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EPIDEMIOLOGIA E IMPACTO: O AVC ser o principal fator de mortalidade de um país é um péssimo indicativo da qualidade de saúde daquele local. Isso se deve ao fato de que seu fator de risco é a hipertensão, e que um país que não consegue controlar um único fator de risco, a saúde não vai bem. A segunda doença de alta mortalidade é a doença isquêmica do coração, que tem como fatores de risco a diabetes, HAS, dislipidemia, histórico familiar, sedentarismo e obesidade. As pessoas têm AVC antes de ter a "chance" de ter um IAM. Países pobres têm mais chance de ter AVC. ● Mortalidade em 30 dias: 10% ● Mortalidade em 1 ano: até 40% (relação com sequelas) ● Sequelas limitantes: 75% não retornam ao trabalho ● 30% caminham com ajuda DEFINIÇÕES: ⇒ O AVC é a instalação súbita (dentro de 1 min e sem progressão após esse tempo) de um déficit neurológico focal (explicado pela lesão de um grupo de neurônios) relacionado ao um território arterial - ELA: progressão em horas - Tumor cerebral: progressão em dias/semanas AIT: ● Interrupção temporária do fluxo sanguíneo ● Sem lesão neuronal Penumbra isquêmica: ● Neurônios viáveis ⤍ sem atividade graças a queda do fluxo sanguíneo, mas que ainda podem se recuperar ● Ausência de atividade elétrica neuronal ● A intenção de reconhecer precocemente o AVC é salvar os neurônios da área de penumbra AVCi: ● Interrupção permanente do fluxo sanguíneo ● Lesão neuronal irreversível ○ A HAS é o principal fator de risco!!!!!!! ○ Fatores de risco modificáveis: HAS, fibrilação atrial, doença coronária, estenose carotídea, aIT, DM, dislipidemia, tabagismo, etilismo, sedentarismo, obesidade ○ Fatores de risco não-modificáveis: idade (risco dobre a cada década após 55 anos), sexo (30% maior em homens), etnia (2,4x em afro-americanos e 2x em hispânicos e asiáticos) e hereditariedade (1,9x maior se histórico familiar) AVCh: ● Fatores de risco: HAS (70%), angiopatia amilóide (degeneração vascular comum em idosos - HIP), malformações arteriovenosas, coagulopatias, tumores e drogas (cocaína - HIP) ○ HSA: sangue no líquor - meningite química - pior dor de cabeça da vida súbita ○ HIP: CIRCULAÇÃO ENCEFÁLICA: Sistema carotídeo - circulação anterior ● aorta ⤍ tronco braquiocefálico⤍ carótida comum⤍ carótida interna (pescoço - fazer USG Doppler e angio-TC ai) + externa ● Carótida interna (emite ramos no encéfalo) ⤍ polígono de willis Sistema vértebro-basilar - circulação posterior: ● Artérias comunicantes (vertebral + basilar) Irrigação do homúnculo de Penfield: Região mais medial - MI ⤍ principalmente irrigada pela ACA Região superior - MS ⤍ principalmente irrigada pela ACM Região lateral - face ⤍ principalmente irrigada pela ACM AVC na cápsula interna pela neurônios de todas as regiões (MI, MS e face) - mais severo. Como normalmente um território vascular é mais prejudicado que outro, quando temos um acometimento de intensidade semelhante em MI, MS e face já suspeitamos de acometimento na cápsula interna. Se temos acometimento de mesma intensidade em MI, MS e nervos cranianos, a lesão presumida é no tronco encefálico. Se a lesão não acometer a face, lesão da medula. Heminegligência: ● Lado direito: presta atenção no lado direito e esquerdo ○ Se acometimento, o paciente não responde a linguagem se você fala com ele do lado esquerdo ○ Faz tudo com o lado direito porque o lado esquerdo está funcionando ○ Só existe heminegligência à esquerda (ignora o lado esquerdo) ⤍ sinal de lesão do hemisfério direito, principalmente o córtex ● Lado esquerdo: presta atenção no lado direito + linguagem ○ Afasia - distúrbio da linguagem (você tinha a função e a perdeu) - dificuldade na compreensão ou na expressão. ○ Lesão da região de Broca (perda da fluência) e Wernicke (perda da compreensão) ○ Pedir para nomear 5 objetos, 5 cores e 5 partes do corpo - todos têm déficit de nomeação ○ Fazer perguntas simples - déficit de compreensão ○ Pedir para falar todos os animais que lembrar em 1 min ○ Pedir para repetir "nem aqui, nem ali, nem lá" QUADRO CLÍNICO: ACM direita: hemiplegia esquerda predominantemente braquifacial (em face e membros, principalmente os superiores) + heminegligência esquerda