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TUTORIA 3 - UC 11 Karolina Cabral Machado - P4 2021.1 fonte: Cap. 7,8, 9, 10, 13 (Rezende) Cap.100 (FEBRASGO) TEMA: PRÉ-NATAL 1- COMPREENDER A ANAMNESE (SINAIS E SINTOMAS), O EXAME FÍSICO E GINECOLÓGICO; ANAMNESE: Deve ser feita uma anamnese completa onde alguns fatores se destacam: ● Idade: Do ponto de vista biológico, a gravidez ocorre em melhores condições a partir de 18 a 20 anos. A década entre os 20 e 30 anos é o período mais indicado; ● Cor: Deve ser considerada, pois mulheres de etnia africana são mais propensas ao vício pélvico e à pré-eclâmpsia; ● Profissão: Intoxicações produzidas por álcool, chumbo, fósforo, nicotina etc., de modo que é importante ter conhecimento da profissão da gestante, principalmente quando ela é predisposta a abortamento, para que possa ser orientada quanto à conveniência de abster-se de esforço físico; ● Nacionalidade, condições de moradia: Pode-se rastrear a possibilidade de enfermidades capazes de influenciar a gestação (como doença de Chagas, esquistossomose, malária, zika); ● Estado civil: Identificar o tipo de ajuda que a gestante terá durante todo o processo; ● Antecedentes familiares: Deve-se inquirir sobre estados mórbidos nos ascendentes e colaterais (p. ex., diabetes, pré-eclâmpsia), incluindo ocorrência de malformações, tanto da gestante quanto do parceiro; ● Antecedentes pessoais: É possível inferir a existência ou não de deficiências alimentares que tenham participado no desenvolvimento ou produzido raquitismo, que prejudica o esqueleto, especialmente na constituição da pelve. Devem-se obter detalhes sobre a instalação da puberdade, incluindo a menarca e as características dos ciclos menstruais sucessivos, informações que podem orientar o obstetra sobre possíveis deficiências endócrinas e fatores de hipodesenvolvimento genital. Devem ser pesquisados também os antecedentes pessoais patológicos relacionados com enfermidades anteriores, as operações e as medicações de uso regular e alergias medicamentosas. Os hábitos de vida da gestante também devem ser questionados durante a anamnese inicial, como a prática de atividade física, devendo-se quantificar sua frequência e intensidade, a ingestão alimentar, a prática de tabagismo, etilismo ou uso de outras substâncias, pois são fatores que podem influenciar o desfecho obstétrico; TUTORIA 3 - UC 11 Karolina Cabral Machado - P4 2021.1 ● Antecedentes obstétricos: ▶ Paridade: Os perigos para a mãe e para o concepto, na gravidez e no parto, são maiores nas primíparas e naquelas que deram à luz mais de quatro vezes; ▶ Intervalo interpartal: Os riscos reprodutivos estão reduzidos quando o intervalo entre os partos é de, no mínimo, dois anos; ▶ Evolução dos ciclos gravídico-puerperal anteriores: Devem ser coletadas informações sobre as gestações, os partos e puerpérios anteriores, e sobre a ocorrência de abortamentos, toxemia e condições de aleitamento; Termos interessantes: Primigrávida ou primigesta é a mulher que concebe pela primeira vez; Primípara é a parturiente do primeiro concepto ou a que está na iminência de fazê-lo; Multigesta ou multigrávida aplica-se à que gestou muitas vezes, independentemente da duração da gravidez; Paucípara a que pariu poucas vezes (até três); Nulípara é a mulher que jamais deu à luz; Nuligesta a que nunca esteve grávida; Obs.: Os sufixos gesta- e para- referem-se a gravidezes e partos anteriores respectivamente, e não aos conceptos: → única gestação gemelar = Igesta e Ipara; → dois abortamentos com terceira gestação em curso = IIIgesta e 0para; ● Atividade sexual: Nos casos de gravidez normal, fica a critério do casal; na ameaça de abortamento e de parto pré-termo, deve ser evitada. No último trimestre, o crescimento do ventre dificulta a atividade sexual. ● Viagens aéreas: Em geral, mulheres com gestações únicas, não complicadas, podem voar longas distâncias até 36 semanas de gravidez; e após 28 semanas, pode ser exigido um atestado do médico que confirme a normalidade da gestação e a data provável do parto. As grávidas devem ser informadas de que longas viagens aéreas estão associadas a risco aumentado de trombose venosa. ● Vacinação: → Antes da vacinação, todas as mulheres em idade fértil devem ser avaliadas sobre a possibilidade de estarem grávidas; → As vacinas com vírus vivos ou vivos atenuados (rubéola, sarampo, caxumba, pólio-oral [Sabin], varicela, febre amarela) estão contraindicadas na gravidez, em função do risco teórico ao feto; TUTORIA 3 - UC 11 Karolina Cabral Machado - P4 2021.1 → Vacinas com vírus inativos (hepatites A e B, COVID-19*, gripe [inclusive a H1N1], pólio-Salk, raiva, vacinas bacterianas e toxoides [tétano, difteria]) podem ser aplicadas com segurança; *A FEBRASGO publicou que as gestantes devem se vacinar para a COVID-19! → Lactantes podem ser vacinadas; obs.: TDAP (tríplice bacteriana acelular – tétano, difteria, pertussis): deve ser administrada no 3º trimestre da gravidez (27 a 36 semanas), não obstante a vacinação prévia, e repetida a cada gestação. Mulheres de risco para hepatite B devem ser vacinadas na gravidez (três doses). ● Alimentação: Deve instruir a consumir alimentos que formem resíduo (legumes e vegetais folhosos, substâncias ricas em fibras, frutas cítricas, ameixa, mamão) e ingesta liberal de água. Estimular dieta fracionada e com pequenos volumes, evitando-se a ingestão de alimentos gordurosos, café, chá, mate, além do tabaco e álcool. TUTORIA 3 - UC 11 Karolina Cabral Machado - P4 2021.1 A dieta durante a gravidez deve alcançar, no mínimo, 1.600 kcal/dia para que não haja prejuízo no desenvolvimento fetal. Em populações de países em desenvolvimento, deficiências nutricionais específicas podem ser identificadas, tais como de ferro e de iodo. ● Atividade física: A gravidez é a época ideal para manter ou adotar estilo de vida saudável. Mulheres com gravidez não complicada devem ser engajadas em exercícios aeróbios e de força durante a gestação e no pós-parto. O exercício regular durante a gravidez melhora ou mantém o condicionamento físico, ajuda o controle do peso, reduz o risco de DMG em mulheres obesas e aumenta o bem-estar psicológico. Atividades de risco extremo de queda ou de trauma abdominal devem ser evitadas na gravidez. Do mesmo modo, o mergulho em profundidade não é aconselhado, em função, pois a circulação pulmonar fetal é incapaz de filtrar a formação de bolhas. Podem ser recomendados caminhada acelerada, natação e ciclismo. Corrida, tênis e treinamento de força (musculação) também podem ser realizados com moderação para aquelas que regularmente já praticavam essas modalidades. EXAME FÍSICO: ● Inspeção: Junto aos limites do couro cabeludo ocorre a formação de lanugem, bastante evidente, em consequência da intensificação da nutrição dos folículos pilosos, reflexos do metabolismo próprio da grávida e principalmente das influências hormonais, o que constitui o sinal de Halban. O cloasma ou máscara gravídica pode surgir, é uma pigmentação difusa ou circunscrita, mais nítida nas áreas muito expostas à luz (fronte, nariz e região zigomática), de tonalidade escura, que mancha a pele. Essa deposição do pigmento pode ser abrandada poupando-se a pele da insolação. A hiperpigmentação da gestante parece ser consequência da hiperfunção do lobo anterior da hipófise. Em função da hipertrofia da tireoide, a circunferência do pescoço apresenta-se aumentada. A inspeção mostra mamas com volume aumentado, em consequência da hipertrofia e das modificações que ocorrem gradativamente para prepará-las à amamentação. A partir da 16ª semana aparece secreção de colostro, que pode ser percebida pela expressão da base na direção dos canais galactóforos. A aréola primitiva, mais escura do que fora da gestação, apresenta, ao redor, a aréola secundária, menos pigmentada, de limites imprecisos, chamada também aréola gravídica (sinal de Hunter). A circulação mais intensa que acompanha o desenvolvimento das mamas pode ser notada por uma trama de vasos venosos na pele, TUTORIA 3 - UC 11 Karolina Cabral Machado- P4 2021.1 a rede de Haller. Durante a gestação, aparecem na aréola primitiva os tubérculos de Montgomery, em número de 12 a 15, que costumam regredir no puerpério. Observa-se os tubérculos de Montgomery, aréola secundária (sinal de Hunter) e estrias abundantes. O abdome exibe as resultantes da distensão de sua parede pelo útero gravídico em crescimento. A cicatriz umbilical, antes uma depressão, torna-se plana e, por vezes, saliente. Evidencia-se a hiperpigmentação da linha alva (linea nigra) principalmente nas mulheres de pele mais escura. A inspeção também mostra, na gestante, o aparecimento de estrias ou víbices, produzidas pela sobredistensão do retículo de fibras elásticas. É comum que apresentem dilatação circunscrita de vasos sanguíneos, exagerada pela influência da gestação, ou mesmo varizes aumentadas. No final da gravidez é possível se observar edema. A pigmentação da pele mostra-se mais carregada, formando-se uma aréola escura em torno do ânus. A influência hormonal da gestação e, posteriormente, o fator mecânico modificam a mucosa, que se mostra hiperpigmentada, tumefeita e com uma coloração modificada. De rosada torna-se cianosada, violácea ou azulada. Essas alterações são percebidas muito precocemente (sinal de Jacquemier ou sinal de Chadwick, a mesma tonalidade da mucosa vaginal constitui o sinal de Kluge). ● Palpação: O palpar obstétrico está relacionado com o útero e seu conteúdo. A altura uterina é estimada tendo-se o cuidado de reconhecer a resistência óssea do púbis e delimitando-se, sem comprimir, o fundo do útero. A fita métrica mede o arco uterino, o que possibilita o cálculo da idade da gravidez e acompanhamento o crescimento fetal. A circunferência abdominal é avaliada no nível da cicatriz umbilical; em uma gestante a termo com peso normal tem cerca de 90 a 92 cm. Pela palpação podem-se reconhecer a consistência elástico-pastoso-cística, característica do amolecimento da parede uterina da gestante, e, em função da TUTORIA 3 - UC 11 Karolina Cabral Machado - P4 2021.1 quantidade de líquido amniótico, a sua maior ou menor tensão. Pode-se avaliar por ela a existência de polidrâmnio. Percebem-se, durante a gestação, as contrações de Braxton-Hicks. A palpação possibilita o reconhecimento da superfície lisa e regular da parede do útero grávido normal ou de nódulos e saliências, que denunciam tumores miomatosos. O reconhecimento do feto, sua apresentação e posição. Para sistematizar a técnica da palpação, são consideradas as suas diversas fases (manobras de Leopold Zweifel): ▶ Primeiro tempo: Delimita-se o fundo do útero com ambas as mãos comprimindo a parede abdominal com as bordas cubitais, tomando contato, tanto quanto possível, com as suas faces posterior e anterior. As mãos se dispõem encurvadas, procurando reconhecer, com a face palmar, o contorno do fundo do útero e a parte fetal que o ocupa. Na maioria dos casos é possível identificar o polo pélvico, com a característica de ser mais volumoso que a cabeça, esferoide, de superfície irregular, resistente mas redutível, que deixa perceber, às vezes, as cristas ilíacas como duas proeminências. No caso de aí estar o polo cefálico, verifica-se um corpo de superfície regular, resistente e irredutível, com duas regiões características, o occipital e a fronte. ▶ Segundo tempo: Procuram-se deslizar as mãos, do fundo uterino, em direção ao polo inferior do órgão, tentando sentir o dorso fetal e as pequenas partes ou membros, de um ou outro lado do útero. A região dorsal do feto apresenta-se como uma superfície resistente e contínua, plana no sentido longitudinal e convexa no transversal. ▶ Terceiro tempo: Conhecida, mais particularmente, por manobra de Leopold ou Pawlick, visa à exploração da mobilidade do polo que se apresenta em relação com o estreito superior. Seria um dos tempos da técnica sistematizada por Leopold, e nela se procura apreender o polo entre o polegar e o médio da mão direita, imprimindo-lhe movimentos de lateralidade que indicam o grau de penetração da apresentação na bacia. Quando ela está alta e móvel, esse polo balança de um lado para outro. TUTORIA 3 - UC 11 Karolina Cabral Machado - P4 2021.1 ▶ Quarto tempo: Deve-se explorar a escava em último lugar, quando se costuma encontrar o polo cefálico, com caracteres mais nítidos. O examinador volta suas costas para a cabeça da paciente e coloca as mãos sobre as fossas ilíacas, caminhando em direção ao hipogástrio, paralelas à arcada crural, afastadas uma da outra cerca de 10 cm. Com as extremidades dos dedos, procura penetrar na pelve. Abarcando o polo, deve-se verificar, pelas suas características, se é o cefálico ou o pélvico. Sendo o cefálico menor, liso, consistente, irredutível, e o pélvico, maior, irregular, amolecido e deprimível. Trata-se, respectivamente, de apresentação cefálica ou pélvica. Na córmica (situação transversa), a escava está vazia. ● Ausculta: Os BCF costumam ser percebidos em torno de 20 semanas de gravidez. A ausculta clínica pode ser imediata ou direta, colocando-se o ouvido sobre a parede abdominal da paciente, e mediata ou indireta, com o estetoscópio. Por intermédio do sonar Doppler, que pode ser usado de 10 a 12 semanas de gestação e que facilita a audiência e a identificação do pulso do cordão umbilical ou de qualquer outro grande vaso fetal. Os batimentos fetais nunca são isócronos com o pulso materno. Sua frequência oscila entre 110 e 160 bpm, com média de 140. Os batimentos são mais facilmente audíveis no chamado foco máximo de auscultação. O foco máximo de ausculta varia de acordo com a posição do bebê, mas está relacionado sempre com o polo cefálico devido à proximidade com a área cardíaca. Na apresentação cefálica, esse foco encontra-se nos quadrantes inferiores do abdome materno, à esquerda ou à direita, conforme a posição (à direita). No que se refere à descida e à rotação da cabeça fetal no evoluir do trabalho de parto, o foco de escuta gradativamente se desloca para baixo e em direção à linha mediana, podendo ser encontrado nos quadrantes superiores do abdome, à esquerda ou à direita, na