Prévia do material em texto
1 Beatriz Machado de Almeida Ortopedia – Aula 6 - Tendinopatias Formação e estrutura do tendão Imagem: estrutura de uma fibra muscular. As fibras musculares de uma musculatura estriada irão se dividir em fibras, que vão sendo aglomeradas em fascículos, responsáveis pela contração muscular. Esse músculo estará envolto na fáscia (branco) e a fáscia vai sofrendo uma transformação até chegar em um ponto que se transforma, somente, no tendão. O tendão é a forma que o músculo tem de se acoplar ao osso. Nenhum músculo se insere diretamente no osso. O tendão é revestido pelo epitendão (tecido conectivo), e esse epitendão é subdividido em fibras, que são divididas em fascículos e esses fascículos, cada vez menores, até chegarem a um ponto que tem uma fibra de colágeno. Então, o tendão é basicamente feito por colágeno tipo III. Tem bastante tecido hialino ao redor e MUITA fibra de colágeno, por isso que o colágeno é importante para a estrutura perfeita do tendão. Introdução • A tendinopatia é uma classe de doenças que afetam os tendões. A tendinopatia está agrupando o que era chamado de tendinite (processo inflamatório dentro do tendão) e a peritendinite (processo inflamatório ao redor do tendão, envolto o epitendão, por exemplo). Como nos exames de imagem não se consegue saber se a inflamação é no tendão ou ao redor → tendinopatia. • Podem ter origem: ❖ Degenerativa: Relação com a idade e atividade que o paciente desempenha. Ex - tendinite em atletas, quando há sobrecarga no tendão. ❖ Traumáticas: pode estar relacionada a contusão, fratura, por exemplo. • Apresenta dor relacionada à atividade, edema local, sensibilidade focal à palpação e diminuição da força: a proteção contra a dor faz com que o paciente diminuía a força muscular. Alguns apresentam sinais flogísticos! Então, o paciente pode apresentar hiperemia na região ou outros processos de sinais inflamatórios, mas não são tão comuns. O mais comum é a dor. OBS: fáscia (tecido conjuntivo muito similar ao tendão) é o que recobre o músculo. O tendão é a forma que o músculo vai se ligar no osso. Existe uma transição miotendínea. Tendinopatia do ombro • Manguito rotador: formado por 4 músculos: supraespinhal, infraespinhal, subescapular e redondo menor. ❖ Supraespinhal: tendão mais comum de ter a tendinopatia. Se insere na face supero lateral do tubérculo maior. Faz o movimento de abdução, ou seja, abertura do braço e de elevação também. Além disso, por ter o contato íntimo com o acrômio, pode ser vítima da síndrome do impacto: (imagem 4) um espaço estreito entre o tubérculo menor e o acrômio e, esse tendão, que está entre Tendinopatia e Bursite 2 Beatriz Machado de Almeida Ortopedia – Aula 6 - Tendinopatias os dois, termina sofrendo um processo degenerativo por esse impacto. Na região subacromial existe uma Bursa, que é uma bolsa que serve como um acolchoamento para todas as estruturas moles. Então, qualquer estrutura de partes moles que esteja perto de um osso, em geral, vai ter uma Bursa que vai tentar limitar esse atrito. Então, a Bursa é uma estrutura normal que, às vezes, vai acumular líquido inflamatório quando se tem algum processo inflamatório na região. Então, quando há tendinopatia no ombro, por exemplo, em geral, essa Bursa estará inchada, cheio do liquido inflamatório, que veio do processo inflamatório tendíneo. Com o passar do tempo, o processo inflamatório vai aumentando até que chega ao ponto que esse tendão rasga e sofre processo de ruptura (imagem 3). Isso talvez seja o mais grave que se possa ocorrer em um processo inflamatório. Então, todos os quatro músculos que foram o manguito rotador podem sofrer processo inflamatório, mas o mais comum de ter o processo inflamatório, a ruptura, ou gerar a síndrome do impacto é o supraespinhal. • Bursa subacromial: quando tem um processo inflamatório tendíneo, estará cheia de líquido inflamatório dentro dela. • Síndrome do impacto. Geralmente o paciente chega falando que foi para o radiologista, fez um ultrassom, e foi diagnosticado com bursite. A gente deve se atentar que, nesse caso, a bursite não é o grande problema e sim a tendinite associada. Geralmente, a bursite vem mais como uma consequência do que como uma causa. A bursite pode ter um processo inflamatório somente dela (ser a causa), sem ter nenhuma tendinite