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Termos Desconhecidos: Posição Antálgica – posição adotada pelo paciente para evitar a dor. AR MVF – Aparelho Respiratório com Murmúrio Vesicular Fisiológico Litíase Vesicular – cálculos biliares Ducto de Wirsung – ducto pancreático � Objetivos 1) Descrever as funções endócrinas e exócrinas do pâncreas O pâncreas, além de suas funções digestivas, secreta dois hormônios importantes, a insulina e o glucagon, que são fundamentais na regulação hormonal do metabolismo da glicose, dos lipídios e das proteínas. Apesar de o pâncreas secretar outros hormônios, como amilina, somatostatina e polipeptídeo pancreático, suas funções ainda não estão bem definidas. Anatomia do pâncreas – o pâncreas é composto por dois tipos principais de tecidos, os ácinos, que secretam sucos digestivos no duodeno e as Ilhotas de Langerhans, que secretam insulina e glucagon diretamente no sangue. As Ilhotas de Langerhans são organizadas em torno de pequenos capilares no interior dos quais são secretados seus hormônios. São constituídas por três tipos principais de células, as células alfa, beta e delta, que se distinguem uma das outras por suas características morfológicas e tintoriais. As células beta, que constituem cerca de 60% de todas as células, localizam-se, principalmente, no meio de cada ilhota e secretam os hormônios insulina e amilina. As células alfa, que correspondem a cerca de 25% do total, secretam glucagon. Por fim, as células delta, que representam 10% do total, secretam o hormônio somatostatina. Além disso, outro tipo de célula é encontrada no pâncreas, a célula PP, que secreta o polipeptídeo pancreático. Secreção Pancreática – o pâncreas, situado paralelamente e abaixo do estômago, é uma grande glândula composta cuja estrutura interna se assemelha à das glândulas salivares. As enzimas digestivas pancreáticas são secretadas pelos ácinos pancreáticos, enquanto grande volume de bicarbonato de sódio é secretado pelos pequenos dúctulos e por ductos maiores que se originam dos ácinos. O produto combinado de enzimas e do bicarbonato de sódio flui ao longo de um ducto pancreático comprido, que, habitualmente se une ao ducto hepático imediatamente antes de desembocar no duodeno através da Papila de Vater, circundada pelo Esfíncter de Oddi. O suco pancreático é secretado em grande quantidade em resposta à presença de quimo nas porções superiores do intestino delgado, e as características do suco pancreático são determinadas, em certo grau, pelos tipos de alimento contidos no quimo. Enzimas Digestivas Pancreáticas – a secreção pancreática contém enzimas para a digestão dos três tipos principais de alimentos: carboidratos, proteínas e lipídios. Além disso, contém grande quantidade de íons bicarbonato, que desempenham importante função na neutralização do quimo ácido esvaziado pelo estômago no duodeno. As enzimas proteolíticas mais importantes do pâncreas são: tripsina, quimotripsina e carboxipolipeptidase. As várias elastases e nucleases são menos importantes. Sem dúvida, a mais abundante de todas essas enzimas é a tripsina. A tripsina e a quimotripsina desdobram proteínas integrais e parcialmente digeridas em peptídeos de vários tamanhos, mas não chegam a liberar aminoácidos isolados. Por outro lado, a carboxipolipeptidase cliva alguns peptídeos em aminoácidos individuais, completando, assim, a digestão de algumas proteínas até o estado de aminoácidos. A enzima digestiva pancreática para os carboidratos é a amilase pancreática, que hidrolisa os amidos, o glicogênio e a maioria dos outros carboidratos (à exceção da celulose), formando dissacarídeos e alguns trissacarídeos. As principais enzimas para a digestão de gordura são: a lipase pancreática, que é capaz de hidrolisar a gordura neutra em ácidos graxos e monoglicerídeos, a colesterol-esterase, que causa a hidrólise dos ésteres de colesterol, e a fosfolipase, que cliva os ácidos graxos dos fosfolipídeos. Quando sintetizadas nas células pancreáticas, as enzimas proteolíticas encontram-se nas formas inativas de tripsinogênio, quimotripsinogênio e procarboxipolipeptidase, todas enzimaticamente inativas. Tornam-se ativadas somente após serem secretadas no lúmen intestinal. O tripsinogênio é ativado pela enzima denominada enteroquinase, que é secretada pela mucosa intestinal quando o quimo entra em contato com a mucosa. Além disso, o tripsinogênio pode ser ativado de modo autocatalítico pela tripsina já formada a partir do tripsinogênio. O quimotripsinogênio é ativado pela tripsina pela formar quimiotripsina, enquanto a procarboxipolipeptidase é ativada de modo semelhante. A Secreção do Inibidor da Tripsina – é importante que as enzimas proteolíticas do suco pancreático não sejam ativadas até o momento de serem secretadas no intestino, visto que, de outro modo, a tripsina e outras enzimas iriam digerir o próprio pâncreas. Felizmente, as mesmas células que secretam as enzimas proteolíticas no interior dos ácinos do pâncreas secretam, simultaneamente, outra substância, denominada inibidor da tripsina. Essa substância é formada no citoplasma das células