ACM esquerda: hemiparesia direita predominantemente braquifacial + afasia ACA: hemiparesia predominantemente crural contralateral ACP: hemianopsia homônima contralateral Território vértebro-basilar: irriga tronco cerebral e cerebelo - Sd. cerebelar ipsilateral:ataxia de marcha, dismetria, incoordenação e nistagmo (acometimento do cerebelo) - Sd. de nervos cranianos ipsilateral + hemiparesia contralateral (acometimento de tronco) ⤍ Sd. alterna AIT: Déficit neurológico focal de instalação súbita, com duração < 24h (< 1h e sem evidência de infarto) e presumidamente de origem vascular, limitado a um território cerebral ou do olho e nutrido por uma artéria específica. ● 14 min paras os AITs de território carotídeo ● 8 min para os AITs de território vértebro-basilar ● 75-85% < 1h ○ > 1h só 14% regride espontaneamente ○ > 3h só 2% regride espontaneamente Se tiver lesão na TC, mesmo com melhora clínica, É UM AVC!!!!!! Em 30 dias, 4% evolui com AVC; 90 dias, 10% sendo metade nos 2 primeiros dias. 2,6% terão evento cardíaco grave e outros 2,6% evoluirão para óbito. Escore ABCD2: Brasil - interna todo mundo!!!!! Não suspeitar de AIT quando houver ocorrência isolada de um desses sintomas: vertigem, tontura, náusea, sincope, confusão mental, amnésia e convulsão. EXAMES DE FASE AGUDA DOS AVCS: ● TC de crânio sem contraste: ○ AVCi: hipodenso ■ pode ser normal na fase hiperaguda do AVCi(<6h) ■ Sinais precoces: ○ AVCh: hiperdenso ■ HIP: lobar, putaminal, talâmico, ponte e cerebelo ○ HSA: sangue em volta do polígono de Willis - Fisher ● RNM com difusão: padrão-ouro ● Hemograma (Hb, Ht e plaquetas) ● Glicemia/dextro ● Na+/K+ ● Ureia, creatinina ● TP, TTPA ● ECG ETIOLOGIAS DO AVCI/AIT: Aterotrombose de grandes artérias - Paciente com fator de risco cardiovascular (HAS, DM, tabagismo e dislipidemia) que tem AIT/AVC sempre no mesmo território. Cardioembolia - Relaciona-se com cardiopatia, valvulopatias e arritmias. A fibrilação atrial é a mais comum - AVCs em múltiplos territórios arteriais Aterotrombose de pequenos vasos (lacunas): - Pequenos infartos subcorticais < 1cm - Quadros neurológicos restritos, sem alteração da consciência e das funções nervosas superioras (corticais) - Síndromes lacunares: hemiparesia proporcionada pura, hemi-hipoestesia pura e hemiparesia-hemi-hipoestesia Outras etiologias Dissecção arterial (hematoma) - Síndrome de Horner: miose, semi ptose palpebral e sensação de que o olho está mais para dentro - Cefaleia - Jovem Mnemônico: ACAOD DIAGNÓSTICO PRESUMIDO DO SUBTIPO DE AVC: . História Curso clínico - ritmo e o curso dos sintomas e sinais e sua eliminação. - Embolia: geralmente ocorrem de repente. Os déficits indicam perda focal da função cerebral que geralmente é máxima no início. A recuperação é rápida. - Trombose: Os sintomas costumam flutuar, variando entre normal e anormal ou progredindo de maneira gradual ou gaguejante, com alguns períodos de melhora. - Oclusões penetrantes da artéria: sintomas que se desenvolvem durante um período de horas ou no máximo alguns dias. - Hemorragia intracerebral (HIC): não melhora durante o período inicial; progride gradualmente durante minutos ou algumas horas. - Hemorragia subaracnóidea aneurismática (HAS): se desenvolve em um instante. A disfunção cerebral focal é menos comum. ⇒ Os pacientes geralmente não apresentam uma história específica sobre o curso dos sintomas neurológicos. Perguntar se o paciente pode andar, falar, usar o telefone, usar a mão, etc., e como os eventos se desenvolveram após os primeiros sintomas. Epidemiologia: A maioria dos derrames trombóticos e embólicos relacionados à aterosclerose ocorre em pacientes idosos. Indivíduos < 40 anos raramente apresentam aterosclerose grave, a menos que também tenham fatores de risco importantes, como DM, HAS, hiperlipidemia, tabagismo ou um forte histórico familiar. Embolia deorigem cardíaca é comum em jovens com doenças cardíacas. HIC hipertensiva é mais comum entre negros e indivíduos de ascendência asiática Mulheres na pré-menopausa têm uma frequência mais baixa de aterosclerose do que os homens de idade semelhante, a menos que tenham fatores de risco de AVC maiores. A incidência de AVC aterosclerótico é