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@anaclarapaivaaa Ana Clara Paiva 1. Compreender a indicação e o rastreio do exame Papanicolau ( tratamento de lesões percursoras, sem esquecer de falar do JEC) Exame Papanicolau : O exame de Papanicolau é indicado para mulheres a partir do início da atividade sexual até os 65 anos, no entanto é priorizado para mulheres entre 25 e 65 anos. Exame de papanicolau é feito com o objetivo de identificar alterações no útero, que podem incluir: Infecções vaginais, como tricomoníase, candidíase ou vaginose bacteriana por Gardnerella vaginalis; Doenças sexualmente transmissíveis, como clamídia, gonorreia, sífilis ou HPV; Câncer de colo do útero; Avaliar a saúde do colo do útero e a presença de cistos de Naboth, que são pequenos nódulos que podem ser formados devido ao acúmulo de líquido liberado por glândulas presentes no colo do útero. Esse exame deve ser realizado anualmente, porém caso o resultado seja negativo por 2 anos seguidos, o exame pode ser realizado a cada 3 anos Essa recomendação existe devido à evolução lenta do câncer de colo de útero, permitindo que as lesões pré-cancerígenas e cancerígenas sejam identificadas de forma precoce e o tratamento possa ser iniciado em seguida. No caso de mulheres a partir dos 64 anos que nunca fizeram o Papanicolau, a recomendação é que sejam realizados dois exames com intervalo de 1 a 3 anos entre os exames. No caso de mulheres com lesões indicativas de câncer de colo de útero, o acompanhamento com o Papanicolau é feito semestralmente. O câncer de colo de útero é causado pelo Papilomavírus Humano, o HPV, que deve ser identificado e tratado para evitar que permaneça no organismo e leve ao desenvolvimento do câncer. Neoplasia intraepitelial cervical Em geral, a neoplasia intraepitelial cervical (NIC) origina-se em uma área de metaplasia na zona de transformação da junção escamocolunar (JEC). A metaplasia avança internamente a partir da JEC original, em direção ao orifício externo e sobre as vilosidades colunares, para constituir a zona de transformação. A NIC tende a surgir durante a menarca ou após a gravidez, quando a metaplasia é mais ativa; após a menopausa, a metaplasia é menos ativa, e o risco de NIC diminui. A maioria das lesões NIC 1 e algumas NIC 2 não tratadas regridem de maneira espontânea; todavia, se a lesão NIC de alto grau não receber tratamento, pode avançar para carcinoma invasor. A metaplasia proliferativa sem atividade mitótica não deve ser denominada displasia nem NIC, pois não avança para câncer invasor. Os critérios para o diagnóstico de neoplasia intraepitelial podem variar de acordo com o patologista, embora as características importantes sejam: Problema 2- PBL – Câncer de colo de útero @anaclarapaivaaa Ana Clara Paiva - Imaturidade celular, - Desorganização celular, - Anormalidades nucleares e aumento da atividade mitótica. O nível da atividade mitótica, da proliferação celular imatura e da atipia nuclear identifica o grau de neoplasia. Se as mitoses e células imaturas forem limitadas ao terço inferior do epitélio, a lesão, em geral, é designada NIC 1. O acometimento dos terços médio e superior é diagnosticado como NIC 2 e NIC 3 respectivamente A NIC é identificada mediante o exame microscópico das células cervicais em um esfregaço citológico corado pela técnica Papanicolaou. Em preparados citológicos, alterações de células individuais são avaliadas para o diagnóstico da NIC e sua classificação. Em contraste, o exame histológico de todo o tecido permite o exame de várias outras características. Pode-se suspeitar de NIC no exame citológico usando a técnica de Papanicolaou ou por meio do exame colposcópico. O diagnóstico final da NIC é estabelecido mediante o exame anatomopatológico de uma biopsia cervical com saca-bocados ou amostra por excisão. O parecer sobre a presença de NIC em uma amostra tecidual cervical e o seu grau depende das características histológicas relativas a diferenciação, maturação e estratificação das células e anomalias nucleares. A