glandulares e impede a ativação da tripsina no interior das células secretoras, bem como nos ácinos e ductos do pâncreas. Como é a tripsina que ativa as outras enzimas proteolíticas pancreáticas, o inibidor da tripsina também impede a ativação subsequente de todas essas enzimas. Quando o pâncreas sofre lesão grave, ou quando ocorre obstrução de um ducto, verifica-se, algumas vezes, acúmulo de grande quantidade de secreção pancreática nas áreas lesadas do pâncreas. Nessas condições, o efeito inibidor da tripsina é, algumas vezes, sobrepujado, de modo que as secreções pancreáticas tornam-se rapidamente ativadas e são capazes de digerir, literalmente, todo o pâncreas em poucas horas, dando origem à pancreatite aguda. Secreção de Íons Bicarbonato – o mecanismo celular para a secreção da solução de bicarbonato de sódio nos dúctulos e ductos pancreáticos é dividido em três etapas básicas: (1) o CO2 difunde-se para o interior da célula a partir do sangue e combina-se com água sob a influência da anidrase carbônica, com consequente formação de ácido carbônico (H2CO3). Por sua vez, o ácido carbônico dissocia-se em íons bicarbonato e íons hidrogênio (HCO3 e H+). A seguir, os íons bicarbonato são ativamente transportados, em associação com íon sódio (Na+) através da bomba luminal da célula para o lúmen do ducto. (2) Os íons hidrogênio formados pela dissociação do ácido carbônico no interior das células são trocados por íons sódio através da borda vascular da célula por processo de transporte ativo secundário. Os íons sódio são transportados, através da borda luminal, para o lúmen do ducto pancreático, fornecendo a neutralidade elétrica para os íons bicarbonato secretados. (3) O movimento de íons sódio e bicarbonato do sangue para o lúmen do ducto cria um gradiente osmótico, que também provoca osmose da água, para o ducto pancreático, com a consequente formação de solução de bicarbonato quase totalmente isosmótica. Estímulos para a secreção pancreática – a secreção pancreática é regulada por três estímulos básicos importantes: ACETILCOLINA – que é liberada pelas terminações nervosas vagais parassimpáticas, bem como por outros nervos colinérgicos do sistema nervoso entérico; COLECISTOCININA – que é secretada pela mucosa duodenal e da porção superior do jejuno, quando o alimento chega ao intestino delgado e SECRETINA – que é secretada pela mucosa duodenal e jejunal quando alimentos altamente ácidos penetram no intestino delgado. A acetilcolina e a colecistocinina estimulam as células acinares, por conseguinte, induzem a produção de grande quantidade de enzimas digestivas pancreáticas. Em contraste, a secretina estimula, principalmente, a secreção de grande quantidade de solução de bicarbonato de sódio pelo epitélio ductal pancreático, mas quase não exerce nenhuma estimulação sobre a secreção enzimática. Em condições normais, a secreção pancreáticaresulta dos efeitos combinados dos múltiplos estímulos básicos, e não apenas de um estímulo isolado. 2) Explicar os tipos de pancreatite, suas causas e seus sintomas O pâncreas localiza-se transversalmente na parte posterior do abdome superior. A cabeça do pâncreas situa-se do lado direito do abdome, repousa contra a curvatura do duodeno, na área da ampola hepatopancreática e sua entrada no duodeno. O corpo do pâncreas encontra-se abaixo do estômago. A cauda toca o baço. O pâncreas está, portanto, praticamente oculto, devido à sua posição posterior; ao contrário de muitos órgãos, não pode ser palpado. Em virtude da posição do pâncreas e de sua grande reserva funcional, os sintomas de doenças como o câncer do pâncreas habitualmente só aparecem quando o distúrbio está muito avançado. O pâncreas exócrino consiste em lóbulos constituídos de células acinares, que secretam enzimas digestivas em um sistema de ductos microscópicos.Esses ductos desembocam no ducto pancreático principal, que se estende da esquerda para a direita através da substância do pâncreas. O ducto pancreático principal e o ducto biliar unem-se para formar a ampola hepatopancreática, que desemboca no duodeno. O esfíncter do ducto pancreático controla o fluxo das secreções pancreáticas no duodeno. Pancreatite Aguda – A pancreatite aguda representa um processo inflamatório reversível dos ácinos pancreáticos em decorrência da ativação prematura das enzimas pancreáticas. Embora o processo mórbido possa limitar-se ao tecido pancreático, ele também pode acometer tecidos peripancreáticos ou tecidos de órgãos mais distantes. A patogenia da pancreatite aguda envolve a autodigestão do tecido pancreático por enzimas pancreáticas inapropriadamente ativadas. Acredita-se que o processo comece com a ativação da tripsina. Uma vez ativada, a tripsina pode ativar uma variedade de enzimas digestivas que provocam lesão pancreática, com consequente resposta inflamatória intensa. A própria resposta inflamatória aguda provoca lesão tecidual substancial e pode progredir além do pâncreas, produzindo uma síndrome de resposta inflamatória sistêmica e falência múltipla de órgãos. Embora diversos fatores estejam associados ao desenvolvimento da pancreatite aguda, a maioria