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Julia Paris Malaco – ambulatório ginecologia Lesões no colo do útero Neoplasia intraepitelial cervical NIC, antigamente chamada de displasia, significa crescimento e desenvolvimento desordenados do revestimento epitelial da cérvice. Existem vários graus de NIC. Displasia leve, ou NIC I: é definida como crescimento desordenado do terço inferior do revestimento epitelial. Displasia moderada, ou NIC II: A maturação anormal dos dois terços inferiores do revestimento. Displasia grave, NIC III: compreende mais de dois terços da espessura epitelial, com carcinoma in situ (CIS) representando dismaturidade de espessura total. Enquanto as lesões avaliadas histologicamente são caracterizadas utilizando a nomenclatura NIC, os esfregaços citológicos são classificados de acordo com o sistema de Bethesda. Em poucas palavras, células escamosas atípicas são divididas ASC-US: significância não determinada ASC-H: nas quais uma lesão de alto grau não pode ser excluída. A lesão intraepitelial escamosa de grau baixo (LSIL) compreende mudanças citológicas consistentes com atipia cilocítica ou NIC I. A lesão intraepitelial escamosa de grau alto (HSIL) denota os achados citológicos correspondentes a NIC II e NIC III. Pode-se suspeitar de NIC devido a um esfregaço citológico anormal, mas o diagnóstico é estabelecido por biópsia cervical. Como atualmente não é possível predizer quais lesões irão progredir, recomenda-se que todas as pacientes com NIC II e NIC III sejam tratadas quando diagnosticadas. As únicas duas exceções para essa recomendação dizem respeito a adolescentes, nas quais a NIC II pode ser acompanhada, visto que a regressão espontânea é substancial e o risco de câncer quase zero, bem como às mulheres grávidas, nas quais o tratamento deve ser adiado para o período pós- parto. Alguns fatores de risco são: relações sexuais, início precoce da atividade sexual, um parceiro sexual de alto risco (história de múltiplas parceiras sexuais, infecção por papilomavírus humano [HPV], neoplasia do trato genital inferior, ou exposição sexual prévia a alguém com neoplasia cervical), uma história de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), tabagismo, infecção por vírus da imunodeficiência humana (HIV), síndrome da imunodeficiência adquirida (aids), outras formas de imunossupressão, multiparidade e uso de pílula contraceptiva oral de longo prazo. Os HPVs são o fator etiológico principal no desenvolvimento de NIC e de câncer cervical Prevenção: vacinação - essas vacinas para HPV são profiláticas e não terapêuticas. Assim, a imunização com vacina de HPV é mais eficaz em mulheres ou homens que não tenham sido infectados com HPV (p. ex., antes da iniciação sexual). Câncer de colo de útero A quase totalidade dos canceres do colo do útero é de carcinomas que têm sua origem na junção escamocolunar e pode envolver células do epitélio escamoso, glandular, ou ambos. A idade média das pacientes no diagnóstico de câncer cervical é 51 anos. O carcinoma invasivo é precedido por neoplasia intraepitelial cervical escamosa (NIC) ou adenocarcinoma in situ (AIS), que podem evoluir para invasão, num processo geralmente lento. As lesões pré-cancerosas mais frequentes são relacionadas a células escamosas, as NICs, que são graduadas de acordo com a proporção de epitélio anormal. A NIC1 indica uma infecção ativa por papilomavírus humano (HPV) e é considerada lesão de baixo grau com índice muito alto de regressão espontânea. Em geral, mulheres com NIC1 não precisam ser tratadas. A NIC2 é considerada uma lesão de alto grau, porém apresenta remissão espontânea em cerca de 40% dos casos. Julia Paris Malaco – ambulatório ginecologia Já a NIC3 tem as maiores probabilidades de evolução para câncer e essas lesões são universalmente tratadas. Cerca de 30% a 70% das mulheres com NIC3 ou AIS não tratadas podem progredir para carcinoma invasor num período de 20 anos ou mais. Menos de 10% dos casos podem evoluir de NIC3 ou AIS para invasor em um ano ou menos. Ao invadir o estroma, o carcinoma se manifesta como úlcera, lesão exofítica ou infiltração profunda em tecidos adjacentes Prevenção: vacinação e exames de rotina – papanicolau HPV O HPV é epiteliotrópico. Uma