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Introducao a Engenharia de Seguranca do Trabalho_Final

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Brasília-DF. 
Introdução à EngEnharIa dE 
SEgurança do trabalho
Elaboração
Paulo Celso dos Reis Gomes
Luiz Roberto Pires Domingues Junior
Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração
Sumário
APrESEntAção ................................................................................................................................. 4
orgAnizAção do CAdErno dE EStudoS E PESquiSA .................................................................... 5
introdução.................................................................................................................................... 7
unidAdE i
EVOLUÇÃO DA SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO ............................................................................. 9
CAPítulo 1
COmO OCORREU A EVOLUÇÃO HiSTóRiCA DA SEGURANÇA E DA SAÚDE NO TRABALHO? ....... 9
CAPítulo 2
COmO EVOLUiU A SEGURANÇA E A SAÚDE DO TRABALHO NO BRASiL? ................................... 11
CAPítulo 3
A REGULAmENTAÇÃO DA ENGENHARiA 
DE SEGURANÇA ..................................................................................................................... 15
unidAdE ii
SEGURANÇA DO TRABALHO – iNTRODUÇÃO ....................................................................................... 18
CAPítulo 1
OS ACiDENTES DO TRABALHO ................................................................................................ 21
CAPítulo 2
OS RiSCOS AmBiENTAiS .......................................................................................................... 27
CAPítulo 3
GESTÃO DOS RiSCOS ............................................................................................................. 51
PArA (não) FinAlizAr ..................................................................................................................... 69
rEFErênCiAS .................................................................................................................................. 70
AnExo ............................................................................................................................................ 71
4
Apresentação
Caro aluno
A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se 
entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. 
Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela 
interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da 
Educação a Distância – EaD.
Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade 
dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos 
específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém 
ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a 
evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.
Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo 
a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na 
profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.
Conselho Editorial
5
organização do Caderno 
de Estudos e Pesquisa
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em 
capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos 
básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar 
sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para 
aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares.
A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos 
Cadernos de Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes 
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor 
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita 
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante 
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As 
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Sugestão de estudo complementar
Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, 
discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.
Atenção
Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a 
síntese/conclusão do assunto abordado.
6
Saiba mais
Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões 
sobre o assunto abordado.
Sintetizando
Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o 
entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.
Para (não) finalizar
Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem 
ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.
7
introdução
A segurança do trabalho está relacionada a um conjunto de normas e técnicas aplicáveis 
em vários setores. Pode ser entendida como um conjunto de medidas adotadas para 
proteger o trabalhador em sua integridade e capacidade de trabalho, evitar doenças 
ocupacionais e minimizar acidentes de trabalho.
É definida por normas e leis. No Brasil, compõe-se de normas regulamentadoras, rurais, 
leis complementares, como portarias e decretos e também as convenções internacionais 
da Organização Internacional do Trabalho, ratificadas pelo Brasil.
Atualmente, conforme preconiza a Norma Regulamentadora 4 do MTE, compõem o 
quadro de Segurança do Trabalho de uma empresa, variadas equipes com desempenho 
multidisciplinar, cuja função, pode ser desempenhada por: técnicos de segurança do 
trabalho, engenheiros de segurança do trabalho, médicos do trabalho e enfermeiros 
do trabalho.
O conjunto de profissionais que formam o quadro é denominado Serviço Especializado 
em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT). Para efetivar um 
comprometimento eficaz na dinâmica de segurança de trabalho, os empregados da 
empresa constituem a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA), conforme 
a Norma Regulamentadora 5 do MTE, cujo objetivo é prevenir acidentes e doenças 
decorrentes do trabalho, para tornar compatível o trabalho com a preservação da vida 
e a promoção da saúde do trabalhador, numa perspectiva permanente.
Antes de continuarmos com o estudo dos conceitos desta disciplina, convidamos 
você a se situar no contexto histórico, para que possa identificar as consequências 
do processo da Revolução Industrial em relação à melhoria das condições humanas 
no trabalho, as medidas de prevenção de acidentes, o aumento da produtividade e da 
qualidade dos produtos.
objetivos
 » Apresentar aos alunos as normas e procedimentos do curso.
 » Analisar a evolução da engenharia de segurança, em seus aspectos 
econômicos, políticos e sociais.
 » Conhecer a história do prevencionismo nas entidades públicas e privadas.
8
 » Compreender a inserção da engenharia de segurança no contexto capital 
x trabalho e o papel e as responsabilidades do engenheiro de segurança.
 » Apreender a conceituação, a classificação, as causas e as consequências 
dos acidentes do trabalho, como também os riscos inerentes às principais 
atividades laborais.
9
unidAdE i
EVolução dA 
SEgurAnçA E SAÚdE 
no trABAlHo
CAPítulo 1
Como ocorreu a evolução histórica da 
Segurança e da Saúde no trabalho?
Você deve pensar que, de modo geral, as coisas acompanham a evolução. Pois bem, 
de fato, isso, na maioria das vezes, é verdadeiro. Uma tentativa de se adequar ao novo 
comportamento, às atitudes, ao modo de pensar, vai com o tempo se ajustando e quando 
se percebe as coisas mudaram.
Nesse contexto, é muito importante estudar a evolução histórica dos acontecimentos, 
para que possamos identificar o processo de mudança e entender a dinâmicaestabelecida.
Na história da segurança do trabalho, são encontrados indicativos muito antigos da 
preocupação quanto à preservação da vida dos trabalhadores. Hipócrates (460-357 a.C.) 
e Plínio, o Velho (23-79 d.C.), indicaram nos seus trabalhos a ocorrência de doenças 
pulmonares em mineiros.
No ano de 1556, Georg Bauer publicou o livro “Re De Metallica”, em que estuda as 
doenças e acidentes de trabalho relacionados à mineração e fundição de ouro e prata. 
O autor discute, em especial, a inalação de poeiras causadoras da “asma dos mineiros” 
que, pelos sintomas descritos, deve tratar-se de silicose. Em 1567, Aureolus Theophrastur 
Bembastur von Hohenheim apresentou a primeira monografia relacionando trabalho 
com doença. (NOGUEIRA, 1981)
Em 1700, na Itália, o médico Bernardino Ramazzini, considerado o “pai da Medicina do 
Trabalho”, publicou o livro “De Morbis Artificium Diatriba”. A obra descreve com bastante 
profundidade as doenças relacionadas a cerca de cinquenta profissões, tais como: mineiros, 
químicos, oleiros, ferreiros, cloaqueiros, salineiros, joalheiros, pedreiros, entre outros.
A Revolução Industrial significou a mudança vertiginosa na história da humanidade, 
quando os meios de produção, até então dispersos e baseados na cooperação individual, 
10
UNIDADE I │ EVOLUÇÃO DA SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO
passaram a concentrar-se em grandes fábricas, ocasionando profundas transformações 
sociais e econômicas.
As máquinas a vapor usavam carvão para seu acionamento, o que aumentou também o 
número de minas de carvão nos diversos países. O trabalho em condições degradantes, 
que era desempenhado pelos mineiros, contribuiu para criar na categoria uma consciência 
das condições desumanas a que eles eram submetidos. Era comum a ocorrência de 
incêndios, explosões, intoxicação por gases, inundações e desmoronamento, ocasião 
em que muitos trabalhadores ficavam sepultados nas galerias. Também eram comuns 
as doenças ocupacionais, tais como tuberculose, anemia e asma.
A improvisação das fábricas e a mão de obra constituída principalmente por crianças e 
mulheres resultaram em problemas ocupacionais extremamente sérios. Os acidentes de 
trabalho eram numerosos, provocados por máquinas sem qualquer proteção, movidas 
por correias expostas, e as mortes, principalmente de crianças, eram muito frequentes. 
(NOGUEIRA, 1981)
Como você pode ver, mesmo que aparentemente o processo de trabalho tenha sido 
modificado, as condições de trabalho não eram as melhores. Não havia nenhuma 
regulamentação quanto às condições do trabalho e do ambiente industrial, tampouco 
em relação à duração da jornada de trabalho. Apesar da jornada excessiva de trabalho 
não poder ser atribuída ao nascimento da grande indústria, pois já era verificada na 
atividade artesanal, essa condição foi potencializada. A partir de 1792, com a invenção 
do lampião a gás, houve uma tendência de aumento da jornada de trabalho, haja vista 
a possibilidade de uso de iluminação artificial, ainda que precária.
Em função das más condições de trabalho, o parlamento inglês criou uma comissão 
de inquérito que foi responsável pela criação, em 1802, da primeira lei de proteção aos 
trabalhadores, a “Lei de Saúde e Moral dos Aprendizes”, que estabelecia o limite de 12 
horas de trabalho diário, proibia o trabalho noturno, obrigava os empregadores a ventilar 
as fábricas e lavar suas paredes duas vezes por ano. Essa lei, complementada em 1819, 
não teve a eficiência esperada devido à oposição dos empregadores. (NOGUEIRA, 1981)
A partir do relatório elaborado pela comissão, foi instituída na Inglaterra, em 1833, a “Lei 
das Fábricas” (FactoryAct), primeira lei realmente eficaz no campo da segurança e saúde 
no trabalho. A lei, aplicada à indústria têxtil, proibia o trabalho noturno para os menores de 
18 anos, restringindo sua carga horária para 12 horas diárias e 69 semanais. Para menores 
entre 9 e 13 anos, a jornada de trabalho diária passou a ser de 9 horas. A idade mínima 
para o trabalho era de 9 anos, sendo necessário um médico atestar que o desenvolvimento 
físico da criança correspondia à sua idade cronológica. As fábricas precisavam ter, ainda, 
escolas frequentadas por todos os trabalhadores menores de 13 anos.
paull
Realce
paull
Realce
11
CAPítulo 2
Como evoluiu a Segurança e a Saúde 
do trabalho no Brasil?
No Brasil Colonial, os escravos trabalhavam até 18 horas por dia, estando os proprietários 
no direito de aplicar castigos para garantir uma melhor produtividade e submissão ao 
trabalho. As condições de trabalho eram degradantes, encontrando-se muitas situações 
semelhantes às ocorridas na Inglaterra durante a Revolução Industrial, a partir de 1760. 
