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. Os fármacos mais usados no tratamento da asma são agonistas dos receptores adrenérgicos, ou agentes simpatomiméticos (utilizados como “lenitivos” ou broncodilatadores), e corticosteroides inalados (utilizados como “controladores” ou agentes anti- inflamatórios). Características clínicas da Asma Crises recorrentes de dispneia Sensação de aperto no tórax e sibilos Tosse Características fisiológicas Constrição disseminada e reversível dos brônquios Aumento da sensibilidade brônquica Inflamação linfocítica e eosinofílica Espessamento da lâmina reticular sob o epitélio Hiperplasia da vasculatura, músculos lisos, glândulas secretoras e células caliciformes brônquicas A asma é uma doença inflamatória crônica das vias respiratórias, que se caracteriza por ativação dos mastócitos, infiltração de eosinófilos, linfócitos T auxiliares 2 (Th2) e linfócitos inatos tipo 2 (ILC2). A ativação dos mastócitos por alérgenos e estímulos físicos libera mediadores broncoconstritores, como histamina, LTD4 e prostaglandina D2, que provocam broncoconstrição, extravasamento microvascular e exsudação do plasma. O aumento do número de mastócitos no músculo liso das vias respiratórias é uma característica da asma. Na asma leve, os sintomas ocorrem de forma intermitente em função de exposição a alérgenos ou a determinados poluentes, de exercícios físicos ou após infecção viral das vias respiratórias superiores. Essas infecções provocam uma obstrução do fluxo de ar em razão da contração intensa da musculatura lisa das vias respiratórias, espessamento de tampões de muco na luz das vias respiratórias e espessamento da mucosa brônquica em razão de edema e infiltração de células inflamatórias. Já as formas mais graves de asma estão associadas a sintomas mais frequentes e mais graves, especialmente à noite. Estudos mais recentes mostram que o termo “asma” é aplicado a distúrbios diferentes que compartilham características clínicas, mas que possuem mecanismos fisiopatológicos fundamentalmente distintos. Então, há a possibilidade de existirem formas ou fenótipos diferentes de asma, alguns dos quais seriam menos responsivos à terapia atual de controle. Broncodilatadores, Asma e DPOC Mecanismo da DPOC A doença pulmonar obstrutiva crônica envolve a inflamação do trato respiratório com um padrão que difere da asma. Na DPOC, observa-se um predomínio de neutrófilos, macrófagos, linfócitos T citotóxicos e células T auxiliares 17. A inflamação afeta predominantemente as pequenas vias respiratórias, resultando em estreitamento PROGRESSIVO das vias respiratórias pequenas e FIBROSE (bronquiolite obstrutiva crônica) e destruição do parênquima pulmonar com destruição das paredes alveolares (enfisema). Essas alterações patológicas resultam em fechamento das vias respiratórias na expiração, levando ao aprisionamento do ar e hiperinsuflação, particularmente ao esforço. (DESCRIÇÃO DA IMAGEM) A fumaça de cigarros e outros irritantes ativam as células epiteliais e os macrófagos nos pulmões a liberar mediadores que atraem células inflamatórias circulantes, como monócitos (que se diferenciam em macrófagos dentro do pulmão), neutrófilos e linfócitos T (células TH1, TcL e TH17). Fatores fibrogênicos liberados das células epiteliais e macrófagos levam à fibrose das pequenas vias respiratórias. A liberação de proteases resulta na destruição da parede alveolar (enfisema) e hipersecreção de muco (bronquite crônica). (DESCRIÇÃO DA IMAGEM) Muitas células inflamatórias são recrutadas e ativadas nas vias respiratórias, onde liberam múltiplos mediadores inflamatórios, que também podem surgir de células estruturais. Esses mediadores levam à broncoconstrição, exsudação plasmática e edema, vasodilatação, hipersecreção de muco e ativação de nervos sensoriais. A inflamação crônica leva a alterações estruturais, incluindo fibrose subepitelial (espessamento da membrana basal), hipertrofia do músculo liso das vias respiratórias e hiperplasia, angiogênese e hiperplasia de células secretoras de muco. Os broncodilatadores reduzem o aprisionamento de ar dilatando as vias respiratórias periféricas e são a base do tratamento na DPOC. Ao contrário da asma, a obstrução do fluxo aéreo na DPOC tende a ser progressiva. Diferentemente da asma, a inflamação observada em pacientes com DPOC é, em grande parte, resistente aos corticosteroides, e não existe hoje nenhum tratamento anti-inflamatório efetivo. Muitos pacientes com DPOC apresentam comorbidades, incluindo cardiopatia isquêmica, hipertensão, insuficiência cardíaca congestiva, diabetes melito, osteoporose, perda de massa do músculo esquelético, depressão, doença renal crônica e anemia. Essas doenças podem ocorrer em conjunto como parte de uma multimorbidade, como doenças de envelhecimento acelerado, com mecanismos patogênicos comuns. Patogênese da asma A asma alérgica clássica é mediada por IgE (Imunoglobulina E) produzidas em resposta à exposição a proteínas estranhas, como as de ácaros de poeira, baratas, pelos de animais, fungos e pólen. A asma está associada a outras doenças alérgicas (rinite alérgica, eczema) em grupos familiares. Uma vez que há a exposição a alérgenos como ácaros, por exemplo, na pessoa com essas alergias, acontece a indução de IgE, que se liga a receptores com alta afinidade nos mastócitos na mucosa das vias respiratórias, e a reexposição ao alérgeno desencadeia a liberação de mediadores acumulados nos grânulos dos mastócitos e a síntese e a liberação de outros mediadores. Histamina, leucotrienos C4 e D4, prostaglandina D2, triptase liberados desencadeiam a contração da musculatura e o extravasamento vascular responsáveis pela broncoconstrição aguda da “reação asmática inicial”. 