vez que o epitélio é aguda-mente infectado por HPV, um dos três cenários clínicos ocorre: Infecção latente assintomática; Infecção ativa na qual o HPV sofre replicação vegetativa, mas não integração no genoma (p. ex., levando a condiloma ou NIC I); Transformação neoplásica após integração o DNA do HPV oncogênico dentro do genoma humano. O papiloma vírus humano é transmitido pela via sexual, contato direto e via materno-fetal (gestação, intra e periparto). Tipos de lesões Clinica Condilomas visíveis, verrucosos hiperpigmentados ou cor da pele. Localizada intróito vaginal e lábios. Subclinica Ocorre 90% das vezes. Lesões micro ou maculopapulares, visualizáveis apenas após exposição ao ácido acético 5% → lesões acetobrancas, margens irregulares e superfície áspera, puntiforme ou em mosaico. Assintomática A maioria dos indivíduos consegue eliminar o vírus naturalmente em cerca de 18 meses, sem que ocorra nenhuma manifestação Causas O câncer de colo uterino é causado pela infecção persistente por alguns tipos do Papilomavírus Humano - HPV (chamados de tipos oncogênicos). Os tipos 16, 18 (70%), 31, 33, 35, 39, 45, 51, 52, 56, 58, 59, 68, 73 e 82 são considerados de alto risco oncogênico. 6 e 11 baixo grau 16, 18, 33, 36 alto grau A infecção pelo HPV é necessaria, porem não suficiente para o desenvolvimento da neoplasia de colo uterino, Fatores de risco Exposição ao HPV, especialmente ao 16 e 18. Início da atividade sexual precoce (<16 anos), pela maior chance de infecção e tempo para progressão. Multiparidade: quanto mais filhos, maior a propensão. Múltiplos parceiros. Fatores socioeconômicos, educacionais e culturais. Menor cuidado em relação ao contágio Ausência de acompanhamento médico Substância cancerígena do esmegma e sêmen (histona e porfirina). Pólipos cervicais. Fatores genéticos. Imunossupressão Sintomas Pode ser assintomático. Paciente pode referir secreção vaginal amarelada, fétida e até sanguinolenta. Ciclos menstruais irregulares. Spotting intermenstrual (sangramento de escape). Sangramento pós-coital. Dor suprapúbica. Anemia pela sangramento. Dor lombar pelo comprometimento ureteral. Alterações do hábito intestinal pela invasão retal Metastase: a disseminaçao ocorre por via direta e linafatica – principalmente dos linfonodos pélvicos para os aorticos Sangramento vaginal anormal é o sintoma mais comum de câncer invasivo e pode ter a forma de secreção leucorreica com colo-ração de sangue, manchas escassas ou sangramento abundante. A leucorreia, normalmente sanguinolenta ou purulenta, odorífera e não prurítica, está presente com frequência. O padrão de crescimento pode ser endofítico, levando a um aumento em forma de barril da cérvice, ou exofítico, quando a lesão geral- mente aparece como uma lesão friável, Julia Paris Malaco – ambulatório ginecologia sanguinolenta, tipo couve-flor da porção vaginal. A ulceração pode ser a manifestação primária de carcinoma invasivo; nos estádios iniciais, a mudança muitas vezes é superficial, de modo que ela pode se assemelhar a uma ectopia ou à cervicite crônica. Com a progressão da doença, a úlcera torna-se mais profunda e necrótica, com bordas endu-recidas e uma superfície friável, hemorrágica. Os fundos de saco vaginais adjacentes podem ser os próximos envolvidos. Eventu-almente,o envolvimento parametrial extenso pelo processo infil-trativo pode produzir um espessamento nodular dos ligamentos uterossacrais e cardinais, resultando em perda de mobilidade e de fixação da cérvice O diagnóstico do câncer do colo do útero é realizado pela história e exame físico. Quando invasivo, o carcinoma do colo do útero pode levar a sangramento vaginal anormal, sinusorragia, corrimento vaginal, dor pélvica, dispareunia e, em estádios avançados, quando há invasão do paramétrio com compressão dos ureteres, insuficiência renal pós-renal. Os seguintes exames são utilizados para diagnosticar carcinoma de colo do útero invasor: anamnese e exame físico geral, especular com colposcopia para visualização da lesão e biópsia, toque vaginal para avaliar o volume do colo, fundos de saco e paredes vaginais, toque retal para avaliar as mucosas, o esfíncter anal e os paramétrios (Cervical Cancer Treatment, 2002). Quando o carcinoma do colo é identificado