proporção da espessura das células do epitélio com células maduras e diferenciadas é usada na classificação da NIC. Graus mais graves de NIC têm maior probabilidade de apresentar uma maior proporção da espessura do epitélio composto de células indiferenciadas com apenas uma fina camada de células maduras e diferenciadas na superfície. Na NIC 1, há boa maturação com anomalias nucleares mínimas e poucas figuras de mitose. Células indiferenciadas ficam limitadas às camadas mais profundas (terço inferior) do epitélio. As figuras de mitose estão presentes, mas não são numerosos. Alterações citopáticas devidas à infecção pelo HPV são observadas na espessura total do epitélio. A NIC 2 é caracterizada por alterações celulares displásicas, principalmente restritas à metade inferior ou os dois terços inferiores do epitélio, com anomalias nucleares mais acentuadas que na NIC 1. Figuras de mitose são vistas em toda a metade inferior do epitélio. Na NIC 3, diferenciação e estratificação podem estar totalmente ausentes ou estarem presentes somente no quarto superficial do epitélio com numerosas figuras de mitose. Anomalias nucleares estendem-se em toda a espessura do epitélio. As muitas figuras de mitose têm formas anormais. @anaclarapaivaaa Ana Clara Paiva Anatomia do colo do útero: O colo do útero é formado por epitélio colunar, o qual reveste o canal endocervical, e epitélio escamoso, que cobre a ectocérvice. O ponto de encontro é denominado junção escamocolunar (JEC). A junção escamocolunar (JEC) raramente permanece restrita ao orifício externo. Ao contrário, trata-se de um limite dinâmico, o qual se modifica em resposta à puberdade, gravidez, menopausa e estimulação hormonal Em neonatos, a JEC localiza-se na ectocérvice. Durante a menarca, a produção de estrogênio faz o epitélio vaginal se encher de glicogênio, sobre o qual os lactobacilos atuam a fim de reduzirem o pH, estimulando a metaplasia das células subcolunares de reserva. A metaplasia avança internamente a partir da JEC original em direção ao orifício externo e sobre as vilosidades colunares. Esse processo estabelece uma área denominada zona de transformação, a qual se estende da JEC original até a JEC fisiologicamente ativa, delimitada pela junção escamocelular. À medida que amadurece, o epitélio metaplásico na zona de transformação começa a produzir glicogênio e torna-se semelhante ao epitélio escamoso original, tanto ao exame colposcópico quanto ao histológico Na maioria dos casos, acredita-se que a NIC tenha origem em um único foco na zona de transformação na JEC que avança. O lábio anterior do colo é duas vezes mais propenso a desenvolver NIC que o lábio posterior, e a NIC raramente se origina nos ângulos laterais do colo. @anaclarapaivaaa Ana Clara Paiva Uma vez presente, a NIC pode avançar de maneira planimérica e acometer toda a zona de transformação, embora não costume substituir o epitélio escamoso original fora da zona de transformação. Na porção proximal, a NIC acomete as criptas cervicais, e essa área tende a exibir as lesões mais graves de NIC.Zona de transformação normal: O epitélio escamoso original da vagina e da ectocérvice apresenta quatro camadas, a saber: Camada basal, uma fileira simples de células imaturas com núcleos grandes e uma pequena quantidade de citoplasma Camada parabasal, formada por duas a quatro fileiras de células imaturas com figuras de mitose normais e que fornecem as células de reposição para o epitélio sobrejacente Camada intermediária, com quatro a seis fileiras de células com maior quantidade de citoplasma em formato poliédrico separado por um espaço intercelular. Pontes intercelulares, nas quais ocorre a diferenciação de produção de glicogênio, podem ser identificadas por microscopia óptica Camada superficial, com cinco a oito fileiras de células achatadas com pequenos núcleos uniformes e um citoplasma repleto de glicogênio. O núcleo torna-se picnótico, e as células se desprendem da superfície (esfoliação). Essas células são o fundamento do exame de Papanicolaou (Pap). 