associada, mas em geral é um processo traumático. Tendinopatia do cotovelo • Epicondilite lateral (cotovelo do tenista): é uma tendinopatia muito comum. ❖ Dor na origem dos extensores, exatamente no epicôndilo lateral. ❖ É comum em costureiras, em tenistas. Uma dor na altura do cotovelo, na origem dos tendões extensores do punho. • Epicondilite medial (cotovelo golf): ❖ Dor na origem dos tendões flexores, sendo um dor na face medial. OBS: extensão do punho é “trazer para cima” e flexão, “para baixo”, imaginando que a mão está com palma para baixo. Quando o paciente tem tendinopatias associadas (exemplo - cotovelo e ombro) é necessário investigar? Sim, paciente que tem fibromialgia, por exemplo, é comum referir dor em diversas articulações. Por isso, deve-se tratar o paciente como um todo, e não cada dor em um local específico. É importante diferenciar se a dor é na articulação ou no tendão, isso é difícil, mas muito necessário. Como o tendão é muito mais superficial, o paciente terá mais dor à palpação, ou seja, consegue detectar o local de dor. Já a dor articular, como é mais profunda, em geral, o paciente não terá tanta dor à palpação, e sim ao movimento. Outra coisa que se faz, até como teste terapêutico, é a infiltração articular: joga anestésico dentro da articulação e, se a dor for articular, ela melhora com o uso do anestésico. Irradiação está mais associada a neuropatias. Então, compressões neurológicas geram irradiação. A irradiação de uma tendinite, por exemplo, ela deve dar no trajeto de um tendão. Por exemplo, se um paciente tem uma epicondilite lateral, ele pode até referir um pouquinho de dor na face anterolateral do antebraço, mas não vai dar formigamento. Tendinite do punho A mais comum, sem dúvidas, é a tendinite dos extensores. São 6 compartimentos onde passam os tendões extensores do punho e dos dedos (imagem acima) e todos eles podem gerar processos inflamatórios, ou seja, tendinopatias. • Tendinopatia do 1º túnel – SD “De Quervain”: (mais comum) – essa síndrome é uma tendinopatia 3 Beatriz Machado de Almeida Ortopedia – Aula 6 - Tendinopatias do primeiro túnel extensor. O paciente refere dor no trajeto do 1º raio (polegar), bem na base do radio distal. Em resumo, no punho, é mais comum a tendinopatia dos extensores, sendo a do 1º túnel (sd. De Quervain) a mais comum dentre eles. Tendinopatia do Aquiles • Tríceps Sural: ❖ Gastrocnêmio (duas partes) + Sóleo. Em relação a membro inferior, tem-se a tendinopatia do Aquiles, sendo muito comum. Muitos pacientes que fazem maratonas, corridas de rua ou treinamentos funcionais, são pacientes-alvo para essa tendinopatia. O que acontece é que esse tendão não estava preparado para receber aquela sobrecarga e por conta do estresse repetido acaba sofrendo um processo inflamatório, que pode levar até a rotura. O tendão calcâneo é a junção das duas partes do gastrocnêmio com o músculo sóleo: essas três cabeças vão formar o tríceps sural e vão se inserir na base do calcâneo. Esse tendão é responsável pela flexão plantar. Um paciente que faz treinamento de corrida, por exemplo, pode ter um processo inflamatório na inserção óssea ou na transição miotendínea (tendinite não-insercional). Entesite é uma manifestação óssea da tendinite. Fasciite plantar É outra tendinopatia bastante comum dos MMII. • Dor matinal; • Melhora com uso de salto 3-4cm;• Encurtamento de cadeia posterior. A característica básica dessa fascite plantar, também chamada de esporão calcâneo, é uma dor matinal bem na base do pé. Em mulheres que usam salto, referem que um salto de 3-4 cm melhora bastante a dor. A causa é o encurtamento dessa cadeia posterior. Dessa forma, se o paciente tem encurtamento da panturrilha, (o salto alto faz muito isso; a paciente passa o dia inteiro na ponta de pé), a perna fica encurtada, na hora que ela vai calçar uma sandália baixa, colocar esse calcâneo no chão, essa cadeia posterior está encurtada. A dor pode ser referida até como se estivesse furando essa parte do pé. O tratamento para isso é, basicamente, alongamento de cadeia posterior, chegando até 92% de resultados positivos apenas com alongamento. OBS: às vezes, o paciente faz o raio X e aparece uma entesite – protrusão óssea no calcâneo (círculo acima). A dor não é por conta da entesite. Na verdade, a entesite é uma consequência. O grande problema é o processo inflamatório local e também do encurtamento da cadeia posterior. O esporão não precisa ser retirado, pois não tem significado patológico, sendo consequência e não causa. A gente tem que tratar a causa e não a consequência. Tendinopatia do quadril Basicamente, em todas as tendinites, o diagnóstico e o tratamento são da mesma forma. ANAMNESE Onde dói, quando começou essa dor, se faz atividade física, esforços repetitivos, o que está fazendo com que esse quadro melhore ou piore. EXAME FÍSICO ❖ Dor a palpação face lateral do quadril: no caso específico da tendinopatia do quadril, uma dor na região do grande trocanter. 