apenas microscopicamente, o diagnóstico somente pode ser confirmado na peça da excisão da zona de transformação ou conização As variantes histológicas do carcinoma epidermoide cervical são descritas a seguir: Basaloide: são tumores raros, agressivos, caracterizados por extensas ilhas sólidas de células neoplásicas imaturas, de núcleos hipercromáticos, com paliçada periférica e frequentes figuras de mitose. A ceratinização pode ou não estar presente Verrucoso: essa variante, bem mais comum na região vulvar, apresenta-se como uma neoplasia bem diferenciada, de arquitetura pilífera e abundante ceratinização, com padrão de crescimento expansivo, em vez de infiltrativo. As células neoplásicas apresentam citoplasma eosinofílico abundante, com atipias nucleares discretas ou ausentes. As figuras de mitose, se presentes, encontram-se restritas às porções basais do epitélio. Não são observados coilócitos. Apresentam tendência à recorrência tumoral após excisão cirúrgica, mas não costumam exibir metástases Papilífero: costumam ocorrer em mulheres no final da fase reprodutiva ou na pós- menopausa, sendo observadas grandes massas exofíticas com excrescências papilíferas. À histologia, papilas delgadas a espessas com eixo fibroconjuntivo são revestidas por epitélio escamoso displásico e mitoticamente ativo, por vezes assemelhando-se à lesão intraepitelial escamosa de alto grau. O componente invasivo propriamente dito, o qual exibe citoplasma eosinofílico amplo, ocorre na base da papila e pode não ser encontrado em espécimes de biópsias superficiais, dificultando o diagnóstico Linfoepitelioma-símile: trata-se de uma variante rara, semelhante à lesão de mesmo nome da rinofaringe. É composta por ninhos de células escamosas pouco diferenciadas, de permeio a exuberante infiltrado inflamatório linfocitário. As células tumorais apresentam núcleos vesiculosos e uniformes, com nucléolos proeminentes, com limites intercelulares imprecisos, conferindo aspecto sincicial à neoplasia. O prognóstico parece ser melhor do que o carcinoma epidermoide usual. É comum a associação com o vírus Epstein-Barr (EBV) Estadiamento e rastreio II Carcinoma estritamente confinado ao colo IA O câncer invasor o podeser identificado microscopicamente (todo tumor macroscópico, mesmo com invasão superficial deve ser classificado como IB). A invasão é limitada a até 5 mm de profundidade e até 7 mm de largura. IA1 Invasão do estroma ≤ 3,0 mm profundidade e ≤ 7,0 mm de largura. IA2 Invasão do estroma 3,0 mm e < 5,0 mm profundidade e ≤ 7,0 mm de largura. IB Lesões clínicas confinadas ao colo ou lesões pré-clínicas maiores que A. IB1 Lesão clínica até ≤ 4 cm no seu maior diâmetro. IB2 Lesão clínica > 4 cm no seu maior diâmetro. II O carcinoma se estende fora do colo uterino, mas não até a parede pélvica ou Julia Paris Malaco – ambulatório ginecologia terço inferior de vagina IIA1 Envolvimento até 2/3 superior de vagina, sem invasão até parede óssea. IIA2 Lesão clínica visível > 4,0 cm. IIB Envolvimento parametrial que não atinge a parede óssea. III O carcinoma envolve o terço inferior de vagina ou ao toque retal, não há espaço livre entre o tumor e a parede óssea. Todos os casos de hidronefrose ou rim não funcionante devem ser classificados como III, a não ser que tenha outra causa conhecida para essa hidronefrose ou rim não funcionante IIIA Envolvimento da parede inferior da vagina, sem extensão até parede óssea. IIIB Envolvimento até parede óssea, hidronefrose ou rim não funcionante. IV O carcinoma se estende além da pelve verdadeira ou envolve a mucosa da bexiga ou do reto IVA Envolve órgãos adjacentes. IVB Metástase a distancia Exame citopatologico. Rastreamento se inicia aos 25 anos para mulheres que já realizaram atividade sexual. Os dois primeiros exames devem ser realizados de forma anual e, caso ambos sejam negativos, realizar a cada 3 anos. Os exames devem ser realizados até os 64 anos nas mulhere sem doença neoplásica prévia, com dois últimos exames negativos Para mulheres com mais 64 anos de idade e que nunca se submeteram ao exame citopatológico, deve-se realizar dois exames com intervalo de um a três anos. Se ambos os exames forem negativos, essas mulheres podem ser dispensadas de exames adicionais. Mulheres