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ABDOME AGUDO

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ABDOME AGUDO 
• Abdome agudo é definido como toda condição 
dolorosa de início súbito ou de evolução 
progressiva, localizada no abdome, que requer 
decisão terapêutica rápida, preferencialmente após 
definição diagnóstica; 
• O termo abdome agudo refere-se a uma condição 
intra-abdominal cuja principal característica é uma 
dor severa, de início súbito ou progressiva, que 
requer diagnóstico e intervenção precoce; 
AVALIAÇÃO CLÍNICA 
• Ao se conduzir a anamnese, deve-se ter o cuidado 
de não induzir as respostas (primeiro ouvir, depois 
perguntar); 
• Elementos como idade, sexo, raça, profissão, 
naturalidade, procedência e condição social podem 
nos dar muitas informações; 
o A neoplasia do cólon e a doença 
diverticular, por exemplo, aumentam de 
frequência com a idade, já a apendicite 
predomina na adolescência e no adulto 
jovem, sendo mais comum em brancos que 
em negros; 
o Gestação tubária e doença inflamatória 
pélvica (DIP) são específicas do sexo 
feminino e a úlcera perfurada é bem mais 
frequente no sexo masculino; 
o A cólica saturnina é característica do 
profissional que trabalha com chumbo, e 
algumas doenças têm distribuição 
geográfica própria como a doença de 
Chagas e a hidatidose; 
o Condições precárias de vida são 
responsáveis por altos índices de 
parasitoses, promiscuidade sexual e 
criminalidade, fatores diretamente 
responsáveis pelos mais variados tipos de 
abdome agudo; 
• A avaliação da atitude e da fácies do paciente pode 
oferecer importantes informações: o indivíduo com 
cólica encontra-se agitado, impaciente, 
contorcendo-se no leito; por outro lado, os 
portadores de irritação peritoneal apresentam-se 
imóveis, assumindo posições antálgicas, 
procurando proteger o abdome; 
• Palidez cutânea e sudorese se relacionam com 
hemorragia aguda, e rubor facial pode estar presente 
na síndrome inflamatória; 
 
DOR ABDOMINAL 
• A dor representa o melhor elemento para 
caracterizar ou mesmo para tentar definir o abdome 
agudo, fato que justifica o aforismo: não existe 
abdome agudo sem dor; 
Fisiopatologia: 
• Os nociceptores têm a função de receber os 
estímulos dolorosos que serão conduzidos pelas 
fibras nervosas até o cérebro, dando uma 
informação de dano ou lesão com a finalidade de 
proteção e manutenção da integridade do 
organismo; 
• Peritônio visceral e os órgãos abdominais 
revestidos por ele: são inervados por fibras tipo C, 
não mielinizadas - sensíveis a distensão, isquemia, 
tração, compressão e torção e conduzem uma dor 
difusa, de início lento e duração longa, com um 
componente emocional marcante e capaz de 
produzir manifestações sistêmicas, tais como 
náuseas, sudorese, diminuição da pressão arterial e 
da frequência cardíaca. Esta dor é percebida na 
projeção da linha mediana e recebe o nome de dor 
visceral; 
• Peritônio parietal e a raiz do mesentério: 
apresentam maior quantidade de nociceptores e são 
inervados por fibras tipo A delta, mielinizadas, que 
conduzem o estímulo doloroso a uma velocidade de 
12 a 30 m/s (via da dor rápida-aguda); 
o Essas terminações nervosas são 
estimuladas por diversos agentes irritantes 
(conteúdo gastrintestinal, urina, bile, suco 
pancreático, sangue, pus) e por substâncias 
(bradicinina, serotonina, histarnina, 
prostaglandina e enzimas proteolíticas) e 
conduzem a uma dor aguda, bem 