3 a 6 horas depois da reação inicial, uma segunda fase de broncoconstrição se inicial e é mantida, a “reação asmática tardia”, associada a influxo de células inflamatórias na mucosa e aumento da reatividade. Acredita-se que esta reação tardia seja causada por citocinas produzidas pelos linfócitos Th2. Essas citocinas atraem e ativam os eosinófilos, estimulando a produção de IgE por linfócitos B e a produção de muco elas células epiteliais brônquicas. Alguns adultos asmáticos não tem evidencia de sensibilidade a alérgenos específicos, e é possível induzir broncospasmo por estímulos não alergênicos, como aerossol de água destilada, exercício, ar frio, fumaça de cigarro e dióxido de enxofre. Esta tendencia a desenvolver broncospasmo por estímulos não alergênicos – avaliada medindo-se a queda no fluxo expiratório máximo provocada por inalação em serie de concentrações crescentes do aerossol do agonista colinérgico metacolina – e descrita como “hiper- reatividade brônquica.” Ela é considerada fundamental para a patogênese, já que é praticamente onipresente em pacientes com asma e seu grau, grosso modo, correlaciona-se com a gravidade da doença. Os agonistas (fármacos que se ligam ao receptor e ativam a geração de um sinal) de receptores adrenérgicos formam a base do tratamento da asma. Sua ligação aos receptores B (beta) – abundantes nas células musculares lisas das vias respiratórias- estimula a adenililciclase e aumenta a síntese intracelular de monofosfato de adenosina cíclico (AMPc), relaxando, assim, a musculatura lisa e inibindo a liberação de mediadores da broncoconstrição pelos mastócitos. Vias de fornecimento de fármacos aos pulmões Via oral Parenteral Inalação Via inalatória Constitui o modo preferido de administração de muitos fármacos com efeito direto sobre as vias respiratórias, particularmente para a asma e a DPOC. É a única via para a administraçãode anticolinérgicos e a preferida para B2- agonistase corticosteroides para reduzir os efeitos colaterais sistêmicos. Os antibióticos podem ser administrados por inalação em pacientes com sepse respiratória. Descrição da figura) A broncodilatação é induzida pelo AMPc. A concentração intracelular de AMPc pode ser aumentada pelo uso de agonistas dos receptores β- adrenérgicos, que aumentam a velocidade de síntese pela adenililciclase (AC), ou por inibidores da fosfodiesterase (PDE, de (fosfodiesterase) como a teofilina, que reduzem a velocidade de sua degradação. Farmacocinética Do total do fármaco administrado, apenas 10 a 20% entra nas vias respiratórias inferiores com um inalador dosimetrado pressurizado (IDMp). Os medicamentos são absorvidos a partir da luz da via respiratória e têm efeitos diretos sobre as células-alvo das vias respiratórias. Os fármacos também podem ser absorvidos pela circulação brônquica e, em seguida, distribuídos para mais vias respiratórias periféricas. Dispositivos de administração Inaladores dosimetrados pressurizados: Os fármacos são retirados de um recipiente no IDMp com ajuda de um propulsor, anteriormente com clorofluorcarbono, porém hoje substituído por um HFA, que é ecológico para a camada de ozônio. Liberam de 50 a 200 doses de fármacos. Câmaras expansoras: Dispositivos expansores de grande volume entre o IDMp e o paciente reduzem a velocidade das partículas que entram nas vias respiratórias inferiores. A aplicação de câmaras expansoras é útil na redução da deposição orofaríngea de CSI (corticosteroide inalado) e consequente redução dos efeitos colaterais locais desses fármacos. Nebulizadores: Dois tipos estão disponíveis. Nebulizadores de jato são movidos por um fluxo de gás, enquanto os nebulizadores ultrassônicos usam um cristal piezoelétrico de vibração rápida e, logo, não requerem uma fonte de gás comprimido. O fármaco nebulizado pode ser inspirado durante a respiração cíclica, e é possível liberar doses muito mais elevadas de fármaco em comparação com o IDMp. Via Oral A dose oral é muito maior do que a dose inalada necessária para se obter o mesmo efeito (Geralmente numa proporção 20:1), de maneira que os efeitos colaterais sistêmicos são mais comuns. Via Parenteral A via intravenosa deve ser reservada para o fornecimento de fármacos ao paciente em estado crítico, que é incapaz de absorver fármacos pelo trato GI. Os efeitos colaterais geralmente são frequentes devido às altas concentrações plasmáticas. Broncodilatadores Os broncodilatadores relaxam o músculo liso das vias respiratórias contraído in vitro e causam reversão imediata da obstrução das vias respiratórias na asma in vivo. Eles também previnem a broncoconstrição (e assim fornecem broncoproteção). São 3 classes PRINCIPAIS