sem história de atividade sexual não devem ser submetidas ao rastreamento do câncer do colo do útero O rastreamento de citologia cervical é recomendado a cada três anos para mulheres de 21-29 anos. O teste de HPV não deve ser realizado nesse grupo de idade. As mulheres com 30 anos ou mais devem ser rastreadas com citologia e coteste de HPV a cada cinco anos ou citologia isolada a cada três anos. O rastreamento deve ser descontinuado em mulheres com mais de 65 anos de idade com rastreamento consecutivo negativo nos 10 anos precedentes. Contudo, as mulheres que completaram seu acompanha-mento pós-tratamento para NIC II/III ou mais grave devem con-tinuar fazendo rastreamento de rotina por pelo menos 20 anos, mesmo que estenda o rastreamento além dos 65 anos de idade As mulheres HIV-positivas devem ser rastreadas duas vezes no primeiro ano após o diagnóstico e depois anualmente. Rastreio em imunossuprimidas Iniciar após o início da atividade sexual com intervalos semestrais no primeiro ano. Caso ambos sejam normais, realizar seguimento anual enquanto houver a imunossupressão. Se HIV+ com CD4+ <200 células mm³ deve-se realizar semestral até a correlação dos níveis. Rastreio em gestantes Deve-se seguir as recomendações de periodicidade da faixa etária. Rastreio em pacientes com histerectomia Histerectomia total por lesão benigna, sem história prévia de lesão de alto grau → excluir do rastreio. Histerectomia por lesão precursora ou câncer de colo → acompanhar conforme a lesão Julia Paris Malaco – ambulatório ginecologia Alterações citopatológicas ASC: Células escamosas atípicas de significado indeterminado Representa uma resposta exacerbada a uma inflamação ou amostra não representativa da lesão ASC-US: Células escamosas atípicas de significado indeterminado possivelmente não neoplásicas É responsável por 90% dos casos de ASC Aumento nuclear Alteração do formato do núcleo Binucleação, com hipercromatismo discreto e com irregularidade 30 anos ou mais: repetir em 6 meses 25 a 29 anos: repetir em 1 ano Menos de 25 anos: repetir em 3 anos HIV + imunossupressão: colposcopia Gestantes: varia com a idade Pós menopausa diagnosticada – preparo com estrogênio antes de nova coleta O ASC-USnão é exclusivo do HPV: pode estar nas vulvovaginites, puerperio, climaterio ASC-H: Células escamosas atípicas de significado indeterminado quando não se pode excluir lesão intraepitelial de alo grau Refere-se a células escamosas atipicas, cujo achado não permite a exclusão de lesão de alto grau Atipia de leve a moderada Elevado risco de lesão de alto grau Colposcopia se normal e com menos de 25 anos, repetir em 1 ano Células glandulares atípicas: Células glandulares atípicas de significado indeterminado, possivelmente não neoplásicas ou; Células glandulares atípicas de significado indeterminado quando não se pode excluir lesão intraepitelial de alto grau Julia Paris Malaco – ambulatório ginecologia LSIL ou NIC I: Lesão Intraepitelial escamosa de baixo grau (ate 1/3 do epitélio) Essas alterações ocorrem em células epiteliais maduras (superficiais e intermediárias) 30 anos: repetir em 6 meses, se positivo fazer colposcopia, se negativo repetir semestralmente ate dois resultados negativos cnsecutivos depois voltar ao rastreio normal Menos de 25 anos: citopatologico em 3 anos ou ao completar 25 HSIL ou NIC II/III: Lesão intraepitelial de alto grau As alterações ocorrem em células epiteliais imaturas, tais como as parabasais, basais e as metaplásicas A “fila indiana” pode ocorrer no carcinoma in situ Julia Paris Malaco – ambulatório ginecologia Carcinoma invasor de células escamosas É uma neoplasia maligna que atinge a membrana basal, estroma e tem capacidade metastática É o segundo tipo de câncer mais comum entre mulheres carninoma queatinizante, carcinoma não queratinizante, carcinoma de pequenas células Adenocarcinoma in situ: Teste de HPV O teste de HPV de alto risco está sendo usado para rastreamento de câncer cervical nos seguintes cenários: Como um teste de rastreamento para citologia cervical de células escamosas atípicas de significância indeterminada (ASC- US) em mulheres com 21 anos de idade ou mais, com teste de HPV reflexo no conservante residual da citologia em meio líquido. Como