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1 Beatriz Machado de Almeida Ortopedia – Aula 9 – Artrite Séptica • Processo infeccioso articular agudo causado por germes piogênicos; em geral, é causada por bactérias. • 2 meninos:1 menina; • Ocorre mais comumente na infância (<3 anos); • Local de acometimento: joelho, quadril. Além das crianças, a faixa etária dos idosos também é muito acometida, assim como os indivíduos com imunodeficiência. ❖ Importante: não é comum evoluir pra osteomielite e vice-versa. Fisiopatologia VIA HEMATOGÊNICA • Bacteremia (IVAS, pele, TGI): exemplo – uma bactéria caiu na corrente sanguínea vinda de uma infecção de via aérea (amigdalite), lesão de pele (infecção periungueal, frieira) e trato gastrointestinal. Nestes casos, as bactérias ao invés de ir pra região metafisária, acabam chegando à membrana sinovial. • Membrana sinovial altamente vascularizada e ausência de membrana basal, ou seja, não tem aquela barreira de proteção. Isso pode fazer com que a bactéria caia dentro da circulação. Se isso ocorrer e a bactéria não for fagocitada por macrófagos/sistema de defesa, ela vai gerar um processo infeccioso articular. INOCULAÇÃO DIRETA • Articulação invadida por um objeto contaminado (punção); às vezes é feita uma punção articular com objetivo diagnóstico, mas o que acontece é que por meio dela, é possível levar bactérias para dentro, gerando um processo infeccioso iatrogênico. Para fazer qualquer punção, seja infiltração de anestésico, bloqueio ou qualquer tipo de terapia, investigação de artrite reumatóide, é importante ter bastante cuidado com a assepsia. Toda vez que invade uma articulação tem o risco de processo infeccioso. • Considerar infecções polimicrobianas. Em geral, as punções são feitas dentro do hospital, onde tem diversos germes. CONTIGUIDADE • Osteomielite ou celulite dos RN e lactentes jovens. Processo infeccioso na metáfise com expansão até o ponto em que conseguiu cair dentro da circulação. Pode ser um abscesso na pele mesmo ou expansão até dentro da cavidade articular. Neste caso, tem-se a associação de osteomielite e artrite séptica. Uma artrite séptica também pode gerar uma osteomielite. O líquido articular infectado, se entrar em contato com a metáfise, pode ser que a infecção invada o periósteo e a região metafisária, fazendo uma osteomielite. SÃO PROCESSOS ISOLADOS! Ou você tem uma artrite séptica ou você tem uma osteomielite, mas pode acontecer de haver uma concomitância, principalmente em criança. Clínica LOCAL DE INFECÇÃO • MMII; • Quadril, joelho e tornozelo (80%); • Geralmente é unilateral, mas temos a característica da infecção por gonorreia, que tem a tendência a ser poliarticular. Todos os outros o mais comum é que seja unilateral. O agente mais comum é o estafilococos aureus na maioria dos casos (quase 100%). RN E LACTENTES ❖ Septicemia (irritabilidade, má alimentação): lembrar que a membrana sinovial é muito irrigada. A chance de fazer uma infecção sistêmica é muito maior do que na osteomielite (quadro mais local). A artrite séptica (pioartrite) é perigosa, podendo gerar sepse, Sirs e levar ao falecimento do paciente. Artrite Séptica 2 Beatriz Machado de Almeida Ortopedia – Aula 9 – Artrite Séptica ❖ Febre sem foco: é importante colher líquor, examinar o paciente como um todo, fazer USG abdominal. ❖ Pseudoparalisia: tenta deixar o membro parado. Toda vez que mexe, o paciente começa a se irritar e chorar de dor. ❖ Desconforto quando manuseado; ❖ Posicionamento antálgico (posição antálgica de Bonet): cada articulação tem suas características. Quando acomete joelho, ele fica semifletido, assim como o quadril. CRIANÇAS MAIS VELHAS E ADOLESCENTE • O diagnóstico é um pouco mais fácil, pois o paciente consegue referir onde tem a dor exatamente. ❖ Febre; ❖ Sintomas constitucionais de SIRS (processo inflamatório sistêmico); ❖ Dor a movimentação: bloqueio mecânico, não consegue dobrar o joelho. ❖ Recusa a andar. HISTÓRIA • Caracterização da dor (constante): a dor está presente o tempo inteiro, não é do tipo que passa de noite e volta de dia. • Uso recente de ATB (mascara a clínica): Se o paciente passou por um clínico ou pediatra, ele pode estar em uso de antibiótico, o que vai mascarar a clínica, pois pode ter uma regressão daquele processo infeccioso, apesar daquela infecção ainda está ali. Ou seja, parece que ele melhorou, mas na verdade, o processo infeccioso só está se expandindo e pode até voltar de uma forma muito mais grave. • Doença concomitante ou recente: saber se ele é imunossupresso, se teve infecção de via aérea superior (pneumonia por exemplo). EXAME FÍSICO • Mantém articulação em posição que maximiza o conforto. Então, quando vai mobilizar, gera dor. • Examina todas as articulações (tanto de MMSS quanto de MMII). Se o envolvimento for mais de uma articulação, provavelmente será outra Artropatia. Se ao examinar, o paciente está com dor no joelho contralateral, no cotovelo, provavelmente é outra coisa, pois é raro esse acometimento. Neste caso, podemos pensar em artrite reumatoide juvenil e outras patologias que acometem essa população pediátrica. • Sinais flogísticos na articulação envolvida, como edema e aumento da temperatura. • Diminuição da amplitude de movimento e até bloqueio, ou seja, ele não mexe mais. Diagnóstico Exames laboratoriais • Hemograma completo: pode ter o desvio pra esquerda no leucograma, bastões. • VHS e PCR: alta sensibilidade. Utilizados no acompanhamento do quadro clínico do paciente. • Hemocultura: no processo de bacteremia, é possível detectar esses germes. Exames de imagem Radiografia • Alargamento do espaço articular; • Ao analisar as radiografias, é útil comparar a extremidade envolvida com o lado oposto. • É utilizada geralmente pra excluir outros diagnósticos, como por exemplo, processo tumoral e fratura. USG • É um exame fantástico que pode ser feito em consultório; • Derrames articulares. Cintilografia • Diagnóstico precoce: principalmente quando se tem osteomielite associada. • Suspeita de osteomielite. • No caso de pioartrite (artrite séptica) isolada, a cintilografia não é tão útil. RNM • Mais sensível para derrame articular (aumento do volume): saber o tipo de líquido articular. • Avalia possível osteomielite ou abscesso se não há resposta em 48 horas de ATB. 3 Beatriz Machado de Almeida Ortopedia – Aula 9 – Artrite Séptica • Alta sensibilidade a alta especificidade. PUNÇÃO ARTICULAR • SEMPRE; • Fazer a punção no local com a máxima higiene; não fazer em qualquer lugar, pois tem casos que no lugar de fechar o diagnóstico, você está levando bactérias para dentro. Ou seja, o paciente não tinha aquela infecção articular, mas após ser puncionado, passa a ter um processo infeccioso iatrogênico, que pode ser muito pior por ser um germe hospitalar. • Diagnóstico definitivo: fez a punção articular e veio pus → processo infeccioso. Se sair um líquido amarelado/citrino → semelhante ao líquido sinovial → dúvida → manda pro laboratório. • Cultura; • Bioquímica: ❖ Contagem de leucócitos do líquido sinovial de >50.000 células/microL, com predominância de polimorfonucleares (PMN) → fala muito a favor de um líquido infeccioso. ❖ Glicose <40 mg/dl: sinal de consumo da glicose pelas bactérias. ❖ Elevada concentração de proteínas: as bactérias são proteínas. Quando fala a favor de um líquido infeccioso → drenagem!! • Aspiração do líquido sinovial e colher hemocultura → Inicia ATB. • Normalmente faz o GRAM (forma rápida) → gram + ou gram -? Tratamento ANTIBIÓTICOS • Sempre fazer cobertura para S.aureus. Dependendo da idade, outros antibióticos devem ser associados: ❖ Oxacilina: 200mg/kg/dia IV; ❖ Clindamicina 30-50mg/kg/dia;❖ Cefalosporina de 1º geração; ❖ MRSA: vancomicina 30-50mg/kg/dia: utilizado em casos de pacientes resistentes. Quando se tem uma artrite com um germe hospitalar → pensar em pseudomonas. O antibiótico depende bastante da hipótese diagnóstica. É importante trabalhar em conjunto com o infectologista. TRATAMENTO ORTOPÉDICO • Drenagem cirúrgica da articulação. • Infecção articular = drenagem. • Além da drenagem, é importante fazer a lavagem até o líquido se tornar claro. Tem que utilizar a quantidade necessária pra deixar aquela articulação limpa, sendo no mínimo 10l de soro. Prognóstico • Resposta terapêutica favorável, quando tratado nas formas iniciais, de forma precoce. Pacientes que aparecem com 30 dias - 2 meses de pioartrite, vão ficar com sequelas irreversíveis, pois a infecção articular vai começar a destruir a articulação em 8 horas. ❖ Resolução da febre e dos sintomas (dor, mobilidade); ❖ Diminuição do VHS; Complicações ❖ Luxação: cabeça do fêmur pra fora. ❖ Anormalidade do crescimento: pode destruir a epífise óssea. ❖ Necrose avascular; ❖ Fraturas patológicas: o osso fica mais frágil. Tanto a infecção óssea quanto a infecção articular tem que ser tratadas de forma precoce (o mais precoce possível). Não é interessante pegar um caso com 2-3 meses de infecção, pois o prognóstico não é positivo. Às vezes com 1-2 semanas já é irreversível. Importante: Não é tão frequente quanto os outros assuntos que já foram dados. Material baseado na aula de Dr. Davi Veiga – Medicina UniFTC – 7º semestre
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