2. Elucidar as classificações do Papanicolau, Richard e Bethesda. Em 1988, o primeiro seminário do National Cancer Institute (NCI), ocorrido em Bethesda, Marylandresultou na criação do Sistema Bethesda de laudo citológico. Um método padronizado de laudo citológico facilitou a revisão por pares e garantiu a qualidade. A terminologia foi aperfeiçoada no Sistema Bethesda III (2001), segundo o qual as lesões escamosas com potencial pré-maligno são divididas em três classes: (i) células escamosas atípicas (ASC); (ii) lesões intraepiteliais escamosas de baixo grau (LSIL); e (iii) lesões intraepiteliais escamosas de alto grau (HSIL). A classe ASC é subdividida em duas: aquelas de significado indeterminado (ASC-US) e aquelas nas quais é preciso que se excluam lesões de alto grau (ASC-H). As lesões intraepiteliais escamosas de baixo grau são NIC 1 (displasia leve), e as alterações do HPV, denominadas atipia coilocitótica. A classe HSIL inclui NIC 2 e NIC 3 (displasia moderada, displasia grave e carcinoma in situ). Sistema Bethesda Sistema displasia/NIC Sistema de Papanicolaou Dentro dos limites normais Normal I Infecção (deve-se especificar o organismo) Atipia inflamatória(organismo) II Alterações reativas e reparadoras - - Anormalidades de células escamosas Atipia escamosa - Células escamosas atípicas: Atipia por HPV, excluir LSIL - De significado indeterminado (ASC- US) Excluir HSIL - @anaclarapaivaaa Ana Clara Paiva Excluir lesões de alto grau (ASC-H) Atipia por HPV - Lesão intraepitelial escamosa de baixo grau (LSIL) Displasia leve NIC 1 - Lesão intraepitelial escamosa de alto grau (HSIL) Displasia moderada NIC 2 Displasia grave NIC 3 Carcinoma in situ III IV Carcinoma de células escamosas Carcinoma de células escamosas V Sistema Bethesda: Por meio do Sistema Bethesda, a amostra é classificada como satisfatória ou insatisfatória para avaliação. Neste último caso, a citologia cervical é repetida de imediato; do contrário, a amostra é classificada como satisfatória. Se a amostragem da zona de transformação for inadequada ou se houver fatores que causem dificuldade, é possível repetir a citologia cervical em 6 a 12 meses. As classificações gerais são: (i) negativa para lesão intraepitelial ou malignidade (NILM); (ii) anormalidade das células epiteliais; e (iii) outros. Na categoria de negativa para lesões intraepiteliais ou malignidade, podem-se observar sinais de Trichomonas vaginalis, Candida, vaginose bacteriana, Actinomyces e herpes-vírus simples. Incluídas nessa categoria estão as alterações celulares reativas, a condição das células glandulares após histerectomia e a atrofia. A categoria anormalidade das células epiteliais abrange anormalidades das células escamosas e das células glandulares. As demais categoriasde ASC, LSILe HSILsão idênticas às da classificação anterior. O grupo de anormalidades das células glandulares inclui células glandulares atípicas (AGC), descritas pelos termos células endocervicais, endometriais ou células glandulares sem outras especificações, de acordo com a origem presumida, ou modificadas para células glandulares atípicas provavelmente neoplásicas, quando há evidências de sua origem. Classificação de Richard 1967 : Essa classificação é usada até hoje. Considera as displasias como um processo de proliferação neoplásica intraepitelial Introduz o termo NIC (neoplasia intra-cervical) e agrupa as lesões em: @anaclarapaivaaa Ana Clara Paiva → NIC I: Presença de células atípicas em até 1/3 do epitélio → NIC II: presença de células atípicas em 1/3 até 2/3 do epitélio → NIC III: presença de células atípicas em mais de 2/3 do epitélio. Se a atipia atinge toda a espessura do epitélio, mas respeita a membrana basal denomina-se CARCINOMA IN SITU. Proposta para diagnósticos histopatológicos, passou a ser empregada na Citopatologia. O que não era na proposta anterior. Os problemas dessa classificação são: O NIC III engloba tanto displasia acentuada quanto carcinoma in situ (diferenciação difícil e prognóstico semelhante). Ou seja, não diferencia tão bem o que já é câncer. 