dos casos resulta de cálculos biliares (cálculos no colédoco) ou de abuso de álcool. No caso da obstrução do trato biliar devido a cálculos biliares, acredita-se que a obstrução do ducto pancreático ou o refluxo biliar ativem as enzimas no sistema de ductos pancreáticos. O álcool, por sua vez, é um potente estimulador das secreções pancreáticas, e sabe-se também que ele provoca obstrução parcial do esfíncter do ducto pancreático. A pancreatite aguda também está associada a hipercalemia, hiperlipidemia, infecções (particularmente virais), traumatismo abdominal e cirúrgico e fármacos como diuréticos tiazídicos. ● Manifestações Clínicas: A dor abdominal constitui a principal manifestação da pancreatite aguda. A dor localiza-se habitualmente na região epigástrica ou periumbilical e pode irradiar-se para as costas, o tórax ou a área do flanco. Os achados ao exame físico são variáveis e consistem em febre, taquicardia, hipotensão, hipersensibilidade abdominal intensa, angústia respiratória e distensão abdominal. Os achados clínicos, tais como sede, débito urinário insuficiente, taquicardia progressiva, taquipneia, hipoxemia, agitação, confusão, aumento do hematócrito e ausência de melhora dos sintomas nas primeiras 48 hrs, constituem sinais de alerta de doença grave iminente. As complicações consistem em resposta inflamatória sistêmica, síndrome de angústia respiratória aguda, necrose tubular aguda e falência de órgãos. Um importante distúrbio relacionado com a pancreatite aguda é a perda de um grande volume de líquido nos espaços retroperitoneal e peripancreático, bem como na cavidade abdominal. ● Tratamento: O tratamento depende da gravidade da doença. Os indivíduos que apresentam dor persistente ou intensa, vômitos, desidratação ou sinais de pancreatite aguda iminente e grave exigem hospitalização. O tratamento é direcionado para o alívio da dor, “repouso do pâncreas” através da suspensão de alimentos e líquidos orais e restauração do volume plasmático perdido. A meperidina, mais do que a morfina, é habitualmente administrada para o alívio da dor, visto que provoca menos espasmos do esfíncter do ducto pancreático. Efetua-se a aspiração gástrica para tratar a distensão do intestino e impedir a estimulação adicional da secreção de enzimas pancreáticas. São administrados líquidos e eletrólitos por via intravenosa para repor aqueles perdidos da circulação e para combater a hipotensão e o choque. São administradas soluções coloidais intravenosas para repor o líquido sequestrado no abdome e no espaço retroperitoneal. ● Complicações: As sequelas em pacientes que sobrevivem a um episódio de pancreatite aguda grave consistem em coleções de líquido e infecção. As coleções de líquido com nível elevado de enzimas pancreáticas estão habitualmente associadas a ruptura do ducto pancreático e podem por fim formar pseudocistos (coleção de líquido pancreático encapsulado em uma camada de tecido inflamatório). O pseudocisto está mais frequentemente conectado ao ducto pancreático, de modo que continua aumento a sua massa. Os sintomas dependem de sua localização; por exemplo, pode ocorrer icterícia quando um cisto se desenvolve próximo à cabeça do pâncreas, perto do ducto colédoco. Os pseudocistos podem regredir, ou, se persistirem, podem exigir intervenção cirúrgica. Pancreatite Crônica – Caracteriza-se por destruição progressiva do pâncreas exócrino, fibrose, e nos estágios mais avançados, destruição do pâncreas endócrino. A maioria dos fatores que provocam pancreatite aguda também pode causar pancreatite crônica. Entretanto, a principal distinção entre as duas condições é a irreversibilidade da função pancreática, que é característica da pancreatite crônica. Sem dúvida, a causa mais comum de pancreatite crônica é o abuso prolongado de álcool. ● Manifestações Clínicas: Os pacientes sofrem de episódios persistentes e recorrentes de dor epigástrica e no quadrante superior esquerdo. Com frequência, as crises são precipitadas pelo abuso de álcool ou por uma alimentação excessiva. É comum a ocorrência de anorexia, náusea, vômitos, constipação e flatulência. Por fim, a doença evolui a ponto de que as funções tanto endócrina quanto exócrina do pâncreas se tornam deficientes. Nesse estágio, os sinais de diabetes mellitus e da síndrome de má absorção (perda de peso, esteatorreia) tornam-se aparentes. ● Tratamento: O tratamento consiste em medidas destinadas a tratar a doença coexistente do trato biliar. Em geral, prescreve-se uma dieta pobre em gordura. Os sinais de má absorção podem ser tratados com enzimas pancreáticas. Quando presente, o diabetes é tratado com insulina. O consumo de álcool é proibido, visto que ele frequentemente precipita as crises. Devido aos episódios frequentes de dor, a adicção de narcóticos representa um problema potencial em pacientes com pancreatite crônica. A intervenção cirúrgica é algumas vezes necessária para aliviar a dor e visa habitualmente remover qualquer obstrução que possa estar presente. Nos casos avançados, pode ser necessária uma pancreactectomia subtotal ou total.
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