O processo de industrialização no Brasil foi lento e demorado, a Revolução Industrial 
ocorreu somente no final do século XIX, bem depois de ter ocorrido nos países da 
Europa. Embora, diante de toda experiência que já existia na época sobre esse processo 
de industrialização, os problemas por que passamos fossem os mesmos. 
A Lei no 3.724 de 15/1/1919 firmou-se como a primeira lei sobre indenização por acidentes 
de trabalho, sendo regulamentada pelo Decreto no 13.498, de 12/3/1919. Essa lei 
limitava-se ao setor ferroviário e reconhecia somente os elementos que caracterizavam 
diretamente o acidente de trabalho.
Somente no Governo de Vargas é que de fato a industrialização se efetivou. Ela se 
caracterizou por profunda reestruturação da ordem jurídica trabalhista, estando, 
muitas das propostas da época, em vigor até os dias atuais.
O Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio foi criado por meio do Decreto no 19.433, 
de 26/11/1930. Em 1932, foram criadas as Inspetorias do Ministério do Trabalho, Indústria 
e Comércio, transformadas, no ano de 1940, em Delegacias Regionais do Trabalho.
O Decreto no 24.367, de 10/7/1934, que substituiu a Lei no 3.724 de 1919, instituiu o 
depósito obrigatório para garantia da indenização, simplificou o processo e aumentou 
o valor da indenização em caso de morte do acidentado, entendendo a doença 
profissional também como acidente de trabalho indenizável, em complementação 
à legislação anterior. Com o Decreto foram incluídos os industriários, trabalhadores 
agrícolas, comerciários e domésticos, sempre até determinado valor de remuneração. 
Por outro lado, foram excluídas várias outras categorias, tendo em vista o valor de seus 
vencimentos, tais como os autônomos, consultores técnicos, empregados em pequenos 
estabelecimentos industriais e comerciais sob o regime familiar.
O adicional de insalubridade foi instituído a partir do Decreto-lei no 399, de 30/4/1938, 
estabelecendo seu valor em 10, 20 e 40% do salário mínimo para graus de insalubridade 
12
UNIDADE I │ EVOLUÇÃO DA SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO
mínimo, médio e máximo, respectivamente, conforme quadro de atividades elaboradas 
posteriormente.
A Consolidação das Leis do Trabalho – CLT foi criada pelo Decreto no 5.452, de 1/5/1943, 
e reuniu a legislação relacionada com a organização sindical, previdência social, justiça 
e segurança do trabalho. A CLT, no seu Capitulo V – Da Segurança e da Medicina do 
Trabalho, dispõe sobre diversos temas, tais como a Comissão Interna de Prevenção 
de Acidentes (CIPA), máquinas e equipamentos, caldeiras, insalubridade, Medicina do 
Trabalho, higiene industrial, entre outros. Essa legislação foi alterada em 1977 e serviu 
como base para as atuais Normas Regulamentadoras.
Na década de 1950, o governo atendeu às pressões políticas dos empregados da Petrobras 
e concedeu, por meio da Lei no 2.573, de 15/8/1955, o adicional de periculosidade 
aos trabalhadores que prestassem serviço em contato permanente com inflamáveis, 
correspondente a 30% do valor do salário (ROCHA; NUNES 1993). Por meio do Decreto 
Legislativo no 24, de 29/5/1956, o Brasil ratificou a Convenção no 81, da Organização 
Internacional do Trabalho que estabelece que seus membros devam manter sistema de 
inspeção do trabalho.
O Decreto-lei no 229, de 28/2/1967,modificou a Capítulo V da Consolidação das Leis 
do Trabalho em vários itens, destacando-se a exigência que as empresas mantivessem 
“Serviços Especializados em Segurança e em Higiene do Trabalho”.
A Lei no 6.514, de 22/12/1977, alterou o Capítulo V, Título II da Consolidação das Leis 
do Trabalho (CLT), relativo à Segurança e Medicina do Trabalho, legislação válida até os 
dias atuais. Essa lei foi regulamentada pela Portaria no 3.214 de 8/6/1978, que significou 
o grande salto qualitativo nas ações prevencionistas, estimulando uma atuação mais 
eficaz por parte das empresas, sindicatos, Ministério do Trabalho, entre outros.
Em 1970, o Brasil foi campeão em acidentes de trabalho. No entanto, durante um 
longo período, a aplicação das normas relativas à segurança do trabalho modificou 
significativamente os números de acidentes ocorridos anualmente. Dados do INSS 
informam que durante os anos de 1971 a 1997, com esforço comum de todos os segmentos 
da nação brasileira, os acidentes de trabalho passaram do patamar de 17,61% ao ano 
para 1,58% ao ano.
Desde a década de 1990, várias Normas Regulamentadoras têm sido revisadas, 
atendendo a nova filosofia de necessidade de gestão da segurança e saúde ocupacional, 
essa iniciativa foi iniciada, principalmente, com a NR 7 PCMSO (Programa de 
Controle Médico e Saúde Ocupacional), NR 9 PPRA (Programa de Prevenção de 
Riscos Ambientais), NR 18 (Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da 
13
EVOLUÇÃO DA SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO │ UNIDADE I
Construção) e com o PCMAT (Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho 
na Indústria da Construção).
A publicação de novas Normas Regulamentadoras pelo Ministério do Trabalho e 
Emprego tem ocorrido no sentido de estabelecer procedimentos mínimos de segurança 
e saúde do trabalho em setores específicos, após os resultados obtidos pela primeira NR 
com essa característica, a NR 18, que criou o PCMAT para o setor da construção civil. 
Nessa lógica, já temos normas específicas para: 
 » o trabalho portuário; 
 » o trabalho aquaviário; 
 » trabalho na agricultura, pecuária, silvicultura, exploração florestal a 
aquicultura; 
 » trabalho em serviços de saúde; 
 » trabalhos em espaços confinados; 
 » trabalho na indústria da construção e reparação naval; 
 » trabalho em altura; 
 » trabalho em empresas de abate e processamento de carnes e derivados. 
Na mesma linha, está em audiência pública a redação de uma NR para os trabalhos em 
serviços de limpeza urbana.
Atualmente, vários setores estão envolvidos no processo de prevencionismo, ou seja, a 
prevenção de acidentes de doenças do trabalho. Várias leis têm sido criadas no sentido 
de zelar pela manutenção da saúde do trabalhador, almejando a melhoria das condições 
de trabalho no Brasil.
Entre as maiores inovações no arcabouço legal, temos o NTEP e o eSocial. Pelo NTEP, 
é realizado o cruzamento das informações de código da Classificação Internacional de 
Doenças (CID-10) e do código da Classificação Nacional de Atividade Econômica (CNAE). 
Ele já aponta se há uma relação entre a lesão ou agravo e a atividade desenvolvida pelo 
trabalhador. Caso haja essa relação no NTEP, o trabalhador não fica mais com o ônus 
de comprovar que a sua lesão foi provocada pela atividade laboral na empresa, cabe à 
empresa provar que a lesão não foi provocada pela atividade laboral. A indicação de 
NTEP está embasada em estudos científicos alinhados com os fundamentos da estatística 
e epidemiologia. A partir dessa referência, a medicina pericial do INSS ganha mais uma 
importante ferramenta-auxiliar em suas análises para conclusão sobre a natureza da 
incapacidade ao trabalho apresentada, se de natureza previdenciária ou acidentária. 
14
UNIDADE I │ EVOLUÇÃO DA SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO
O Decreto no 8373/2014 instituiu o Sistema de Escrituração Digital das Obrigações Fiscais, 
Previdenciárias e Trabalhistas (eSocial). Por meio desse sistema, os empregadores devem 
comunicar ao Governo, de forma unificada, as informações relativas aos trabalhadores, 
como vínculos, contribuições previdenciárias, folha de pagamento, comunicações de 
acidente de trabalho, aviso prévio, escriturações fiscais e informações sobre o FGTS.
A transmissão eletrônica desses dados tem o potencial de simplificar a prestação das 
informações referentes às obrigações fiscais, previdenciárias e trabalhistas, de forma a 
reduzir a burocracia para as empresas. A prestação das informações ao eSocial substitui 
o preenchimento e a entrega de formulários e declarações separados a cada ente.
A implantação do eSocial tem como objetivos principais: 
 » viabilizar garantia aos diretos previdenciários e trabalhistas; 
 » racionalizar e simplificar o cumprimento de obrigações; 
 » eliminar a redundância nas informações prestadas pelas pessoas físicas 
e jurídicas; 
 » aprimorar a qualidade das informações das relações de trabalho, 
previdenciárias e tributárias. 
A legislação prevê ainda tratamento diferenciado às micro e pequenas empresas. 
Acesse e entenda o potencial dessa ferramenta em: <https://portal.esocial.gov.br/>; 
<http://www.previdencia.gov.br/perguntas-frequentes/previdencia-social/
esocial/>.
15
CAPítulo 3
A regulamentação da Engenharia 
de Segurança
Vimos anteriormente que o processo de industrialização brasileiro foi lento, entretanto, 
a organização dos segmentos sociais que estavam direta e indiretamente envolvidos 
no processo de prevencionismo conseguiu se sensibilizar para a necessidade da 
regulamentação da Engenharia de Segurança como profissionalização. Alguns decretos 
e leis foram importantes.
Destaca-se, inicialmente, o Decreto no 70.861, de 25/7/1972, regulamentado pela 
Portaria no 3.236, de 27/7/1972. Essa legislação instituiu o Plano Nacional de Valorização 
do Trabalhador, que foi responsável pela criação dos primeiros cursos de formação de 
profissionais de segurança. 
A necessidade de formação emergencial de profissionais de segurança do trabalho foi 
reforçada pela Portaria no 3.237, de 27/7/1972, que criou a obrigatoriedade por parte 
das empresas de manter Serviços Especializados em Segurança, Higiene e Medicina 
do Trabalho. 