3. Explicar a epidemiologia, quadro clinico, tratamento, patogenia e diagnostico do câncer de colo de útero O câncer do colo de útero pode se propagar diretamente, por continuidade ( vagina e corpo uterino) e contiguidade ( paramétrios, paracolpos, bexiga e reto) e indiretamente, por via linfática ou hemática. O câncer de colo uterino tem uma malignidade mais loco-regional que sistêmica. As metástases à distância podem ocorrer, mas são incomuns. Em casos avançados observa-se, por vezes, metásta-se em gânglio linfático supraclavicular esquerdo, muito característica. As lesões precursoras – neoplasias intra-epiteliais cervicais e vaginais – são a meta do ginecologista nos exames periódicos com finalidade preventiva. A facilidade de diagnóstico e a eficiência do tratamento estimulam essa busca. O câncer de colo uterino é o tumor maligno localizado nos tecidos que constituem a porção inferior do útero, com estrutura muscular revestida em seu canal por epitélio glandular e na portio vaginalis, por epitélio malpighiano. Ocorre a possibilidade de ectopias, tanto a presença de epitélio glandular na área que se expõe à vagina, quanto epitélio escamoso ingressando no canal. A primeira situação, dita eversão, pode ser congênita ou adquirida com uso de hormônios exógenos (por exemplo: pílula anticoncepcional), ou durante o ciclo grávido-puerperal. A @anaclarapaivaaa Ana Clara Paiva segunda, chamada de inversão ou reversão, é encontrada em mulheres pós-menopáusicas, como conseqüência do processo de involução uterina. Epidemiologia: O câncer invasor do colo do útero é considerado um câncer evitável, porque o estágio pré-invasor é longo, existem programas de rastreamento por exame colpocitológicoe o tratamento das lesões pré-invasoras é eficaz. Segundo dados do Ministério da Saúde, no Brasil, existem cerca de seis milhões de mulheres, entre 35 a 49 anos, que nunca realizaram o exame citopatológico do colo do útero (Papanicolaou). Nesta faixa etária, ocorrem mais casos positivos de câncer do colo do útero do que em qualquer outra. Como consequência, são milhares de novas vítimas de câncer de colo uterino a cada ano. Então, é importante não esquecer que o câncer de colo uterino é um problema de saúde pública no Brasil. As taxas de incidência estimada e de mortalidade no Brasil apresentam valores intermediários em relação a países em desenvolvimento, porém são elevadas quando comparadas ás países desenvolvidos com programas de detecção precoce e bem estruturados. A faixa etária preferencial do câncer de colo uterino é dos 40 aos 49 anos, mas há grande freqüência entre os 30 e os 39 anos e entre 60 e 69 anos. Os dados do NCI (EUA, 2001 a 2003) divulgados em 2007, mostram a probabilidade de desenvolver câncer de colo uterino, por faixa etária: – Do nascimento aos 39 anos: 0,16% – Dos 40 aos 59 anos: 0,29% – Dos 60 aos 69 anos: 0,14% – 70 anos ou mais: 0,20% Os resultados da ação preventiva em câncer do colo do útero são excelentes, com marcada redução na sua incidência em grupos de mulheres submetidas a exames periódicos, com evidências sobretudo ligadas ao exame cito-patológico de Papanicolaou Fatores de risco : Primeira relação sexual em idade jovem ( menos de 16 anos) Múltiplos parceiros sexuais Tabagismo Paridade elevada Baixa condição socioeconômica e imunossupressão crônica. Muitos desses fatores de ricos estão relacionadas com a atividade sexual e exposição a doenças sexualmente transmissíveis. Acreditava-se que a infeção pelo herpes vírus fosse o processo inicial do câncer do colo do útero, no entanto,verificou-se que a infeção pelo herpes vírus e a Chlamydia trachomatis atuem como cofatores. Quadro clinico: @anaclarapaivaaa Ana Clara Paiva O câncer do colo do útero é uma doença de desenvolvimento lento, que pode não apresentar sintomas em fase inicial. Nos casos mais avançados, pode evoluir para sangramento vaginal intermitente (que vai e volta) ou após a relação sexual, secreção vaginal anormal e dor abdominal associada a queixas