Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Fraturas da coluna Epidemiologia ▪ 6% de todas as fraturas ▪ 4 : 1 ▪ Acidentes automobilísticos (mais comuns no sexo masculino→ homens jovens) ▪ Até 30% não é diagnosticada ▪ Região toracolombar (maior parte da coluna com mobilidade) A medula é uma “continuação” do SNC e possui como função a proteção da medula espinhal e manter o corpo ereto. A vertebra é formada pelo processo espinhoso (palpado na parte posterior), corpo, processo transverso, lâmina (une o processo espinhoso com a vertebra), forame, facetas articulares (articula uma vertebra a outra) e o pediculo (une o corpo vertebral com o processo transverso). A medula espinhal se estende do tronco cerebral até L1. No final da medula ocorre um afilamento→ cone medular (ainda tem medula) → somente nervos→ cauda equina (somente nervos) Avaliação clínica do paciente com trauma na coluna Cuidados iniciais: ▪ Proteger a coluna a todo o momento→ Colar cervical, prancha rígida, mobilização em bloco Deve-se considerar a existência de fratura na coluna até que se prove ao contrário. “Desde que a coluna do doente esteja devidamente protegida, o exame vertebral e a exclusão de trauma à coluna podem ser postergados sem riscos, especialmente na presença de alguma instabilidade sistêmica.” Colar cervical: ▪ Pacientes intoxicados ou com alteração do estado mental ▪ Lesão neurológica ▪ Dor na coluna (ou alterações no exame físico da coluna) ▪ Vítima projetada ou encarcerada (traumas de alta energia) ▪ Queda > 3m ▪ Tentativa de enforcamento ▪ Acidente de submersão Exame físico: É preciso de no mínimo 3 pessoas para realizar a avaliação do pct (fazer a rolagem em 90°). ▪ Avaliar sensibilidade (tátil, dolorosa, térmica e vibratória) ▪ Força motora (0-5) ▪ Presença de reflexos ▪ Reflexo bulbocavernoso (toque retal com compressão da glande ou clitóris→ principalmente em pct com trauma raquimedular→ espera-se que o pct contraia o esfíncter anal) ▪ Exame neurológico completo Avaliação radiológica do paciente com trauma na coluna Radiografias: ▪ Rx coluna cervical → AP, P e transoral ▪ Rx coluna torácica e lombar → AP + P Precisa pedir Rx para todo paciente politraumatizado? Não! Pois em casos de pct conscientes, orientados, que não utilizaram substancias toxicas e com exame físico da coluna normal não é necessário realizar o exame. ▪ Avaliar: ✓ Perda da lordose cervical ou presença de cifose aguda ✓ Continuidade das linhas radiológicas ✓ Alinhamento das vértebras ✓ Alargamento ou estreitamento dos espaços articulares ✓ Aumento da distância entre os processos espinhosos ou facetas articulares ✓ Assimetrias Radiografia é um método pratico para avaliar o paciente, mas deve ser realizada de forma correta (deve-se visualizar desde da região occipital até T1). Caso haja fratura confirmada no Rx ou suspeita de fratura não vista no Rx deve-se realizar uma TC se disponível. Outros: ▪ TC da coluna: permite o diagnóstico de 5- 8% de fraturas na coluna que não foram vistas nas radiografias. ▪ RNM da coluna: Realiza-se em leões mais graves. Boa para avaliar partes moles. Contusões medulares, hematomas, lesões ligamentares, hérnias discais e coleções líquidas. Em casos de identificação de fratura deve-se avaliar toda a coluna, pois quase sempre há mais de uma lesão. Lesões traumáticas da coluna cervical Epidemiologia: ▪ 2-6% dos politraumatizados ▪ 40% lesão neurológica ▪ Diversos mecanismos de trauma: alta energia ▪ Distribuição etária bimodal ▪ Complexo occipitocervical