4 Beatriz Machado de Almeida Ortopedia – Aula 6 - Tendinopatias ❖ Dor ao realizar abdução ativa: a principal função do músculo glúteo é fazer a abdução. ❖ Edema local; ❖ Marcha em Trendelemburg: Essa marcha é resultado da falta de apoio da musculatura glútea, fazendo com que o paciente manque. EXAMES COMPLEMENTARES ❖ Ultrassonografia; ❖ Ressonância Magnética. A radiografia pode ser solicitada com o objetivo de afastar causas ósseas e tentar visualizar alguma entesite. Mas, por ser uma patologia de partes moles, solicita-se uma ultrassonografia e ressonância magnética como padrão ouro. Na RNM (imagem), se evidencia um corte coronal em T2, ou seja, tudo que é água vai ser corado nessa sequência. Pode-se notar bastante edema justamente na face insercional do grande trocanter, ou seja, aonde a musculatura glútea se insere. EPIDEMIOLOGIA DA TENDINOPATIA DE QUADRIL • Mulheres a partir da sexta década de vida; • Adiposidade ginóide (formato de pera): mostra influência na predisposição da tendinopatia glútea (homens tem padrão androide, em maçã); • Falta de atividade física regular: predispõe à doença, geralmente é aquele paciente sedentário ou que diz que faz uma caminhada irregular; • Associação com lombalgia crônica: Existe uma associação forte com lombalgia crônica (até 35% dos pacientes vão referir dor lombar); • Transtornos depressivos: Pode ser transtornos depressivos de qualquer face: bipolar, depressão. ❖ Dor lombar e transtorno depressivo estão muito associadas a essa tedinopatia, mas não é causa e consequência. É uma associação de patologias. ❖ É muito raro a tendinopatia de quadril por trauma. A grande maioria é degenerativo. ❖ A tendinopatia pode se resolver sozinha sem tratamento. Faz-se uma comparação com dor de garganta, que é uma inflamação que pode passar sozinha. Tratamento De forma geral, qualquer tendinopatia, o tratamento é conservador (mesmo com a ruptura do tendão), até que se prove o contrário. Se por acaso esse tratamento não apresentar uma boa resposta, aí se pode até pensar em um tratamento cirúrgico. A exceção para esse caso é uma rutura do tendão de Aquiles: em atletas, em geral, o tratamento cirúrgico é feito com urgência. • Reabilitação: O tratamento conservador começa com reabilitação → encaminhamento para iniciar um trabalho de fisioterapia e de fortalecimento muscular em academia, por exemplo. • Repouso relativo: Repouso relativo, em geral, é de 48 a 72 horas, não ultrapassando isso, para fazer com que o músculo repouse e diminua o processo inflamatório. • Controle clínico das comorbidades associadas: Sabe-se, por exemplo, que hipotireoidismo, diabetes mellitus tem tendência na piora da dor; logo, o paciente deve conseguir controlar as comorbidades. Se não conseguir controlar os sintomas depressivos desse paciente, não vai ter tendência a melhorar, precisando do trabalho com um psicólogo ou psiquiatra de forma fundamental. • Estímulo a atividade física bem orientada: tirar esse paciente do sedentarismo, fazer o paciente adotar tanto o fortalecimento muscular quanto o alongamento, além de melhorar o processo inflamatório para que não volte a incomodar. • Cinesioterapia: normalmente com exercícios resistidos; é trabalho em geral do educador físico ou do fisioterapeuta, a fim de fortalecer a musculatura, dar uma amplitude de movimento para essa musculatura e fazer com que esse paciente melhore muito esse quadro doloroso. 