo, na figura 4, pode-se visualizar uma fotografia de um cartãoperfurado. Figura 4 - Cartão perfurado utilizado em teares Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Punched_card.jpg. Autor: Mutatis mutandis | CC-BY-SA-3.0 CC-BY-SA 3.0 http://creativecommons.org/licenses/by-sa/3.0/ b.1) Programa de ciclo de trabalho Nos ciclos de processo de automação mais simples, o ciclo de trabalho é formado essencialmente por uma etapa, que envolve manter um único parâmetro de processo em um nível definido, como por exemplo, manter o nível de água de um determinado tanque durante o ciclo de produção de uma bebida. Como comentado anteriormente, mesmo que este processo seja considerado simples e de única operação, ainda existem a carga e descarga das garrafas na área de envase e o transporte, e consideramos por conveniência, que estes processos são realizados manualmente e não fazem parte do ciclo automático. Para se alterar o principal parâmetro, que neste exemplo, é manter o nível do tanque, basta que o operador altere o parâmetro do nível para mudar o processo. Em uma extensão de um caso simples, o processo de etapa única é definido por mais de um parâmetro de processo, como, por exemplo, um tanque de fermentação de cerveja onde devem ser controlados tanto o nível quanto a pressão e temperatura internas do tanque. Em sistemas mais complexos, o processo envolve múltiplas etapas que são repetidas, sem desvios, de um ciclo para o seguinte. A maior parte das operações de produção de peças discretas está nesta categoria. Uma sequência típica de etapas de um processo automatizado é descrita a seguir: • Carregamento da peça ou matéria prima na máquina; • Execução do processo; • Descarregamento da peça produzida. Os parâmetros do processo são chamados de “variáveis de processo”, e são definidos pelas saídas do sistema, como por exemplo a potência de um feixe de laser para corte de uma peça de aço, a temperatura atual de um forno, a velocidade de um motor. As variáveis do processo podem ser discretas ou contínuas. Quando falamos em apenas duas condições para as variáveis, como por exemplo LIGADO/DESLIGADO, ON/OFF, QUENTE/FRIO, SIM/NÃO, dizemos que esta variável é discreta (ou digital, segundo Boole), e quando podemos afirmar que estas variáveis representam sinais que variam de 0 a 100% sua grandeza, dizemos que ela é contínua. Existem definições industriais de enfoque na automação, que caracterizam processos discretos como sendo os de manufatura industrial, e estes são definidos principalmente pela existência de variáveis discretas, e os processos contínuos, reconhecidos como sendo os que utilizam larga instrumentação no controle de pressão, nível, vazão e temperatura, muito utilizados em refinarias de petróleo e usinas de produção de açúcar e álcool. EXEMPLO 1) Operação automatizada de produção de uma peça plástica Considere uma operação automatizada de injeção de plástico para a produção de iscas artificias utilizadas em pesca esportiva. Considere que existe um sistema automatizado que coloca o plástico https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Punched_card.jpg http://creativecommons.org/licenses/by-sa/3.0/ na máquina por gravidade (um sistema que abre uma válvula de tempos em tempos permitindo que o grão de plástico seja jogado para dentro da máquina por gravidade, ou seja, o tanque está posicionado acima da máquina). Existe ainda a necessidade de se colocar um anzol de aço dentro da injetora, para que o plástico seja injetado em conjunto com o anzol. A próxima etapa é a de injeção do plástico, que consiste no aquecimento da matéria prima, fechamento do molde e acionamento do motor que irá girar um dispositivo responsável por injetar o plástico. A próxima etapa é de se abrir o molde e retirar o produto, e colocá-lo em local seguro para devido resfriamento antes da etapa de embalagem. Identifique as atividades e os parâmetros do processo para casa etapa de operação. SOLUÇÃO: Primeiro, é importante dividir o processo por etapas: ETAPA 1) Na primeira etapa, são definidos os processos iniciais para a produção do produto proposto. E necessário que o molde da máquina injetora esteja aberto (parâmetros de molde aberto ou fechado, ou seja discretos), que exista matéria prima (deve existir um sensor de presença de plástico que identifique a presença deste material, com parâmetros discretos), que exista o anzol metálico para colocação dentro do molde (com parâmetros discretos), e que exista condição segura para o funcionamento da máquina (parâmetros discretos). ETAPA 2) Na etapa 2 a atividade é a movimentação dos moldes no sentido de travamento dos mesmos. O molde móvel deve encostar no molde fixo, na direção de um único eixo. ETAPA 