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Abdome Agudo

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SEMIOLOGIA II [ 2020/1] – MEDICINA UNIRG 
ACADÊMICA: ANA CLÁUDIA S. ROCHA 
TURMA XXXIII 
Abdome Agudo 
 
1. Semiologia 
Semiologia ou Propedêutica é a parte da Medicina relacionada ao estudo dos sinais e sintomas das 
doenças humanas e animais. Vem do grego - semeîon, sinal + lógos, tratado,estudo. 
A observação do paciente deve ter início durante a verificação da história clínica. Assim, a postura, a 
frequência da mudança de posição na tentativa de diminuição das dores, a observação do ritmo respiratório, a 
cor da tez (pálida, cianótica, ictérica) são dados importantes que devem despertar a atenção já durante a 
anamnese. 
1.1. Regiões e Quadrantes do Abdome 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1.2. Cicatrizes 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SEMIOLOGIA II [ 2020/1] – MEDICINA UNIRG 
ACADÊMICA: ANA CLÁUDIA S. ROCHA 
TURMA XXXIII 
2. Dor Abdominal 
A interpretação da dor abdominal aguda em salas de emergência é um desafio para o médico. Na 
abordagem inicial, anamnese e exame físico completo gerarão hipóteses diagnósticas que nortearão a 
necessidade de avaliação laboratorial e de eventuais exames complementares decisivos para a conduta. 
2.1. Mecanismos de Dor Abdominal 
 
Inflamação do peritônio parietal: 
A dor apresenta caráter constante e incômodo, localizando-se sobre a área inflamada, tornando possível 
a identificação exata da localização acometida, uma vez que é transmitida pelos nervos somáticos que inervam 
o peritônio parietal. A intensidade depende do tipo e do volume do material ao qual o peritônio é exposto em 
determinado período de tempo. 
A dor da peritonite agrava-se durante a palpação, ou por movimentos como tosse ou espirro – o paciente 
permanece quieto no leito, evitando movimentos, ao contrário, por exemplo, do paciente com cólica que pode 
se contorcer incessantemente. 
 
Obstrução de vísceras ocas: 
A dor é caracteristicamente descrita como intermitente ou em cólica; entretanto, é importante ressaltar 
que a distensão de víscera oca pode produzir dor constante com exacerbações eventuais. Costuma ser bem 
menos localizada do que a dor da irritação peritoneal, além de se projetar, em geral, no mesogástrio.1,5 
 
Distúrbios vasculares: 
A dor geralmente inicia com intensidade leve e caráter difuso antes de surgir o colapso vascular e sinais 
de irritação peritoneal. Não há, classicamente, correlação do exame físico com a queixa clínica, ao contrário, há 
discrepância. Por exemplo, ausência de dor e de rigidez da parede abdominal (à palpação) na presença de 
informação de dor difusa e contínua no paciente deve levar à suspeita de isquemia intestinal. Dor abdominal 
intensa com irradiação para a região sacral, flanco ou genitália deve induzir a hipótese de ruptura de aneurisma 
da aorta abdominal. 
 
Parede abdominal: 
A dor é habitualmente constante e incômoda. Movimento, postura ereta prolongada e compressão 
(palpação) acentuam o desconforto e o espasmo muscular. No caso de hematoma de bainha do reto, mais 
frequentemente encontrado em pacientes anticoagulados, pode haver abaulamento palpável nos quadrantes 
inferiores do abdome. 
Dor referida: 
A dor abdominal referida, com origem no tórax, na coluna vertebral ou nos órgãos genitais pode 
dificultar o diagnóstico. Em todos os casos deve-se pensar na possibilidade de doença intratorácica, 
especialmente quando o sintoma se localiza nos quadrantes superiores do abdome. 
A dor referida com origem na coluna vertebral, que geralmente envolve compressão ou irritação de raízes 
nervosas, é notadamente maior em determinados movimentos como tosse, espirro ou esforço, e está associada 
à hiperestesia nos dermátomos acometidos. 
 
