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Paralisias Flácidas Agudas É um tema importante, porque veremos as principais doenças neuromusculares que enfrentaremos na emergência, mesmo como clínicos. É importante saber fazer o diagnóstico e instituir o tratamento. Relembrando a anatomia básica... Na região anterior da medula, temos o neurônio motor inferior, ou 2º neurônio motor, ele sai com seu prolongamento, formando a raiz motora do nervo, no ponto quando se junta a raiz motora com a raiz sensitiva, tem o nervo periférico. Daí para frente, tem o nervo periférico. E aí, finalmente, tem a junção da terminação nervosa com o músculo, e ali nós vemos a junção da fenda sináptica com a placa motora. Se você tem uma doença com alteração na região em vermelho no corno (parte anterior da medula), chamamos essa lesão de neuronopatia, porque pega o corpo celular do neurônio. Se a lesão é um pouco mais abaixo, na região da raiz nervosa (verde), antes de formar o nervo periférico, temos as radiculopatias. Quando a lesão é em cima, progressivamente vai afetando o nervo já formado, aí sim, quando tem alteração de nervo periférico, temos as neuropatias periféricas. Prosseguindo, quando existe lesão na região de contato entre o terminal nervoso e o músculo (roxo), temos as doenças de placa motora. É importante esse entendimento anatômico até para se reportar ao especialista, onde está a lesão, em que ponto e, principalmente, identificando, em que ponto está a lesão, vai poder dar um diagnóstico mais eficiente. Exemplo: você quer que o seu braço direito pegue o grampeador. Vem uma ordem para o lado esquerdo do córtex cerebral (primeiro neurônio motor), o neurônio emite seu prolongamento, desce pela coroa radiada, passa pela cápsula interna, tronco cerebral e, no bulbo (decussação da pirâmide bulbar), ele cruza de lado e, no corno anterior da medula faz conexão com um segundo neurônio que, emitindo seus prolongamentos, chega até a placa motora, até a junção neuromuscular e o movimento é efetuado. Quando existe lesão no córtex motor, temos as lesões de primeiro neurônio motor. Quando temos a lesão na parte anterior da medula (corno anterior da medula), temos a lesão de segundo neurônio motor). Quando temos a lesão na raiz nervosa, temos as radiculopatias, mais adiante temos as neuropatias, mais adiante as doenças de junção neuromuscular. Definição • A paralisia flácida é uma manifestação clínica caracterizada por fraqueza ou paralisia e redução do tônus muscular sem outra causa óbvia (e.x. trauma). Essa condição anormal pode ser causada por uma doença ou por um trauma que afete os nervos associados aos músculos acometidos. Termos mais elegantes do ponto de vista neurológico: paresia ou plegia. Existe uma gama de doenças que podem fazer uma paralisia flácida aguda. Paralisia = perda de força Flácida = diminuição do tônus Aguda = súbita/rápida A lesão, geralmente é agressiva. Relembrando, neuronopatia, radiculopatia, neuropatia periférica e doenças da junção neuromuscular. Primeiro, vamos estudar as neuronopatias. Dentro da medula, o segundo neurônio motor. Exemplos: ELA (neuronopatia de primeiro e segundo neurônio motor), ELPrimária (apenas do primeiro neurônio motor – fraqueza, atrofia, hiperreflexia), paralisia bulbar progressiva (neuronopatia), atrofia muscular progressiva (lesão apenas do 2º motor), poliomielite. Poliomielite Raramente vamos ter contato com ela no Brasil, não temos novos casos desde 1989 no Brasil, graças à vacinação É uma neuronopatia (de 2º neurônio motor) que tem curso inicial com febre, mal estar, parece uma virose comum e, alguns dias a semanas depois, existe uma fraqueza e atrofia, quando ocorre o acometimento neuronal e uma diminuição ou perda de função de um ou mais membros. Nas décadas de 1970 e 80 muitas pessoas tiveram poliomielite e ficaram incapacitadas de exercer o seu trabalho. Causa alterações articulares, na coluna e, depois de algumas décadas, o membro contralateral também sofre de fadiga e pode abrir uma exacerbação da doença, chamamos isso de síndrome pós pólio, com CID recente, reconhecido principalmente para fins jurídico. 1. Forma pré-paralítica 2. Forma paralítica Temos o ciclo da poliomielite, um ciclo oral, as pessoas ingerem o vírus, ele se continua no estômago e intestino, onde ele se prolifera, ganha a corrente sanguínea e, por fim, depois de alguns dias a semanas, ele migra para a região anterior da medula, causando a neuronopatia e os sintomas mencionados anteriormente. Então, temos uma forma pré-paralítica, os sintomas são parecidos com uma gripe comum (quadro viral) e a forma paralítica, em que há a colonização e consequente do neurônio motor anterior e consequente atrofia, fraqueza e alteração de tônus e reflexos. É importante saber suas consequências não somente clínicas, mas também jurídicas hoje em dia. Em 1989, o Brasil registrou seu último caso de poliomielite no país e, desde 1994 temos o certificado de área livre da doença. Segunda dados registrados pela OPAS/Organização Mundial da Saúde (OMS) ainda há dois países (Afeganistão e Paquistão – a Nigéria ainda tem circulação endêmica do vírus selvagem) com circulação endêmica do poliovírus selvagem. Esse cenário demonstra que a erradicação