Essa Portaria definia como integrante dos Serviços Especializados os engenheiros de 
segurança do trabalho, da seguinte forma: “São considerados engenheiros de segurança 
do trabalho, para fins desta Portaria, aqueles que, possuidores de título de formação de 
engenheiros, comprovem uma das seguintes condições:
I – Conclusão de curso de especialização em Engenharia de Segurança 
do Trabalho ou Higiene Industrial, ministrado por Universidade ou 
instituição especializada, reconhecidas e autorizadas, com currículos 
aprovados pelo Ministério do Trabalho e Previdência Social – MTPS, 
através do DNSHT.
A partir de 1973, a proliferação de cursos para capacitação de profissionais de segurança 
e saúde foi significativa. Apesar da quantidade significativa de profissionais capacitados, 
não havia o reconhecimento necessário à Segurança e Saúde do Trabalhador (SST). No 
caso dos engenheiros, o próprio sistema CONFEA/CREA não reconhecia a profissão, 
negando-se, inclusive, a anotar na carteira do profissional que havia realizado a 
capacitação em SST. (FARO, 1982)
O anseio dos profissionais somente tornou-se realidade por meio da Lei no 7.410, de 
27/11/1985 e o Decreto no 95.530, de 9/4/1986. Essa legislação permitiu o exercício da 
16
UNIDADE I │ EVOLUÇÃO DA SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO
profissão de engenheiro de segurança do trabalho, somente para aqueles portadores de 
curso de especialização em nível de pós-graduação.
O Conselho Federal de Educação fixou o currículo básico obrigatório das disciplinas 
e cargas horárias por meio do Parecer no 19, de 21/1/1987. O Conselho Federal de 
Engenharia, Arquitetura e Agronomia (CONFEA), editou somente em 1991 a Resolução 
no 359, que dispõe sobre o exercício profissional do Engenheiro de Segurança do 
Trabalho. A Resolução estabelece, também, as atribuições doprofissional.
Recentemente, a Resolução no 1.073, de 19 de abril de 2016, regulamentou a atribuição 
de títulos, atividades, competências e campos de atuação profissionais aos profissionais 
registrados no Sistema Confea/Crea para efeito de fiscalização do exercício profissional 
no âmbito da Engenharia e da Agronomia, incluídos aí os engenheiros de segurança do 
trabalho.
O profissional de segurança do trabalho atua conforme sua formação, quer seja médico, 
técnico, enfermeiro ou engenheiro. O campo de atuação é vasto.
Em geral, o engenheiro e o técnico de segurança atuam em empresas organizando 
programas de prevenção de acidentes, orientando a CIPA e os trabalhadores quanto 
ao uso de equipamentos de proteção individual; elaborando planos de prevenção de 
riscos ambientais; fazendo inspeção de segurança, laudos técnicos e ainda organizando 
e dando palestras e treinamento. 
Os sistemas de gestão se segurança e saúde do trabalho tendem a ser organizados com 
ferramentas eficientes de gestão. Nesse sentido, recentemente foi publicada a nova 
norma internacional para Sistemas de Gestão de Segurança e Saúde Ocupacional (SSO), 
ISO/DIS 45001. Ela especifica os requisitos para estabelecer, implementar, manter 
e melhorar continuamente um sistema de gestão da SSO para qualquer organização, 
independentemente de tamanho, atividade ou localização.
Para se aprofundar nesse tema fundamental acesse <https://www.iso.org/files/
live/sites/isoorg/files/archive/pdf/en/iso_45001_briefing_note.pdf>.
Muitas vezes o profissional que faz a gestão de SSO também é responsável pela 
implementação de programas de Gestão da Qualidade (tendo como base programas de 
gestão preconizados pela NBR ISO 9001), Gestão Ambiental (analogamente à NBR ISO 
14.001) e Gestão da Responsabilidade Social (NBR 16.001 e ISO 26.000). 
São extremamente otimistas as perspectivas da expansão do campo de atuação para 
profissionais que elaborem, implementem e se responsabilizem por Sistemas de Gestão 
17
EVOLUÇÃO DA SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO │ UNIDADE I
de Segurança e Saúde do Trabalho de forma integrada com os demais sistemas de gestão 
(qualidade, meio ambiente e responsabilidade social). 
O médico e o enfermeiro do trabalho dedicam-se à parte de saúde ocupacional, prevenindo 
doenças, fazendo consultas, tratando ferimentos, ministrando vacinas, fazendo exames 
de admissão e periódicos nos empregados.
18
unidAdE ii
SEgurAnçA 
do trABAlHo – 
introdução
O trabalho é considerado, em algumas sociedades, como fonte de satisfação e de orgulho 
para o ser humano. Podemos inferir que as doenças ocupacionais e os acidentes de 
trabalho prejudicam todos os atores sociais envolvidos no processo: trabalhador, 
empregador e governo.
O trabalhador é a principal vítima do acidente do trabalho ou da doença profissional. 
Dependendo do tipo e da intensidade do acidente, o trabalhador, além dos danos 
físicos, pode perder a profissão, sua autoestima e até sua vontade de viver. A questão 
social também deve ser percebida, com a desestruturação familiar estabelecida a partir 
da morte ou de acidente que deixe sequelas irreversíveis no trabalhador.
Para Sell (2002), as empresas que sujeitam seus trabalhadores a condições de trabalho 
inadequadas, perdem em termos de qualidade, produtividade, competitividade e 
imagem perante a sociedade. Trabalhadores em más condições de trabalho não 
contribuem na melhoria de processos e produtos, reduzem sua disposição para 
o trabalho, não têm comprometimento com a empresa por não se sentirem parte 
do processo. 
Cabe ressaltar que as empresas estão sujeitas à fiscalização de organismos do 
governo, tais como Superintendências Regionais do Trabalho e Instituto Nacional da 
Seguridade Social, bem como sujeitas a demandas na Justiça do Trabalho, em termos 
de indenizações, ações cíveis e criminais. Essas ações públicas são fundamentais 
pois, senão, será somente o poder público, por meio da Previdência Social, que 
ficará responsável pelas despesas do tratamento médico-hospitalar, reabilitação 
profissional e, se for o caso, do pagamento de indenizações previstas na legislação 
previdenciária (LUCCA; FÁVERO, 1994). Segundo o INSS, as perdas por acidentes do 
trabalho e doenças ocupacionais representam 2,2% do Produto Interno Bruto (PIB), 
o que significa R$ 23,6 bilhões por ano.
Pesquise os dados de acidentes do trabalho no Brasil em: <http://www.
previdencia.gov.br/dados-abertos/aeat-2013/estatisticas-de-acidentes-
do-trabalho-2013/> ou Anuário Brasileiro de Proteção. Confira os dados 
atualizados em <http://www.protecao.com.br/conteudo/anuario_brasileiro_
de_p_r_o_t_e_c_a_o/anuario_2017/J9jjJa_JayJJ9>.
19
SEGURANÇA DO TRABALHO – INTRODUÇÃO │ UNIDADE II
Há uma “cultura do fatalismo” introjetada em boa parte das empresas brasileiras, segundo 
a qual, quando um acidente ocorre, foi devido a uma “fatalidade” de cunho imprevisível e 
sem possibilidade real de ter sido evitado. Dependendo das crenças religiosas, essa questão 
transcende e pode ser associada ao destino ou carma de cada indivíduo. Entretanto, ao se 
analisar as causas dos acidentes do trabalho ocorridos em qualquer empresa, verifica-se, 
facilmente, que a maioria poderia ter sido evitada com ações simples em três campos: 
 » manutenção adequada das instalações e equipamentos; 
 » treinamento e capacitação periódica dos empregados; 
 » controle de acesso aos locais de risco.
A ação de corrigir ou melhorar as questões de risco de um ambiente de trabalho pode 
ser definida como a busca pela “salubridade ambiental” daquele ambiente de trabalho. 
Ou seja, as iniciativas da Engenharia de Segurança destinam-se ao reconhecimento, 
avaliação, neutralização e controle dos riscos ambientais potenciais, originados ou 
existentes no ambiente de trabalho, antes que possam causar doença, comprometimento 
da saúde e do bem-estar da pessoa em seu trabalho ou são significantes para causar 
desconforto entre os membros de uma comunidade de trabalho.
Como bem afirmou Souto (1999), está na hora de corrigirmos os nossos cacoetes 
e titularmos acertadamente as ações integradas da Medicina do Trabalho e da 
Engenharia de Segurança do Trabalho, inclusive com o propósito de evitar distorções 
em sua aplicação: somos agentes que trabalham para a implantação e manutenção de 
condições de salubridade ambiental nos ambientes de trabalho.
Principais conceitos prevencionistas
É melhor prevenir do que remediar!!!!!
Saúde
É a sensação de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a 
ausência de doença ou enfermidade (OMS).
A saúde não cabe apenas ao médico, pois é um problema de todo contexto social.
A saúde é um direito do cidadão e um dever do Estado.
Saúde pública (Winslow)
É a ciência e a arte de prevenir a doença, prolongar a vida e promover saúde e 
eficiência física e mental, por meio de esforços organizados da comunidade para o 
20
UNIDADE II │ SEGURANÇA DO TRABALHO – INTRODUÇÃO
saneamento do meio, o controle das doenças infectocontagiosas, a educação do 
indivíduo em princípios de higiene pessoal, a organização dos serviços médicos e 
de enfermagem para o diagnóstico precoce e tratamento preventivo das doenças 
e o desenvolvimento da maquinaria social, de modo a assegurar a cada indivíduo 
da comunidade um padrão de vida adequado à manutenção da saúde.
Saúde ambiental (oMS, 1997)
Parte da Saúde Pública que se ocupa das formas de vida, das substâncias e das 
condições em torno do homem que podem exercer alguma influência sobre sua 
saúde e bem-estar.
Vigilância ambiental (oPAS, 1999)
Processo contínuo de coleta e análise de informações sobre saúde e ambiente, 
com o intuito de orientar a execução de ações de controle de fatores ambientais 
que ajudem na prevenção de doenças.
Salubridade ambiental 
Estado de higidez (saúde) com capacidade de:
 » inibir, prevenir ou impedir a ocorrência de endemias ou epidemias 
veiculadas pelo meio ambiente;
 » promover condições favoráveis ao pleno gozo de saúde e bem-estarda população.