Crises abdominais metabólicas: 
Esse tipo de dor, gerada por mecanismos diversos, como diabetes (ceto acidose), saturnismo, uremia e 
outras, pode simular virtualmente qualquer outro tipo de doença intra-abdominal. 
 
Cólica renal 
Dor de forte intensidade, podendo iniciar em qualquer seção do trajeto da região lombar até a região 
genital, tipo cólica. 
 
Outras causas: 
Distúrbios neurogênicos, herpes zoster, infarto agudo do miocárdio (IAM) e uremia são exemplos de dor 
abdominal de características variadas e que não obedecem aos padrões acima referidos 
SEMIOLOGIA II [ 2020/1] – MEDICINA UNIRG 
ACADÊMICA: ANA CLÁUDIA S. ROCHA 
TURMA XXXIII 
 
3. Semiologia Abdominal 
O exame do abdômen possibilita que sejam retiradas informações referentes às estruturas abdominais, 
utilizando todas as etapas de exame do paciente, tal como inspeção, percussão, palpação e ausculta. Todavia, 
cabe a ressalva de que, nesse exame, é preferível que a ausculta se realize antes da palpação e da percussão, 
podendo essas etapas, caso realizadas previamente, atrapalhar a ausculta. 
3.1. Anamnese 
 
Para uma completa abordagem, a anamnese da dor deve abranger a duração, a localização, fatores 
precipitantes e de alívio, amplitude (escalas de dor), características como o tipo (queimação, fisgada, aperto, 
etc) e evolução. Devem ser pesquisados sintomas gastrintestinais, sistêmicos, perda ponderal, doenças prévias 
ou atuais, medicamentos em uso, data da última menstruação, sintomas e antecedentes gineco-obstétricos, 
sintomas urinários e respiratórios. 
Existem certas correlações da localização da dor com doenças específicas: 
 
Quadrante superior direito Quadrante superior esquerdo 
Hepatite aguda, abscesso hepático, hepatopatia com 
insuficiência cardíaca congestiva, colangite, 
colecistite aguda, pancreatite aguda, abscesso 
hepático, úlcera duodenal, apendicite retrocecal, 
pielonefrite, litíase - colelitíase, coledocolitíase, 
nefrolitíase -, infarto agudo do miocárdio, pericardite, 
pneumonia, herpes zoster, doença inflamatória 
intestinal, empiema, gastrite/duodenite, obstrução 
intestinal, pericardite, pneumonia. 
Abscesso esplênico, infarto esplênico, ruptura 
esplênica, abscesso subfrênico, pancreatite aguda, 
neoplasia de pâncreas, úlcera duodenal, úlcera 
gástrica, pielonefrite, IAM, pericardite, pneumonia, 
diverticulite, doença inflamatória intestinal, 
empiema pleural, gastrite, herpes zoster, nefrolitíase, 
obstrução intestinal. 
 
Quadrante inferior direito Quadrante inferior esquerdo 
Apendicite aguda, obstrução intestinal, diverticulite, 
hérnia, doença intestinal inflamatória, síndrome do 
cólon irritável, adenite mesentérica, diverticulite de 
Meckel, gravidez ectópica, endometriose, torção de 
ovário, abscesso tubo-ovariano, abscesso do psoas, 
litíase renal, aneurisma roto, apendagite, litíase 
uretral, cisto ovariano, doença inflamatória 
intestinal, hematoma de parede abdominal, hérnia 
inguinal, obstrução intestinal, pancreatite, 
pielonefrite, salpingite, úlcera perfurada. 
Obstrução intestinal, diverticulite, hérnia, adenite 
mesentérica, doença inflamatória intestinal, gravidez 
ectópica, endometriose, doença inflamatória pélvica, 
abscesso tubo-ovariano, torção de ovário, litíase 
renal, abscesso do psoas, aneurisma roto, litíase 
uretral, cisto ovariano, doença inflamatória 
intestinal, diverticulite, hematoma de parede 
abdominal, hérnia inguinal, obstrução intestinal, 
pancreatite, pielonefrite, salpingite. 
Difuso 
Pancreatite aguda, obstrução intestinal, apendicite aguda (fase inicial), infarto mesentérico, peritonite, 
dissecção aórtica, ruptura de aneurisma de aorta abdominal, peritonite, gastrenterite, crise falcêmica, doença 
inflamatória intestinal, vasculites, cisto de ovário hemorrágico, gastroenterocolite, adenite mesentérica, 
pancreatite, úlcera péptica perfurada. 
 