5 Beatriz Machado de Almeida Ortopedia – Aula 6 - Tendinopatias São movimentos resistidos, fortalecimentos isométricos, feito dentro da água, fora da água. OBS: a reincidência é muito grande da lesão de tendão de Aquiles, manguito rotador (neste, tem até 60% de re-rotura, após cirurgia). ❖ Lembrar que é o tendão que rompe, não o músculo. ❖ Todo caso tem sua individualidade. Para um atleta de alto rendimento, pode ser que o retorno rápido às atividades seja mais indicado para recuperação mais rápida, sendo mais sindicado a cirurgia. ❖ O uso das bolinhas para ficar apertando para tendinite funciona para fortalecer a musculatura do antebraço e os tendões. O ciclismo (considerado uma atividade aeróbia) não é uma atividade que fortalece muito a musculatura do ombro. Então, fazer uma atividade física resistida com suporte de carga é bem interessante para esse ciclista, como por exemplo academia. Pode ser isométrico no começo, mas se o paciente tem melhora da dor, ausência de dor, principalmente, pode ser feita contração concêntrica ou excêntrica. A isometria é nos casos mais dolorosos. Analgésicos e anti-inflamatórios ❖ Dipirona/paracetamol (analgésicos simples): usa bastante; ❖ Tramadol/codeína (analgésicos mais potentes); ❖ Diclofenaco/celocoxibe (anti-inflamatórios): devem ser usados por um curto período de tempo, 5-10 dias; ❖ Amitriptilina/duoloxetina (antidepressivos): associa normalmente quando tem dor crônica ou quando percebe que aquele paciente tem algum transtorno depressivo. Mas, de preferência, encaminhar esse paciente para um psiquiatra, que vai conseguir avaliar melhor e até introduzir a medicação de forma mais correta, (principalmente se for um caso mais grave). Terapia local • Infiltração de corticóide; • Terapia com ondas de choque; • Fenestração; • PRP; • Infiltração com ácido hialurônico; • Tratamento cirúrgico (última instância). Em geral, o tratamento conservador seria as medidas anteriores e vai observar por 2 a 3 semanas, ver se esse paciente teve alguma resposta. Caso não tenha obtido melhora, ou tenha piora, mesmo com o repouso relativo, início de atividade física, uso de anti-inflamatório, então, pode-se partir para as terapias locais (terapias feitas no sítio de dor, do processo inflamatório). INFILTRAÇÃO COM CORTICÓIDE • Anestésico - bupivacaína/lidocaína; • Betametasona; • Guiado por USG. É utilizada a bupivacaína ou lidocaína, que são anestésicos locais, associada a um corticóide de depósito, em geral a betametasona ou triancinolona. Injeta de 6 a 10mL desse anestésico associado a corticóide, tentando diminuir aquele processo inflamatóriolocal. Pode ser feito guiado por USG ou por ressonância ou somente guiado pela anatomia local. O ideal é que use o USG (não tem radiação e é barato), que é um método simples no consultório, conseguir fazer infiltração e acertar exatamente o ponto que quer infiltrar, para não acabar injetando mais substância que o necessário ou não atingir o local exatamente em que se quer atingir. • Vantagem do uso da infiltração com corticoide: melhora do processo inflamatório e melhora a dor (pelo anestésico). • Desvantagem: o corticoide induz a apoptose celular, a fragilidade, aumentando o risco de ruptura desse tendão. • Repetição: de preferência não deve nem fazer uso de corticoide. Mas, se tiver que fazer, fazer pela menor quantidade de vezes possível. TERAPIA COM ONDAS DE CHOQUE • Ondas acústicas de alta energia: emitidas por um aparelho, pode ser usado para qualquer tendinopatia. Imagem - fasciite plantar. 6 Beatriz Machado de Almeida Ortopedia – Aula 6 - Tendinopatias • Regeneração tecidual: Essa onda de choque atinge a região lesada e acaba induzindo a regeneração tecidual. É um processo muito doloroso, principalmente porque essas ondas acústicas terminam atingindo o osso, e isso gera bastante dor. Mas termina fazendo um processo de cicatrização local e o paciente a longo prazo consegue melhorar. • Não induz ruptura: então é mais seguro do que o corticoide. Logo, para algumas tendinopatias, a terapia com ondas de choque está ganhando bastante seguidores. • Tem um custo um pouco mais elevado do que a infiltração com corticoide, mas o resultado é mais positivo. • Muito doloroso. Terapias locais em discussão FENESTRAÇÃO • Baixo custo; • Múltiplas punções da face lateral da coxa com agulha guiada por USG; • Induz crise vascular local: vai induzir a regeneração tecidual; • Poucos estudos. Imagem: USG do quadril: tem o tendão do glúteo médio com uma agulha, que vai realizar várias perfurações no tendão. Com essas perfurações no tendão, termina induzindo uma crise vascular local e