X vértebras cervicais baixas Coluna cervical alta Anatomia: ▪ Osso occipital (base do crânio) ▪ C1 ou atlas ▪ C2 ou axis (presença do “dente”) ▪ Não há disco intervertebral entre C1 e C2 ▪ Atlas não tem corpo nem processo espinhoso; arcos e massas laterais ▪ Axis: tem o maior corpo das vértebras cervical e o processo odontóide, além de possuir processo espinhoso bifurcado. Radiografia transoral: realizada por dentro da boca do paciente para avaliar C1 e C2 Fratura do côndilo occipital: ▪ Traumas de alta energia ▪ Acompanhado de TCE na maioria dos casos ▪ TC ▪ Bom prognóstico se lesão isolada ▪ Colar Philadelphia ou gesso tipo Minerva Objetivos do tratamento: ▪ Realinhamento da coluna ▪ Tentar recuperar déficit neurológico ▪ Prevenção de déficit neurológico adicional ▪ Restaurar a integridade biomecânica da coluna ▪ Prevenir deformidades futuras ▪ Prevenir dor residual ▪ Retorno precoce às atividades Fratura do Atlas: ▪ Trauma axial ▪ Raramente comprometimento neurológico (devido ao canal ser mais alargado) ▪ Fratura de Jefferson: fratura em explosão do atlas (ruptura dos arcos anterior e posterior). Se estável: Tração craniana (halo craniano) + imobilização(halo vest, halo gesso ou gesso minerva) 3-4 meses ▪ Se instabilidade (alargamento maior ou igual a 7mm): artrodese occipito-cervical; ▪ Estáveis: Ligamento transverso íntegro (as massas laterais não se afastam); colar cervical por 6 semanas Fratura do dente do Axis: ▪ Idosos ▪ Dor cervical + dificuldade para mobilização ▪ Minoria terá déficit neurológico ▪ Rx AP, P, transoral ▪ TC Tratamento conservador: em casos de fratura estável Tratamento cirúrgico: fratura instável ✓ Grau II ✓ > 65 anos ✓ Tabagistas ✓ Fratura cominuta ✓ Grande afastamento dos fragmentos ósseos (> 5mm) ✓ Angulação > 10º ✓ Déficit neurológico ✓ Trauma multissistêmico Fratura do enforcado: ▪ 2ª forma mais comum de fratura de C2 ▪ Fratura do carrasco → enforcamento judicial (antigamente) ▪ Acidentes automobilísticos ▪ Espondilolistese traumática de C2/C3 ▪ Fratura dos pedículos + escorregamento anterior do corpo do Axis sobre C3 (devido a fratura no Axis) ▪ 1/3 vai ter outra fratura na coluna ▪ Raio-X cervical P ▪ Maioria dos casos pode ser tratada conservadoramente ✓ Órtese cervical rígida ✓ Tração + Minerva 3 meses ▪ Artrodese ou osteossíntese Coluna cervical baixa C3-C7: Epidemiologia: ▪ Raro em crianças ▪ 65% das fraturas cervicais ▪ Maiores responsáveis pelo TRM ▪ C5-C6 (+ aometidos) Conceito de estabilidade da coluna de White e Panjabi: “É a capacidade da coluna vertebral de suportar cargas fisiológicas sem deformar, prevenindo dano ou irritação da medula ou raízes nervosas” Quando há uma lesão de 1 das 3 “colunas” há uma instabilidade. Critérios de instabilidade: ▪ Translação no plano sagital> 3,5mm ▪ Angulação > 11º ▪ Aumento da distância dos processos espinhosos ▪ Rotação das facetas ▪ Lesão neurológica ▪ Lesão das 3 colunas de Denis ▪ Lesão de 2 colunas + lesão neurológica Tratamento conservador: Tratamento cirúrgico: Lesões traumáticas da coluna tóraco-lombar Epidemiologia: ▪ 89% das lesões da coluna ▪ jovens (20 - 40 anos) ▪ Mecanismos de alta energia ▪ Fraturas isoladas→osteoporose ▪ 2/3 entre T11 – L2 (transição toraco- lombar) ▪ 20-40% déficit neurológico ▪ Fraturas múltiplas ▪ 50% tem lesões associadas Avaliação radiológica: ▪ Radiografias AP e P Classificação AO / Magerl: morfopatologia da lesão indica a força aplicada sobre o segmento vertebral lesado. Critérios de instabilidade: ▪ Falha