3.2. Exame Físico 
O paciente deve ter a bexiga esvaziada, estar posicionado em decúbito dorsal, com um travesseiro sob 
a cabeça e outro sob as pernas; os braços ao lado do corpo ou cruzados sobre o tórax; os pontos álgicos devem 
ser examinados por último. A sequência sugerida é inspeção, ausculta, percussão e palpação. 
 
Na inspeção, deve ser caracterizado o formato do abdome (plano, arredondado, protruso ou escafóide) 
e pesquisadas alteraçõesna pele e parede abdominal, como cicatrizes, veias dilatadas (hipertensão portal), 
alterações de coloração (equimoses, hematomas), abaulamentos, ou outras, como peristaltismo visível 
(presente em alguns casos de obstrução intestinal). 
 
A ausculta dos ruídos hidroaéreos em um único local é suficiente. Os ruídos podem estar alterados em 
frequência e timbre na peritonite, na obstrução intestinal, no íleo paralítico e na diarréia. 
SEMIOLOGIA II [ 2020/1] – MEDICINA UNIRG 
ACADÊMICA: ANA CLÁUDIA S. ROCHA 
TURMA XXXIII 
A percussão avalia a distribuição gasosa e pode levantar suspeita de massas abdominais. Timpanismo costuma 
predominar, porém áreas de macicez podem ser encontradas normalmente devido à presença de líquido e fezes 
em alças. Abdome protruso, com timpanismo difuso, sugere obstrução intestinal. A manobra do piparote pode 
sugerir ascite. Regiões com alterações de percussão devem ser mais bem examinadas pela palpação. 
 
Iniciando-se pela palpação superficial, devem ser procuradas massas superficiais e regiões de 
hipersensibilidade ou de maior resistência. Torna-se necessário fazer a diferenciação entre defesa voluntária e 
espasmo muscular involuntário por irritação peritoneal. O paciente, relaxado e tranquilizado, deve ser orientado 
a respirar pela boca entreaberta. A rigidez que persistir indicará, muitas vezes, irritação peritoneal. A palpação 
profunda é importante para definir massa abdominal, assim como sua localização, dimensão, formato, 
consistência, hipersensibilidade, pulsação e mobilidade. 
Em achados sugestivos de irritação peritoneal, para definir a localização com maior precisão, o paciente 
deve inicialmente tossir e definir o local exato em que a tosse produz dor. Após, palpa-se suavemente com um 
único dedo, de maneira a mapear a região hipersensível. Caso essas manobras sejam insuficientes, deve-se 
pesquisar a descompressão dolorosa (rechaço), observando a reação do paciente. A dor induzida ou que 
aumenta com a descompressão rápida é a descompressão dolorosa, uma decorrência do deslocamento rápido 
da peritônio inflamado. 
 
Ainda durante o exame físico abdominal, deve-se fazer a percussão e a palpação do fígado e do baço, 
além da palpação, da punho - percussão renal e da avaliação da aorta. 
 