apresentação pélvica. Na apresentação córmica, está na linha média, junto à cicatriz umbilical. Na gravidez gemelar é possível identificar dois focos máximos de ausculta, um para cada feto. Não sincrônicos têm características diferentes, principalmente no que concerne à frequência, que diverge em 8 ou 10 bpm. ● Toque: Pode ser unidigital, bidigital (mais comum) ou manual (excepcional), sendo este último realizado quando a apresentação estiver muito alta e já na mesa operatória, com a paciente anestesiada. É indicada a realização do toque vaginal na paciente com a bexiga e o reto esvaziados, com as mãos do examinador rigorosamente lavadas e revestidas de luvas esterilizadas, estando a paciente em posição litotômica ou ginecológica, entreabrindo-se a vulva com os dedos de uma das mãos, respeitando-se os preceitos de assepsia e de TUTORIA 3 - UC 11 Karolina Cabral Machado - P4 2021.1 antissepsia. Durante a gestação, o toque combinado torna possível avaliar o volume uterino quando o órgão ainda não se encontra acessível à palpação abdominal. No decurso do trabalho, para se identificar o início dele, devem-se acompanhar a dilatação cervical e a progressão fetal, e precisar o tipo de apresentação, de posição e suas variedades. O sinal de Puzos (à direita) trata-se do rechaço fetal intrauterino, que se obtém ao impulsionar o feto com os dedos dispostos no fundo de saco anterior. Dessa maneira, ocorre impressão de rechaço quando o concepto se afasta e quando ele retorna. 2- ENTENDER O CÁLCULO DA IDADE GESTACIONAL E DA DPP; A gravidez é datada do 1º dia do último período menstrual (DUM). A duração média da gestação é de 280 dias (40 semanas), e isso fornece a data provável do parto. Na prática usa-se a regra de Nägele, que consiste em adicionar à data da última menstruação 7 dias e mais 9 meses (ou menos 3 meses, quando se faz o cálculo retrógrado). Por exemplo, se a última menstruação foi em 10 de novembro(mês 11), temos 10 + 7 = 17, e 11 – 3 = 8, portanto, 17 de agosto (mês 8) será a data provável do parto. Ultrassonografia de 1º trimestre: Até 13s + 6d, a idade da gravidez avaliada pela medida do comprimento cabeça-nádega (CCN) tem uma acurácia de ± 5-7 dias. Se a US realizada nesse período tiver uma discrepância > 7 dias, a data da gravidez estimada pela última menstruação deve ser trocada pela idade sonográfica. Ultrassonografia de 2º/3º trimestre: A idade da gravidez pela US de 2º trimestre é fornecida pelo diâmetro biparietal (DBP) ou pelo comprimento do fêmur (CF). Entre 14 e 21s +6d a acurácia é de ± 10 a 14 dias. A do 3º trimestre (28 semanas em diante), também avaliada pelo DBP ou pelo CF, é a mais imprecisa, com acurácia de ± 21 a 30 dias. TUTORIA 3 - UC 11 Karolina Cabral Machado - P4 2021.1 3- DESTACAR A IMPORTÂNCIA DOS PRINCIPAIS EXAMES DE ROTINA DA GESTAÇÃO; ● Beta hCG (gonadotrofina coriônica): A sigla hCG aplica-se a um conjunto de cinco variantes moleculares de glicopeptídios biologicamente ativos. As cadeias glicídicas podem variar. As cinco moléculas têm diferentes efeitos. Duas são hormônios produzidos pela placenta (células do sinciciotrofoblasto) ou pela hipófise (células gonadotrópicas): o hCG intacto e o hCG sulfatado. Constitui, atualmente, o melhor parâmetro para o diagnóstico de gravidez incipiente, de acordo com sua precocidade e exatidão. Apoia-se na produção de gonadotrofina coriônica humana (hCG) pelo ovo. Uma semana após a fertilização, o trofoblasto, implantado no endométrio, começa a produzir a hCG em quantidades crescentes, que podem ser encontradas no plasma ou na urina maternos. A concentração de hCG é máxima em torno de 10 semanas de amenorreia. Costuma ser de 50.000 mUI/mℓ (na média) e denomina-se fenômeno apical. No restante da gestação, as taxas basais estão entre 10.000 e 40.000 mUI/mℓ. ● Ultrassonografia: Com 4 a 5 semanas, na parte superior do útero, começa a aparecer formação arredondada, anelar, de contornos nítidos, que corresponde à estrutura ovular, denominada, em ultrassonografia, saco gestacional (SG). A partir da 5ª semana, é possível visualizar a vesícula vitelina (VV) e, com 6 semanas, o eco embrionário e a sua pulsação cardíaca (BCF). Em torno de 10 a 12 semanas, nota-se espessamento no SG, que representa a placenta em desenvolvimento e seu local de implantação no útero. Com 12 semanas, a placenta pode ser facilmente identificada e apresenta estrutura definida com 16 semanas. O sonar Doppler identifica os batimentos do coração fetal, ou de qualquer grande vaso, a partir de 10 a 12 semanas de gravidez. O Doppler de fluxo colorido ou Doppler de mapeamento colorido, esse procedimento exibe os fluxos sanguíneos nas cores vermelho e azul, nos seus diversos matizes, conforme a direção do movimento do sangue ao se aproximar ou se afastar do transdutor. Muito útil na ecocardiografia fetal, o Doppler colorido também auxilia a ultrassonografia obstétrica toda vez que é importante caracterizar e localizar o fluxo sanguíneo. Exames complementares essenciais para a primeira consulta: ● Urina (exame simples de urina [EAS] e cultura para rastrear bacteriúria assintomática); ● Grupo sanguíneo e fator Rh (para identificar a mulher Rh negativa); TUTORIA 3 - UC 11 Karolina Cabral Machado - P4 2021.1 ● Hemograma (para rastrear anemia). Devido à hemodiluição os níveis de hemoglobina que configuram a anemia são bem mais baixos que os existentes fora da gestação. Assim, os níveis mínimos normais de hemoglobina na gestação são 11 g/dl no 1º trimestre; 10,5 g/dl no 2º e 3º trimestres; e 10 g/dl no pós-parto; ● Glicemia de jejum (para rastrear a possibilidade de diabetes antes da gestação ou o desenvolvimento da diabetes gestacional); ● Reações sorológicas: sífilis (VDRL), toxoplasmose, HIV, hepatite B (HBsAg); a sorologia para rubéola não é mais obrigatória no pré-natal; ● Rastreamento de clamídia e gonococo; ● Citologia cervicovaginal: Não é recomendada a citologia de rotina na gravidez, a menos que a grávida esteja qualificada pelas diretrizes de rastreamento correntes; As consultas subsequentes serão mensais até 32 semanas; quinzenais, de 32 a 36 semanas; e semanais, de 36 semanas até o parto. A cada consulta, serão avaliados: peso, PA, batimentos cardiofetais (BCF) e fundo do útero. ● 20 a 24 semanas: ultrassonografia abdominal morfológica, para avaliar as estruturas fetais, localizar a placenta e o cordão umbilical; avaliar o Doppler das artérias uterinas e medir a circunferência abdominal (CA) para rastrear o crescimento intrauterino restrito (CIR) placentário precoce; ● 24 a 28 semanas: TOTG de 75 g, para o diagnóstico de diabetes melito gestacional (DMG); ● 28 semanas: deve-se repetir a dosagem da hemoglobina e administrar a primeira dose da imunoglobulina anti D (mulheres Rh-negativo não sensibilizadas com fetos Rh-positivo pelo NIPT); deve-se repetir o VDRL; ● 35 a 37 semanas: cultura vaginorretal para estreptococo do grupo B (GBS); ● 36 semanas: deve-se determinar a posição fetal; para fetos em apresentação pélvica (confirmada pela ultrassonografia), é preciso oferecer a versão externa; ● 41 