urinárias ou intestinais O processo iniciador na displasia e carcinogênese cervical é a infecção por HPV. O HPV é o agente etiológico tanto no carcinoma escamoso quanto no adenocarcinoma do colo do útero, mas as vias carcinogênicas dos respectivos tumores podem ser diferentes. Existem mais de 100 tipos diferentes de HPV, e mais de 30 deles afetam o aparelho genital inferior. Há 14 subtipos de HPV de alto risco; dois subtipos de alto risco, 16 e 18, são encontrados em até 62% dos carcinomas do colo do útero. O HPV afeta o crescimento e a diferenciação celular por meio de interações das proteínas virais E6 e E7 com os genes supressores tumorais p53 e Rb, respectivamente. A inibição de p53 impede a interrupção do ciclo celular e a apoptose celular, que normalmente ocorrem quando há lesão do DNA, enquanto a inibição de Rb interrompe o fator de transcrição E2F e resulta em proliferação celular descontrolada. Patogenia: Da infeção até o desenvolvimento da neoplasia invasiva são descritos quatro estágios : 1. Infecção do epitélio metaplasico da zona de transformação por cepa oncogênica do vírus. 2. Persistência da infecção 3. Progressão de um clone de células epiteliais infectadas para uma lesão pré-cancerosa ( displasia; neoplasia intraepitelial) 4. Desenvolvimento de carcinoma com invasão da membrana basal do epitélio. Há 15HPVs de alto risco atualmente identificados, mas o HPV-16 sozinho representa quase 60% dos casos de câncer cervical, e o HPV-18, outros 10% dos casos; outros tipos de HPV contribuem individualmente para menos do que 5% dos casos. Como a maioria das infecções é assintomática e não causam alterações no tecido, elas acabam não sendo detectadas no Papanicolau. A maioria das infecções por HPV é transitória e eliminada pela resposta imunológica no decorrer de meses. Em média, 50% das infecções por HPV são eliminadas dentro de 8 meses e 90% são eliminadas dentro de 2 anos. Contudo, a duração da infecção é relacionada com o tipo de HPV. A infecção persistente aumenta o risco de desenvolvimento das lesões precursoras do colo uterino e do carcinoma subsequente. O vírus infecta as células basais imaturas do epitélio escamoso em áreas de ruptura epitelial ou células escamosas metaplásicas imaturas presentes na junção escamocolunar, visto que, o HPV não afeta as células superficiais escamosas. Contudo, para que a infecção se estabeleça requer uma lesão do epitélio, sendo que, a lesão permite o acesso do vírus as células basais. O colo uterino é mais susceptível ao vírus, por conta do seu epitélio metaplásico imaturo, comparado com a mucosa da vulva que é recoberta por células maduras. Os vírus infectam as células escamosas imaturas e se replica durante a maturação das células @anaclarapaivaaa Ana Clara Paiva escamosas, que ao invés de ficar retida em G1, continua o ciclo celular, devido a ligação da proteína viral E6 à p53 do hospedeiro, aumento da expressão da telomerase, e da ligação da proteína viral E7 com o gene RB, a consequência desses processos é a proliferação das células infectadas com o material viral e propensas a adquirir mutações, e a imortização da célula. Além disso, devido ao fato que o material viral está integrado ao material do hospedeiro, isso concede uma maior expressão dos genes E6 e E7, além de conseguir desregular oncogenes que estiverem próximos ao seu local de inserção do DNA do hospedeiro. Embora o HPV seja uma das principais causas do câncer, ele por si só não é suficiente para causar o câncer, mas também a: exposição a carcinógenos, os hábitos de vida e o estado imune do hospedeiro Histopatologia : O câncer de colo uterino tem como tipo histológico mais freqüente o carcinoma epidermóide. Os melanomas podem ocorrer, tanto no colo quanto na vagina, embora incomuns. Os sarcomas são raros, sendo o tumor mulleriano misto uma forma mais encontrada. Há uma variedade de tipos histológicos possíveis para o câncer de colo de útero, por isso, a importância da realização da biópsia para definir e delimitar o adequado tratamento às pacientes. Porém, o