4. Abdome Agudo 
 
É definido como síndrome caracterizada por dor abdominal difusa de início súbito, que necessita de 
intervenção médica, clínica ou cirúrgica. 
Pode ser também definido como a condição clínica caracterizada por dor abdominal, que se instala de 
forma aguda, à qual se associam, freqüentemente, outras manifestações locais e gerais, e que podem ter 
extrema gravidade. Procurando dar limites à característica tempo de dor abdominal, que denuncia o abdômen 
agudo, foi sugerido por alguns autores que o período crítico seria de 01 a 72 h, já que sintomas com duração 
maior ou menor, em geral, não necessitariam de diagnósticos imediatos ou tratamento de urgência. 
As descrições de livros-texto sobre dor abdominal apresentam limitações importantes, pois os 
indivíduos reagem à dor diferentemente. Os lactentes e as crianças podem ser incapazes de localizar seu 
desconforto. Os pacientes obesos ou idosos tendem a tolerar melhor a dor que outros, mas acham difícil localizá-
la. Por outro lado, os pacientes histéricos tendem a exagerar os sintomas. A avaliação da dor abdominal é 
especialmente difícil nos pacientes idosos e imunodeprimidos , devido a possibilidade de apresentações clínicas 
atípicas e da associação com outras afecções pré-existentes. 
O médico, entretanto, não deve prender-se aos prazos, mas avaliar todos os fatos clínicos aquém e além 
de limites propostos, desde o momento que começou a acompanhar a evolução do quadro agudo, apresentado 
pelo paciente. 
O diagnóstico preciso da causa determinante e as repercussões locais e gerais do presente processo 
patológico devem ser o objetivo principal da avaliação clínica do paciente com abdômen agudo e ele deve ser 
feito no menor tempo possível. A precisão e a rapidez do diagnóstico são importantes, porque o abdômen agudo 
traduz, em geral, uma situação grave, muitas vezes com risco de vida, que exige tratamento imediato, o qual 
será tanto mais efetivo quanto mais cedo for instituído 
 
Após anamnese e exame físico completos, solicita-se exames laboratoriais iniciais que devem constar 
de hemograma com plaquetas, exame qualitativo de urina, amilase e teste de gravidez para mulheres em idade 
fértil. Se, mesmo após estes exames, o diagnóstico ainda não for confirmado, deve-se então solicitar avaliação 
radiológica, iniciando-se por radiografia abdominal em “rotina de abdome agudo” (decúbitos dorsal, ortostático, 
lateral esquerdo e incidência ântero-posterior do tórax). 
Podem ser necessárias ainda avaliações como ultrassonografia, tomografia computadorizada (sempre 
que possível com contraste endovenoso), ressonância magnética, e em alguns casos, até arteriografia. A 
videolaparoscopia e a laparotomia exploradora são meios diagnósticos definitivos nos casos em que todos os 
passos citados anteriormente não tenham sido efetivos, ou mesmo terapêuticos e onde os exames não 
definiram o diagnóstico. 
 
SEMIOLOGIA II [ 2020/1] – MEDICINA UNIRG 
ACADÊMICA: ANA CLÁUDIA S. ROCHA 
TURMA XXXIII 
4.1. Epidemiologia 
 
 
 
4.2. Causas e Classificações 
É grande o número de causas que podem determinar o quadro do abdômen agudo. Dentre elas podem 
ser incluídos variados tipos de afecções dos órgãos digestivos abdominais, do fígado e do baço, dos órgãos 
pélvicos, do peritônio e dos mesentérios, de estruturas vasculares e do retroperitônio. 
Abaixo, apontam-se as causas freqüentes de abdômen agudo provocado por afecções de órgãos e de 
outras estruturas anatômicas, situadas no segmento abdominal do tronco. 
Causas abdominais de abdômen agudo, segundo a sede do processo patológico responsável. 
(Mulholand MW& Sweeney JF, 2003, modificado) 
Gastrointestinal 
Apendicite 
Obstrução intestinal (delgado e grosso) 
Isquemia mesentérica 
Diverticulite de Meckel 
Úlcera péptica perfurada 
Perfuração intestinal 
Diverticulite do cólon 
Doença inflamatória intestinal 
Pâncreas, vias biliares, fígado e baço 
Pancreatite aguda 
Abscesso hepático 
Hepatite aguda 
Rotura esplênica 
Colecistite aguda 
Tumor hepático hemorrágico 
Colangite aguda 
Peritoneal 
Peritonite primária (peritonite bacteriana espontânea) 
Peritonites secundárias a doenças agudas de órgãos abdominais ou pélvicos e a traumas abdominais 
Urológica 
Cálculo ureteral 
Cistite 
Pielonefrite 
Retroperitoneal 
Aneurisma aórtico Hemorragia 
Ginecológicas 
Cisto ovariano roto 
Gravidez ectópica 
Endometriose 
Torsão ovariana 
Salpingite aguda 
Rotura uterina 
Parede abdominal 
Hematoma do músculo reto 
 