semanas: deve-se propor o descolamento das membranas e a indução do parto; TUTORIA 3 - UC 11 Karolina Cabral Machado - P4 2021.1 4- ANALISAR AS INDICAÇÕES E CONTRAINDICAÇÕES DO PARTO NORMAL E CESARIANO; O plano de parto é um documento em que a futura mãe manifesta suas preferências e escolhas no que diz respeito ao trabalho de parto, o parto e o pós-parto, que deverá ser elaborado de comum acordo com o obstetra durante as consultas pré-natais e com a equipe que irá assisti-la, sempre que possível. A OMS define o nascimento normal como: início espontâneo do trabalho de parto de pacientes com baixo risco que permanecem assim durante todo o pré-parto e o parto. O bebê nasce espontaneamente na apresentação cefálica fletida entre 37 e 42 semanas de gestação e após o parto mãe e bebê se encontram em boas condições. ● Cesárea: A primeira cesárea em vida que se conhece ocorreu em 1500 na Suíça, na cidade de Sigershaufen, e foi realizada por Jacob Nufer, em sua própria esposa. Ele não era médico nem sequer cirurgião-barbeiro. Era um homem simples do povo, habituado a castrar porcas. Sua mulher, primípara, entrou em trabalho de parto e assim ficou muitos dias, até que ele, já em desespero, pediu autorização a autoridades locais e auxílio de parteiras para retirar o seu filho por cesariana. A sua mulher sobreviveu ao procedimento e teria tido mais quatro partos normais após o procedimento, sendo um deles gemelar. A primeira cesárea realizada no Brasil foi em 1817, na cidade de Recife, pelo médico José Corrêa Picanço em uma escrava e a mesma teria sobrevivido. A sua amizade com o rei auxiliou a fundação das faculdades de medicina da Bahia e do Rio de Janeiro e ele é considerado o patrono da Obstetrícia Brasileira. No ano de 1985, um grupo de especialistas convocado pela OMS, com base nas evidências disponíveis na época, concluíram que: “não há justificativa para qualquer região ter uma taxa de cesárea superior a 10-15%”. A cesariana é realizada quando o médico assistente e/ou a paciente acreditam que a via abdominal vai proporcionar um melhor resultado materno e/ou fetal. Portanto, suas indicações se dividem na solicitação materna ou indicação médica. As indicações médicas são divididas em absolutas e relativas. *Uma desproporção no tamanho do feto em relação à pelve materna só pode ser diagnosticada durante a fase ativa do trabalho de parto, de preferência com 6 cm ou mais de dilatação cervical. TUTORIA 3 - UC 11 Karolina Cabral Machado - P4 2021.1 *A repetição do nascimento por cesariana está associada ao aumento do risco de complicações, mas o risco de rotura uterina também aumenta na tentativa de um parto normal. *O diagnóstico isolado de mecônio no líquido amniótico e/ou da redução do volume de líquido amniótico não são indicações de cesariana. *Recomenda-se a realização de cesariana na maioria dos casos, com exceção daquelesem que a via baixa é mais rápida. *Considera-se indicação para cesariana as gestações gemelares em que o primeiro feto não esteja em apresentação cefálica, as gestações com três ou mais fetos e as monoamnióticas. *Em mulheres com carga viral desconhecida ou > 1.000 cópias/mL após 34 semanas de gestação, a cesárea eletiva a partir da 38ª semana de gestação diminui o risco da transmissão vertical do HIV. Se apresentam trabalho espontâneo ou ruptura de membranas, não há evidências suficientes para determinar se a cesariana reduz o risco de transmissão perinatal do HIV. A escolha da via de parto em mulheres com cesariana prévia deve ser da parturiente, após ser orientada sobre os riscos de cesariana eletiva e de prova de trabalho de parto, inclusive do risco de necessitar cesariana de urgência. A mulher deve estar ciente de que os riscos para o feto são muito pequenos no parto vaginal após cesariana e comparáveis ao de pacientes nulíparas que tentam parto vaginal. Os fatores que aumentam o risco de rotura são: intervalo interpartal menor do que 12 meses, gestação prolongada (mais de 40 semanas), idade materna > 40 anos, obesidade, Bishop desfavorável, macrossomia fetal, miométrio do segmento fino ao ultrassom. Deve-se orientar a paciente sobre os riscos do procedimento que incluem principalmente uma maior estadia no hospital e um maior risco de alterações respiratórias neonatais e de complicações em gestações futuras. Deve-se aconselhar sobre métodos disponíveis de analgesia de parto, principalmente nos casos em que a paciente opta por cesariana por medo da dor. 5- COMPREENDER AS ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS DO ORGANISMO MATERNO; Modificações sistêmicas: ● Postura e deambulação: Quando a matriz evadida da pelve apoia-se à parede abdominal, e as mamas, dilatadas e engrandecidas, pesam no tórax, o centro de gravidade desvia-se para frente, e todo o corpo, em compensação, projeta-se para trás. Involuntariamente, a atitude adotada é a de quem carrega objeto pesado, mantendo-o, com as duas mãos, à frente do abdome. Para manter o equilíbrio, empina o ventre, provocando a lordose da coluna lombar. Amplia-se a base do polígono de sustentação, os pés afastam-se, e as espáduas projetam-se para trás. A fadiga responde pelas dores cervicais e lombares, uma queixa comum. TUTORIA 3 - UC 11 Karolina Cabral Machado - P4 2021.1 A gestante, ao andar, lembra, com seus passos oscilantes e mais curtos, a deambulação dos gansos, a chamada marcha anserina. As articulações apresentam maior mobilidade durante a gestação, notadamente as sacroilíacas e a sínfise pubiana. Atribui-se à relaxina, secretada pela placenta, a frouxidão dos ligamentos, especialmente da sínfise pubiana. A principal resultante dessas modificações é o aumento da capacidade pélvica, favorecendo a disjunção sinfisária e os movimentos de nutação do sacro. ● Metabolismo glicídico: O consumo contínuo de glicose pelo concepto e seu rápido transporte pela placenta influenciam profundamente o metabolismo dos carboidratos na gestante. Em todos os estágios da gestação, depois de uma noite de jejum, os níveis de glicemia são 15 a 20 mg/dℓ inferiores aos sinalados fora da gravidez. Durante a gravidez registra-se aumento na resistência à insulina ao final do 2º trimestre, podendo chegar a aproximadamente 80% no termo. Níveis elevados de hormônio lactogênio placentário humano (hPL), hormônio do crescimento placentário humano (hPGH) e adipocinas (leptina, adiponectina, TNF-α, IL-6) estão todos implicados no processo. Os níveis de hPL elevam-se rapidamente no 1º e no 2º trimestre e alcançam o seu máximo nas últimas 4 semanas da gravidez. O efeito diabetogênico do hPL resulta na mobilização de lipídios na forma de ácidos graxos livres (AGL). Esses AGL serviriam como fonte de energia, poupando glicose e aminoácidos, que estarão disponíveis para o feto. No 3º trimestre, após a administração de glicose, observa-se hiperinsulinismo pós-prandial, em função dos fatores contrainsulares. A gravidez avançada caracteriza-se por mudanças no metabolismo da mulher, no que se refere à preservação de glicose à custa do uso dos lipídios. A liberação excessiva de ácidos graxos