3) Esta etapa define a injeção de plástico no molde. Requer controle simultâneo da temperatura do canhão de injeção, da velocidade do motor que realiza a injeção e do tempo definido para a adequada produção. Todos estes parâmetros devem ser controlados para que o produto não tenha variações. ETAPA 4) A injeção de plástico se encerra e é necessário abrir o molde, retirar a peça e colocar em um suporte para o devido resfriamento, para que não sejam alteradas as características do produto enquanto ele estiver quente. Nota-se que neste exemplo, a descarga da máquina envolve armazenamento temporário, e este processo será tratado futuramente com mais detalhes. b.2) Parâmetros de máquina: Molde de injeção = aberto/fechado (variável discreta) Sensor de presença de matéria prima = com plástico/sem plástico (variável discreta) Sensor de anzol no molde = com anzol/sem anzol (variável discreta) Sensor de segurança do operador = situação segura/situação insegura (variável discreta) Sensor de temperatura do canhão de injeção (0 a 300°C) (variável contínua) Sensor de velocidade do motor (0 a 3600 RPM) (variável contínua) Temporizador para resfriamento da peça final (0 a 30 minutos) (variável contínua) Outros diversos parâmetros são utilizados neste equipamento, mas não serão comentados por necessitar de conhecimento técnico sobre o processo que se está executando. Muitos outros processos são extremamente complexos, com muitas variáveis discretas e contínuas, e muitas etapas de processamento, como por exemplo na produção de um carro. c) Sistemas de controle Os sistemas de controle de um sistema automatizado podem ser de malha aberta ou malha fechada. Os sistemas em malha aberta não têm realimentação, ou seja, a saída do sistema não pode ser monitorada. Imagine um motor que deve girar a 3000 rotações por minuto. A atividade neste caso, é exclusivamente a rotação do motor, e o sistema deve controlar o motor nesta velocidade, mas não existe nenhum sensor capaz de dizer se o motor está realmente rodando na rotação determinada. Sistemas de transporte de materiais como por exemplo esteiras, normalmente utilizam este tipo de controle, pois são mais baratos e rápidos de serem implementados. Já os sistemas em malha fechada, também conhecidos como sistemas de controle por realimentação, são construídos com sensores capazes de verificar se a grandeza requerida está realmente sendo atingida. No mesmo exemplo do motor da esteira, em um sistema de malha fechada, seria necessário instalar um sensor para verificar a velocidade da esteira. Caso a mesma esteja com velocidade superior à nominal, o sistema de controle iria reduzir a rotação do motor para que a velocidade seja normalizada. Caso a esteira esteja muito lenta, o sensor iria indicar esta condição ao controlador, que automaticamente iria aumentar a rotação do motor para a devida compensação. Monitoramento da segurança Em ambientes perigosos, a automação é amplamente implementada, visando substituir o trabalho humano por uma operação por máquinas, evitando assim o contato do operador com a condição de perigo. Apesar de diversos processos poderem ser automatizados, a intervenção humana ainda é necessária, e, dessaforma, é necessário que o sistema automatizado seja capaz de operar em condições plenas de segurança, além de não ser um sistema autodestrutivo. As principais funções da segurança nestes critérios são de proteger os trabalhadores que estejam próximos do sistema automatizado e proteger o próprio equipamento associado ao sistema. Em um sistema automatizado, o monitoramento de segurança envolve o uso de sensores para rastrear a operação do sistema e identificar todas as possíveis condições e eventos arriscados ou potencialmente arriscados. Dessa forma, o sistema de monitoramento é programado para responder a diversas condições de risco de forma adequada. Estas respostas podem incluir: • Parada total do processo em produção; • Parada total do sistema automatizado; • Acionamento de alarmes sonoros e visuais; • Tomada de decisões corretivas que recuperem de forma automática a violação da segurança. A última resposta é complexa e depende de sistemas automatizados com certo grau de inteligência para tomadas de decisão que antecipem alguma estratégia. Os sensores mais utilizados para o controle de segurança das máquinas estão listados abaixo: • Sensores de limite de curso, para detectar o posicionamento adequado de uma peça em um dispositivo. Servem tanto para detectar a condição inicial do processo a ser executado como a condição final, que indica o fim do processo; • Sensores fotoelétricos ativados pela interrupção de um feixe de luz. São utilizados para indicar a posição de peças, ou mesmo indicar