de uso clínico atualmente: Agonistas B2-adrenérgicos (simpaticomiméticos) Teofilina (uma metilxantina) Agentes anticolinérgicos (antagonistas dos receptores muscarínicos) Os antagonistas dos receptores muscarínicos são agentes anticolinérgicos, ou seja, eles inibem a ação da acetilcolina, por assim dizer. A acetilcolina se liga aos receptores muscarínicos. Os agonistas muscarínicos, ou seja, os fármacos que se ligam aos receptores muscarínicos, reproduzem os efeitos da ACh. As diferenças entre as ações da ACh e de outros agonistas muscarínicos são basicamente quantitativas, com pouca seletividade por um sistema orgânico ou outro. A ACh atua no sistema cardiovascular por causar vasodilatação, diminuição da FC e outros efeitos. Para entender o mecanismo: A injeção intravenosa de uma pequena dose de ACh provoca a queda transitória da PA decorrente da vasodilatação generalizada. Os antagonistas muscarínicos evitam os efeitos da ACh, impedindo sua ligação aos receptores muscarínicos nas células neuroefetoras em junções parassimpáticas (e simpáticas colinérgicas). Já no trato respiratório, os efeitos da ACh incluem broncoconstrição, aumento da secreção traqueobrônquica e outros efeitos. O principal efeito da atropina, que é o protótipo dos outros fármacos antagonistas dos receptores muscarínicos (tiotrópio, ipratrópio...) e principal substância anticolinérgica, no coração é alterar a FC por causar taquicardia predominantemente. Já no trato respiratório, a ação da atropina é de causa broncodilatação e diminuição nas secreções traqueobrônquicas em indivíduos normais bloqueando o tônus parassimpático (vagal) aos pulmões, os efeitos são mais significativos em PCT’s com doença respiratória. Portanto, os antagonistas muscarínicos são importantíssimos no tratamento da DPOC. A atropina inibe as secreções do nariz, boca, faringe e brônquios e assim seca as membranas mucosas do Trato respiratório. Um efeito interessante e indesejado, talvez, é que a atropina e seus derivados reduzem a secreção de muco e a depuração mucociliar e isso pode resultar em tampões de muco, um efeito potencial adverso indesejado em pacientes com doença das vias respiratórias. Só que, como boa notícia para esses pacientes é que o tiotrópio e o ipratrópio possuem um efeito inibitório mínimo na depuração mucociliar em comparação com a atropina. Ainda sobre o trato respiratório, o Ipratrópio, tiotrópio, aclidínio e umeclidínio são fármacos importantes no tratamento da DPOC; eles são menos eficazes na maioria dos pacientes asmáticos a não ser que sejam combinados com outros fármacos. Em geral são usados com a inalação de agonistas b2 adrenérgicos de ação longa (BAAL). O ipratrópio parece bloquear todos os subtipos de receptores muscarínicos e também antagoniza a inibição da liberação de ACh pelos receptores pré- sinápticos M2 nos terminais nervosos pós-ganglionares parassimpáticos nos pulmões; o aumento resultante da liberação de ACh pode neutralizar a broncoconstrição mediada pelo bloqueio do receptor M3 pelo ipratrópio. O tiotrópio, em contraste, possui mecanismos de afinidade e seletividade de alguns receptores e isso minimiza seu efeito pré-sináptico de aumentar a liberação de ACh. O ipratrópio é administrado 4x ao dia, via inalador ou nebulizador de dosagem graduada. A densidade e a proporção relativa de receptores a e p-adrenérgicos constituem importantes fatores na resposta de qualquer célula ou órgão às aminas simpaticomiméticas. Por exemplo, a NE possui relativamente pouca capacidade de aumentar o fluxo de ar nos brônquios, visto que os receptores existentes no músculo liso brônquico são, em grande parte, do subtipo B2. Em contraste, o INE (norepinefrina isopropílico) e a EPI (epinefrina) são broncodilatadores potentes. Os principais efeitos adversos dos agonistas dos receptores b2 resultam da ativação excessiva desses receptores. Os pacientes com doença cardiovascular subjacente correm risco particular de apresentar reações significativas. Entretanto, a probabilidade de efeitos adversos pode ser acentuadamente reduzida em pacientes com doença pulmonar pela administração do fármaco por via inalatória, em lugar da via oral ou parenteral. Os efeitos benéficos da EPI na asma também podem decorrer da inibição da liberação de mediadores da inflamação dos mastócitos induzida por antígenos e, em menor grau, da diminuição das secreções brônquicas e da congestão na mucosa. A inibição da secreção dos mastócitos é mediada pelos receptores B2, enquanto os efeitos sobre a mucosa são mediados por receptores alfa. Todavia, outros fármacos, como os glicocorticoides e os antagonistas dos receptores de leucotrienos, exercem efeitos anti-inflamatórios muito mais intensos na asma. Os corticosteroides, embora melhorem gradualmente a obstrução das vias respiratórias, não têm nenhum efeito direto sobre a contração do músculo liso das vias respiratóriase, portanto, não são considerados broncodilatadores. Agonistas B2-adrenérgicos Constituem o tratamento broncodilatador de escolha na asma, visto que são os broncodilatadores mais eficazes e têm efeitos colaterais mínimos quando utilizado corretamente. Química: O desenvolvimento de B2-agonistas baseia-se em