 
 
 
 
SEMIOLOGIA II [ 2020/1] – MEDICINA UNIRG 
ACADÊMICA: ANA CLÁUDIA S. ROCHA 
TURMA XXXIII 
 
A especificação da natureza do processo patológico, que envolve as estruturas abdominais,na 
determinação do abdômen agudo, é outra forma utilizada para classificar-se a afecção. Cada um dos tipos de 
abdômen agudo da classificação pode ter diferentes etiologias, mas cada um deles corresponde a um quadro 
sindrômico, que pode ser útil para as considerações diagnósticas e terapêuticas. Logo, o abdome agudo pode 
ser estudado em síndromes: inflamatório, perfurativo, obstrutivo, vascular e hemorrágico. 
Classificação do abdômen agudo de origem abdominal, segundo a natureza da processo determinante. 
(Lopes AC; Reibscheid S & Szejnfeld J. 2004) 
Inflamatório Apendicite aguda 
Colecistite aguda 
Pancreatite aguda 
Diverticulite do cólon 
Doença inflamatória 
A dor é de início insidioso, com agravamento e localização progressivos. O 
paciente apresenta sinais sistêmicos, como febre e taquicardia. As doenças 
mais comuns são apendicite aguda, diverticulite aguda, pancreatite, 
colecistite aguda, anexite aguda. A apendicite aguda é a causa mais 
frequente de abdome agudo cirúrgicono mundo. Pode ocorrer em qualquer 
faixa etária, mas é mais comum em adolescentes e adultos jovens. 
Perfurante Úlcera péptica 
Câncer gastrointestinal 
Febre tifoide 
Amebíase 
Divertículos de cólon 
Perfuração do apêndice 
Perfuração da vesícula 
biliar 
A dor é súbita e intensa, com defesa abdominal e irritação peritoneal. Há 
extravasamento do conteúdo gastrointestinal no peritônio, por exemplo, 
secundário a perfurações relacionadas à úlcera péptica gastroduodenal, 
diverticulite, corpos estranhos, neoplasias, entre outros. 
Obstrutivo Obstrução pilórica 
Hérnia estrangulada 
Bridas 
Ascaris 
Corpos estranhos 
Cálculo biliar 
Volvo 
Intussuscepção 
A dor é em cólica, geralmente periumbilical. Associadamente surgem 
náuseas, vômitos, distensão abdominal, parada da eliminação de flatos e 
fezes. São exemplos, a obstrução intestinal por bridas, hérnias, neoplasias e 
invaginação intestinal. 
 
Hemorrágico Gravidez ectópica 
Rotura de aneurisma 
abdominal 
Cisto hemorrágico de 
ovário 
Rotura de baço 
A dor é intensa, com rigidez e dor à descompressão; há sinais de 
hipovolemia/choque, como hipotensão, taquicardia, palidez e sudorese. As 
causas mais comuns são gravidez ectópica rota, ruptura de cistos, ruptura de 
aneurismas e rotura de baço. 
 
