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DAIRA ESTER DE SOUSA – TURMA 93 – FORP / USP MEDICAÇÃO INTRACANAL O momento mais adequado para realizar a obturação radicular, deve ser durante o “silêncio biológico”, ou seja, quando o canal assume 3 situações distintas: não ter edema, não ter dor, não ter exsudato. Caso não apresenta o cirurgião dentista deve fazer curativo com medicação intracanal. Em caso de impedimento do imperador em realizar a obturação na mesma sessão, deve-se fazer a medicação intracanal. Medicação não substitui a sanificação, ou seja, não elimina a ação microbiana. Para isso, necessário a instrumentação do canal radicular, juntamente com a ajuda química do hipoclorito de sódio, sendo a medicação intracanal usada caso não haja tempo de realizar a obturação. • Objetivos da medicação intracanal: ➢ Biopulpectomia (polpa viva): 1- Impedir a contaminação do canal radicular por microrganismos da saliva 2- Controlar o processo inflamatório do tecido periapical ➢ Penetração desinfetante (polpa morta): é preconizada que se faça em mais de uma sessão, pois pode haver desequilíbrio entre a resposta imunológica do hospedeiro e bactéria, não ocorrendo o “silêncio biológico”. Na sessão seguinte se estiver no silêncio biológica faz a obturação se não tiver retorna a instrumentação 1- Impedir a proliferação de microrganismos do sistema de canais radiculares que sobreviveram ao preparo químico-mecânico Obs.: durante a instrumentação nem toda a porção do canal radicular é tocada pelo instrumento, permanecendo tecido necrosado e bactérias que estão proliferando, por isso, para diminuir a proliferação bacteriana é utilizado medicação intracanal. • Medicamentos intracanal: ➢ Hidróxido de cálcio (Ca(OH)2) ➢ Paramonoclorofenol canforado (PMCC) ➢ Otosporin ➢ Corticosteroides ➢ Antibióticos ➢ Tricresol formalina ➢ Clorexidina ➢ Formocresol ➢ Associações Há diferentes medicamentos utilizados, na FORP utilizamos basicamente o hidróxido de cálcio (Ca(OH)2) e o paramonoclorofenol canforado (PMCC). Curativo de dente necrosado usamos PMCC, mas pode-se usar a pasta de hidróxido de cálcio que é mundialmente utilizada e pode ser usada tanto para polpa viva, pulpectomia, como para penetração desinfetante (polpa morta). Para saber como utilizar cada medicação é importante saber as características de cada medicação. O Ca(OH)2 utilizado como pasta (e será sempre utilizado como pasta) em contato com liquido ele vai dissociar. Os íons hidroxila agem na parede celular das bactérias levando-a morte, além disso o OH leva a um pH alcalino (viragem de pH) o que não é viável para a bactéria que são em sua maioria acidófilas. Os íons cálcio, quando há remanescente de polpa viva (nos casos de pulpectomia), vão induzir a mineralização dessa região, além disso, em caso de polpa viva pode haver sangramento e o hidróxido de cálcio vai auxiliar para cessar esse sangramento, DAIRA ESTER DE SOUSA – TURMA 93 – FORP / USP promove a hemostasia. Desse modo, o Hidróxido de Calcio pode ser utilizado em caso de Pulpectomia devido aos íons de Ca e em caso de Penetração Desinfetante devido aos íons de OH, portanto utilizado tanto em caso de polpa viva como em caso de polpa necrosada. A própria pasta de hidróxido de cálcio age como barreira física não deixando as bactérias se proliferar. Hidróxido de Cálcio (Ca(OH)2): ➔ pH alcalino (12,8) ➔ Ação bactericida ➔ Ação Hemostática ➔ Induz a formação de tecido mineralizado ➔ Age como barreira física ➔ Dilui-se nos tecidos periapicais ➔ Pouco solúvel em água ➔ Não é visível radiograficamente ➔ Hidróxido de cálcio + veículo Aquoso (quando o tempo é menor para ação / retorno rápido do paciente) Água destilada Soro fisiológico Soluções anestésicas Metilcelulose Viscoso (quando precisa de tempo maior para ação / retorno demorado do paciente) Propilenoglicol