quatro vezes maior nos homens Negros, asiáticos e mulheres têm menor incidência de doença oclusiva das artérias carótidas e vertebrais extracranianas do que os homens brancos. Sintomas associados - A presença de certos sintomas associados é sugestiva de subtipos específicos de acidente vascular cerebral. - Febre: suspeitas de endocardite e derrame embólico resultante. - Infecções ativam reagentes sanguíneos de fase aguda, predispondo à trombose. Dor de cabeça: característica dos derrames hemorrágicos, mas alguns pacientes têm dores de cabeça no período prodrômico antes dos derrames trombóticos. - Vômito: comum em pacientes com HIC, HAS e isquemia de grandes artérias de circulação posterior - Convulsões: pacientes com ICH lobar ou embolia cerebral; eles são raros em pacientes com trombose aguda - Atenção reduzida: presença de hemorragia. Os sinais neurológicos acompanhantes são sugestivos de HIC, enquanto a ausência de sinais focais sugere HAS. A perda de consciência também é comum em pacientes com derrames trombóticos e embólicos grandes ou que envolvem grandes artérias da circulação posterior. Exame físico - Pulsos ausentes (extremidade inferior, radial ou carótida) favorecem o diagnóstico de aterosclerose com trombose, embora o início repentino de um membro frio e azul favorece a embolia. - As artérias carótidas internas no pescoço não podem ser palpadas com segurança, mas, em alguns pacientes, a oclusão da artéria carótida comum no pescoço pode ser diagnosticada pela ausência de pulso carotídeo. -A presença de um sopro no pescoço sugere a presença de doença extracraniana oclusiva, especialmente se o sopro for longo, focal e agudo. - A palpação dos pulsos faciais é útil no diagnóstico de oclusões comuns da artéria carótida e carótida interna e arterite temporal. - Achados cardíacos, principalmente fibrilação atrial, sopros e aumento cardíaco, favorecem a embolia de origem cardíaca. - O exame cuidadoso do fundo óptico pode revelar cristal de colesterol, fibrina de plaquetas branca ou embolia de coágulo vermelho. As hemorragias sub-hialóides no olho sugerem uma hemorragia cerebral ou subaracnóidea em desenvolvimento repentino. Quando a artéria carótida é ocluída, a íris pode aparecer manchada e a pupila ipsilateral pode tornar-se dilatada e pouco reativa. A retina nessa circunstância também pode mostrar evidências de isquemia crônica (retinopatia por estase venosa). Exame neurológico - Fraqueza da face, braço e perna de um lado do corpo, não acompanhada por anormalidades sensoriais, visuais ou cognitivas (acidente vascular cerebral puro) favorece a presença de um acidente vascular cerebral trombótico envolvendo artérias penetrantes ou uma pequena HIC. - Grandes déficits neurológicos focais que começam abruptamente ou progridem rapidamente são característicos de embolia ou HIC. - Anormalidades da linguagem sugerem doença de circulação anterior, assim como a presença de sinais motores e sensoriais no mesmo lado do corpo. - Vertigem, desconcertante, diplopia, surdez, sintomas cruzados (um lado da face e outro lado do corpo), sinais motores e / ou sensoriais bilaterais e hemianopia ou perda bilateral do campo visual sugerem envolvimento da circulação posterior. - O início repentino de consciência prejudicada na ausência de sinais neurológicos focais é característico da HAS. Estudos de imagem A localização e o tamanho de um infarto cerebral na TC ou RM podem ajudar ainda mais na distinção entre os subtipos de acidente vascular cerebral. - Pequenos infartos subcorticais (profundos) são mais comumente localizados nos gânglios da base, cápsula interna, tálamo e ponte. Eles estão potencialmente dentro do suprimento sanguíneo de uma única artéria penetrante. A causa mais comum de um pequeno infarto profundo é o infarto lacunar devido a alterações degenerativas nas artérias penetrantes. - Tronco encefálico rostral (mesencéfalo e tálamo), lobo occipital e infartos cerebelares são mais comumente causados por embolia cerebral TRATAMENTO: MEDIDAS GERAIS: Salvar área de penumbra!!!! 