localizada, de curta duração e com 
componente emocional fraco; 
Vômito: 
• Apendicite e colecistite agudas típicas: o vômito 
surge após o início da dor; 
• Pancreatite aguda: o vômito é frequente, intenso e 
persistente, surgindo com o início da dor; 
abdome agudo 
• Obstrução aguda do ureter e do colédoco: o 
vômito surge simultaneamente à dor e também é 
frequente; 
• Obstrução intestinal: ele está presente e será tão 
mais tardio quanto mais distal for o local da 
obstrução; 
Febre: 
• Uma temperatura axilar superior a 37,5°C pode 
estar presente em quase todos os quadros 
abdominais agudos; porém, a ausência de febre não 
descarta o diagnóstico de abdome agudo, 
principalmente em idosos e imunocomprometidos; 
• O relato de calafrio pode significar bacteriemia, 
achado comum nos quadros de colangite e de 
peritonite; 
Anorexia: 
• Anorexia precedendo o início da dor é comum; 
• Anorexia precedendo o início do quadro em dias ou 
meses sugere doença maligna; 
Função intestinal: 
• Interrogar sobre a presença de constipação 
intestinal, diarreia, melena e enterorragia; 
• Longo período de constipação intestinal: achado 
frequente na obstrução por fecaloma; 
• Tríade da obstrução intestinal: constipação 
intestinal com parada completa da eliminação de 
gases e fezes + dor abdominal em cólica + vômito; 
• Diarreia: frequente no abdome agudo inflamatório 
- apendicite, abscessos paracecais e DIP; 
• Eliminação de sangue: misturado ou não nas fezes, 
pode estar presente em quadros de invaginação 
intestinal e na neoplasia de cólon; 
Ciclo menstrual: 
• Nas mulheres em fase reprodutiva, interrogar sobre 
irregularidades nos três últimos ciclos, data da 
última menstruação, presença de dispareunia, 
características do corrimento vaginal, contato 
sexual e sangramentos, diferenciando se o sangue é 
coagulável, ou não - gravidez ectópica, ovulação 
dolorosa, endometriose e anexites agudas são causa 
de abdome agudo; 
Micção: 
• Investigar a presença de transtorno da micção - 
algúria, disúria, polaciúria e retenção urinária, bem 
como alteração no aspecto da urina; 
o Afecções dos órgãos urogenitais podem ser 
causa de abdome agudo - cólica nefrética, 
pielonefrite aguda, cistite e retenção 
urinária aguda; 
• Esses mesmos sintomas podem estar presentes em 
outras doenças inflamatórias: apendicite aguda, 
diverticulite sigmoideana e as anexites; 
Exame físico: 
• O exame fisico é dinâmico e se inicia com a 
inspeção geral e a ectoscopia. Deve-se observar, 
mais uma vez, a fácies, modo de andar, decúbito 
preferencial, o tipo de respiração e as atitudes do 
paciente; 
Ectoscopia: 
• Mucosas hipocoradas: sinal de perda sanguínea; 
• Mucosas secas e olhos encovados: indicativos de 
desidratação; 
• Icterícia: colestase; 
• Presença de manchas na gengiva: sinal de 
intoxicação por chumbo; 
• Na pele, procurar púrpuras: 
o Nos flancos: sinal de Gray-Turner; 
o Na região periumbilical: sinal de Cullen; 
▪ Sugerem pancreatite aguda grave; 
• Ingurgitamento venoso cervical: insuficiência 
cardíaca congestiva ou pneumotórax espontâneo, 
capazes de causar dor relatada no abdome superior; 
Mensuração dos dados vitais: 
• Temperatura discretamente elevada: vista na 
fase inicial do abdome agudo inflamatório, 
perfurativo e hemorrágico; 
• Dor abdominal é precedida de temperatura 
muito elevada: processo infeccioso renal ou 
pulmonar; 
• Pressão arterial: 
o Pulso arrítmico secundário à fibrilação 
atrial: foco de êmbolos para a artéria 
