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INQUÉRITO POLICIAL

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1 Carlos Mota 
INQUÉRITO POLICIAL - PROCESSO PENAL 
O inquérito policial consiste em procedimento administrativo investigatório para apurar 
a autoria e existência de infração penal (materialidade). Tem a finalidade de subsidiar a 
peça acusatória. 
 
CARACTERÍSTICAS: 
a) Procedimento escrito. (Art. 9 do CPP): 
Art. 9. Todas as peças do inquérito policial serão, num só processado, reduzidas a escrito 
ou datilografadas e, neste caso, rubricadas pela autoridade. 
b) Sigiloso. Não é necessariamente sigiloso, mas pode ser. (Art. 20 do CPP): 
 
Art. 20. A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato ou 
exigido pelo interesse da sociedade. 
 
ATENÇÃO: Súmula Vinculante 14 do STF 
É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de 
prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com 
competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa. 
Conforme jurisprudência, é garantido o direito da obtenção de cópias de todos os 
elementos de prova já documentados, inclusive daqueles em formato audiovisual. 
 
“Nada, absolutamente nada, respalda ocultar de envolvido – 
como é o caso da reclamante – dados contidos em autos de 
procedimento investigativo ou em processo alusivo a ação penal, 
pouco importando eventual sigilo do que documentado. Esse é 
o entendimento revelado no verbete vinculante 14 (...). Tendo 
em vista a expressão “acesso amplo”, deve-se facultar à defesa 
o conhecimento da integralidade dos elementos resultantes de 
diligências, documentados no procedimento investigatório, 
permitindo, inclusive, a obtenção de cópia das peças produzidas. 
O sigilo refere-se tão somente às diligências, evitando a 
frustração das providências impostas. Em síntese, o acesso 
ocorre consideradas as peças constantes dos autos, 
independentemente de prévia indicação do Ministério Público. 
3. Defiro a liminar para que a reclamante, na condição de 
envolvida, tenha acesso irrestrito e imediato, por meio de 
procurador constituído, facultada inclusive a extração de cópia, 
aos elementos constantes do procedimento investigatório (...). ” 
 
2 Carlos Mota 
[Rcl 31.213 MC, rel. min. Marco Aurélio, dec. monocrática, j. 20-
8-2018, DJE 174 de 24-8-2018. ] 
 
c) Inquisitivo (Art. 14 do CPP): 
Sem contraditório e ampla defesa. 
Art. 14. O ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado poderão requerer 
qualquer diligência, que será realizada, ou não, a juízo da autoridade. 
 
d) Indisponibilidade: 
O delegado não pode arquivar o inquérito policial. Deverá encerra-lo. Compete apenas 
ao juiz determinar o arquivamento. 
 
e) Dispensabilidade (Arts. 12, 39 e 46 do CPP): 
O inquérito policial não é pressuposto para denúncia. 
Art. 12. O inquérito policial acompanhará a denúncia ou queixa, sempre que servir de 
base a uma ou outra. 
Art. 46. O prazo para oferecimento da denúncia, estando o réu preso, será de 5 dias, 
contado da data em que o órgão do Ministério Público receber os autos do inquérito 
policial, e de 15 dias, se o réu estiver solto ou afiançado. No último caso, se houver 
devolução do inquérito à autoridade policial (art. 16), contar-se-á o prazo da data em 
que o órgão do Ministério Público receber novamente os autos. 
§ 1o Quando o Ministério Público dispensar o inquérito policial, o prazo para o 
oferecimento da denúncia contar-se-á da data em que tiver recebido as peças de 
informações ou a representação. 
 
PRAZO DE ENCERRAMENTO: 
 
a) Para o acusado preso, em regra: 10 dias; 
b) Para o acusado livre, em regra: 30 dias; 
c) Se investigado por tráfico de drogas e preso: 30 dias; 
d) Se investigado por tráfico de drogas e livre: 90 dias; 
e) Se investigado pela Justiça Federal e preso: 15 dias; 
f) Se investigado pela Justiça Federal e livre: 30 dias. 
OBS.: Os prazos podem ser prorrogados se for comprovada a necessidade. 
 
3 Carlos Mota 
 
REABERTURA DO INQUÉRITO POLICIAL (Súmula 524 do STF): 
É possível com o surgimento de novas provas. 
Súmula 524 do STF: Arquivado o inquérito policial, por despacho do juiz, a 
requerimento do promotor de justiça, não pode a ação penal ser iniciada, sem novas 
provas. 
Com efeito, a Súmula 524 desta Suprema Corte estabelece que, "arquivado o inquérito 
policial, por despacho do juiz, a requerimento do promotor de justiça, não pode a ação 
penal ser iniciada, sem novas provas". A situação sob análise não é, como visto, a de 
oferecimento de denúncia após o desarquivamento de inquérito, mas de reabertura de 
inquérito. Para que ocorra o desarquivamento de inquérito, basta que haja notícia de 
novas provas, nos termos do art. 18 do Código de Processo Penal, enquanto não se 
extinguir a punibilidade pela prescrição. 
 
IMPORTANTE: Caso o juiz não concorde com o arquivamento sugerido pelo Ministério 
Público, deverá encaminhar ao Procurador-Geral, que irá designar outro promotor ou 
determinará o arquivamento.

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