um teste de rastreamento para lesões intraepiteliais escamosas de grau baixo (LSIL) em mulheres na pós-menopausa. Como um teste de acompanhamento após NIC I ou colposcopia negativa em mulheres com ASC-US, ASC-H, LSIL ou células glandulares atípicas (AGCs). No acompanhamento após tratamento para NIC II/III. Como um adjunto da citologia para o rastreamento primário em mulheres com mais de 30 anos. O teste de HPV combinado com um esfregaço de citologia cervical foi aprovado como uma abordagem de rastreamento primário na paciente com 30 anos ou mais, que ainda tem seu útero e não tem imunossupressão. Se os dois resultados forem negativos, o rastreamento com- binado não deve ser repetido por cinco anos. Se o teste de citologia e o de HPV forem positivos, o rastreamento para colposcopia ocorre conforme descrito anteriormente. Se a citologia for normal, mas o teste de HPV for positivo, recomenda-se repetir o teste de citologia e de HPV em 6-12 meses, com colposcopia naquele ponto se qualquer um dos testes for anormal. Teste específico do tipo para HPV-16 e HPV-18 foi aprovado recentemente pela FDA e pode ser utilizado como um adjunto para mulheres com resultados citológicos negativos mas teste de HPV de alto risco positivo. Para pacientes com ASC-US, o teste de HPV reflexo é a abordagem preferida, com o rastreamento de mulheres com teste positivo de HPV de alto risco para colposcopia. O teste de HPV reflexo refere-se à coleta simultânea de uma amostra para citologia cervical e teste de HPV, com o teste de HPV sendo realizado apenas no caso de um rastreamento citológico anormal. Para ASC-US, essa abordagem é a mais custoefetiva e tem uma sensibilidade igual ou maior para NIC II/III na taxa de encaminhamento mais baixa para colposcopia em comparação às as duas abordagens alternadas (citologia frequente e seriada ou colposcopia imediata). As mulheres com um esfregaço de ASC-US e um teste de HPV negativo são acompanhadas com Julia Paris Malaco – ambulatório ginecologia um esfregaço de citologia cervical em um ano. O valor do teste de HPV para o rastreamento de pacientes na pré-menopausa com LSIL é limitado porque quase 85% das lesões são positivas para HPV. Colposcopia A colposcopia é a técnica primária para a avaliação de um esfregaço de citologia cervical anormal. É necessária a amostra de três Epitélios: Escamoso, glandular, metaplasico É no epitélio metaplasico que o HPV tem preferência As indicações para colposcopia são: Esfregaço de citologia cervical ou teste de HPV anormal; Cérvice clinicamente anormal ou de aparência suspeita; Sangramento intermenstrual ou após relação sexual inexplicado; Neoplasia vulvar ou vaginal; ou 5. História de exposição ao DES in utero. Os achados normais são: Do epitélio escamoso original, que se estende da junção vulvo-vaginal mucocutânea até a junção escamocolunar original. Da zona de transformação, que é o epitélio escamoso metaplásico entre a junção escamocolunar original e a junção escamocolunar ativa. A junção escamocolunar original é a junção entre o epitélio escamoso estratificado da vagina e da ectocérvice e o epitélio colunar do canal endocervical. Em dois terços dos bebês do sexo feminino, essa junção escamo-colunar original está localizada na ectocérvice, próximo de um terço no canal endocervical e em um subconjunto muito pequeno fora dos fundos de saco vaginais. Durante o ciclo, de vida de uma mulher, a junção escamocolunar “migra” como uma consequência de várias influências hormonais e ambientais que alteram o volume cervical e causam metapla-sia escamosa de células colunares endocervicais viradas do avesso. Após a menarca, a junção escamocolunar geralmente é encontrada na ectocérvice, com eversão adicional durante a gravidez. Na paciente na pós-menopausa, a junção esca-mocolunar está com frequência dentro do canal endocervi-cal. Essa metaplasia escamosa é um processo dinâmico, e a neoplasia cervical origina-se quase invariavelmente dentro da zona de transformação. Se a nova junção escamocolunar for visualizada na sua totalidade, o exame colposcópico é chamado de satisfatório; se ela não for completamente visu-alizada, o exame é chamado de insatisfatório. 