carcinoma de células escamosas (CEC) representa 70% dos casos, seguido dos adenocarcinomas com 25% e carcinomas adenoescamosos com cerca de 3 a 5%. Sendo que, esse último apresenta além da alteração glandular, também uma diferenciação escamosa, contudo, é o tipo histológico com o pior prognóstico. Os adenocarcinomas possuem alta taxa de falso negativo nos exames de citologia oncológica, e um curto limite de tempo entre um Papanicolau negativo e o diagnóstico de câncer. Contudo, o exame preventivo ainda é responsável pela maior redução de riscos de ambos os subtipos histológicos, com destaque para o carcinoma de células escamosas. Diagnostico: Papa Nicolau: É o exame preventivo do CA de Colo uterino, onde o médico raspa as células do colo. Se usa a escovinha e a espátula de AYRE. Quando colhe com a escovinha, é colhido da endocervice, com a espátulapassa na ectocervice (lado externo). A escovinha é rodada três vezes para um lado e três vezes para o outro dentro do endocervice. @anaclarapaivaaa Ana Clara Paiva EPITELIO COLUNAR SIMPLES: é o epitélio glandular da endocervice, é responsável pela secreção do muco. EPITÉLIO ESCAMOSO ESTRATIFICADO NÃO QUERATINIZADO: está localizado na ectocervice, tem várias camadas de células e reveste o fundo de saco e a vagina também. A PREVENÇÃO BEM COLIDA É AQUELA QUE POSSUI OS DOIS EPITÉLIOS NA LÂMINA. JEC (junção escamo-colunar): é o ponto de encontro entre os dois epitélios ACIMA. - Jec em orifício externo: é o colo padrão. Ponto dinâmico, sofre modificações durante as fases da vida. - METAPLASIA ESCAMOSA: processo fisiológico que origina uma nova JEC = comum em mulheres no MENACME (idade reprodutiva). É um processo normal que aparece como resultado do exame preventivo, levando muitas mulheres a procurarem um ginecologista por acharem que é alguma doença, porém, é fisiológico. O local de mudança de epitélio as células precisam replicar mais, portanto essa é a zona que os vírus mais se instalam (pois eles precisam se multiplicar mais rápido) PCR – Captura Hibrida – auxilio diagnostico: É o padrão ouro para diagnosticar o vírus do HPV antes dos primeiros sintomas. Feita a raspagem do muco vaginal do colo/ vagina ou vulva Identifica se tem a HPV ou não e qual o subtipo (se é de baixo ou alto risco) Identifica 18 subtipos de HPV → Grupo de baixo risco ou GRUPO A: 5 tipos →Grupo de alto risco ou GRUPO B: 13 tipos Resultado positivo quando RLU/PCA ou RLU/PCB forem maiores que 1 Valor estimado: 200 até 300 reais (tem lugares que chega a 500) não é feito no sus A indicação é mulheres acima de 30 anos. Após feito só se repete após 5 anos. Colposcopia – auxilio diagnostico: É indicada para quem tem citologia alterada (do Papanicolau). A citologia traz células alteradas pelo HPV, a colposcopia é feita para saber onde essas células alteradas estão. Aplicação de Ac. Acético 5% e lugol no colo uterino Ação: coagulação de proteínas citoplasmáticas do epitélio alterado Teste de SCHILLER: embrocação do colo com lugol (iodo) para identificar áreas escamosas desprovidas de glicogênio. Indicações da colposcopia: → LIE-AG → DUAS CITOLOGIAS CONSECULTIVAS COM ASC-US → RESULTADO CITOLOGICO ASC-H →RESULTADO CITOLÓGICO ACG → PACIENTES IMUNOSSUPRIMIDOS COM LESÕES DE BAIXO GRAU NA CITOLOGIA →SE COLPOSCOPIA INSATISFATÓRIA: PESQUISAR CANAL ENDOCERVICAL @anaclarapaivaaa Ana Clara Paiva Na primeira foto foi colocado a PRIMEIRA solução reagente da colposcopia, o AC. ACÉTICO. Essa é a primeira fase da colposcopia. A solução causa a desnaturação proteica. Nas células onde tem maior replicação viral temos mais proteínas, mais moléculas no geral, então a área que está populada pelo HPV ficará ESBRANQUIÇADA. A segunda fase é a aplicação de iodo (LUGOL), que é a segunda foto. As lesões por HPV ficam amareladas com a aplicação do iodo. A parte preta é normal. A JEC não cora. Os dois exames devem ser feitos A biópsia é feita na área afetada. A colposcopia direciona onde deve ser feita a biópsia. Os seguintes testes podem ser utilizados: Exame pélvico e