Saneamento ambiental
Conjunto das ações socioeconômicas com objetivo de alcançar níveis crescentes 
de salubridade ambiental, por meio de:
 » abastecimento de água potável;
 » coleta, tratamento e disposição adequada de resíduos sólidos, líquidos 
e gasosos;
 » prevenção e controle do excesso de ruído;
 » disciplina sanitária do uso e ocupação do solo;
 » drenagem urbana;
 » controle de vetores de doenças transmissíveis.
21
CAPítulo 1
os acidentes do trabalho
A definição de acidente do trabalho adotada pela esfera legal no Brasil afirma que é 
“aquele que pode ocorrer pelo exercício do trabalho a serviço da empresa, provocando 
lesão corporal, perturbação funcional ou doença que cause morte, ou a perda, ou a 
redução permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho”. Essa definição 
não é interessante para a prevenção de acidentes e doenças do trabalho porque cria 
uma “dependência” de ocorrer um dano direto ao trabalhador, ou seja, só é considerado 
acidente do trabalho aquele que tem uma vítima com lesões. 
Nesse texto, portanto, adotaremos a definição de acidente do trabalho usualmente utilizada 
pelos profissionais da área prevencionista, que é “toda ocorrência, inesperada ou não, que 
interfere no andamento normal do trabalho e da qual resulta lesão no trabalhador e/ou 
perda de tempo e/ou danos materiais, ou os três simultaneamente”. Adotando essa postura, 
estaremos analisando todo o espectro de causas de possíveis acidentes em uma empresa 
segundo o estudo de Bird (1998), com o foco em sua prevenção, ou seja: 
 » os acidentes que tiverem vítimas (lesões sérias ou leves), 
 » acidentes que só gerem danos à propriedade, e 
 » incidentes, ou quase acidentes, que não gerem lesões nem danos, mas 
apenas perda de tempo (ou “sustos”). 
Figura 1. Pirâmide da segurança.
Fonte: Bird, 1985.
22
UNIDADE II │ SEGURANÇA DO TRABALHO – INTRODUÇÃO
Os acidentes de trabalho também podem ser classificados como típico ou de trajeto. 
O acidente típico ocorre com o colaborador durante o exercício de suas atividades 
laborais, dentro ou fora, interno ou externo ao ambiente de trabalho. Pode ocorrer 
durante uma viagem a serviço da empresa. O acidente de trajeto ocorre durante 
o trânsito do colaborador entre a casa-trabalho e trabalho-casa. O desvio do trajeto 
habitual descaracteriza o acidente de trabalho de trajeto.
Todo acidente do trabalho ou doença profissional deverá ser comunicado!
Vale ressaltar que é obrigatória a emissão da Comunicação de Acidente do Trabalho 
(CAT) relativa ao acidente ou doença profissional ocorrido com todo colaborador. 
A Lei no 8.213/1991 determina, no seu artigo 22, que todo acidente do trabalho ou 
doença profissional deverá ser comunicado pela empresa ao INSS, sob pena de multa 
em caso de omissão. A obrigatoriedade de emissão da CAT configura esforço do MTE 
em gerar estatísticas confiáveis que possam ser utilizadas no planejamento das ações 
do Ministério.
A avaliação de poucos fatores na caracterização das causas dos acidentes e doenças 
ocupacionais dificulta o entendimento de seus verdadeiros fatores determinantes. 
Para Garrigou (1999), o “gerenciamento individual” da segurança, associado a outros 
mecanismos, dificulta a compreensão do mecanismo do acidente e dificulta a implantação 
de ações de prevenção.
Uma questão fundamental é quanto à definição da culpa nos acidentes de trabalho, 
que normalmente recai sobre o trabalhador, acusando-o de cometer o famigerado 
“ato inseguro”. Essa atitude de colocar a culpa do acidente no trabalhador ainda está 
profundamente fixada na nossa cultura organizacional. Assunção e Lima (2003) 
identificam a atribuição de culpa ao trabalhador como forma mais usual de interpretação 
dos acidentes e doenças ocupacionais.
Apesar da expressão “ato inseguro” e toda a sua filosofia de direcionamento da culpa 
do acidente de trabalho para a própria vítima (o trabalhador) ter sido constantemente 
repudiada por inúmeros profissionais e entidades, principalmente a Fundacentro, 
pode-se perceber que ela ainda se faz presente no cotidiano das empresas. A própria 
legislação ainda utiliza o termo, como a Norma Regulamentadora número 1, no item 1.7:
1.7. Cabe ao empregador:
[...]
23
SEGURANÇA DO TRABALHO – INTRODUÇÃO │ UNIDADE II
b) elaborar ordens de serviço sobre segurança e medicina do trabalho, 
dando ciência aos empregados, com os seguintes objetivos:
I – prevenir atos inseguros no desempenho do trabalho;
Essa abordagem simplificada que imputa a culpa à própria vítima traz como 
consequência uma avaliação superficial das questões de segurança e saúde. É usual 
os empresários justificarem o treinamento realizado para seus empregados com o 
argumento de que o propósito é conscientizar o trabalhador para o cumprimento 
das normas de segurança, ou seja, treiná-los para que não cometam atos inseguros 
(OLIVEIRA, 1999).
Segundo Garcia (2001), esse enfoque pode ser considerado como maniqueísta, pois 
reduz uma questão complexa, que envolve a exposição a diversos riscos, a uma 
dicotomia: o problema é o “uso inadequado” e a solução é a “conscientização”, no caso 
entendida como “treinamentos”. Ao caracterizar a questão da exposição aos riscos e 
suas consequências como basicamente um “problema de educação”, reduzindo-a à não 
observação dos “cuidados” recomendados, o que é realmente efetivado é a transferência 
ao trabalhador, de praticamente toda a responsabilidade pelas consequências ocorridas 
no âmbito de suas tarefas.
A resolução dos problemas de segurança por meio da “prescrição de comportamentos 
e de procedimentos seguros” (ASSUNÇÃO; LIMA, 2003) é comum nas empresas e 
nos meios prevencionistas convencionais. A limitação da avaliação do ser humano 
e do ambiente físico e organizacional que o cerca tem como consequência uma igual 
limitação nas estratégias das ações de prevenção.
Uma última questão a ser discutida é a visão legalista da segurança e da saúde do 
trabalhador. Para Oliveira (1999) os programas de segurança e de saúde do trabalhador, 
na maioria das empresas, são concebidos e orientados normalmente para o atendimento 
à legislação que dispõe sobre a matéria. Assunção e Lima (2003) reforçam a questão 
da idolatria legal, alertando que as exigências das leis, muitas vezes, tornam-se “meros 
rituais”, e o cumprimento do estabelecido na legislação é colocado num patamar mais 
importante que a própria prática prevencionista. 
Podemos definir como causas dos acidentes do trabalho “qualquer fator que, se fosse 
removido a tempo, teria evitado o acidente”. O ambiente de trabalho, portanto, contém 
condições inadequadas para o exercício das tarefas pelos trabalhadores e, em algumas 
situações, essas condições concorrem simultaneamente para a ocorrência do acidente. 
Há diversas definições para as “condições inseguras” existentes em um ambiente 
de trabalho:
24
UNIDADE II │ SEGURANÇA DO TRABALHO – INTRODUÇÃO
 » as falhas físicas de um local de trabalho que comprometem a segurança 
do trabalhador, das instalações e/ou dos equipamentos e 
 » as irregularidades ou deficiências existentes no ambiente de trabalho que 
constituem riscos para a integridade física do trabalhador e para a sua 
saúde, bem como para os bens materiais da empresa. 
Os riscos de acidentes têm uma abrangência diversificada das situações inseguras dos 
locais de trabalho. Podemos subdividir as condições inadequadas dos ambientes de 
trabalho em quatro categorias:
1. o local de trabalho é inseguro;
2. o material a ser utilizado na tarefa é inseguro;
3. o equipamento ou ferramenta a ser utilizado na tarefa é inseguro;
4. as medidas administrativas que coordenam a atividade são inseguras.
Um local pode ser inseguro devido à existência de fontes de riscos no ambiente de 
trabalho, que geram exposição dos trabalhadores a: 
 » iluminação deficiente, 
 » ventilação deficiente, 
 » pisos escorregadios, 
 » escadas sem corrimão, 
 » arranjo físico inadequado, 
 » espaço insuficiente, 
 » ruído excessivo,» vibrações excessivas, 
 » umidade excessiva etc.
O material que será utilizado na atividade pode conter, intrínsecos, diversos graus de 
risco, como: 
 » ser inflamável, 
 » explosivo, 
 » tóxico, 
25
SEGURANÇA DO TRABALHO – INTRODUÇÃO │ UNIDADE II
 » corrosivo, 
 » defeituoso, 
 » radioativo, 
 » com superfícies em temperaturas extremas etc.
Os equipamentos e as ferramentas que serão utilizados na atividade laboral também 
podem conter diversos graus de risco, como: 
 » equipamento inadequado, 
 » com defeito, 
 » sem proteção, 
 » com proteção insuficiente, 
 » falta de equipamento de proteção individual (EPI), 
 » uso de EPI inadequado, 
 » uso de EPI defeituoso.
E, por último, as medidas administrativas que coordenam a execução das atividades 
em uma empresa também podem gerar a exposição dos trabalhadores a diversos riscos, 
devido a: 
 » falta de treinamento para a formação técnica adequada dos empregados, 
 » falta de manutenção adequada das instalações e equipamentos, 
 » processos de trabalho mal estabelecidos, 
 » atividades mal distribuídas, 
 » excesso de horas extras, 
 » processo de comunicação deficiente, 
 » falta de acompanhamento da saúde dos empregados etc.
Nesse texto adotaremos a definição de que as condições inseguras se constituem em 
fontes de riscos nos ambientes de trabalho, ou seja, riscos ambientais, os quais serão 
detalhados no próximo capítulo. Para reforçar o conceito de que a responsabilidade de 
um acidente não é exclusiva da vítima, vale verificar que não existem atos inseguros que 
não tenham sido gerados por condições inseguras anteriores.