Glicerina Polietilenoglicol ▪ Dissociação iônica extremamente rápida ▪ Maior difusão iônica ▪ Rápida diluição ▪ Dissociação iônica mais lenta Paramonoclorofenol canforado (PMCC): ➔ Ação bactericida ➔ Baixa tensão superficial – capacidade de umedecer uma determinada superfície, não usa o PMCC com liquido, é usado com uma bolinha de algodão bem seca ➔ Elevada penetrabilidade – jamais colocar na forma liquida no canal, sempre com o algodão seco ➔ Age à distância – ele age por meio da volatilização do medicamento ➔ Agente citotóxico – bastante tóxico, por isso tem sua utilização de maneira restrita Otosporin: ➔ Sulfato de Polimixina B ➔ Sulfato de Neomicina ➔ Hidrocortisona • Seleção da medicação: ➢ No canal instrumentado tem espaço suficiente para colocar a pasta de hidróxido de cálcio. No canal não instrumentado é mais difícil colocar a pasta de hidróxido de cálcio em toda a extensão do canal. ➢ Na Biopulpectomia com o canal instrumentado vai colocar a pasta de hidróxido de cálcio em toda sua extensão, já no canal não instrumentado vai colocar a pasta na DAIRA ESTER DE SOUSA – TURMA 93 – FORP / USP câmara pulpar e na embocadura dos canais radiculares, já que não há espaço para por em toda a extensão do canal. No caso de pulpectomia não há contaminação do canal radicular, então a ação bactericida não é tão desejada. ➢ No caso de penetração desinfetante, se foi feita a instrumentação do canal radicular usa a pasta de hidróxido de cálcio, pois há espaço. No caso de não instrumentação faz-se o curativo com PMCC. O canal encontra-se contaminado, por isso necessita de uma ação bactericida. ➔ Portanto, é usado o Hidróxido de Cálcio em casos de pulpectomia ou caso de penetração desinfetante com o canal instrumentado. Já o PMCC é utilizado em caso de penetração desinfetante com canal não instrumentado. ❖ Curativo com PMCC: ✓ 1° Passo: secagem do canal radicular ➔ Inicialmente com a cânula de aspiração ➔ Complementação com cones de papel absorvente ✓ 2° Passo: bolinha de algodão com PMCC ➔ Colocar uma bolinha de algodão com PMCC preenchendo toda a câmara pulpar (tirar o excesso do medicamento) ✓ 3° Passo: camada de guta percha ➔ Camada de aproximadamente 1mm (selamento duplo) ✓ 4° Passo: selador provisório ➔ Completar a cavidade com material restaurador provisório ✓ 5° Passo: tirar isolamento absoluto ➔ Retirar o isolamento absoluto ➔ Verificar a oclusão ❖ Curativo com Ca(OH)2: ✓ 1° Passo: secagem do canal radicular ➔ Inicialmente com a cânula de aspiração ➔ Complementação com cones de papel absorvente ✓ 2° Passo: preparar a pasta de Ca(OH)2 (aglomerar o pó no liquido) ➔ Formas de levar a pasta: alargador (preferencialmente), lentulo (cuidado: observar o sentido de rotação do lentulo), cones de papel ✓ 3° Passo: colocar a pasta no canal ➔ Levar aos poucos a pasta de hidróxido de cálcio em todos os canais radiculares ➔ Toda pasta é reabsorvível quando extravasada ✓ 4° Passo: camada de guta percha ➔ Colocar a guta percha diretamente sobre a medicação ✓ 5° Passo: selador provisório ➔ Completar a cavidade endodôntica com o selador provisório ✓ 6° Passo: remover isolamento ➔ Tirar o isolamento absoluto ➔ Verificar a oclusão Obs.: Pasta de Ca(OH)2 + Iodofórmio ➢ Pó fino de cor amarelo – limão ➢ Pouco solúvel em água ➢ Bastante radiopaco ➢ Boa tolerância tecidual ➢ Rápida reabsorção nos tecidos periapicais ➢ Preferencialmente usado em dentes posteriores (pode ocorrer escurecimento) DAIRA ESTER DE SOUSA – TURMA 93 – FORP / USP ❖ Remoção do curativo: ✓ Sem isolamento absoluto ➔ Remover o material selador provisório, até chegar na guta percha ✓ Com isolamento absoluto ➔ Remover a guta percha ➔ Remover a bolinha de algodão ➔ Irrigar o canal radicular A partir de então dar continuidade ao tratamento de onde parou na última sessão.
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