1. Ventilação adequada: O2 suplementar em casos de hipóxia (SaO2 <92%) 2. Hidratação a. Usar preferencialmente soluções salinas isotônicas b. Evitar infusão de soluções hipotônicas e glicosadas (podem causar picos de hiperglicemia que podem atrapalhar a recuperação da área de penumbra) 3. Glicemia e outros aspectos metabólicos e eletrolíticos a. Determinar dextro/glicemia imediatamente b. Hiperglicemia: Tratar com insulina se > 200 mg% (é frequentemente subtratada) c. Hipoglicemia: tratar com bolus de solução glicosada a 50% 4. Temperatura: a. Hipertermia: tratar rigorosamente com antitérmicos 5. Restringir alimentação nas primeiras 24h: fazer avaliação com fonoaudiologia (risco de disfagia) 6. Profilaxia de TVP e outras complicações não-neurológicas 7. Fisioterapia motora e respiratória - A hipotensão arterial é rara, porém deve ser prontamente revertida. TRATAMENTO ESPECÍFICO: Trombólise (rt-PA - alteplase) Feito num intervalo máximo de 3-4,5h Faz a degradação do trombo via ativação do plasminogênio (alteplase) ⤍ gera produtos da degradação da fibrina (PDF) e D-dímero Infrarterial (IA): diretamente para artéria a ser reperfundida Resultados após 3 meses: NINDS-trial - Chance de pouca ou nenhuma sequela: 30% maior - Não mudou a mortalidade - rt-PA em até 180 min - Risco 10x maior de hemorragia Critérios de inclusão: ● Idade > 18 anos ● Diagnóstico clínico de AVCi ● Déficit neurológico de intensidade significativa ● TC de crânio sem evidência de hemorragia ● Até 4,5h (EV) ou 6h (IA) de evolução antes do início da infusão do trombolítico ○ Extensão para 4,5h - ressalvas ■ Idade > 80 anos ■ AVC prévio e diabetes ■ NIHSS > 25 ● 0-4 pontos - "stroke minor": sem evidência para o uso do trombolítico exceto se houver afasia ● 4-25 pontos - AVC moderado: fazer trombólise ● > 25 pontos - extenso: risco de transformação hemorrágica. NÃO FAZER TROMBÓLISE Critérios de exclusão: ● Hemorragia intracraniana da TC ● Hipodensidade precoce à TC (isquemia aguda?) maior do que ⅓ do território da ACM ● Sintomas mínimos ou com rápida melhora ● NIHSS ≤ 5 com déficits não incapacitante ● Grande suspeita clínica de HSA apesar da TC ● Sangramento interno ativo ● Diátese hemorrágica ● Neurocirurgia, TCE grave ou AVC < 3 meses ● Cirurgia de grande porte ou trauma < 14 dias ● Punção arterial não-compressível recente ● Punção lombar nos últimos 7 dias ● HIC, malformação ou aneurisma cerebral ● Convulsão testemunhada no início do AVC (pode ser paralisia de Todd) ● IAM recente Profilaxia secundária ● Antiagregação plaquetária: AAS, ticlopidina, clopidogrel, AAS/dipiridamol ● Anticoagulação: heparina e heparina de baixo peso (não usar precocemente) ○ Indicações: AVCi em progressão, trombose de artéria basilar, AIT em crescimento, alto risco para AVC cardioembólico ● Angioplastia/endarterectomia Controle da PA: ● Não medicar se não houver extrema necessidade (emergência hipertensiva - IAM, dissecção aórtica e encefalopatia hipertensiva) ● Candidatos a trombólise - a PA deve ficar < 185x110 mmHg ● Se não candidato a trombólise - só tratar se PA > 220x120 mmHg ● 96% dos pacientes com PA > 160 mmHg tem uma redução espontânea desses valores em 90 min. Tratamento da estenose carotídea sintomática Sintomática: Causa AVCi ou AIT - <70% - tratamento clínico - >70% - endarterectomia ou angioplastia com Stent Assintomática - Tratamento clínico AVCi COM PIORA NEUROLÓGICA: 1. Distúrbio metabólico 2. Infecção 3. Progressão do AVC a. Primeiras 24h nos AVCs carotídeos b. Até 72h nos AVCs vértebro-basilares 4. Novo AVC 5. Edema citotóxico 6. Transformação hemorrágica Terapia de reperfusão encefálica consideradaExame requerido Trombólise endovenosa em < 4,5 h do UMA TC de crânio ou RM do encéfalo Trombólise endovenosa em > 4,5 h do UMA e em < 4,5 h do reconhecimento do déficit RM de encéfalo Trombectomia mecânica em < 6 h do UMA TC de crânio ou RM do encéfalo Ângio-TC ou ângio-RM de artérias intracranianas e cervicais Trombectomia mecânica entre 6 h e 16 h do UMA TC de crânio com sequência de perfusão ou RM de encéfalo com sequência de perfusão Ângio-TC ou ângio-RM de artérias intracranianas e cervicais Trombectomia mecânica entre 16 h e 24 h do UMA RM do encéfalo ou TC de crânio com sequência de perfusão Ângio-TC ou ângio-RM de artérias intracranianas e cervicais
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