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ENCONTRO 08 - Caso clinico 07 - Envio

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Dados iniciais 
 
 Paciente K, 6 anos, menino. Possui mais duas irmãs, A (de 1 ano), KE 
(de 7 anos), e mais um irmão KH (de 4 anos). Sua mãe recebe o nome de M e 
tem 24 anos, e seu pai R, cuja idade não foi informada. 
 
 A terapeuta atua em uma casa de Acolhimento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Relato da sessão 
 
 A criança foi levada a acolhimento pelo Conselho Tutelar de Campinas. 
Sua mãe estava acompanhando sua irmão mais nova, A de 1 ano de idade, em 
uma internação hospitalar (pneumonia) e não tinha condições de ficar com K e 
seu irmão KH, daí então o acolhimento. Anteriormente, ambas as crianças 
haviam sido deixadas com a tia materna, porém devido a sua gravidez, não 
estava em condições físicas para ficar com as crianças, uma vez que, segundo 
a família, “elas davam muito trabalho”. 
 Ou alternativa ainda foi sugerida pelo Conselho Tutelar que acionou a 
avó materna na tentativa de que não ocorresse o acolhimento, contudo, a avó 
negou a abrigar as crianças pois ela já estava com a outra filha de M, a KE de 
7 anos, que já demandava muito. 
Serviço de Acolhimento Institucional para Crianças e Adolescentes: 
O abrigo é um serviço de proteção social especial de alta complexidade, previsto no Sistema Único de Assistência 
Social – SUAS. Tem a finalidade de oferecer acolhida a crianças e adolescentes com idade entre 0 e 17 anos e onze 
meses, cujas famílias ou responsáveis encontram-se temporariamente impossibilitados de cumprir sua função de 
cuidado e proteção, respeitando-se os princípios legais da brevidade e excepcionalidade. Funciona como moradia 
transitória até que seja viabilizado o retorno à família de origem/extensa ou o encaminhamento para família 
substituta (procedimento realizado através da Vara da Infância e da Juventude). Funciona 24 horas por dia. 
 
Objetivo: 
Acolher e garantir proteção integral à criança e adolescente em situação de risco pessoal e social e de abandono. 
 
Forma de acesso ao serviço: 
Por determinação do Poder Judiciário e por requisição do Conselho Tutelar, sendo que neste último, a autoridade 
competente deverá ser comunicada conforme previsto no art. 93 do ECA. 
 
 
 
 Através de atendimentos pontuais com a mãe, ela relata que K nasceu 
de um relacionamento conturbado, não foi desejado, e desde muito pequeno é 
extremamente agitado. A mãe ainda pontua que K morde, grita, xinga, 
esperneia fazendo birra sempre que é contrariado. 
 A criança em atendimento com caixa lúdica optou por inicialmente 
brincar com o quebra cabeça e depois com um alfabeto de madeira e encaixe 
disponibilizado na sala. Durante o “diga mais sobre essa casa do fundo”, K diz 
que mora em uma casa alugada, que tem duas casas no mesmo terreno, 
porém na casa do fundo moram algumas pessoas que não gostam de crianças, 
e a mãe dele diz que não pode fazer bagunça, porque quem mora lá é a “loira 
do banheiro”. 
Posteriormente em visita domiciliar na residência da família, abordei tal 
aspecto com a mãe de K que relata sorrindo que não tem ninguém que mora 
na residência dos fundos, mas que utiliza o cômodo para guardar algumas 
coisas. Na visita, fui até esse cômodo e vimos brinquedos em uma caixa de 
papelão e um engradado de cerveja. 
Em outro atendimento com a criança foi sugerido realizar uma colagem 
com revistas e cartolina, o mesmo realizou a colagem de uma foto de família 
(homem, mulher e um bebê) e após isso desenhou em cima do desenho uma 
pipa voando sozinha. Quando questionado ele relata “Essa é a minha irmã e 
essa e a família dela, agora a pipa... a pipa eu acho que sou eu”. Pontou que 
atualmente a mãe de K mantem um relacionamento com o pai da irmã mais 
nova. 
Sobre seu pai temos poucos relatos. K já residiu com ele um período, 
mas também não deu certo p ois o pai lhe agredia, algo que foi confirmado por 
sua madrasta que é uma pessoa que demonstra afetividade com a criança. 
Durante visitas dos familiares na instituição de acolhimento, a mãe se 
mostrava dando carinhos e atenção apenas ao filho mais novo KH; já K era 
ignorado, fisicamente recebendo as costas da mãe ou a mesma mantinha um 
caráter desqualificador da criança. Nas visitas com a avó materna, sua irmã KE 
e suas tias maternas, K se comportava de maneira afetuosa sempre 
distribuindo beijos e abraçando a todos, o que também ocorria nas visitas do 
pai e da madrasta. 
 
 
O desfecho do acolhimento na casa de passagem foi o seguinte: KH foi 
sobre o termo de guarda ao seu pai (que não é o mesmo de K), KE ficou com a 
avó materna que regularizou sua guarda, A ficou com sua mãe e seu pai, e K 
foi transferido de acolhimento institucional.

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