substituições na estrutura catecolamina da norepinefrina e epinefrina. O anel catecol consiste em grupos hidroxila nas posições 3 e 4 do anel benzeno. A norepinefrina difere da epinefrina apenas no grupo amina terminal; em geral, uma maior modificação nesse local confere seletividade do receptor B. Os BAAL (Beta agonistas de ação longa) inalatórios, salmeterol e formoterol, têm uma duração de efeito muito mais longa, promovendo broncodilatação e broncoproteção por mais de 12h. O formoterol tem uma substituição volumosa na cadeia alifática e tem uma lipofilicidade moderada, que parece manter o fármaco na membrana perto do receptor, de modo que se comporta como um fármaco de liberação lenta. O Salmeterol tem uma cadeia alifática longa, e sua longa duração pode ser causada pela ligação dentro da fenda de ligação ao receptor (“exolocal”) que ancora o fármaco na fenda de ligação. Modo de ação A ocupação dos receptores B2 por agonistas resulta em ativação de via Gs- adenililciclase-AMPc-PKA, levando a eventos fosforilativos, com consequente relaxamento da musculatura lisa brônquica. Os receptores B2 estão localizados em diferentes células das vias respiratórias, onde podem exercer efeitos adicionais. Os B2 agonistas também podem causar broncodilatação indiretamente ao inibir a liberação de mediadores broncoconstritores das células inflamatórias e de neurotransmissores broncoconstritores dos nervos das vias respiratórias. Esses mecanismos incluem os seguintes: Prevenção da liberação do mediador a partir de mastócitos humanos pulmonares isolados (via receptores B2) Prevenção do extravasamento microvascular e, portanto, do desenvolvimento de edema da mucosa brônquica após exposição a mediadores, como histamina, LTD4 e prostaglandina D2. Aumento da secreção de muco pelas glândulas submucosas e transporte de íons através do epitélio das vias respiratórias Redução na neurotransmissão das vias respiratórias em nervos colinérgicos humanos por uma ação nos receptores B2 pré- sinápticos para inibir a ACh. A ação broncodilatadora dos β2 agonistas se dá através da ativação do receptor β2-adrenergico (Rβ2A) acoplado a proteína G na superfície celular. A ativação desse receptor leva ao aumento da atividade da adenilciclase, enzima que catalisa a conversão do ATP em AMPc. Esse último se liga na unidade regulatória da proteína quinase A, promovendo a liberação de sua unidade catalítica que causa fosforilação de um grande número de proteínas alvo, relaxando o musculo liso Peribrônquico. O AMPc inibe a liberação de cálcio dos depósitos intracelulares e reduz o influxo de cálcio através da membrana, auxiliando o relaxamento da musculatura lisa e a broncodilatação. A ativação do Rβ2A também potencializa a atividade anti- inflamatória dos glicocorticosteroides, aumentando a translocação do receptor de glicocorticosteroide do citoplasma para o núcleo da célula. Entre os efeitos adversos, especialmente dos agonistas que ativam os receptores B1 além dos receptores B2, estão a taquicardia, tremores musculares esqueléticos e redução nos níveis séricos de potássio. Os agentes simpatomiméticos (agentes que produzem diretamente relaxamento da musculatura lisa) mais utilizados no tratamento da asma são epinefrina, efedrina, isoproterenol e salbutamol, entre ouros agentes B2-seletivos. Como a epinefrina e isoproterenol aumentam a frequência de contração cardíaca (efeitos mediados principalmente por receptores B1), esses fármacos são reservados para situações mais específicas. Em geral, os agonistas de receptores adrenérgicos devem ser administrados por inalação. Esa via resulta em efeito máximo local sobre a musculatura lisa das vias respiratórias com o mínimo de toxicidade sistêmica. A epinefrina é um broncodilatador efetivo de ação rápida quando injetada por via subcutânea ou quando inalada na forma de microaerossol. Os efeitos cardiovasculares da epinefrina são úteis para o tratamento da vasodilatação aguda e do choque, assim como do broncoespasmo, encontrados na anafilaxia, mas para casos de asma ela foi substituída por outros agentes seletivos para receptores B2. A efedrina age sobre os receptores B2 e, diferente da epinefrina, ela tem uma ação mais longa, atividade por via oral, efeitos centrais mais acentuados e potência muito menor. Em razão do desenvolvimento de B2-agonistas mais seletivos e eficazes, atualmente a efedrina raramente é usada no tratamento da asma. O isoproterenol é um broncodilatador com ação não seletiva sobre os receptores B1 e B2. Quando inalado como microaerossol a partir de frasco pressurizado, 80 a 120 mcg do isoproterenol produzem broncodilatação máxima no prazo de 5 minutos com duração da ação de 60 a 90 minutos. (Devido a alta taxa de morte por arritmias cardíacas causadas pelas doses elevadas de isoproterenol inalado no Reino Unido em 1960, o uso deste medicamento no tratamento da asma é raro). B2-agonistas de ação curta Os BAAC inalatórios são os broncodilatadores mais amplamente usados e efetivos no tratamento da asma, em virtude de seu antagonismo funcional da broncoconstrição. Quando inalados por meio de IDMp ou IPS, eles são convenientes, fáceis de utilizar, de início rápido e sem efeitos colaterais