em pelo menos duas colunas de Denis ▪ Comprometimento de pelo menos 50% do canal vertebral ▪ Perda maior ou igual a 50% da altura do corpo ▪ Angulação maior que 30º (cifotização) ▪ Translação > 2,5mm ▪ Lesão neurológica ▪ Tipo B e C Tratamento conservador: Tratamento cirúrgico: ▪ Lesões abertas com exposição da medula espinhal ▪ Déficit neurológico progressivo ▪ Risco de lesãoneurológica devido à instabilidade ▪ Artrodese (da estabilidade mas perde mobilidade), cage, cifoplastia. Trauma raquimedular ▪ Lesão da medula espinhal ou de raiz nervosa ▪ Alterações na função motora, sensitiva ou autonômica ▪ Temporárias ou permanentes Epidemiologia: ▪ 15-20% das fraturas de coluna ▪ 6 a 8 mil casos novos/ano no Brasil ▪ , 15-40 anos ▪ Impacto sócio-econômico Principais causas: Tipos de lesão: Primária: (“já aconteceu”) ▪ Ocorre no momento da lesão (até 8h) ▪ Transferência de energia cinética para a medula espinal ▪ Contusão, compressão, estiramento e laceração ▪ Lesão neuronal e vascular imediata Secundária: (“temos que evitar que ocorra”) ▪ Cascata fisiológica secundária ▪ Hemorragia, inflamação, isquemia Lesão completa da medula: ▪ Não se observa sensibilidade ou função motora abaixo do nível da lesão neurológica ▪ Prognóstico de recuperação ruim Lesão incompleta da medula: ▪ Alguma função neurológica persiste caudal ao nível da lesão ▪ Preservação sacral: sensibilidade perianal, função motora retal, flexão do hálux Síndromes medulares: Síndrome medular central: ▪ Mais comum ▪ Trauma em hiperextensão ▪ Tetraparesia, pior nos MMSS ▪ Idosos Síndrome de Brown-Séquard: ▪ Hemissecção medular ▪ Déficit motor e da propriocepção ipsilateral à lesão ▪ Perda da sensibilidade térmica e dolorosa contra- lateral ▪ Bom prognóstico Síndrome Medular Anterior: ▪ Lesões por hiperflexão ▪ Perda motora completa e perda da discriminação à dor e temperatura abaixo do nível de lesão ▪ Propriocepção normal SCIWORA (lesão da medula espinhal sem anormalidade radiológica): Nas crianças, a lesão medular pode ocorrer sem alterações em radiografias e exame de TC→ devido a maior mobilidade→ hiperfrouxidão ligamentar. RNM que da o diagnóstico. Choque medular: ▪ Disfunção da medula espinhal baseada na disfunção fisiológica e não estrutural ▪ Arreflexia + paralisia motora + perda de sensibilidade ▪ Ausência do reflexo bulbocavernoso ▪ Se resolve em 24-48 horas ▪ O marco do fim do choque medular é o retorno do reflexo bulbocavernoso ▪ Exame neurológico detalhado do paciente Choque neurogênico: ▪ Hipotensão e bradicardia associada à perda da resistência vascular periférica nas lesões da medula espinhal ▪ Ausência do tônus vascular simpático Tratamento: ▪ Prevenção de lesões adicionais durante transporte ▪ Considerar a presença de lesão na coluna vertebral e a manutenção da imobilização até a definição diagnóstica ▪ Colar cervical + prancha rígida ▪ Estabilização hemodinâmica ▪ Não existe, até o momento, tratamento capaz de restaurar as funções da medula espinhal lesada ▪ Metilprednisolona em até 8h do trauma: 30 mg/Kg na 1ª hora e 5,4 mg/Kg/Hora nas próximas 24 a 48 horas ▪ Redução e o alinhamento do segmento vertebral lesado e a restauração da estabilidade de tal segmento→evitar lesões adicionais da medula e favorecer a reabilitação. Tratamento cirúrgico: ▪ Redução de fraturas e luxações → descompressão medular + estabilização Tratamento Multidisciplinar: ▪ Intercorrências Clínicas ▪ Tratamento Cirúrgico ▪ Fisioterapia ▪ Cuidados de Enfermagem ▪ Apoio Psicológico
Compartilhar