um processo de cicatrização tecidual. São poucos estudos ainda com essa técnica de fenestração, mas os estudos mostram um processo positivo. Utilizado em falha do tratamento conservador. PRP (PLASMA RICO EM PLAQUETAS) • Diversos estudos nos últimos anos; • Desfecho semelhante a infiltração com corticoide: paciente que melhora por 02 a 04 meses e depois volta tudo de novo. Ou seja, o paciente volta a sentir as mesmas coisas que sentia antes, é uma melhora muito pontual, principalmente se o paciente não fizer atividade física, alongamento. Se ele fizer somente a infiltração, a chance de retorno de todos os sintomas é muito grande; • Técnica segura e de baixo custo. Pega o sangue periférico, o sangue da veia, retira do paciente, centrifuga. Ao centrifugar, origina a imagem da direita, com uma região de plasma e uma região onde estão as hemácias embaixo. Nessa região do plasma, sabe-se que a porção inferior do plasma, os últimos 20%, são ricos em plaquetas. Aspira-se essa região rica em plaquetas e injeta na região do tendão que está lesado, porque esse plasma tem vários fatores de crescimento associado as plaquetas. Então, o objetivo dessa infiltração é justamente esse: fazer com que esses fatores de crescimento ativem o sistema de regeneração, fazendo com que esse paciente melhore do quadro de processo inflamatório e faça a regeneração tecidual. Mas o que os estudos mostram é que na verdade a infiltração tem muita semelhança com o corticoide, ou seja, esse processo de regeneração/cicatrização não ocorre exatamente como se era pensado. INFILTRAÇÃO COM ÁCIDO HIALURÔNICO • Bons resultados; • Fácil execução e baixo custo. • Poucos estudos clínicos a longo prazo; O resultado é muito semelhante ao corticoide, ou seja, infiltra ácido hialurônico e esse paciente volta a sentir dor depois. Tratamento cirúrgico • Alto custo; • Capacidade de restaurar anatomia; 7 Beatriz Machado de Almeida Ortopedia – Aula 6 - Tendinopatias • Indicada nos casos em que o paciente adere a terapia multidisciplinar e não tem resposta a terapia local: espera-se que o paciente melhore em 3 a 6 meses; se não melhorar, pensa-se em tratamento cirúrgico; • Pode ser realizado por via aberta ou endoscópica: artroscopia, entra com uma microcâmera e entra com um instrumental e faz tudo através de dois furos na pele. Imagem: tendão lesado. O círculo azul é um segmento ósseo, onde está a mãozinha é um tendão lesado no quadril. O paciente tinha uma lesão tendínea, esse tendão abriu, estava avulsionado, insere uma âncora no osso e com os dois fios que saem de dentro da âncora consegue fechar essa lesão, consegue cobrir o que se chama de “trocânter careca”; vê que essa lesão estava completamente desinserido, vai e consegue cobrir o seguimento ósseo que estava exposto. É a última opção! Se fez tudo já citado e não deu resultado positivo → tentar o tratamento cirúrgico. TERAPIA COM CMMO (CÉLULAS MESENQUIMAIS RETIRADAS DA MEDULA ÓSSEA) • Bons resultados in vitro - amostra de tendão de cães (utilizando células tronco); • Tratamento de tendinopatia patelar; • Tratamento de epicondilite lateral; • Tratamento de tendinopatia do manguito rotador do ombro. Injeta-se células mesenquimais na tendinopatia. O projeto do professor utilizou células tronco na tendinopatia do quadril, em 40 pacientes. Retira-se as células mesenquimais da medula óssea, centrifuga num aparelho chamado de CEPAX, ele devolve 40mL de uma solução contento células mononucleares totipotentes. Tendinopatia glútea TERAPIA COM CMMO PARA SDT • Estudo pioneiro; • Resultados positivos em relação a dor (principalmente depois de 6 meses) e escore funcional. Guiado por USG faz a infiltração das células totipotentes no quadril. O método de comparação foi justamente com o corticóide, ou seja, em relação ao corticóide, parece ser um método melhor para utilizar nos pacientes com tendinopatia que não respondem ao tratamento conservador. Essa última parte foi sobre o doutorado dele, mas parece ser algo muito experimental. Resumo: o mais importante é que a tendinite é de tratamento conservador. E, se por acaso não evoluir bem mesmo com a adoção de tratamento pelo paciente, pensa-se em métodos mais invasivos. Lembrando que só encaminha para o especialista se não conseguir resolver. Material baseado na aula de Dr. Davi Veiga – Medicina UniFTC – 7º semestre