sistêmicos importantes. Os BAAC, como o salbutamol, devem ser usados "quando necessário" com base nos sintomas, e não de modo regular no tratamento da asma leve; o seu uso aumentado indica a necessidade de mais terapia anti- inflamatória. Os b2-agonistas orais são ocasionalmente indicados como broncodilatadores adicionais. Fármacos B2-Seletivos Os medicamentos agonistas seletivos de receptores B2-adrenérgicos, em particular o Salbutamol, são atualmente os simpatomiméticos mais utilizados no tratamento da broncoconstrição asmática. Esses agentes diferem da epinefrina na sua estrutura por terem maios substituição o grupo amino e na posição dos grupos hidroxila no anel aromático. Eles são efetivos quando inalados ou administrados por via oral e têm duração de ação maior do que a epinefrina e o isoproterenol. (DESCRIÇÃO DA IMAGEM) Ações moleculares de f3i-agonistas para induzir o relaxamento das células musculares lisas das vias respiratórias. A ativação dos receptores B2 (B2R) resulta em ativação da adenililciclase (AC) por meio da Gy levando a um aumento do AMPc intracelular e à ativação da PKA. A PKA fosforila uma variedade de substratos-alvo, resultando em abertura dos canais de K+ ativados por Ca2+ facilitando, assim, a hiperpolarização, diminuição da hidrólise de IP, aumento da troca de Na+1/Ca2+, aumento da atividade da Na+, Ca2+-ATPase e diminuição da atividade da cinase de cadeia leve da miosina (MLCK) e aumento da fosfatase da cadeia leve da miosina (MLC). Os receptores B2 também podem acoplar-se ao Kca por meio da G. PDE, fosfodiesterase de nucleotídeo cíclico. Metilxantinas As metilxantinas, como a teofilina, relacionadas à cafeína, têm sido utilizadas no tratamento da asma desde 1930, e, devido ao seu preço, a teofilina ainda é amplamente utilizada nos países em desenvolvimento. A teofilina tornou- se mais útil com a introdução de preparações confiáveis de liberação lenta. Todavia, os b2-agonistas inalatórios são muito mais efetivos como broncodilatadores, e os CSI têm maior efeito anti-inflamatório. Em pacientes com asma grave e DPOC, a teofilina continua sendo umfármaco útil como terapia aditiva Química Quanto à sua estrutura, a teofilina é uma metilxantina semelhante às xantinas dietéticas comuns, a cafeína e a teobromina. Vários derivados substituídos foram sintetizados, porém apenas dois parecem ter alguma vantagem sobre a teofilina: a emprofilina é um broncodilatador mais potente, que pode ter menos efeitos tóxicos, visto que não antagoniza os receptores de adenosina; e a doxifilina, uma nova metilxantina disponível em alguns países, que possui efeito inibitório sobre a PDE semelhante ao da teofilina, mas que é menos ativa como antagonista da adenosina e apresenta um perfil mais favorável de efeitos colaterais. Muitos sais de teofilina também foram comercializados; o mais comum é a aminofilina. Outros sais não têm nenhuma vantagem. A teofilina continua sendo a principal metilxantina de uso clínico. Mecanismo de ação Os mecanismos de ação da teofilina ainda são incertos. Além de sua ação broncodilatadora, a teofilina tem muitos efeitos não broncodilatadores que podem ser relevantes para seus efeitos na asma e DPOC. Vários mecanismos moleculares de ação têm sido propostos: Inibição das PDE. A teofilina é um inibidor não seletivo da PDE, cujo grau de inibição é relativamente mínimo em concentrações de teofilina que estão dentro da denominada faixa terapêutica. A inibição da PDE e a elevação concomitante do AMPc celular e do GMP cíclico provavelmente explicam a ação broncodilatadora da teofilina. Várias famílias de isoenzima da PDE já foram reconhecidas e aquelas que são importantes no relaxamento da musculatura lisa incluem PDE3, PDE4 e PDE5. Antagonismo do receptor de adenosina. A teofilina antagoniza os receptores de adenosina em concentrações terapêuticas. A adenosina causa broncoconstrição nas vias respiratórias de pacientes asmáticos por meio da liberação de histamina e LT. O antagonismo dos receptores A1 pode ser responsável por efeitos colaterais graves, como arritmias cardíacas e convulsões. Liberação de interleucina 10. A IL- 10 tem um amplo espectro de efeitos anti-inflamatórios, e há evidências de que sua secreção é reduzida na asma. A liberação de IL-10 é aumentada pela teofilina, e esse efeito pode ser mediado pela inibição das atividades da PDE, embora isso não tenha sido observado com as doses baixas que são efetivas na asma. Efeitos sobre a transcrição de genes. A teofilina impede a translocação do fator de transcrição pró-inflamatório, NF- KB, no núcleo, reduzindo potencialmente a expressão de genes inflamatórios na asma e na DPOC. No entanto, esses efeitos são observados em altas concentrações e podem ser mediados pela inibição da PDE. Efeitos sobre a apoptose. A sobrevida prolongada de granulócitos devido a uma redução da apoptose pode ser importante na perpetuação da inflamação crônica na asma (eosinófilos) e DPOC (neutrófilos). A teofilina promove a apoptose nos eosinófilos e neutrófilos in vitro. Isso está associado a uma redução da proteína antiapoptótica Bcl-2. Esse efeito não é mediado por meio da inibição da PDE, porém nos neutrófilos pode ser mediado pelo