história clínica: exame da vagina, colo do útero, útero, ovário e reto através de avaliação com espéculo, toque vaginal e toque retal. Exame Preventivo (Papanicolau) Colposcopia – exame que permite visualizar a vagina e o colo de útero com um aparelho chamado colposcópio, capaz de detectar lesões anormais nessas regiões Biópsia – se células anormais são detectadas no exame preventivo (Papanicolau), é necessário realizar uma biópsia, com a retirada de pequena amostra de tecido para análise no microscópio. Rastreamento : Estadiamento : O câncer de colo uterino tem quatro estádios, que estão descritos abaixo: @anaclarapaivaaa Ana Clara Paiva Tratamento : O tratamento deve ser individualizado, visto que, o tipo de tratamento dependerá do estadiamento da doença, tamanho do tumor e fatores pessoais, como idade da paciente e desejo de ter filhos. Em pacientes mais jovens devemos priorizar modalidades terapêuticas que preservem a função reprodutiva, se possível. Por isso, deve-se analisar as vantagens e desvantagens especificas de cada método, a topografia da junção escamo-colunar e somente após este mapeamento decidir qual o melhor tratamento. Tratamento cirúrgico: Retirada de certa quantidade de tecido da área com o câncer e seus arredores, sendo uma opção viável para mulheres em estágios iniciais do câncer. a) Colonização: retirar uma área do útero em forma de cone, pode ser tanto uma técnica diagnostica, como um tratamento, visto que, retira determinada porção que pode remover completamente as lesões pré-cancerigenas e câncer de estágio inicial. b) Histerectomia simples: retirada do colo e corpo do útero, preservando tecido adjacentes e os ovários. c) Histerectomia total: retira o útero e tecidos ao seu redor, além de, frequentemente, retirar os nódulos linfáticos da pelve e régios adjacentes. As trompas uterinas e os ovários geralmente não são retirados, a menos que pareçam anormais. Tumores ressecáveis : são aqueles que os médicos acreditam que podem ser removidos completamente por cirurgia. Tumores irressecáveis: são os tumores que se espalham ou estão em locais de difícil acesso para serem completamente removidos por cirurgia. Em termos gerais, a maioria dos tumores no estagio 0,I,II e alguns III são ressecáveis. Enquanto a maioria dos tumores do estagio III e IV são irressecáveis. Mas isso também depende de outros fatores, como o tamanho do tumor, estado de saúde geral da paciente Estádio Ia1. Os tumores com 3 mm ou menos de profundidade de invasão, 7 mm ou menos de extensão e sem invasão do espaço linfovascular podem ser tratados com cirurgia local, ou seja, a conização simples; mulheres que não pretendam preservar a fertilidade, sobretudo aquelas com doenças de corpo uterino, podem se submeter à histerectomia simples, se na menacma, ou com anexectomia, se após a menopausa. A histerectomia é o tratamento preferencial dos autores americanos, quando não há interesse em gestação futura. Tratamento clinico : O tratamento clinico pode ser realizado através da destruição da lesão por meios físicos ou químicos. So devem ser indicados nos casos em que houver a concordância entre a citologia, biopsia incisional e colposcopia e não houver a possibilidade do tratamento por cirugia. A podofilia a 25% em solução alcoolica é um método tradicional, mas associado a um pequeno percentual de cura e a grande índice de complicações @anaclarapaivaaa Ana Clara Paiva O ácido tricloroacético a 70% pode ser utilizado em aplicações semanais em consultório para destruição de lesões de vulva ou do fundo do saco vaginal, sendo indicada na gravidez ou no tratamento de lesões exofilicas. Temos também a crioterapia ( destrói a camada superficial do epitélio cervical docolo do útero) e eletrocauterização ( trata o colo com a extremidade quente de um cautério) Tratamento paliativo Radioterapia e quimioterapia 4. Conhecer o esquema vacinal (PNI) para HPV Se a mulher jovem/adulta não tomou a vacina quando jovem, estudos americanos comprovam que a vacina da HPV tem benefício para as mulheres quando