Vascular Trombose da artéria 
mesentérica 
Torção do grande 
omento 
Torção do pedículo de 
cisto ovariano 
Infarto esplênico 
A dor é difusa e mal definida, havendo desproporção entre a dor e os 
achados de exame físico. As causas mais comuns são embolia e trombose 
mesentérica, com isquemia intestinal. 
 
 
Por outro lado, há doenças, de localização extra-intestinal ou sistêmica, que podem provocar o quadro 
clínico de abdômen agudo. Uma característica é a de não terem indicação para tratamento cirúrgico. Abaixo são 
mostradas causas extra-abdominais e sistêmicas de abdômen agudo. 
 
 
 
 
 
 
SEMIOLOGIA II [ 2020/1] – MEDICINA UNIRG 
ACADÊMICA: ANA CLÁUDIA S. ROCHA 
TURMA XXXIII 
 
Causas extra-abdominais de abdômen agudo. 
(Mulholand MW & Sweeney JF, 2003, modificada) 
Torácicas 
Infarto do miocárdio 
Pneumonia de lobo inferior 
Infarto pulmonar 
Pericardite aguda 
Pneumotórax 
Embolia pulmonar 
Hematológicas 
Crise falciforme 
Leucemia aguda 
Neurológicas 
Herpes zoster 
Compressão de raiz nervosa 
Tabes dorsal 
Metabólicas 
Cetoacidose diabética 
Porfiria intermitente aguda 
Crise Addisoniana 
Hiperlipoproteinemia 
Relacionadas e tóxicos 
Intoxicação por chumbo 
Abstinência de narcóticos 
Picadas de cobras ou insetos 
Etiologia desconhecida 
Fibromialgia 
 
4.3. Exame físico no Abdome Agudo 
 
O exame clínico do paciente deve incluir o exame físico geral, o exame do segmento cefálico e do 
pescoço, do tórax e do abdômen, dos membros e do sistema nervoso. Por vezes, é fora do abdômen que se 
encontra a explicação de um abdômen agudo, como, por exemplo, uma fibrilação atrial,como fonte de êmbolos 
determinantes de oclusão mesentérica aguda. 
O exame deverá ser feito com a objetividade que as particularidades do caso e do momento exigem e 
ser interpretado dentro do contexto da história clínica e das características de cada paciente. 
 
4.3.1. Inspeção 
Na inspeção do abdômen, deve-se estar atento para a detecção de distensão, cicatrizes, hérnias, 
equimoses e peristaltismo visível. É importante considerar que o peristaltismo configurado na parede abdominal 
é sinal de oclusão intestinal e deve ser, preferencialmente, observado durante a crise dolorosa. 
 
4.3.2. Ausculta 
A ausculta dos ruídos hidroaéreos produzidos no abdômen, podem ter expressivo significado 
diagnóstico. Por exemplo, a concomitância de ruídos ouvidos à distância ou hiperativos (borborigmos) com 
dores intensas em cólica é muito sugestiva de que esteja havendo obstrução intestinal. O mesmo significado 
pode ter os ruídos de timbre metálico, audíveis com o estetoscópio. São sinais que ocorrem na fase inicial da 
obstrução, mas a intensidade tende a reduzir-se com a exaustão do movimento propulsivo, que tenta superar 
um obstáculo. Ruídos hiperativos, também, acompanham quadros de diarréia intensa e quando uma quantidade 
grande de sangue é perdida para a luz gastrointestinal, como nas hemorragias digestivas altas. 
Por outro lado, a redução dos ruídos ou, mais ainda, sua abolição, constituem elemento semiológico, 
indicativo de ausência de movimentos das alças intestinais, sugerindo que o abdômen agudo esteja 
acompanhado de peritonite. A ausculta de sopros arteriais é indicativa de afecção vascular presente, como 
isquemia intestinal ou aneurisma de aorta. 
 