antagonismo dos receptores de adenosina A2A. A teofilina também induz apoptose nos linfócitos T por meio de inibição da PDE. Ativação de histona-desacetilase. O recrutamento da HDAC2 por GR desliga os genes inflamatórios. A teofilina em concentrações terapêuticas ativa a HDAC, aumentando, assim, os efeitos anti-inflamatórios dos corticosteroides. Esse mecanismo parece ser mediado pela inibição da PI3-cinase-ó, que é ativada por estresse oxidativo. Efeitos não broncodiladores A teofilina tem benefício clínico na asma e DPOC em concentrações plasmáticas inferiores a 10 mg/L, suficientemente baixas de modo que esses efeitos têm pouca probabilidade de serem explicados pela ação broncodilatadora da teofilina. Há evidências crescentes de que a teofilina tem efeitos anti- inflamatórios na asma. Em pacientes com asma leve, o tratamento oral crônico com teofilina inibe a resposta tardia ao alérgeno inalado e reduz a infiltração de eosinófilos e linfócitos CD4+ nas vias respiratórias após estímulo com alérgeno. Em pacientes com DPOC, a teofilina reduz o número total e a proporção de neutrófilos no escarro induzido, a concentração de IL-8, e respostas quimiotáticas de neutrófilos. A retirada da teofilina em pacientes com DPOC resulta em agravamento da doença. A teofilina in vitro é capaz de aumentar a capacidade de resposta aos corticosteroides e de reverter a resistência a esses fármacos em células de indivíduos com DPOC. Farmacocinética e metabolismo A teofilina possui efeitos antiasmáticos, além da broncodilatação, abaixo de 10 mg/L, de modo que a faixa terapêutica atual é considerada como 5 a 15 mg/L. A dose de teofilina necessária para conferir essas concentrações terapêuticas varia entre os indivíduos, em grande parte devido a diferenças na depuração do fármaco. (DESCRIÇÃO DA IMAGEM) A teofilina afeta vários tipos de células nas vias respiratórias. Além disso, pode haver diferenças na resposta broncodilatadora à teofilina; e ainda, com broncoconstrição aguda, podem ser necessárias concentrações mais elevadas para produzir broncodilatação. A teofilina sofre absorção rápida e completa, porém existem grandes variações interpessoais na depuração, devido a diferenças no metabolismo hepático. A teofilina é metabolizada no fígado, principalmente pela CYP1A2; inúmeros fatores influenciam o metabolismo hepático e a depuração da teofilina. Escolhas terapêuticas O AMAC (antagonista muscarínico de ação curta) brometo de ipratrópio está disponível como IDMp e preparação nebulizada. O início da broncodilatação é relativamente lento e é geralmente máximo dentro de 30 a 60 minutos após a inalação, porém pode persistir por 6 a 8 horas. Em geral, é administrado por IDM 3 ou 4 vezes/dia, de modo regular, e não intermitentemente para alívio dos sintomas, tendo em vista o seu início de ação lento; todavia, hoje, foi substituído por AMAL (antagonista muscarínico de ação longa), como o brometo de tiotrópio. (DESCRIÇÃO DA IMAGEM) Os fármacos anticolinérgicos inibem o tônus das vias respiratórias vaga/mente mediado, produzindo assim broncodilatação. Esse efeito é pequeno nas vias respiratórias normais, porém é maior nas vias respiratórias de pacientes com DPOC, que são estruturalmente estreitas e apresentam maior resistência ao fluxo de ar, visto que a resistência das vias respiratórias está inversamente relacionada com a quarta potência do raio r. Inaladores combinados Existem efeitos broncodilatadores aditivos entre anticolinérgicos e B2- agonistas em pacientes com DPOC, o que levou ao desenvolvimento de combinações em dose fixa. As combinações de BAAC/ AMAC, como salbutamol/ipratróprio, são populares. Vários estudos demonstraram efeitos aditivos desses dois fármacos, proporcionando assim uma vantagem sobre o aumento da dose de B2-agonista em pacientes que têm efeitos colaterais. Foram também desenvolvidos inaladores de combinação dupla de BAAL/AMAL, incluindo indacaterol/brometo de glicopirrônio, vilanterol/brometo de umeclidínio, olodaterol/brometo de tiotrópio (todos 1 vez/dia) e formoterol/brometo de glicopirrônio, formoterol/brometo de aclidínio (2 vezes/dia), apresentando, todos eles, efeitos benéficos sobre a função pulmonar, em comparação com cada BAAL ou AMAL isoladamente, embora possam não ser claramente benéficos em termos de redução das exacerbações. Efeitos adversos Fármacos anticolinérgicos inalados geralmente são bem tolerados. Com a interrupção dos anticolinérgicos inalatórios, foi descrito um pequeno aumento de rebote na responsividade das vias respiratórias. Os efeitos colaterais sistêmicos após o uso de AMAC ou AMAL são incomuns durante o uso clíniconormal, visto que ocorre pouca absorção sistêmica. Como os agonistas colinérgicos podem estimular a secreção de muco, tem havido uma preocupação de que os anticolinérgicos podem reduzir a secreção e levar a muco mais viscoso. Entretanto, o brometo de ipratrópio e o brometo de tiotrópio, mesmo em altas doses, não têm nenhum efeito detectável sobre a depuração mucociliar em indivíduos normais ou em pacientes com doença das vias respiratórias. Um efeito indesejado significativo é o sabor amargo desagradável do ipratrópio inalado, que pode contribuir para a baixa adesão. O