26
UNIDADE II │ SEGURANÇA DO TRABALHO – INTRODUÇÃO
Segundo os autores que ainda utilizam o conceito de ato inseguro como causa dos 
acidentes, a definição para esses atos é: “a maneira pela qual o trabalhador se expõe, 
consciente ou inconscientemente, a riscos de acidentes”. Esses autores afirmam que 
ato inseguro é todo ato, consciente ou não, capaz de provocar dano ao trabalhador, 
a seus companheiros ou a máquinas, materiais e equipamentos, estando diretamente 
relacionado a falha humana.
Ao se analisar um acidente, antes de se imputar toda a responsabilidade ao trabalhador 
devido a seu “descuido”, “distração”, “indisciplina”, “ignorância”, “cansaço”, “hábito”, 
“preconceito”, “deficiência física” etc., deve-se verificar o que realmente ocasionou tal 
ato e, dessa forma, chegaremos a um conjunto de medidas administrativas inseguras 
que concorreram para a ocorrência do tal ato e do respectivo acidente. 
Todo ato inseguro é ocasionado por um conjunto de condições inseguras!
Alguns conceitos ligados ao equivocado 
conceito de “ato inseguro”
 » Imprudência: é a atuação intempestiva e irrefletida. Consiste em 
praticar uma ação sem as necessárias precauções, isto é, agir com 
precipitação, inconsideração ou inconstância. 
 » Imperícia: é a falta de aptidão especial, habilidade, experiência ou de 
previsão no exercício de determinada função, profissão, arte ou ofício. 
 » Negligência: é a omissão voluntária de desinência ou cuidado, falta 
ou demora no prevenir ou obstar um dano. 
 » Culpa “in vigilando”: origina da inexistência de fiscalização por parte 
do empregador sobre as atividades de seus empregados ou prepostos. 
27
CAPítulo 2
os riscos ambientais
o que é risco?
Risco é qualquer variável que pode causar danos ou lesões graves ao trabalhador, inclusive 
a morte.
O exercício da atividade laboral sob condições inseguras existentes no ambiente de 
trabalho expõe o trabalhador a riscos que podem ser classificados em cinco categorias: 
1. físicos, 
2. químicos, 
3. biológicos, 
4. ergonômicos e 
5. mecânicos (ou de acidentes). 
Essa classificação é internacional e segue a simbologia dos riscos ambientais que são 
empregadas no Mapa de Risco (NR-05 – CIPA):
 » Risco físico: cor verde.
 » Risco químico: cor vermelha.
 » Risco biológico: cor marrom.
 » Risco ergonômico: cor amarela.
 » Risco de acidentes: cor azul.
Para efeito da Norma Regulamentadora 9 (MTE), em seu item 9.1.5., consideram-se 
riscos ambientais os agentes físicos, químicos e biológicos existentes nos ambientes 
de trabalho que, em função de sua natureza, concentração ou intensidade e tempo de 
exposição, são capazes de causar danos à saúde do trabalhador. Os riscos ergonômicos 
são apresentados e discutidos na Norma Regulamentadora 17 (MTE). Os riscos 
mecânicos, entretanto, estão diluídos em diferentes normas regulamentadoras, mas 
pode-se visualizá-los com mais profundidade na Norma Regulamentadora 18 (MTE), 
que trata da construção civil.
28
UNIDADE II │ SEGURANÇA DO TRABALHO – INTRODUÇÃO
Deve-se entender que a presença dos agentes físicos, químicos e biológicos no ambiente 
pode oferecer riscos potenciais à saúde dos trabalhadores e gerar uma probabilidade de 
que eles venham a contrair uma doença. Mas para que isso aconteça, devem concorrer 
vários fatores:
 » o tempo de exposição do trabalhador;
 » a concentração ou intensidade dos agentes de risco no ambiente laboral;
 » as características do agente de risco;
 » a susceptibilidade individual.
Cada agente de risco tem, no mínimo, uma fonte geradora do risco associada. O espaço 
existente entre a fonte do risco e o trabalhador é considerado a sua “trajetória”. Qualquer 
medida planejada para controlar a exposição do trabalhador ao risco estará centrada 
em, pelo menos, um destes três focos possíveis: 
 » na fonte geradora, 
 » na trajetória, ou 
 » no trabalhador.
Conceitos ligados a riscos no trabalho
 » Segurança: “Situação que está livre de risco ou perigo”.
 » Perigo: “Estado ou situação que inspira cuidado e que pode produzir 
danos”.
 » Risco: “Possibilidade ou probabilidade de um perigo”.
lei de Murphy
<http://brasil.elpais.com/brasil/2015/06/19/ciencia/1434705663_423636.html>.
“Se algo errado tiver de acontecer, não se preocupe, acontecerá da pior maneira”
lei dinâmica de Murphy
“Algo errado, sob pressão, tende a piorar”.
Todo o programa de segurança e prevenção somente será avaliado quando 
algo falhar. Enquanto não acontecer nenhum acidente ou incidente, sempre 
vai parecer que o programa de segurança está perfeito e custando mais do 
que deveria.
29
SEGURANÇA DO TRABALHO – INTRODUÇÃO │ UNIDADE II
riscos físicos
Agentes de riscos físicos são as diversas formas de energia a que possam estar expostos os 
trabalhadores, tais como: ruído, vibrações, pressões anormais, temperaturas extremas 
e radiações ionizantes.
ruído (contínuo e de impacto)
É um fenômeno físico que indica uma mistura de sons, cujas frequências não seguem uma 
lei precisa. Alguns utilizam como sinônimo de barulho, mas esse inclui componentes 
subjetivos da percepção sonora. É o risco profissional com maior frequência de 
reclamações nos ambientes laborais. Pode causar perda auditiva, permanente ou 
temporária, e trauma acústico entre outros efeitos possíveis de alterações em quase 
todos os órgãos do organismo humano. 
O ruído de impacto é aquele que se caracteriza por ser de intensidade muito alta 
com duração muito pequena, menor que um segundo, em intervalos maiores que um 
segundo, como, por exemplo, uma martelada em superfície metálica e a operação de 
um bate-estaca. Considera-se ruído contínuo todo outro tipo de ruído que não seja 
de impacto.
Uma dica: se o ruído ambiente prejudica a conversa entre dois trabalhadores que estão 
dispostos a 1,0 metro de distância, em tom de voz normal, vale a pena solicitar uma 
avaliação com equipamentos pois essa intensidade de ruído pode ser danosa à saúde.
Vibração
É o movimento, oscilação ou balanço de objetos. Apenas uma pequena parcela das 
vibrações pode ser detectada pelos órgãos sensoriais humanos (tato e audição). 
O organismo humano está sujeito aos efeitos das vibrações quando elas apresentam 
valores específicos de amplitude e de frequência. A exposição às vibrações pode ocorrer 
de forma direta, quando há contato entre a fonte de vibração e o trabalhador (a operaçãode uma britadeira), ou de forma indireta, quando a fonte vibra as instalações físicas (o 
piso por exemplo) e esta vibração é transmitida ao trabalhador. 
As vibrações atuam em regiões diferentes do organismo em função das suas características, 
mas podem causar: 
 » enjoo ou náuseas, 
 » afundamento do tórax, 
30
UNIDADE II │ SEGURANÇA DO TRABALHO – INTRODUÇÃO
 » problemas ósteo-articulares ou angio-neurológicos (como artrose do 
cotovelo, necrose dos ossos dos dedos, deslocamentos anatômicos, 
problemas nervosos etc.).
temperaturas extremas (calor e frio)
São as condições térmicas rigorosas em que são realizadas diversas atividades profissionais, 
submetendo os colaboradores a sua ação. Deve-se conhecer a interação térmica entre 
o organismo humano e o meio ambiente de trabalho e conhecer, também, os efeitos da 
exposição a essas temperaturas para que se possa avaliar e controlar essas interações 
de forma a proteger o trabalhador de seus efeitos maléficos. Vale ressaltar que os efeitos 
da exposição a temperaturas extremas são relacionados à atividade física realizada pelo 
trabalhador, em termos de taxa de metabolismo.
Com o aumento do calor ambiental, há uma sobrecarga térmica e o organismo reage 
para promover um aumento da perda de calor por reações fisiológicas. Os principais 
mecanismos de defesa do organismo ao calor intenso são: 
 » a vasodilatação periférica que aumenta a temperatura cutânea e diminui o 
ganho de calor corporal, tanto por irradiação quanto por condução-convexão, 
e 
 » a sudorese, cuja eficiência está associada à evaporação do suor gerado. 
Trabalhadores expostos a ambientes com calor intenso sofrem de fadiga, erros de 
percepção e raciocínio e apresentam perturbações psicológicas. Entre os efeitos da 
exposição ao calor estão: 
 » a insolação, 
 » a prostração térmica ou exaustão do calor, 
 » a desidratação, 
 » as câimbras de calor e 
 » o choque térmico.
A exposição a frio intenso pode gerar consequências na saúde, no conforto e na eficiência 
do trabalhador. A baixa temperatura corporal resulta de um balanço negativo entre a 
produção (que diminui) e a perda de calor (que aumenta). Os principais mecanismos de 
defesa do organismo ao frio intenso são a vasoconstrição periférica, a diminuição gradual 
de todas as atividades fisiológicas e o tremor (cuja produção de calor é proporcional ao 
número de contrações musculares). Os efeitos dependem principalmente da temperatura 
31
SEGURANÇA DO TRABALHO – INTRODUÇÃO │ UNIDADE II
do ar, da velocidade do ar e da variação do calor radiante. Com a temperatura do corpo 
abaixo de 29º C ocorre o fenômeno da hipotermia que pode evoluir para sonolência e 
coma. A morte ocorre quando a temperatura é inferior a 28º C, por falha cardíaca.
Pressão anormal 
A exposição à pressão anormal é definida como qualquer exposição a pressões diferentes 
da pressão atmosférica a que os trabalhadores estão normalmente expostos. A pressão 
acima da atmosférica é a alta pressão, ou condição hiperbárica, a pressão abaixo da 
atmosférica é a baixa pressão, ou condição hipobárica. A exposição de trabalhadores 
à condição hiperbárica é muito mais frequente e mais danosa à saúde humana, com 
diversos estudos epidemiológicos e limites estabelecidos.