4.3.3. Palpação 
O processo inflamatório, irritativo ou isquêmico, característico de algumas doenças que podem produzir 
abdômen agudo, pode atingir os peritônio visceral e parietal. Quando o peritônio parietal for afetado por um 
SEMIOLOGIA II [ 2020/1] – MEDICINA UNIRG 
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TURMA XXXIII 
processo inflamatório ou irritativo, haverá hiperalgesia à palpação, na mesma região anatômica onde se situa o 
processo patológico. Além disso, desencadeia- se um fenômeno reflexo, que faz com que haja umento de 
tensão, até mesmo, rigidez da musculatura, na área correspondente. 
Essas anormalidades são perceptíveis ao fazer-se a palpação superficial bimanual do abdômen, 
examinando-se, simultaneamente, áreas simétricas. A manobra de provocação de dor à descompressão brusca 
(sinal de Blumberg), feita, cautelosamente, para não induzir sofrimento desnecessário ao paciente, indicará 
peritonite. A localização anatômica de tais anormalidades indicará o provável órgão comprometido. 
A dor à palpação e a rigidez em todas as regiões do abdômen impõem, entretanto, o diagnóstico de 
peritonite generalizada. 
Um paciente idoso imunodeprimido, um paciente debilitado ou um diabético podem não mostrar os 
típicos sinais de peritonismo acima descritos, até mesmo na presença de uma víscera perfurada. Sensibilidade 
dolorosa, não muito acentuada, com leve aumento de tensão da parede abdominal, em geral, são devidos a causas 
que não têm indicação de tratamento cirúrgico, como as gastroenterites, as salpingites e a peritonite bacteriana 
espontânea, dos pacientes com ascite. 
Sempre, é necessário diferenciar o aumento de tensão provocado pelo reflexo peritoniomuscular, da 
tensão, voluntária do paciente. 
Pela palpação do abdômen, deve-se, também, investigar alterações relacionadas ao conteúdo da cavidade 
abdominal e da pélvis, mas isso é dificultado pela hiperalgesia e pela contratura muscular. Entretanto, a detecção 
de visceromegalias ou a de massas palpáveis, devidamente avaliadas em suas características semiológicas, 
representam importante dado para se chegar ao diagnóstico. Uma alça palpável tensa, semelhante a um chouriço 
(alça de Wohll), correspondente a uma alça intestinal torcida em dois pontos, pode definir o volvo do sigmóide, 
complicação que ocorre em cerca de 15 % de pacientes com megacólon chagásico. 
Um achado, no exame do abdômen agudo, provocado pela colecistite aguda é o clássico sinal de Murphy: 
dor intensa e defesa do abdômen à compressão do ponto cístico com o dedo indicador, durante a inspiração. 
 
4.3.4. Percussão 
 
O timpanismo obtido pela percussão da área de projeção do fígado, onde, habitualmente, há som maciço, 
é conhecido como sinal de Jobert, e pode fortalecer a hipótese de perfuração gástrica ou intestinal, em peritônio 
livre. Deve ser considerado, entretanto, que a distensão abdominal por gases dificulta a interpretação do 
desaparecimento da macicez hepática. 
Dor intensa, despertada pela percussão de áreas limitadas, situadas dentro da zona de projeção do fígado, 
na parede abdominal, feita com as pontas dos dedos reunidas, sugere abscesso hepático, amebiano ou bacteriano 
(sinal de Torres Homem). A determinação da macicez móvel e do semicírculo de Skoda, são importantes 
elementos para o diagnóstico da ascite e para a diferenciação dela de outras coleçõeslíquidas intraabdominais. 
A produção de dor pela punhopercussão da região lombar (sinal de Giordano) indica doença inflamatória 
do retroperitônio. 
Os órgãos pélvicos e a genitália externa devem ser examinados, bem como, realizados o toque retal e o 
vaginal, a fim de serem colhidos dados para o diagnóstico de uma causa genital, urológica ou retal, para o paciente 
com abdômen agudo.

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