também contribui para a redução do uso da glicose materna. ● Metabolismo lipídico: Duas alterações consistentes no metabolismo materno durante a gestação são o acúmulo de lipídios nos tecidos da gestante e a hiperlipidemia gestacional. O aumento do peso materno durante a gestação corresponde ao crescimento da unidade fetoplacentária e ao acúmulo dos seus próprios tecidos, especialmente o relacionado com a elevação de lipídios nos depósitos de gordura. Esse fenômeno, comum na gravidez humana e de alguns animais, ocorre durante os primeiros 2/3 da gestação e é o principal responsável pelo acréscimo de peso materno, excluindo o decorrente do concepto. Esse aumento nos depósitos de gordura maternos é decorrente da lipogênese aumentada; ele corresponde à elevação na síntese de ácidos graxos e do glicerídio glicerol, indicando que a formação dos TAG está exaltada. O aumento da atividade lipolítica do tecido adiposo eleva a liberação de AGL e de glicerol na circulação materna, na qual alcançam grandes concentrações no plasma. A transferência placentária desses dois produtos lipolíticos é baixa, e o fígado materno é o principal receptor. Ao fim da gestação, a transferência aumentada de AGL e de glicerol ao fígado em decorrência da lipólise nos tecidos adiposos justifica a exaltada esterificação e a subsequente liberação hepática na forma de triglicerídios da lipoproteína de muito baixa densidade (VLDL). A síntese de corpos cetônicos torna-se altamente incrementada durante o final da gestação sob condições de jejum, e o uso desses produtos pelos tecidos maternos reduz o consumo de glicose, que fica disponível de ser transferida TUTORIA 3 - UC 11 Karolina Cabral Machado - P4 2021.1 para o feto. Ao fim da gravidez, a gliconeogênese a partir do glicerol está aumentada, poupando aquela proveniente dos aminoácidos que são transportados para o feto. A abundância de triglicerídios VLDL no plasma materno contribui para o acúmulo de triglicerídios nas outras lipoproteínas. Embora os triglicerídios não cruzem a barreira placentária, o feto beneficia-se da hipertrigliceridemia materna: Sob condições de jejum, o fígado materno mostra aumento da atividade da LPL, tornando-se um órgão receptor de triglicerídeos circulantes, usados como substrato para a síntese de corpos cetônicos, e esses compostos rapidamente difundem-se pela placenta e são usados pelo feto. A lipase da placenta hidrolisa os triglicerídeos maternos, e os AGL liberados podem alcançar o feto para serem reconvertidos em triglicerídeos. A indução da LPL nas mamas por volta do parto dirige triglicerídeos circulantes para essa glândula, visando à produção de leite. Os ácidos graxos essenciais (AGE), ômega-3 (ácido linolênico) e ômega-6 (ácido linoleico), referem-se a lipídios que não podem ser sintetizados pelo organismo e devem provir da alimentação. Na gravidez, os AGE são necessários para o desenvolvimento da unidade fetoplacentária no início da gestação, e o ácido docosaexanoico (DHA), um tipo de ômega-3 derivado de peixe marinho, é vital para a homeostase materna, assim como o desenvolvimento do cérebro e da retina fetal durante todo o 3º trimestre. Os AGE são benéficos para a mãe, prevenindo doenças cardiovasculares, câncer de colo e doenças imunológicas. Os ácidos ômega-3 e ômega-6 são precursores dos ácidos graxos poli-insaturados de cadeia longa (AGPICL): ácido araquidônico, da série ômega-6; ácido eicosapentanoico (EPA) e ácido docosaexanoico (DHA), da série ômega-3. O feto não é capaz de sintetizar os AGPICL por meio dos seus precursores ômega-3 e ômega-6, sendo suas necessidades supridas pela placenta e pelas reservas tissulares da mãe, principalmente do tecido adiposo. As principais fontes de ômega-3 são peixes gordurosos de água fria (salmão, atum), truta, sardinha, ostra, mariscos, óleos de linhaça e de canola, nozes e rúcula. Os ácidosgraxos trans (AGT) também são prejudiciais à saúde, pois inibem a formação dos AGPICL. A concentração da maioria dos aminoácidos está reduzida na gravidez. As proteínas totais, embora aumentem em valores absolutos pela hemodiluição plasmática, têm concentração diminuída. As de albumina sofrem redução nítida. Uma das alterações sistêmicas mais notáveis observadas na gravidez é a retenção de líquido (8 a 10 ℓ) intra e extracelular, especialmente responsável pelo aumento do volume plasmático. Essa alteração hidreletrolítica é decisiva para que ocorram outras modificações importantes, como o aumento do débito cardíaco e o do fluxo plasmático renal. O provável mecanismo para essa adaptação é a retenção de sódio, determinada principalmente pela maior secreção de aldosterona pela suprarrenal, a despeito do efeito natriurético da progesterona. Para se conservar o sódio, quando a taxa de filtração glomerular aumenta em torno de 50%, durante a gravidez ativa-se o mecanismo compensatório representado pelo sistema renina-angiotensina. A renina é elaborada pelo aparelho justaglomerular renal e age estimulando a secreção de aldosterona pelo córtex suprarrenal, via angiotensina. A aldosterona é responsável pelo aumento da reabsorção tubular de sódio, preservando a homeoestase materna. Essa situação hormonal pode ser chamada de hiperaldosteronismo secundário da gravidez. O limiar de sede na gravidez está alterado de tal maneira que a gestante sente vontade de ingerir líquido com nível mais baixo de osmolaridade do que a não gestante. Do mesmo modo, há redução acentuada da pressão oncótica (pressão coloidosmótica), TUTORIA 3 - UC 11 Karolina Cabral Machado - P4 2021.1 determinada principalmente pela queda de cerca de 20% (níveis gravídicos: 2,8 a 3,7 g/dℓ) na concentração de albumina plasmática. A diminuição da pressão oncótica do plasma é responsável pelo aumento da taxa de filtração glomerular renal (TFG) observada na gravidez, além de contribuir para o desenvolvimento do edema periférico, trivial até mesmo na gravidez normal. Fatores para retenção de líquido: - Retenção de sódio; - Novo nível de osmolaridade; - Diminuição do limiar da sede; - Redução da pressão oncótica; As consequências da retenção de líquido são: - Redução na concentração de hemoglobina; - Redução do hematócrito; - Diminuição da concentração de albumina; - Aumento do débito cardíaco; - Elevação do fluxo plasmático renal; - Edema periférico; Na gravidez, uma grande quantidade de cálcio (e de fósforo) é transferida contra o gradiente de concentração da mãe para o feto (transporte ativo), com acúmulo de 25 a 30 g de cálcio no termo. Para tanto, a absorção de cálcio no intestino dobra na gravidez, consequência também do nível duplamente elevado de vitamina D3 de origem placentária e materna renal. Na verdade, o nível de PTH (estimula a saída de cálcio dos ossos) no soro diminui na gestação, o que é compensado pelo acréscimo do peptídio relacionado com o PTH (PTHrP) de origem fetal e placentária. O PTHrP elevado na gravidez, produzido pela paratireoide fetal e pela placenta, contribui para o aumento da vitamina D3, o decréscimo da concentração de PTH e a regulação do transporte transplacentário