tomada até os 46 anos, inclusive para as mulheres que já tiveram câncer, pois a vacina estimula a imunidade. →QUADRIVALENTE (HPV 6, 11, 16 e 18) – MSD IM – Doses em 0, 2 e 6 meses Aprovação da ANVISA: 9 a 26 anos → BIVALENTE (HPV 16 e 18) - GSK IM – Doses em 0, 1 e 6 meses Aprovação da ANVISA: 10 a 25 anos - Ambas com partículas semelhantes ao vírus – não contém DNA VIRAL, mas seu capsídeo (proteínaL1) sem poder infectante. - Produzidas em um fungo: Saccharomyces cerevisar - Sem efeitos colaterais graves - Ideal esperar 1 mês após a terceira dose para engravidar. NO DF: As pacientes de 9 a 14 anos precisam tomar somente 2 doses, pois elas tem uma soroconversão do sistema imune maior que nas outras faixas etárias. Passou de 14 anos é três A vacina HPV é indicada para a imunização ativa contra os genótipos de baixo risco HPV 6 e 11 e de alto risco HPV 16 e 18. ESQUEMA VACINAL PNI E MS: A vacinação consiste na administração de três doses, com esquema vacinal 0, 6 e 60 meses (esquema estendido). A administração da primeira dose se iniciará no mês de março (mês 0); a administração da segunda dose se iniciará no mês de setembro (mês 6); e, a administração da terceira se iniciará no mês de março, aprazada para cinco anos após primeira dose (mês 60) Recomenda-se que, no momento da administração da primeira dose, seja entregue uma carta à adolescente orientando sobre aonde se dirigir para a administração da segunda • No Brasil, existem duas vacinas disponíveis no mercado: a bivalente e a quadrivalente. No entanto, considerando as recomendações da OMS, quando iniciado a vacinação com uma delas, o ideal é completar o esquema com a mesma vacina. • Mas, caso a vacina usada em doses anteriores não esteja disponível ou não seja conhecida, recomenda-se administrar a vacina quadrivalente, disponível na rede pública, para completar o esquema. Vale ressaltar que não existem dados disponíveis sobre a segurança, imunogenicidade ou eficácia das duas vacinas contra o HPV quando usadas de forma intercambiáveis, por isso, todos os esforços devem ser para a administração da mesma vacina para completar o esquema. @anaclarapaivaaa Ana Clara Paiva • Ressalta-se que as adolescentes com esquema completo da vacina bivalente não serão revacinadas com a vacina quadrivalente. ESTRATÉGIA DE VACINAÇÃO A vacinação ocorrerá em unidades básicas de saúde (UBS) como rotina e em escolas públicas e privadas por ocasião das ações extramuros), com flexibilidade de adaptação às realidades regionais. Para tanto, recomenda-se o envolvimento das Secretarias Estaduais e Municipais de Educação para a operacionalização das ações. Referência bibliográfica: Tratado de ginecologia Bereck & Novax – 15º ed - 2014 : Cap 19 - Doença Intraepitelial do Colo, da Vagina e da Vulva Tratado de ginecologia Bereck & Novax – 15º ed - 2014 : Cap 36 – Câncer de colo de útero Ginecologia baseada em evidencias – 2ed – cap 36 pag 435 FERRI. Oncologia e Hematologia. 1.ed – Rio de janeiro. Guanabara Koogan,2019 Maria Del Pilar Estevez diz, Rodrigo Bovolin de Medeiros. Câncer do colo uterino- fatores de risco e prevenção, diagnostico e tratamento. Ver med ( São Paulo).2009 jan-mar;88(1)7-15 https://www.tuasaude.com/papanicolau/#:~:text=O%20exame%20de%20Papanicolau%20%C3%A9%20indi cado%20para%20mulheres%20a%20partir,realizado%20a%20cada%203%20anos. https://www.bio.fiocruz.br/index.php/br/noticias/1381-confira-as-mudancas-do-calendario-de-vacinacao- em-2017 https://www.tuasaude.com/papanicolau/#:~:text=O%20exame%20de%20Papanicolau%20%C3%A9%20indicado%20para%20mulheres%20a%20partir,realizado%20a%20cada%203%20anos https://www.tuasaude.com/papanicolau/#:~:text=O%20exame%20de%20Papanicolau%20%C3%A9%20indicado%20para%20mulheres%20a%20partir,realizado%20a%20cada%203%20anos https://www.bio.fiocruz.br/index.php/br/noticias/1381-confira-as-mudancas-do-calendario-de-vacinacao-em-2017 https://www.bio.fiocruz.br/index.php/br/noticias/1381-confira-as-mudancas-do-calendario-de-vacinacao-em-2017
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