mesentérica; 
o Respiração superficial: irritação 
peritoneal; 
o Ausculta: alterações do murmúrio 
vesicular e/ou a presença de ruídos 
adventícios - diagnóstico de doenças como 
a pneumonia e o pneumotórax; 
Inspeção: 
• Avaliar a forma do abdome e a presença de 
distensões localizadas: 
o Distensões assimétricas: causadas 
tumores e torção do sigmóide; 
o Distensão infraumbilical: pode sugerir 
aumento vesical ou uterino; 
o Distensão supraumbilical: obstrução do 
delgado superior; 
• Peristaltismo visível: indicativo de obstrução; 
• Pontos de fragilidade da parede abdominal: 
indicativo de hérnias; 
• Presença de cicatriz cirúrgica: possibilidade de 
aderências ou suspeitar de algum evento 
relacionado com a cirurgia prévia; 
Ausculta abdominal: 
• Recomenda-se sua realização por tempo mínimo de 
3 min; 
• Peristaltismo aumentado: quadros iniciais de 
obstrução intestinal mecânica e hemorragia 
digestiva; 
• Peristaltismo reduzido ou abolido: quadros de 
hemoperitônio, íleo reflexo e abdome agudoinflamatório; 
• Silêncio abdominal em paciente que evoluía com 
peristaltismo de luta e suspeita de obstrução 
intestinal vai apontar para sofrimento de alça; 
Percussão abdominal: 
• Timpanismo sobre a área hepática – sinal de 
Jobert: sugestivo de pneumoperitônio; 
o Presença de macicez móvel é sugestiva de 
ascite; 
• Punho-percussão lombar - sinal de Giordano: 
sugere processo inflamatório retroperitoneal -
pielonefrite; 
Palpação abdominal: 
• Realizada com o paciente deitado 
confortavelmente, em decúbito dorsal, solicitando 
sua cooperação para relaxar, ao máximo, a parede 
abdominal; 
• Sinal do obturador: rotação interna da coxa 
previamente fletida até o seu limite externo, 
determinando dor referida no hipogástrio - foco 
inflamatório pélvico (apendicite pélvica e 
pelviperitonite); 
• Sinal do psoas direito: paciente em decúbito lateral 
esquerdo (e vice-versa) e realiza-se a hiperextensão 
da coxa - dor intensa nos casos de afecções 
retroperitoneais, como apendicite retrocecal e 
abscesso perinefrético; 
• Manobra de Blumberg: utilizada para avaliar 
irritação peritoneal de qualquer origem; consiste em 
comprimir a parede abdominal até o máximo 
tolerado, descomprimindo-a rapidamente; 
• Sinal de Rovsing: dor no quadrante inferior direito 
quando palpamos o quadrante inferior esquerdo, 
devido ao deslocamento de gases retrogradamente 
em direção ao ceco, que, distendido, provoca dor; 
• Sinal de Murphy: palpação do ponto cístico de 
pacientes com colecistite; 
• Nos pacientes acima de 50 anos, a palpação é 
importante método para o diagnóstico de 
aneurisma; 
 
• Exame do períneo: presença de fístulas em 
pacientes com doença de Crohn; 
• Exame da bolsa escrotal: orquite ou epididimite, 
possíveis causadores de dor pélvica; 
• Toques retal e vaginal: irritação peritoneal na 
pelve, presença de sangramentos, amolecimento 
uterino (indicativo de gravidez), tumoração anexial, 
neoplasia de reto e fecaloma; 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: 
Dani, Renato. Gastroenterologia essencial I. 4. ed.- 
Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011. 
Cecil. Medicina Interna. 24. ed. - Rio de Janeiro: 
Elsevier, 2014. 
Clínica cirúrgica. Vários autores. Hospital das clínicas 
FMUSP. Barueri, SP: Manole, 2008. 
Moore, Keith L. Anatomia orientada para a clínica. 
7. ed. - Rio de Janeiro: Koogan, 2014.

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