da mãe para o feto. O transporte de cálcio pelo trofoblasto também depende do aumento da concentração da proteína de ligação ao cálcio, que atinge máxima concentração no 3º trimestre, quando é marcante o crescimento fetal. Durante a lactação, a perda diária de cálcio pelo leite é de 220 a 340 mg. Os níveis de PTHrP de origem mamária estão significativamente elevados na lactante e são responsáveis pela desmineralização do seu esqueleto, por estímulo à reabsorção tubular renal de cálcio e por supressão do PTH. TUTORIA 3 - UC 11 Karolina Cabral Machado - P4 2021.1 Na gravidez, o aumento do cálcio no esqueleto fetal ocorre principalmente à custa da maior absorção de Ca2+ no intestino da mãe, consequência da ação direta do aumento da vitamina D3 de origem placentária e materna (renal) no enterócito. Na lactação, o aumento do Ca2+ no esqueleto do bebê obtido pelo leite materno é possível porque o Ca2+ é mobilizado do esqueleto da lactante, assim como é maior a sua reabsorção tubular renal, ambos mecanismos dependentes da elevação do peptídio relacionado com o PTH (PTHrP) de origem mamária (hormônio da paratireoide [PTH]). ● Sistema cardiovascular: A elevação progressiva na FC materna prossegue até 28 a 32 semanas, com um acréscimo de 10 a 15 bpm (10 a 20%), se comparado ao ritmo existente fora da gravidez. Em consequência, o débito cardíaco, que em média era de 5 ℓ/min fora gravidez, eleva-se para aproximadamente 7ℓ/min em torno de 28 a 32 semanas da gestação (acréscimo de 40 a 50%), estabilizando-se até o parto. A partir de 20 semanas de gestação, o útero gravídico impede o retorno venoso ao coração, quando a gestante assume a posição supina pela compressão da veia cava inferior. Consequentemente, muitas mulheres sofrem a chamada síndrome de hipotensão supina, chegando a apresentar, por vezes, perda da consciência. Há redução da pressão arterial em virtude do decréscimo da resistência vascular periférica. A pressão arterial sistólica e a diastólica estão diminuídas de 5 a 10 mmHg no 2 o trimestre, atingindo valores médios de 105/60 mmHg. No 3º trimestre, a pressão eleva-se e normaliza-se no termo. A pressão venosa nos membros inferiores aumenta cerca de três vezes, em virtude da compressão que o útero determina nas veias pélvicas, em particular na posição de pé, parada. Devido a isso há tendência à hipotensão, lipotimia ortostática, edema dos membros inferiores, varicosidades e hemorróidas. No pós-parto imediato, o útero contrai-se firmemente, e mais uma vez há autotransfusão sanguínea (aproximadamente 300 mℓ), que aumenta o débito cardíaco em 60 a 80%. De fato, a partir de 6 a 8 semanas de pós-parto o débito cardíaco reassume seus valores não gravídicos. As alterações cardiovasculares mais relevantes: - Aumento da FC (10 a 20%); - Aumento do volume sistólico (10%); - Aumento do débito cardíaco (40 a 50%); - Diminuição da pressão arterial média (10%); - Diminuição da resistência vascular periférica (35%); A circulação hemodinâmica da gestante é modificada a partir da 20ª semana. No decúbito dorsal, o útero aumentado comprime a veia cava inferior, impedindo o retorno venoso ao coração. Ao mesmo tempo, a aorta também está significativamente comprimida, reduzindo o débito cardíaco e, consequentemente, a perfusão uteroplacentária. Em virtude dessa compressão aortocava, a pressão arterial não deve ser aferida com a gestante em decúbito dorsal. TUTORIA 3 - UC 11 Karolina Cabral Machado - P4 2021.1 ● Sistema sanguíneo: De particular interesse é a hemodiluição das hemácias. Embora esteja elevada na gravidez, com pico de cerca de 15% em torno de 32 semanas, a produção de hemácias é ofuscada pela elevação de 40% do volume plasmático. Assim, os índices hematológicos que dependem do volume plasmático tendem a decrescer: contagem de hemácias, hematócrito, concentração de hemoglobina. A concentração de hemoglobina reduz de 13 g/dℓ (valor médio não gravídico), para 11 g/dℓ no 1º trimestre e 10,5 g/dℓ, no 2º/3º trimestre da gravidez. É a clássica anemia fisiológica da gravidez. A fim de suprir suas necessidades e também as do feto, a gestante precisa ingerir maior quantidade de ferro alimentar, e, na verdade, há aumento na absorção desse elemento no intestino. Na gravidez, deve-se contabilizar a quantidade de ferro que o feto a termo necessita (na ordem de 300 mg) mais o indispensável para o acréscimo da eritropoese materna e a prevenção da anemia consequente às perdas hemorrágicas do parto. Tendo-se em conta as eliminações excretórias normais e a demanda materna, placentária e fetal, calcula-se que as necessidades de ferro durante toda a gravidez sejam de 1 a 1,3 g. Durante a gravidez, as necessidades de ácido fólico estão aumentadas. A suplementação de ácido fólico (0,4 mg/dia) 1 mês antes da gravidez e no 1º trimestre reduz expressivamenteos defeitos do tubo neural (DTN) e outras malformações. A suplementação universal de ácido fólico também é proposta para prevenir a anemia megaloblástica. Os leucócitos têm a sua concentração ampliada na gestação, podendo alcançar, no termo, até 20 mil/mm3. A concentração de plaquetas exibe, por outro lado, pequeno decréscimo (250 para 210 mil/mm3, valores médios). Ocorre aumento significante de diversos fatores da coagulação, notadamente do fibrinogênio e redução da atividade fibrinolítica, o que explica a tendência à trombose presente nas gestantes. ● Sistema urinário: Os rins deslocam-se para cima pelo aumento do volume uterino e aumentam em tamanho cerca de 1 cm em virtude do acréscimo do volume vascular renal e do espaço intersticial. Uma das mais significantes alterações do sistema urinário observadas na gravidez é a dilatação da sua porção superior. O útero expandido diretamente comprime os ureteres, enquanto a progesterona inibe a musculatura lisa ureteral, determinando ureteroectasia. A dilatação do sistema urinário superior pode aumentar a estase urinária, predispondo a gestante a infecções urinárias, pielonefrite. No sistema urinário inferior, a anatomia da bexiga está distorcida pela compressão direta do útero gravídico. A bexiga é deslocada anteriormente, com expansão lateral. A elevação da TFG resulta em diminuição da creatinina plasmática, que alcança em média valores de 0,5 a 0,8 mg/dℓ. Isso causa repercussões importantes, uma vez que a excreção renal de determinados medicamentos pode estar alterada e os valores de creatinina no soro indicativos de insuficiência renal podem ser mais baixos. A hipercalciúria também é comum na gravidez pelo aumento da absorção do cálcio intestinal. A glicosúria é fisiológica na gravidez e se deve ao aumento da TFG que excede o limite da reabsorção tubular da glicose. Desse modo, não é indicativa de diabetes na gestação, assim como não serve para o seu rastreamento. Igualmente, a proteinúria (microalbuminúria) é fisiológica na gravidez, sendo normais valores de proteína na urina de até 300 mg/dia. A frequência urinária aumentada decorre da compressão do útero gravídico na bexiga. TUTORIA 3 - UC 11 Karolina Cabral Machado - P4 2021.1 ● Sistema respiratório: A expansão