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Equilibrio entre nutrientes - obesidade

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Obesidade
Equilíbrio entre os nutrientes
Existem diferenças importantes entre os estoques de carboidrato, proteína e gordura no organismo. Conforme se observa na Tabela 7.1, a primeira significativa e importante diferença é em relação à quantidade: o corpo humano é capaz de armazenar até 300 vezes mais calorias sob a forma de gordura do que de carboidrato (glicogênio). Outra diferença está relacionada com a utilização: carboidratos são utilizados mais rapidamente, enquanto as gorduras garantem o fornecimento a longo prazo. Dessa maneira, obesos sobrevivem muito mais tempo em privação calórica do que magros, devido à reserva de triglicerídeos (TG) no tecido adiposo. As reservas de carboidrato e proteínas são controladas de forma muito mais rígida do que as de gordura. Isso só ocorre porque o balanço de cada um dos nutrientes é regulado individualmente, tanto em relação ao armazenamento quanto em relação à sua utilização como combustível. 
Anotações: _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
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Balanço de proteínas 
As proteínas constituem normalmente cerca de 15% do total de calorias da dieta. Já com relação ao total de calorias estocado no organismo de um homem de 70 kg, até um quinto é composto de proteínas. A ingestão diária de proteínas equivale a pouco mais de 1% do total proteico armazenado. Os estoques de proteínas aumentam em resposta a determinados estímulos (como hormônio de crescimento, androgênios e atividade física), e não simplesmente em resposta a um aumento da ingestão dietética. O balanço proteico é, portanto, rigidamente controlado e seu desequilíbrio não está envolvido diretamente no aparecimento da obesidade, embora se saiba que, indiretamente, a ingestão proteica pode afetar o balanço das gorduras.
Balanço de carboidratos 
Normalmente, os carboidratos são as principais fontes de calorias provenientes da dieta, embora os estoques corporais de glicogênio sejam muito limitados (em média, de 500 a 1.000 g ou de 2.000 a 4.000 kcal). A ingestão diária de carboidratos corresponde a 50 a 100% dos estoques, comparado a apenas 1% das proteínas e gorduras. Com isso, os estoques de carboidratos variam muito mais em questão de horas ou dias do que os estoques de proteínas e gorduras. Assim como acontece com as proteínas, os estoques de glicogênio são rigidamente controlados: o aumento na ingestão dietética de carboidratos estimula o armazenamento de glicogênio, aumenta a oxidação da glicose e suprime a oxidação das gorduras. O excesso de carboidratos que não é convertido em glicogênio é oxidado (e não transformado em gordura), de forma a manter o balanço equilibrado. Dessa forma, um aumento crônico na ingestão de carboidratos não causa diretamente o ganho de peso, porque os estoques são limitados, a conversão em gorduras ocorre de forma extremamente rara em seres humanos e existe um aumento da oxidação para compensar o aumento da ingestão.
Balanço de lipídios 
Diferentemente do que ocorre com as proteínas e os carboidratos, os estoques de gordura do organismo são enormes e a ingestão de gorduras não tem influência na oxidação dos ácidos graxos. Assim como as proteínas, a ingestão diária de gordura na dieta corresponde a menos de 1% dos estoques, embora o organismo armazene seis vezes mais calorias sob a forma de gordura do que de proteína. 
Se um aumento na quantidade e na porcentagem de gordura na dieta não altera a utilização dos ácidos graxos como substrato energético, o que promove a oxidação das gorduras? A quantidade de gordura corporal promove um efeito pequeno, porém significativo, na oxidação dos ácidos graxos, que, de certa forma, atenua o ganho de peso. Entretanto, o grande determinante da oxidação das gorduras é o equilíbrio energético: quando é negativo (i. e., quando o gasto é maior que a ingestão), a oxidação das gorduras aumenta. 
Os estoques de gordura funcionam como um “tampão” do equilíbrio energético. Um balanço negativo de 200 kcal em 24 h representa 200 kcal saindo dos estoques de gordura, assim como um excesso de 200 kcal em 24 h resulta em 200 kcal a mais no tecido adiposo. Como as taxas de oxidação dos aminoácidos e da glicose se ajustam à quantidade ingerida, a oxidação das gorduras é determinada pela diferença entre o GET e a ingestão calórica sob a forma de carboidratos e proteínas, mais do que pela ingestão calórica sob a forma de gordura consumida em um dia. 
Resumindo, em condições fisiológicas, a gordura é o único nutriente capaz de se manter em um desequilíbrio crônico entre ingestão e oxidação, o que promove um aumento do tecido adiposo. Os outros macronutrientes influenciam indiretamente o ganho de adiposidade.

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