a presença humana em uma área fabril, dentro de uma célula de trabalho; • Sensores de temperatura para medir o processo ou a peça, ou ainda o próprio ambiente; • Detectores de calor ou fumaça para prever riscos de incêndio; • Tapetes sensíveis à pressão para detectar a presença de pessoas (intrusos) dentro da célula de trabalho; • Sistemas inteligentes de visão de máquina, que façam o monitoramento através de imagens, para detectar presença de pessoas próximas às células de trabalho. Monitoramento da manutenção e diagnósticos de reparação Como os sistemas automatizados são principalmente controlados por microcomputadores industriais, e devido ao aumento da complexidade dos sistemas de acordo com o nível de automação, podemos utilizar estes mesmos microcomputadores no auxílio à detecção de falhas do equipamento. Três modos de operação são comuns nos subsistemas modernos de manutenção e diagnósticos de reparação: a) Monitoramento da condição da máquina – O sistema de diagnóstico monitora e registra as diversas condições dos sensores e os parâmetros do sistema durante a operação normal do equipamento. Quando necessário, o subsistema de diagnóstico pode gerar uma lista de todos os valores das variáveis e oferecer uma interpretação das condições atuais da máquina. b) Diagnóstico de falhas – Este modo é utilizado quando se tem um mau funcionamento da máquina ou uma falha. A principal finalidade é identificar a falha antes que ela ocorra, através da análise das variáveis monitoradas, ou identificar o motivo que gerou a falha, caso a máquina já esteja parada. c) Recomendação de procedimento de reparo – Neste terceiro modo de operação, o subsistema recomenda à equipe de manutenção as etapas que devem ser tomadas na realização dos reparos. Dependendo do nível de automação do equipamento, a própria máquina pode detectar e se recuperar de situações de erro. Os possíveis erros são classificados como aleatórios, sistemáticos e aberrações. Os erros aleatórios ocorrem devido a natureza estocástica normal do processo, como variações na temperatura durante a produção de balas. Pequenas variações de temperatura no processo de produção de doces podem torná-los inviáveis ao consumo. Erros sistemáticos ocorrem após algumas causas identificáveis, como mudanças sutis na matéria prima ou nos ajustes das ferramentas das máquinas. São relativamente fáceis de se corrigir. Erros do tipo “aberrações” não são normalmente esperados, e ocorrem a partir de defeitos de componentes da máquina ou de erros humanos. São difíceis de serem detectados. Para que uma máquina possa se recuperar adequadamente de uma falha, é necessário um vasto estudo sobre todas as condições de operação da máquina, de seus sensores e componentes, e um estudo detalhado sobre o histórico das falhas geradas. Normalmente este tema é estudado na gestão da manutenção, e a partir das informações fornecidas como o tempo médio entre falhas (MTBF) e do tempo médio para reparo (MTTR), pode-se planejar a manutenção de forma mais adequada. Níveis de automação – O conceito de automação pode ser aplicado a diferentes níveis dentro de uma empresa. Estes níveis podem ser definidos pelos tópicos abaixo: a) Nível de dispositivo – É considerado o nível mais baixo na hierarquia de automação. Consiste basicamente de sensores e atuadores montados em malhas de controle fechadas (por realimentação) para a automação de uma parte da máquina; b) Nível de máquina – É conhecido como nível de dispositivo e visa a automação da máquina individual, caracterizando-a para o produto a ser produzido. As funções de controle incluem a execução de sequências de etapas no programa de instruções na ordem correta e a certificação de que cada etapa foi adequadamente executada. c) Nível de célula – Opera sob as instruções do nível da fábrica. A célula agora é composta por diversas máquinas automatizadas, conectadas e apoiadas por um sistema de manuseio de materiais, e a produção industrial. Apesar de se falar em célula de trabalho, são incluídos neste nível as linhas de produção. d) Nível de fábrica – Recebe instruções do sistema gerencial corporativo e as traduz em planos de produção. Incluem processamento de pedidos, planejamento de processo, controle de estoque, aquisição, planejamento de requisitos de materiais, controle de chão de fábrica e controle da qualidade. e) Nível de empreendimento – Considerado o nível mais alto de automação de uma empresa, é formado pelos sistemas de gerenciamento corporativos e suas devidas informações. Existe neste nível a preocupação com marketing, vendas, contabilidade, projeto, pesquisa, planejamento agregado e o plano mestre da produção.
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