do volume sanguíneo e a vasodilatação da gravidez resultam em hiperemia e edema da mucosa do sistema respiratório superior. Essas alterações predispõem a gestante a congestão nasal, epistaxe e até mesmo alterações da voz. Os diâmetros anteroposterior e transverso do tórax aumentam 2 cm cada um, resultando na expansão da circunferência torácica de 5 a 7 cm. Embora o diafragma eleve-se aproximadamente 4 cm pelo aumento do útero gravídico, sua função não se mostra comprometida. A complacência da parede torácica diminui com o evoluir da gestação, aumentando o trabalho da respiração. Já no 1º trimestre da gestação o volume-minuto, produto do volume-corrente (tidal volume) pela frequência respiratória, aumenta 30 a 40%, refletindo a elevação do volume-corrente, pois a frequência respiratória não se altera. A expansão da caixa torácica e o aumento do estímulo respiratório criam o volume-corrente elevado. A progesterona parece desempenhar papel fundamental no estímulo do centro respiratório no SNC. Pela elevação da cúpula do diafragma estão diminuídos o volume de reserva expiratório e o volume residual, em cerca de 20%, o que se reflete na capacidade residual funcional, também reduzida em 20%. Principais modificações respiratórias: - Volume-corrente e volume-minuto aumentados (cerca de 30 a 40%); - Capacidade residual funcional diminuída (cerca de 20%); - Hiperventilação fisiológica: Dispneia (em 60 a 70% das gestantes); TUTORIA 3 - UC 11 Karolina Cabral Machado - P4 2021.1 Pela elevação da cúpula do diafragma no final da gravidez o volume residual e o volume de reserva expiratório estão diminuídos, o que se reflete na capacidade residual funcional. O aumento do volume-corrente (tidal volume) eleva o volume-minuto, mas a frequência respiratória não se altera. Essa hiperventilação é fisiológica desde o início da gravidez, provavelmente por causa da ação da progesterona no centro respiratório. A hiperventilação materna é causada pela ação da progesterona nos centros respiratórios bulbares e dispneia é encontrada muitas gestantes normais por volta de 30 semanas, o que dificulta o diagnóstico de problemas respiratórios. ● Sistema digestório: A base fisiológica das náuseas, que tendem a ocorrer pela manhã, é desconhecida, embora possa estar relacionada com níveis crescentes de gonadotrofina coriônica humana (hCG) e de estrogênios. A gengivite, no ciclo gestatório, assim como fora dele, é consequente ao acúmulo da placa bacteriana na margem gengival, e se apresenta com eritema, sangramento e intumescimento da zona afetada, bem como extremo desconforto para a paciente. Durante os 2 primeiros trimestres há redução na secreção gástrica de ácidos, explicando a incidência reduzida de úlcera péptica e a remissão das preexistentes. O sistema gastrintestinal (esôfago, estômago, vesícula, intestino) permanece atônico durante toda a gestação. Os fatores determinantes são hormonais, como os níveis elevados de progesterona. Uma consequência imediata é a alta incidência de pirose, combinação do relaxamento do esfíncter gastroesofágico ao aumento de pressão intra-abdominal, esta última condicionada pelo útero gravídico. A atonia do cólon explica a grande frequência da constipação intestinal. A vesícula fica hipotônica, distendida, com bile viscosa e com grande tendência de formar cálculo. ● Sistema endócrino: O volume da tireoide materna chega a aumentar 30% no 3º trimestre, em decorrência da hiperplasia e da maior vascularidade. Os níveis da tireoxina total (T4T) aumentam 1,5 vez em relação aos valores não gravídicos, até 16 semanas da gravidez, momento em que se estabilizam devido à elevação da globulina de ligação da tireoxina (TBG) estimulada pelos estrogênios. Importante para o desenvolvimento normal do cérebro fetal, o T4 L materno é transferido para o concepto durante toda a gravidez. Ele é especialmente relevante antes que a tireoide fetal comece a concentrar iodo e sintetizar o hormônio da tireoide, o que ocorre aproximadamente com 12 semanas de gravidez A tireotrofina, hormônio tireoestimulante (TSH), que desempenha papel central no rastreamento para o diagnóstico de muitos distúrbios da tireoide, apresenta níveis diminuídos nas primeiras 12 semanas da gravidez em virtude da menor estimulação dos receptores de TSH causada pela substancial quantidade de gonadotrofina coriônica humana (hCG). Após o 1º trimestre, os níveis de TSH retornam aos seus valores basais. O hCG elevado no 1º trimestre tem ação tireotrófica e estimula a produção materna da tireoxina livre (T4 L) que, por sua vez, inibe a secreção do TSH. No 2º trimestre, e em especial no 3º trimestre os níveis de T4 L são significativamente mais baixos. A hipófise anterior aumenta em virtude da hiperplasia das células lactíferas responsáveis pela elevada produção da prolactina. TUTORIA 3 - UC 11 Karolina Cabral Machado - P4 2021.1 ● Pele e fâneros: Há aumento na pigmentação da linha alva do abdome inferior (linea nigra), da vulva, das aréolas mamárias e da face (cloasma). É comum o aparecimento de telangiectasias, relacionadas com os altos níveis estrogênicos. É provável que o hormônio melanotrófico da hipófise atue também sobre os melanoblastos epidérmicos, acentuando a pigmentação, e o sistema nervoso autônomo influencie a formação do pigmento nas gestantes. Modificações nos órgãos genitais: ● Vulva e vagina: Sob a influência dos estrogênios, o epitélio vaginal espessa-se durante a gravidez e há aumento da sua descamação, o que resulta em maior secreção vaginal. Essa secreção tem pH mais ácido (3,8 a 4,0) do que o comum na mulher não gestante, para proteger contra a infecção ascendente. Trata-se de um corrimento branco, leitoso e não produz irritação. Diante das modificações na acidez vaginal ocorridas na gravidez,é muito frequente a inflamação por cândida. O corrimento está associado a coceira e ocorre dor à micção. A vagina também aumenta a sua vascularização com a gravidez. A vulva pigmenta-se e a região limítrofe com a extremidade inferior da vagina perde seu característico tom róseo, tornando-se vermelho-vinhosa, com ninfas e grandes lábios entreabertos (sinal de Jacquemier). ● Útero: Há imediato amolecimento da região correspondente ao local da implantação, progredindo por todo o órgão e pelas outras estruturas pélvicas. A diminuição da consistência é subordinada à embebição gravídica e à redução do tônus, precocemente notadas especialmente no istmo, determinando o sinal de Hegar. C e D: Amolecimento do istmo: o toque combinado o evidencia (sinal de Hegar). Na gravidez, o istmo desenvolvido e incorporado à cavidade do corpo sinaliza muito bem o limite superior do colo, denominado orifício interno obstétrico. Simultaneamente, o órgão aumenta, inicialmente de modo desigual, sendo mais acentuada a expansão na zona de implantação, o que lhe impõe forma assimétrica (sinal de Piskacek). A matriz de piriforme passa a globosa, e o toque dos fundos de saco laterais encontra-se ocupado pelo corpo uterino (sinal de Nobile-Budin).Há percepção dos batimentos do TUTORIA 3 - UC 11 Karolina Cabral