brometo de ipratrópio nebulizado pode precipitar glaucoma em pacientes idosos, devido a um efeito direto do fármaco nebulizado no olho. Isso pode ser evitado por meio de nebulização com um bocal, em vez de uma máscara facial. Relatos de broncoconstrição paradoxal com brometo de ipratrópio, particularmente quando administrado por nebulizador, foram em grande parte explicados como efeitos da solução nebulizador hipotônica e por aditivos antibacterianos, como cloreto de benzalcônio e EDTA. Esse problema não foi descrito com o brometo de tiotrópio nem com outros AMAL. Em certas ocasiões, pode ocorrer broncoconstrição com brometo de ipratrópio administrado por IDM. É possível que isso se deva ao bloqueio dos receptores M2 pré-juncionais nos nervos colinérgicos das vias respiratórias que normalmente inibem a liberação de ACh. Os AMAL causam secura da boca em 10 a 15% dos pacientes, porém esse ressecamento desaparece geralmente durante o tratamento continuado. Ocasionalmente, observa-se retenção urinária em pacientes idosos. Salbutamol, terbutalina, metaproterenol e pirbuterol estão disponíveis em inalados de dose medida. Administrados por inalação, esses agentes causam broncodilatação equivalente à produzida pelo isoproterenol. A broncodilatação atinge o máximo em 15 minutos e se mantém por 3 a 4 horas. Todos devem ser diluídos em soro para serem administrados por nebulização. A maioria das apresentações de medicamentos β2-seletivos e uma mistura de isômeros R e S. Apenas os isômeros R ativam os receptores β- agonistas. Com o argumento de que o isômero S pode promover inflamação, desenvolveu-se uma preparação purificada de isômero R de salbutamol (levossalbutamol). Resta comprovar se essa preparação de fato representa vantagem significativa para uso clinico. Salbutamol e terbutalina também estão disponíveis na forma de comprimidos. O esquema usual e um comprimido duas a três vezes ao dia; os principais efeitos adversos são: Tremor da musculatura esquelética, Nervosismo e Fraqueza ocasional. Esta via de administração não tem qualquer vantagem sobre o tratamento inalatório e raramente e prescrita. Desses agentes, apenas a terbutalina está disponível para injeção subcutânea (0,25 mg). As indicações para essa via são semelhantes aquelas para epinefrina subcutânea – asma grave requerendo tratamento de emergência quando não houver aerossol disponível ou quando este não tiver se mostrado efetivo –, mas deve-se recordar de que a maior duração do efeito da terbutalina significa a possibilidade de efeito cumulativo após injeções repetidas. Algumas vezes utilizam-se doses maiores de terbutalina por via parenteral para inibição de contrações uterinas associadas ao trabalho de parto prematuro. Ha uma nova geração de β2-agonistas de ação longa que inclui salmeterol (um agonista parcial) e formoterol (um agonista pleno). Esses β-agonistas de longa ação (LABA) são agonistas β2- seletivos patentes que obtém sua ação prolongada (12 horas ou mais) como resultado de sua alta lipossolubilidade. Isso permite sua dissolução em altas concentrações na membrana celular dos músculos lisos ou, possivelmente, sua ligação a moléculas “ancoradoras” ao redor do receptor adrenérgico. Esses fármacos parecem interagir com os corticosteroides inalados aumentando o controle sobre a asma. Como não possuem ação anti-inflamatória, não são utilizados como monoterapia para asma. Toxicidades As preocupações acerca de possíveis toxicidades no tratamento de ataques agudos de asma com agentes simpatomiméticos inalatórios- agravamento da hipoxemia e arritmia cardíaca- foram descartadas. É verdade que a ação vasodilatadora dos agonistas B2 pode aumentar a perfusão de unidades mal ventiladas dos pulmões e reduzir transitoriamente a tensão de oxigênio arterial (Pa02), mas esse efeito é pequeno, facilmente sobrepujado pela administração rotineira de oxigênio nas crises graves de asma, e logo tornado irrelevante pelo aumento na tensão de oxigênio que se segue à broncodilatação induzida pelo B-agonista. Corticosteroides A introdução dos CSI como maneira de reduzir a necessidade de esteroides orais e seus efeitos colaterais, revolucionou o tratamento da asma crônica. Como a asma é uma doença inflamatória crônica, os CSI são considerados como terapia de primeira escolha para todos os pacientes, exceto aqueles com doença mais leve. Em contraste marcante, os CSI são muito menos eficazes em pacientes com DPOC e devem ser utilizados apenas em pacientes com doença grave que têm exacerbações frequentes. Os corticosteroides orais continuam sendo o pilar do tratamento de várias outras doenças pulmonares, como a sarcoidose, doenças pulmonares intersticiais e síndromes pulmonares eosinofílicas. Mecanismo de ação Os corticosteroides entram nas células- alvo e ligam-se aos GR no citoplasma (Os GR são proteínas citoplasmáticas com estrutura contendo domínios comuns a outros membros da superfamília de receptores nucleares. Atuam como fatores de transcrição, alterando a expressão dos genes-alvo em resposta a um sinal hormonal específico). Existe apenas um tipo de GR que Liga corticosteroides e nenhuma evidência da existência de subtipos que podem mediar os diferentes