Os efeitos das pressões anormais no organismo são diversos: 
 » ruptura de tecidos (tímpano, alvéolos, vasos, pleura etc.), 
 » irritação nos pulmões, 
 » narcose pelo nitrogênio dissolvido no ar comprimido, 
 » bolhas de nitrogênio nos tecidos (dores nas juntas, suor, palidez, tontura, 
inconsciência, paralisias etc.).
radiação (ionizante e não ionizante)
As radiações são uma forma de energia que se transmite pelo espaço como ondas 
eletromagnéticas e, em alguns casos, apresenta também comportamento corpuscular. 
A absorção da radiação pelo organismo pode gerar diversas lesões e doenças. A radiação 
pode ser classificada em dois tipos, pois, ao atingir o organismo e ser absorvida, pode 
gerar dois efeitos principais: 
 » ionização, oriunda das radiações ionizantes, e 
 » excitação, proveniente das radiações não ionizantes. 
As radiações ionizantes podem ser naturais e artificiais, mas a sua classificação mais 
importante é feita em 4 tipos: 
 » alfa, 
 » beta, 
 » gama, e 
 » raios X. 
32
UNIDADE II │ SEGURANÇA DO TRABALHO – INTRODUÇÃO
Os efeitos dependem da dose da radiação recebida pelo organismo, mas podem ser 
divididos em: 
 » somáticos (agudos ou crônicos), que ocorrem no organismo atingido, 
gerando doenças e danos, não se transmitindo a seus descendentes e 
 » genéticos, que são mutações ocorridas nos cromossomos ou genes das 
células germinativas que podem gerar alterações nas gerações futuras. 
Cabe ressaltar que essa classificação é uma tentativa de ordenação de fenômenos 
muito complexos e interligados, e que essa divisão pode não ser tão clara em diversos 
casos. O órgão normalizador para o exercício das atividades envolvendo radiações 
ionizantes no Brasil é a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), com unidades 
descentralizadas no país, à qual recomendamos fortemente que seja informada e 
consultada sobre quaisquer potenciais fontes de risco de radiações ionizantes.
Os diversos tipos de radiações não ionizantes são classificados conforme o comprimento 
de onda e a frequência da radiação. Cabe ressaltar que, com poucas exceções, as radiações 
são invisíveis e dificilmente detectáveis pelos sentidos humanos. No caso dos efeitos 
térmicos provocados, a sensação de calor pode chegar tarde demais para denunciar o 
risco, portanto, é obrigatório o uso de detectores com o acompanhamento de profissionais 
qualificados. Uma classificação das radiações não ionizantes as divide em: 
 » micro-ondas, 
 » infravermelha, 
 » ultravioleta, 
 » maser. 
Existem, ainda, muitas dúvidas quanto à extensão real dos efeitos nocivos da exposição 
a essas radiações, dividindo-os em: 
 » efeitos térmicos, mais aparente, e 
 » efeitos não térmicos, geralmente relacionados ao campo elétrico e 
magnético. 
O órgão mais suscetível a um dano por efeito térmico é a lente ocular.
riscos químicos
Consideram-se agentes químicos as substâncias, compostos ou produtos que possam 
penetrar no organismo pela via respiratória, ou então aqueles que, pela natureza da 
33
SEGURANÇA DO TRABALHO – INTRODUÇÃO │ UNIDADE II
atividade de exposição, possam ter contato ou ser absorvido pelo organismo através da 
pele ou por ingestão. 
Portanto, o risco químico está associado à exposição a substâncias, compostos ou 
produtos químicos em diferentes concentrações no ambiente na forma de:
 » Gases: substâncias cujo estado natural nas CNTP (Condições Naturais e 
Temperatura e Pressão – 25° C, 1 atm) é o gasoso.
 » Vapores: substâncias cujo estado natural nas CNTP é o sólido ou 
líquido, mas que devido a uma alteração de temperatura e/ou de pressão 
se encontra no estado gasoso.
 » Poeiras: substâncias cujo estado natural nas CNTP é o sólido, em 
pequenas partículas (com diâmetros maiores que 1 mícron) resultantes 
da ruptura mecânica de sólidos, seja pelo simples manuseio, seja em 
consequência de operações de trituração, moagem, peneiramento, 
broqueamento, polimento, detonação etc. Como exemplo citamos poeiras 
de sílica, asbesto, de cereais, de carvão, de metais etc.
 » Fumos: substâncias cujo estado natural nas CNTP é o sólido, em 
partículas menores que as de poeira (diâmetros menores que 1 mícron), 
resultantes da condensação de vapores, geralmente após a volatilização 
de metais fundidos e quase sempre acompanhadas de oxidação. Ao 
contrário das poeiras, os fumos tendem a flocular. Os fumos podem 
formar-se pela volatilização de matérias orgânicas sólidas ou pela reação 
de substâncias químicas, como na combinação de ácido clorídrico e 
amoníaco.
 » Neblinas: substâncias cujo estado natural nas CNTP é o líquido, em 
pequenas partículas suspensas resultantes da ruptura mecânica de 
líquidos.
 » Névoas: substâncias cujo estado natural nas CNTP é o líquido, em 
partículasmenores que as de neblinas (diâmetros entre 0,1 e 100 
micra), resultantes da condensação de vapores sobre certos núcleos, 
ou ocorrências como a nebulização, borbulhento, respingo etc. Como 
exemplo podemos citar: névoas de ácido crômio, de ácido sulfúrico e de 
tintas pulverizadas.
 » Aerodispersoides: conjunto de substâncias que estão dispersas no ar 
na forma sólida, líquida ou gasosa.
34
UNIDADE II │ SEGURANÇA DO TRABALHO – INTRODUÇÃO
Os danos à saúde provenientes da exposição a agentes de risco químico podem ser 
classificados em, oito categorias: 
 » irritantes, 
 » asfixiantes (simples e químicos), 
 » anestésicos (narcóticos), 
 » tóxicos sistêmicos, 
 » material particulado não tóxicos sistêmicos, 
 » genotóxicos e mutagênicos, 
 » carcinógenos, e 
 » embriotóxicose teratógenos.
O tipo de ação fisiológica de um agente tóxico sobre o organismo depende da concentração 
na qual está presente. Por exemplo, um vapor, numa determinada concentração, pode 
exercer sua principal ação como anestésico, enquanto que uma menor concentração 
do mesmo vapor pode, sem efeito anestésico, danificar o sistema nervoso, o sistema 
hematopoético, ou algum órgão visceral. Por esse motivo, é impossível, frequentemente, 
colocar-se um agente tóxico numa única classe.
irritantes
Substâncias que produzem inflamação nos tecidos vivos, quando entram em contato 
direto são corrosivos vesicantes em sua ação. Têm essencialmente o mesmo efeito 
sobre homens e animais, e o fator concentração é mais importante que o fator tempo 
de exposição. Os irritantes primários concentram a sua ação irritante (amônia, cloro, 
ozônio, gases lacrimogênios etc.) enquanto os secundários possuem o efeito irritante e 
têm uma ação tóxica generalizada sobre o organismo (gás sulfídrico).
Asfixiantes
Exercem sua ação interferindo com a oxidação dos tecidos. Podem ser divididos em 
simples e químicos. Os simples são gases inertes que agem por diluição do oxigênio 
atmosférico: dióxido de carbono, etano, hélio, hidrogênio, metano, nitrogênio, óxido 
nitroso. Os químicos impedem o transporte de oxigênio pelo sangue: monóxido de 
carbono, cianogênio, cianeto de hidrogênio, nitrobenzeno, sulfeto de hidrogênio.
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SEGURANÇA DO TRABALHO – INTRODUÇÃO │ UNIDADE II
Anestésicos (narcóticos)
Sua principal ação é a anestésica, sem sérios efeitos sistêmicos, tendo ação sobre o 
SNC (sistema nervoso central). Alguns passam para a corrente sanguínea e, daí, para os 
demais órgãos. Podem penetrar pela pele. São exemplos de anestésicos: hidrocarbonetos 
acetilênicos, hidrocarbonetos oleofínicos, éter etílico, hidrocarbonetos parafínicos, 
cetonas alifáticas, álcoois alifáticos.
tóxicos Sistêmicos
Incluem: 
 » materiais que causam danos a um ou mais órgãos viscerais: a maioria dos 
hidrocarbonetoshalogenados; 
 » materiais que causam danos ao sistema hematopoético: benzeno, fenóis 
e em certo grau, otolueno, xilol e naftaleno; 
 » materiais que causam danos ao sistema nervoso: dissulfeto de carbono, 
álcool metílico, tiofeno; 
 » não metais tóxicos inorgânicos: compostos de arsênio, fósforo, selênio, 
enxofre e fluoretos.
Material particulado não tóxico sistêmico
Produzem doenças em local específico do organismo, como:
 » poeiras que produzem fibrose: sílica, asbesto; 
 » poeiras inertes: carborundo, carvão; e 
 » poeiras que causam reações alérgicas: pólen, madeira, resinas e outras 
poeiras orgânicas. 
Existem substâncias que causam dano unicamente aos pulmões, incluindo aquelas que 
não causam nenhum tipo de ação irritante, tais como poeiras de asbesto, causadoras 
da fibrose. As poeiras que fazem parte desse grupo podem se tornar mais nocivas se 
contaminadas com bactérias ou fungos alergênicos, microtoxinas ou pólens.
Agentes genotóxicos e mutagênicos
São substâncias que podem causar dano material genético e podem, também, ser 
mutagênicas. Os mutagênicos podem causar mutações. Uma mutação é considerada 
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UNIDADE II │ SEGURANÇA DO TRABALHO – INTRODUÇÃO
como sendo qualquer modificação relativamente estável no material genético, DNA 
(ácido desoxirribonucleico). Muitas das substâncias mutagênicas também podem dar 
origem ao câncer (carcinógenos).