3. Do epitélio colunar do canal endocervical. Os achados anormais indicativos de displasia e de CIS são: Leucoplaquia ou hiperceratose, que é uma área de epitélio branco, espessado, que é apreciada antes da aplicação de ácido acético e pode indicar neoplasia subjacente. Epitélio acetobranco, que é epitélio que fica branco após a aplicação de ácido acético. Mosaicismo ou pontilhado refletindo padrões vasculares anormais dos capilares superficiais. Como uma regra geral, a espessura capilar e as distâncias intercapilares correlacio-nam-se com a gravidade da lesão e, dessa forma, tende a ser maior e mais grosseira em lesões de grau mais alto. Vasos atípicos com capilares estranhos com configurações em espiral, em forma de vírgulaou do tipo espaguete sugerem invasão estromal precoce Julia Paris Malaco – ambulatório ginecologia Teste de Schiller O teste de Schiller é baseado no princípio de que o epitélio escamoso maduro normal da cérvice contém glicogênio, que combina com iodo para produzir uma cor marrom-escuro. A não coloração, portanto, indica epitélio escamoso (colunar) anormal, formação de cicatriz, formação de cisto, ou epitélio metaplásico imaturo, e constitui um teste de Schiller positivo. A solução de Lugol é uma preparação aquosa de iodo e é comumente usada para o teste de Schiller. É o teste para avaliar o nível da lesão e a extensão das células neoplásicas quanto às camadas histológicas do colo uterino. O iodo apresenta afinidade pelo glicogênio presente nas células do epitélio cervical normal. Contudo, como as células repletas de glicogênio são gradativamente substituídas pelas células parabasais, o iodo não consegue reagir com o glicogênio. Neste teste, aplica-se lugol com iodo em cortes histológicos do colo uterino e, se positivo para as lesões neoplásicas, não se observa coloração (Schiller Positivo). Ácido acético: marca local onde está tendo muita atividade proteica (mitose) → acetobranca. Joga lugol: cora as células normais, pela produção de glicogênio (iodo) Primeiro deve jogar ácido acético e depois jogar lugol Biopsia NIC 1, quando as anormalidades nucleares estao confinadas ao terço inferior do epitelio; NIC 2, quando existe o comprometimento de dois terços epiteliais; e NIC 3, se as tres camadas do epitélio mostrarem indiferenciacão Doença invasora Tratamento As opções de tratamento caem em uma de duas categorias principais: procedimentos que fazem ablação do tecido nor-mal e não produzem uma amostra de tecido para avaliação histológica adicional e procedimentos que removem a área de anormalidade, permitindo estudo histológico adicional. Antes de qualquer intervenção terapêutica, uma avaliação deve ser feita para saber se uma paciente se qualifica para terapia abla-tiva (p. ex., avaliação diagnóstica satisfatória excluiu doença invasiva) ou se ela requer um procedimento excisional (coni-zação) para exame diagnóstico adicional. Em muitos casos, a conização também é a intervenção terapêutica apropriada. Se a lesão intraepitelial estiver confinada à ectocérvice, indica-se tratamento com crioterapia, ablação a laser, ou uma excisão superficial pelo procedimento de excisão eletrocirúrgica com alça (LEEP). Se a lesão se estende para o canal endocervical, se a curetagem endocervical contém epitélio displásico, ou se o exame colposcópico for insatisfatório, o canal endocervical deve ser incluído no tratamento por uma LEEP mais profunda ou biópsia por conização (Fig. 48-5). Um procedimento de co-nização também é indicado em casos de discrepância signi-ficativa entre os resultados de citologia e colposcopia/biópsia cervical, em casos de suspeita de carcinoma microinvasivo ou de adenocarcinoma in situ. As cinco técnicas mais comuns para o tratamento de NIC incluem duas técnicas ablativas — crioterapia e ablação a laser — e três procedimentos excisionais — conização a frio, excisão por conização a laser e LEEP. A evidência de ensaios controla-dos mostra que essas técnicas são de eficácia igual, com taxas de sucesso entre 80-90% em média no tratamento de NIC. A cura depende do tamanho da lesão, do envolvimento das glândulas endocervicais, do estado da margem de qualquer amostra exci- Julia Paris Malaco – ambulatório ginecologia sional e dos resultados de curetagem endocervical.
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