aspectos da ação corticosteroide. O complexo esteroide-GR move-se para o núcleo onde liga-se a sequências específicas nos elementos reguladores proximais de determinados genes-alvo, resultando em aumento (ou raramente, diminuição) da transcrição do gene, com subsequente aumento (ou diminuição) da síntese dos produtos do gene. Os GR também podem interagir com fatores de transcrição da proteína e moléculas coativadoras no núcleo e, assim, influenciar a síntese de determinadas proteínas, independentemente de qualquer interação direta com o DNA. A repressão dos fatores de transcrição, como o AP-1 e o NF-KB provavelmente é responsável por muitos dos efeitos anti-inflamatórios dos esteroides na asma. Em particular, os corticosteroides revertem o efeito de ativação desses fatores de transcrição pró-inflamatórios na acetilação das histonas, recrutando a HDAC2 para genes inflamatórios que foram ativadas por meio de acetilação de histonas associadas. Os GR são acetilados quando corticosteroides estão ligados e ligam-se ao DNA neste estado acetilado como dímeros, enquanto o GR acetilado tem de ser desacetilado pela HDAC2, a fim de interagir com os genes inflamatórios e NF-KB. Pode haver mecanismos adicionais que também são importantes nas ações anti- inflamatórias dos corticosteroides. Os corticosteroides têm efeitos inibitórios potentes sobre as vias de sinalização de MAP-cinase por meio da indução da MAP-cinase-fosfatase 1, que pode inibir a expressão de múltiplos genes inflamatórios. Em um nível molecular, os corticosteroides aumentam a transcrição do gene do receptor B2 no pulmão humano in vitro e na mucosa respiratória in vivo e também aumentam a estabilidade de seu RNA mensageiro. Eles também evitam ou revertem o desacoplamento dos receptores B2 para G. Os B2-agonistas também intensificam a ação de GR, resultando em aumento da translocação nuclear dos receptores de GR ligados e aumentando a ligação do GR ao DNA. Esse efeito foi demonstrado em macrófagosdo escarro de pacientes asmáticos após o uso de CSI e BAAL inalados. Isso sugere que os B2- agonistas e os corticosteroides aumentam os efeitos benéficos uns dos outros no tratamento da asma. Efeitos anti-inflamatórios na asma Os corticosteroides têm efeitos disseminados sobre a transcrição de genes, aumentando a transcrição de vários genes anti-inflamatórios e suprimindo a transcrição de muitos genes inflamatórios. Os esteroides têm efeitos inibitórios sobre muitas células inflamatórias e estruturais que são ativadas na asma e evitam o recrutamento de células inflamatórias nas vias respiratórias. Em pacientes com asma leve, pode ocorrer resolução completa da inflamação após o uso de esteroides inalados. Os esteroides inibem fortemente a formação de diversas citocinas inflamatórias, particularmente citocinas Liberadas das células TH2. Os corticosteroides também diminuem a sobrevida dos eosinófilos por meio da indução de apoptose. Os corticosteroides inibem a expressão de múltiplos genes inflamatórios nas células epiteliais das vias respiratórias, provavelmente a ação mais importante dos CSI na supressão da inflamação asmática. Os corticosteroides também impedem e revertem o aumento da permeabilidade vascular, devido a mediadores inflamatórios, e, assim, podem levar à resolução do edema das vias respiratórias. Os esteroides têm um efeito inibitório direto sobre a secreção da glicoproteína do muco das glândulas da submucosa das vias respiratórias, bem como efeitos inibitórios indiretos por infra regulação de estímulos inflamatórios que estimulam a secreção de muco. Os corticosteroides não têm efeito direto sobre as respostas contráteis do músculo liso das vias respiratórias; a melhora na função pulmonar após CSI é presumivelmente causada por um efeito sobre a inflamação crônica das vias respiratórias, o edema e hiper responsividade das vias respiratórias. Uma única dose de CSI não tem efeito sobre a resposta inicial ao alérgeno (refletindo a ausência de efeito sobre a liberação mediadora de mastócitos), mas inibe a resposta tardia (que pode ser causada por um efeito sobre os macrófagos, eosinófilos e edema da parede das vias respiratórias) e também inibe o aumento da hiper responsividade das vias respiratórias. Farmacocinética A fração de esteroide que é inalada nos pulmões atua localmente na mucosa das vias respiratórias, mas pode ser absorvida a partir das vias respiratórias e da superfície alveolar. Assim, uma parte da dose inalada atinge a circulação sistêmica. Além disso, a fração de esteroide inalado que é depositada na orofaringe é engolida e absorvida pelo intestino. A fração absorvida pode ser metabolizada no fígado (metabolismo de primeira passagem), antes de atingir a circulação sistémica. O uso de uma câmara expansora reduz a deposição orofaríngea e, portanto, reduz a absorção sistémica do CSI, embora este efeito seja mínimo nos corticosteroides com metabolismo de primeira passagem elevado. Enxaguar a boca e descartar o enxágue têm um efeito semelhante, e este procedimento deve ser usado com altas doses de inaladores esteroides de pó seco com os quais as câmaras expansoras não podem ser usadas.
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