Carcinógenos
São substâncias que podem produzir câncer, que é uma doença resultante do 
desenvolvimento de um tumor maligno e de sua invasão em tecidos vizinhos. Um tumor 
(neoplasma) caracteriza-se pelo crescimento do tecido, formando um grupo de células 
anormais no organismo. Um tumor maligno é composto de células que se dividem e 
se dispersam através do organismo. Um tumor benigno é aquele localizado e que não 
invade os tecidos vizinhos nem produz câncer.
Agente embriotóxicos e teratógenos
São substâncias capazes de induzir efeitos adversos na progênie durante o primeiro 
estágio da gravidez, ou seja, entre a concepção e a fase fetal. Os teratógenos são 
substâncias que, em doses que não apresentem toxicidade materna, podem causar danos 
não hereditários na progênie. Esses danos podem levar ao aborto. Após o nascimento, 
esses danos são denominados de más formações congênitas.
riscos biológicos
Consideram-se agentes biológicos: as bactérias, fungos, bacilos, parasitas, protozoários, 
vírus, entre outros. Entretanto, devido à dificuldade de monitoramento e de avaliação, 
dificilmente se foca o trabalho de prevenção nos agentes, mas nas atividades que 
potencialmente expõem os trabalhadores à ação nociva de micro-organismos. 
Portanto, o risco biológico está associado à exposição a locais, substâncias compostos 
ou produtos com a presença de micro-organismos patogênicos em geral. Geralmente, o 
senso comum associa o risco biológico a três situações: 
 » o contato com pacientes e/ou ambientes com doenças contagiosas, 
 » a presença de esgotos sanitários, e 
 » o contato com lixo. 
Entretanto, exceto na primeira situação, na qual o risco é real e deve ser evitado, o risco 
biológico na segunda e terceira só é evidente para os profissionais que trabalham em 
alguma etapa dos sistemas de esgotamento sanitário e dos serviços de limpeza urbana, 
conforme será detalhado na unidade 2. 
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SEGURANÇA DO TRABALHO – INTRODUÇÃO │ UNIDADE II
A existência de sanitários e áreas de disposição temporária dos resíduos sólidos não 
representa, por si só, riscos de contaminação biológica. Na maioria das situações, a 
concorrência de três fatores simples podem conferir a esses locais condições satisfatórias 
de salubridade ambiental: 
 » a manutenção e a limpeza adequadas desses locais, 
 » a possibilidade de exposição desses locais à iluminação natural (o sol é um 
dos melhores bactericidas que existem devido à ação dos raios UVA), e 
 » a existência de mecanismos de ventilação natural.
As exposições ocupacionais a materiais biológicos potencialmente contaminados 
representam um sério risco aos profissionais da área da saúde. Os ferimentos com 
agulhas e materiais perfurocortantes, em geral, são considerados extremamente 
perigosos por serem potencialmente capazes de transmitir mais de vinte tipos de 
patógenos diferentes, sendo os vírus da imunodeficiência humana (HIV), da Hepatite B 
e da Hepatite C os agentes infecciosos mais comumente envolvidos.
Segundo a Resolução no 5/1993 do CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) 
infectantes perfurocortantes são seringas, agulhas, escalpes, ampolas, vidros de um 
modo em geral ou, qualquer material pontiagudo ou que contenham fios de corte 
capazes de causar perfurações ou cortes. Segundo a mesma Resolução, infectantes não 
perfurocortantes são os materiais que contenham sangue ou fluidos corpóreos. No caso 
das farmácias e drogarias, são os algodões com sangue.
O risco de trabalhadores da área da saúde adquirir patógenos veiculados pelo sangue já 
está bem documentado. Os acidentes com perfurocortantes persistem como principal 
forma de transmissão de patógenos veiculados pelo sangue aos profissionais de saúde, 
contaminando acima de 25% dos acidentados com portadores do antígeno da hepatite 
B. Geralmente, os trabalhadoresde enfermagem são os mais atingidos pelos acidentes 
ocupacionais envolvendo material perfurocortante infectante. Os acidentes na área de 
saúde geralmente ocorrem em três situações: 
 » durante a limpeza, 
 » autoinoculação durante o trabalho ou 
 » inoculação por outro profissional.
O sangue, qualquer fluido orgânico contendo sangue, secreção vaginal, sêmen e 
tecidos, são materiais biológicos envolvidos na transmissão do vírus HIV. Os líquidos 
de serosas (peritoneal, pleural, pericárdico), líquido amniótico, liquor, líquido articular 
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UNIDADE II │ SEGURANÇA DO TRABALHO – INTRODUÇÃO
e saliva (em ambientes odontológicos), são materiais de risco indeterminado para a 
transmissão do vírus. Exposições a esses e outros materiais potencialmente infectantes 
que não o sangue ou material biológico contaminado com sangue devem ser avaliadas 
de forma individual. Em geral, esses materiais são considerados como de baixo risco 
para transmissão ocupacional do HIV.
Cabe esclarecer que a exposição a agentes biológicos ocorre em número muito mais 
expressivo em ambientes que utilizam sistemas de condicionamento de ar, naquilo que 
a Organização Mundial de Saúde (OMS) define com Síndrome do Edifício Doente (SED). 
A Síndrome do Edifício Doente refere-se à relação entre causa e efeito das condições 
ambientais observadas em áreas internas, com reduzida renovação de ar, e os vários 
níveis de agressão à saúde de seus ocupantes por meio de fontes poluentes de origem 
física, química e/ou microbiológica.
Um edifício pode ser considerado “doente” quando cerca de 20% de seus ocupantes 
apresentam sintomas transitórios associados ao tempo de permanência em seu interior, 
que tendem a desaparecer após curtos períodos de afastamento. Em alguns casos, a 
simples saída do local já é suficiente para que os sintomas desapareçam. Os principais 
sintomas relacionados a SED são: 
 » irritação dos olhos, nariz, pele e garganta, 
 » dores de cabeça, 
 » fadiga, 
 » falta de concentração, e 
 » náuseas.
Outros fatores associados à Síndrome do Edifício Doente são a elevação da taxa de 
absenteísmo e a redução na produtividade e na qualidade de vida do trabalhador. 
Dessa forma, a qualidade do ar de ambientes interiores assumiu importante papel 
não só em questões relativas à Saúde Pública, como também, no que diz respeito à 
Saúde Ocupacional.
No Brasil, em 1998, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), órgão 
regulamentador do sistema de saúde, publicou a Portaria no 3.523, estabelecendo, 
para todos os ambientes climatizados artificialmente de uso público e coletivo, a 
obrigatoriedade de elaborar e manter um plano de manutenção, operação e controle 
dos sistemas de condicionamento de ar (PMOC).O PMOC estabelece, no mínimo, 
uma limpeza anual de todo o sistema e uma consequente avaliação da qualidade do 
ar no ambiente.
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SEGURANÇA DO TRABALHO – INTRODUÇÃO │ UNIDADE II
Em 2000, a Anvisa publicou a Resolução no 176, contendo parâmetros biológicos, químicos 
e físicos por meio dos quais é possível avaliar a qualidade do ar interior. Atualmente, a 
Anvisa trabalha na definição de critérios para ambientes climatizados com fins especiais, 
como as salas de cirurgia e unidades de tratamento intensivo de hospitais, onde o risco de 
contaminação pode ser fatal para pessoas com organismo debilitado.
Os danos à saúde provenientes da exposição a agentes de risco biológico podem ser 
de diferentes classes, dependendo de quais são os micro-organismos presentes no 
ambiente. Tanto para os agentes de riscos químicos quanto para os agentes de riscos 
biológicos, há três formas de penetração no corpo humano: 
 » absorção, 
 » inalação, e 
 » ingestão. 
Da mesma forma que os agentes físicos e químicos, a melhor atuação para a prevenção 
sempre é, prioritariamente, na fonte e/ou na trajetória, no sentido de se evitar que o 
risco chegue ao trabalhador, situação que impõe o uso de equipamentos de proteção 
individual (EPI), cuja eficiência e eficácia são, via de regra, discutíveis.
Absorção
O contaminante, ao entrar em contato com a pele, órgão de maior superfície do corpo 
humano, pode ser absorvido, causando diversas formas de alergias, ulcerações, dermatoses 
e outras doenças ocupacionais que atingem esse tecido.
inalação
O trato respiratório é a via mais importante pela qual os agentes biológicos e químicos 
entram no organismo. A grande maioria das intoxicações ocupacionais que afetam a 
estrutura interna do corpo é ocasionada por se respirar substâncias contidas no ar. Essas 
substâncias podem ficar retidas nos pulmões ou outras partes do trato respiratório e 
podem afetar esse sistema, ou passar através dos pulmões a outras partes do organismo, 
levadas pelas células fagocitárias.
A relativamente enorme superfície do pulmão (90 m2 de superfície total e 70 m2 de 
superfície alveolar), em conjunto com a superfície capilar (140 m2), com seu fluxo 
sanguíneo contínuo, exerce uma ação extraordinária de absorção de determinadas 
substâncias presentes no ar inspirado. 
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UNIDADE II │ SEGURANÇA DO TRABALHO – INTRODUÇÃO
ingestão
A intoxicação por essa via é mais comum para os agentes biológicos e menos comum 
para os químicos. A frequência e o grau de contato com os agentes tóxicos depositados 
nas mãos, alimentos e cigarros é muito menor que na inalação, por isso, somente 
substâncias altamente tóxicas como o chumbo, o arsênico e o mercúrio podem causar 
preocupações nesse sentido. Cabe ressaltar que a porção que se deposita na parte 
superior do trato respiratório é arrastada para cima pela ação ciliar, e é posteriormente 
engolida, ingressando no organismo. 
O trato gastrointestinal pode ser visto como um tubo que atravessa o corpo, começando 
na boca e terminando no ânus. Apesar de estarem dentro do organismo, seus conteúdos 
estão essencialmente externos aos fluídos do corpo (sangue e linfa). Por isso, os agentes 
tóxicos no trato gastrointestinal podem produzir um efeito na superfície da mucosa que 
o reveste, sendo absorvidos pela mucosa do trato gastrointestinal. 