Machado - P4 2021.1 pulso vaginal nos fundos de saco (sinal de Osiander) devido à hipertrofia do sistema vascular. Nos primeiros 2 meses, o útero é um órgão exclusivamente pélvico; com 12 semanas torna-se perceptível ao palpar abdominal, o que depende do panículo adiposo e da musculatura da parede. O útero sofre aumento dramático no seu peso (de 4 a 70g na não gestante, para 1.100 a 1.200 g na gestante a termo) e no seu volume (de 10 mℓ para 5 ℓ) durante a gravidez. O número de células miometriais aumenta no início da gestação (hiperplasia) e, depois, permanece estável. O crescimento miometrial na segunda metade da gestação resulta primariamente do aumento no tamanho da célula (hipertrofia) que ocorre sob a influência dos hormônios esteroides, principalmente os estrogênios. O aumento do tamanho do útero é acompanhado por elevação de 10 vezes no fluxo sanguíneo – de 2% do débito cardíaco fora da gravidez, para 17% no termo. Esse aumento marcante do fluxo uteroplacentário é consequência da diminuição da resistência vascular placentária, ou seja, da remodelação das artérias espiraladas pelo trofoblasto extraviloso. No início da gestação avigora-se a anteversoflexão, o que motiva polaciúria, elemento semiótico no diagnóstico da gravidez. O crescimento subsequente ameniza e depois elimina a pressão sobre a bexiga, substituída pelo apoio do órgão, engrandecido e pesado, sobre a parede abdominal. Simultaneamente, com as alterações das células miometriais, conexões celulares especializadas desenvolvem-se continuamente, as chamadas junções comunicantes. Essas junções comunicantes possibilitam que as alterações de potencial da membrana espalhem-se rapidamente de uma célula a outra, facilitando a despolarização e, subsequentemente, a contração miometrial. Inicialmente, as contrações são indolores, e as mais generalizadas são denominadas de Braxton-Hicks; posteriormente, a atividade do marca-passo localizado ao fundo uterino promove as contrações coordenadas com dominância fúndica. O estrogênio estimula o crescimento do epitélio colunar (ou glandular) do canal cervical, torna-se visível na ectocérvice e é denominado ectrópio ou eversão. Em função dessa maior vascularização, o colo fica azulado durante a gravidez. Ao termo, o orifício externo torna-se permeável ao dedo ou apenas à polpa digital até na nulípara; na multípara, e, sobretudo, quando há antecedentes de lacerações cervicais, é, desde cedo, franqueável por um ou dois dedos; no pré-parto dilata-se mais o orifício externo, que costuma, na multípara, mostrar-se entreaberto. O canal cervical é obliterado por secreção mucosa espessada, chamada tampão mucoso, dito de proteção ao ovo. *Amenorreia lactacional: Durante o período de lactação, a progesterona e o estrogênio são suprimidos e ocorre um período de infertilidade. Enquanto a mãe amamenta exclusivamente, sua proteção contra a gravidez pode chegar a 96% durante os seis primeiros meses, o que garante o espaçamento entre as gestações. Nesse sentido, a mãe também não deve ter menstruado e deve-se manter a amamentação exclusiva sob demanda ao menos oito vezes por dia. A amenorreia lactacional é explicada pela inibição da atividade ovariana resultante dos altos níveis de prolactina que inibem o hormônio gonadotrófico e interrompem a ovulação. Após o retorno dos ciclos menstruais, estima-se que a probabilidade de concepção seja 7,4% menor para cada mês adicional de amamentação. (Femina, FEBRASGO 2019) TUTORIA 3 - UC 11 Karolina Cabral Machado - P4 2021.1 ● Mamas: Na gravidez, a mama é preparada para a lactação sob a ação de diferentes hormônios. Os mais importantes são o estrogênio, responsável pela ramificação dos ductos lactíferos, e o progestogênio, pela formação dos lóbulos. Outros hormônios também estão envolvidos na aceleração do crescimento mamário, como lactogênio placentário, prolactina e gonadotrofina coriônica. Apesar de a secreção de prolactina estar muito aumentada na gestação, a mama não secreta leite durante a gravidez, graças à inibição pelo lactogênio placentário. Essa é a fase I da lactogênese (mamogênese). obs: Na gestação a placenta é responsável pela liberação de um hormônio chamado de Hormônio Lactogênio Placentário (HLP) que “bloqueia” a ação da insulina, fazendo com que o pâncreas tenha que aumentar a secreção de insulina. Os níveis do hormônio lactogênio placentário começam a se tornar significativos a partir da 20a semana de gestação, por isso essa doença é mais comum no fim da gravidez. Os alvéolos mamários são rodeados por células mioepiteliais, que têm função contrátil, e se reúnem em grupos que formam os lóbulos mamários. Cada alvéolo drena o seu conteúdo para um pequeno dueto; os ductos de vários alvéolos confluem em ductos maiores que se abrem nas ampolas, pequenos reservatórios de leite de onde saem os ductos lactíferos, pelos quais o leite é ejetado. O início da secreção do leite,caracterizando o começo da fase II da lactogênese (lactogênese), ocorre graças à queda acentuada nos níveis sanguíneos maternos de progestogênio após o nascimento da criança e a expulsão da placenta, com consequente liberação de prolactina pela pituitária anterior (adenohipófise). Apojadura: liberação do leite. Em seguida, inicia-se a fase III da lactogênese, também denominada galactopoese (ejeção do leite). Essa fase, que persiste por toda a lactação, é de controle autócrino e depende primordialmente da sucção do bebê e do esvaziamento da mama. A remoção contínua de peptídios supressores da lactação (feedback inibitor of lactation – FIL) do leite garante a reposição total do leite removido. Ainda há outro mecanismo não bem elucidado, envolve os receptores de prolactina na membrana basal do alvéolo. À medida que o leite se acumula nos alvéolos, a forma das células alveolares fica distorcida e a prolactina não consegue se ligar aos seus receptores, criando assim um efeito inibidor da síntese de leite. Grande parte do leite de uma mamada é produzido enquanto a criança mama, sob o estímulo da prolactina, que é liberada graças à inibição da liberação de dopamina, que é um fator inibidor da prolactina. A liberação de prolactina e ocitocina é regulada pelos reflexos da produção e ejeção do leite, respectivamente, ativados pela estimulação dos mamilos, sobretudo pela sucção da criança. A liberação da ocitocina também ocorre em resposta a estímulos condicionados. ● Quais os hormônios envolvidos? Prolactina → Aumento da quantidade de alvéolos durante a gestação e consequentemente a produção do leite materno. Se colocada junto da progesterona aumenta ainda mais a quantidade de alvéolos. Produzida pela adeno-hipófise. Ocitocina → Contração de células mioepiteliais ao redor das células alveolares e ejeção doleite. Produzida pela neuro-hipófise. Progesterona + Estrógenos → Quando se iniciam os ciclos menstruais, a exposição contínua da mama aos estrogênios e à progesterona promove aumento adicional da arborização e do comprimento dos ductos, além de acelerar o desenvolvimento dos alvéolos.
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