A absorção de um tóxico pelo sangue através do trato gastrointestinal é baixa. Os alimentos 
e líquidos misturados com o tóxico contribuem para diluí-lo e reduzem a sua absorção, 
devido à formação de material insolúvel. O intestino possui certa seletividade que tende 
a impedir a assimilação de substâncias, ou limitar a quantidade absorvida. Depois de 
ser absorvido pela corrente sanguínea, o material tóxico vai diretamente ao fígado, que, 
metabolicamente, altera, degrada e torna inócua a maior parte das substâncias.
riscos ergonômicos
A ergonomia é a ciência que estuda a relação entre o homem e o seu ambiente de trabalho, 
visando ao conforto. Segundo a Associação Internacional de Ergonomia (International 
Ergonomics Association – IEA, 2000) ergonomia é “a disciplina científica relacionada 
ao entendimento das interações entre seres humanos e outros elementos de um sistema, 
e também é a profissão que aplica teoria, princípios, dados e métodos para projetar a fim 
de otimizar o bem-estar humano e o desempenho geral de um sistema”. A Associação 
Internacional de Ergonomia divide a ergonomia em três domínios de especialização, 
são eles: 
 » ergonomia física, 
 » ergonomia cognitiva e 
 » ergonomia organizacional.
A Ergonomia Física lida com as respostas do corpo humano à carga física e psicológica. 
Tópicos relevantes incluem manipulação de materiais (peso), arranjo físico de estações 
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SEGURANÇA DO TRABALHO – INTRODUÇÃO │ UNIDADE II
de trabalho, demandas do trabalho e fatores tais como repetição, vibração, força e postura 
estática, relacionada com lesões musculoesqueléticas (lesão por esforço repetitivo).
A Ergonomia Cognitiva, também conhecida engenharia psicológica, refere-se 
aos processos mentais, tais como percepção, atenção, cognição, controle motor e 
armazenamento e recuperação de memória, como eles afetam as interações entre 
seres humanos e outros elementos de um sistema. Tópicos relevantes incluemcarga 
mental de trabalho, vigilância, tomada de decisão, desempenho de habilidades, erro 
humano, interação humano-computador e treinamento.
A Ergonomia Organizacional, ou macroergonomia, está relacionada com a otimização 
dos sistemas sócio-técnicos, incluindo sua estrutura organizacional, políticas e 
processos. Tópicos relevantes incluem trabalho em turnos, programação de trabalho, 
satisfação no trabalho, teoria motivacional, supervisão, trabalho em equipe, trabalho a 
distância e ética.
A ergonomia pode ser também considerada como o estudo dos aspectos do trabalho e 
sua relação com o conforto e bem-estar do trabalhador. Está mais ligada às posturas, 
movimentos e ritmos determinados pela atividade e conteúdo dessa atividade, nos seus 
aspectos físicos e mentais. 
A ergonomia intervém, analisando o trabalho, as posturas adotadas pelo trabalhador, 
sua movimentação e seu ritmo, que de modo geral são determinados por outros fatores 
organizacionais. O objetivo principal da ergonomia é dar condições de trabalho para 
que haja maior conforto e bem-estar do operador a partir da análise da atividade. As 
melhorias ergonômicas se referem a vários aspectos do trabalho, tais como: 
 » cadeiras, mesas, bancadas; 
 » o planejamento e localização de dispositivos e materiais de trabalho; 
 » a quantidade, qualidade e localização da iluminação; 
 » indicações sobre melhorias na organização da atividade, incluindo o 
planejamento de novos dispositivos de trabalho ou modificação nos 
existentes e 
 » alteração no ritmo de sequenciamento de várias tarefas desempenhadas 
pelo operador.
Entre os danos causados pela exposição aos riscos ergonômicos merecem destaque as 
DORT (distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho, que englobam as lesões 
por esforços repetitivos, a LER). As DORT abrangem diversas patologias, sendo as mais 
conhecidas a tenossinovite, a tendinite e a bursite.
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UNIDADE II │ SEGURANÇA DO TRABALHO – INTRODUÇÃO
Há muitas definições para as DORT. Porém, o conceito básico é o de alterações e 
sintomas de diversos níveis de intensidade nas estruturas osteomusculares (tendões, 
sinóvias, articulações, nervos, músculos), além de alteração do sistema modulador da 
dor. Esse quadro clínico é decorrente do excesso de uso do sistema osteomuscular no 
trabalho. Apenas um fator isolado não é determinante para a ocorrência de DORT, mas 
sim uma combinação deles associados à sua frequência, intensidade e duração.
Postura 
As posturas fixas são um fator de risco, principalmente em trabalhos sedentários. 
No entanto, trabalhos mais dinâmicos, com posturas extremas de tronco como, por 
exemplo, abaixar-se e virar-se de lado, também são identificados como fatores de risco. 
As más posturas de extremidades superiores também se constituem como fatores de 
risco, tais como: desvios dos punhos, braços torcidos e elevação do ombro. Todos esses 
desvios são influenciados por uma série de fatores ocupacionais e individuais, incluindo 
a característica do mobiliário e do posto de trabalho.
Movimento e força 
Esses dois fatores estão correlacionados ao aparecimento de DORT nas mãos e punhos. 
A combinação de forças elevadas e alta repetitividade aumenta a magnitude da lesão 
mais do que qualquer uma delas isoladamente. Movimentos repetidos podem danificar 
diretamente os tendões devido ao frequente alongamento e flexão dos músculos. A força 
exercida durante a realização dos movimentos é outro determinante das lesões, como 
por exemplo, no levantamento, carregamento e utilização de ferramentas pesadas; a força 
necessária para cortar objetos muito duros, a utilização de parafusadeiras e furadeiras.
Conteúdo de trabalho e fatores psicológicos
A relação entre trabalho e a saúde é afetada pela organização do trabalho e fatores 
psicológicos relacionados ao trabalho, podendo contribuir para o aparecimento de 
disfunções musculoesqueléticas. É possível estabelecer a relação entre o trabalho, o 
estresse e o sistema musculoesquelético.
Características individuais
O tipo de musculatura e as características individuais parecem manter uma relação com 
a incidência dos problemas. Portanto, as mulheres parecem ser mais suscetíveis que os 
homens aos problemas derivados da exposição a riscos ergonômicos. A distribuição de 
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SEGURANÇA DO TRABALHO – INTRODUÇÃO │ UNIDADE II
tarefas por sexo e, consequentemente, a carga do trabalho, determinam o aparecimento 
de problemas e estão intimamente ligados às características individuais.
riscos mecânicos ou riscos de acidentes
Os tipos de acidentes mais comuns que ocorrem na realização do trabalho são: 
 » queda, 
 » choque elétrico, 
 » soterramento, 
 » choque mecânico, 
 » cortes e perfurações, 
 » queimaduras, 
 » animais peçonhentos, 
 » acidentes de trânsito, 
 » incêndio e explosão. 
Os riscos de acidentes se caracterizam pela possibilidade de lesão imediata ao trabalhador 
exposto. A pior exposição a risco de acidentes ocorre quando ele estiver em situação de 
risco grave (passível de causar lesão grave, incapacitante ou fatal) e iminente (passível 
de atingir o trabalhador a qualquer momento).
quedas
As quedas podem ocorrer em mesmo nível ou em níveis diferentes. As quedas em mesmo 
nível ocorrem, geralmente, por imperfeições ou irregularidades nos pisos, ou pela 
existência de materiais que os tornam escorregadios. As quedas em níveis diferentes 
são consideradas aquelas ocorridas partir de dois metros de altura, e são, ainda hoje, a 
principal causa dos acidentes fatais no Brasil. As quedas de níveis diferentes ocorrem 
pela falta de proteções coletivas (guarda-corpos, barreiras etc.) somada à ausência de 
equipamentos de proteção individual (cinto tipo paraquedista).
Choque elétrico
O choque elétrico é a reação do organismo à passagem da corrente elétrica e pode 
ocorrer pelo manuseio de máquinas e equipamentos ou pelo contato com instalações 
energizadas. Os choques são a segunda maior causa dos acidentes fatais no Brasil. 
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UNIDADE II │ SEGURANÇA DO TRABALHO – INTRODUÇÃO
Os riscos de acidentes dos empregados que trabalham com eletricidade, em qualquer 
das etapas de geração, transmissão, distribuição e consumo de energia elétrica, constam 
da Norma Regulamentadora 10 (MTE). 
Os efeitos do choque elétrico sobre o organismo humano podem ser: 
 » tetanização dos músculos, na qual a corrente elétrica se sobrepõe aos 
estímulos cerebrais, e a vítima perde o controle sobre esses músculos que 
terão uma contração enquanto o choque continuar; 
 » parada respiratória, consequente da tetanização dos músculos responsáveis 
pela respiração, 
 » queimaduras, com tendência a serem profundas e de difícil cicatrização, e 
 » fibrilação ventricular, que é um tipo de arritmia cardíaca, a qual acontece 
quando não existe sincronicidade na contração das fibras musculares 
cardíacas (miocárdio) dos ventrículos. Dessa maneira não existe uma 
contração efetiva, levando a uma consequente parada cardiorrespiratória 
e circulatória. 
Soterramento
O soterramento ocorre quando uma grande quantidade de material cobre um trabalhador 
e é a terceira maior causa dos acidentes fatais no Brasil. Geralmente, o senso comum 
leva a crer que os soterramentos só ocorrem em grandes profundidades, entretanto, 
eles são muito mais comuns na escavação de valas e nos trabalhos realizados próximos 
a taludes instáveis. Com o deslizamento dos materiais, o trabalhador cai, com o seu 
corpo saindo da posição vertical para a posição horizontal, e sua cabeça passa de uma 
altura de 1,5 m para 0,30 m, possibilitando a sua cobertura por completo. 
Choque mecânico
O choque mecânico ocorre devido a batidas do trabalhador: 
 » contra objetos fixos, 
 » ocorridas por objetos em movimento, 
 » pela queda de objetos de níveis mais altos. 
O transporte de materiais com comprimento elevado e os locais com pé-direito baixo 
estão entre as principais causas das batidas. As quedas de objeto só ocorrem com a 
concorrência de dos fatores: 
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SEGURANÇA DO TRABALHO

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