global da poliomielite está cada vez mais próxima. No entanto, há preocupação quanto à ocorrência da importância do poliovírus selvagem e/ou de casos de Poliomielite por Vírus Derivado da Vacina (PVDV) devido à extensão territorial com livre acesso de estrangeiros no Brasil, bem como em áreas com baixa cobertura vacinal. – Então esse é um dos motivos que temos para notificação compulsória de toda e qualquer paralisia flácida aguda, pelo risco da poliomielite. O Brasil tem no seu calendário vacinal o esquema da vacina contra a pólio, nas primeiras doses temos a vacina inativada, antes tínhamos a vacina oral com vírus vivo atenuado, mas existem alguns raros casos de doença pós vacina, então, foi mudado para a VIP – vírus inativado. As campanhas de vacinação continuam sendo extremamente importantes, mas também é preciso ter a vigilância epidemiológica atenta. Agora, vamos falar de outra doença importante que acomete a raiz nervosa e o seu prolongamento, o nervo periférico. Síndrome de Guillain-Barré Ocasionalmente, teremos contato com esta doença no PS, independente da especialidade. Definição • A síndrome de Guillain-Barré corresponde a um grupo de transtornos imunomediados que atingem os nervos periféricos e a raiz nervosa. Ou seja, é uma doença autoimune. Subtipos de Guillain Barré Tabela 1. Síndrome de Guillain-Barré: subtipos e achados clínicos Em 90% dos casos temos a apresentação da polineuropatia desmielinizante inflamatória aguda (AIDP). É uma paralisia ascendente, os sintomas sensitivos não são tão importantes assim, existe o predomínio motor, comparado ao sensitivo. Os sintomas são inespecíficos. Geralmente, alguns dias ou poucas semanas antes do evento motor, existe um relato de uma infecção, seja gastrintestinal (com diarreia, vômito, náuseas) ou de vias aéreas superiores (coriza, espirros, tosse, febre baixa). É muito comum a associação da polirradiculoneuropatia desmielinizante inflamatória crônica com Campilobacter jejuni. Então, em 90% dos casos vamos ter essa lesão na bainha de mielina tanto do nervo periférico como da raiz nervosa. Na minoria dos casos, vamos ter a Neuropatia axonal motora aguda (AMAN), diferente do AIDP, é uma lesão predominantemente axonal, não é o padrão (padrão – doença desmielinizante), associada a alguns anticorpos específicos. IgG anti-GM1 e IgG anti- GD1a que são anticorpos antigangliosídeos (gangliosídeos – esfingolipídeo – tipo de lipídeo que também entra na formação do nervo, principalmente nos gânglios nervosos, há uma riqueza desse tipo de lipídeo). É possível que tenhamos também, uma lesão que tenha acometimento sensitivo importante,a Neuropatia Axonal Sensitivo- Motora Aguda (AMSAN). É uma forma mais grave ainda da doença de Guillan Barré. É uma doença aguda que, em menos de uma semana existe perda de força muito grande, quadriparesia profunda (tetraparesia) e frequentemente há necessidade de ventilação mecânica. As neuropatias axonais, no geral, são mais graves, tem uma recuperação mais difícil e deixam mais sequelas. Existe um anticorpo específico, o IgG anti-GM1, que pode tentar ser dosado para obter a resposta. Temos também a Síndrome de Miller Fisher, que também está presente numa minoria de casos, temos um anticorpo específico o IgG anti-GQ1b (também é um tipo de antigangliosídeo) e temos ataxia, arreflexia e oftalmoplegia (tríade de Miler Fisher). Existem algumas alterações eletroneuromiográficas, mas não vamos detalhar porque são muito específicas. Para graduação precisa saber: Principal forma de Guillain Barré: • AIDP – desmielinizante, paralisia ascendente, progressiva, hipo ou arreflexa, autoimune, sintomas sensitivos menores, anticorpos inespecíficos. Podemos ter formas que fogem à regra, geralmente com acometimento axonal, seja a AMAN, seja a AMSAN, com anticorpos específicos, notadamente a Ig|G anti-GM1. A Sd de Miller- Fisher com ataxia, arreflexia e oftalmoplegia e anti-GQib como marcador específico. Epidemiologia • Incidência anual de 1-2 casos por 100.000 pessoas - baixa • 85-90% como uma polirradiculoneuropatia inflamatória desmielinizante aguda Quadro Clínico • 60% dos casos com infecção pregressa – geralmente gastrenterite ou IVAS, porém, às vezes o paciente nem se lembra disso, precisa buscar ativamente. Perguntar sobre gripe, resfriado, diarreias, nas últimas semanas. • Sintomas sensitivos em extremidades acometendo mãos e pés – pode ter na clássica Sd. de Guillain Barré sintomas sensitivos também, geralmente uma parestesia, ou uma hipoestesia, mais raramente um desconforto relatado como dor. Mas não terá a predominância dos sintomas sensitivos sobre os motores. Se isso ocorrer, deve repensar o diagnóstico. • Fraqueza progressiva e de caráter ascendente com auge em 2 a 4 semanas – geralmente começa com os pés, com o tempo vai pegando pernas, coxas, MMSS com mãos, antebraço e braço, vai subindo para musculatura respiratória, musculatura axial, podendo haver acometimento de par craniano, notadamente do n. facial e, raramente, os nervos oculares, como o oculomotor. Geralmente hipo ou arreflexa. • Fraqueza facial em metade dos pacientes • Oftalmoparesia – alteração de par craniano • Disartria e disfagia – em casos graves • Disfunção autonômica – pode haver, raramente • Insuficiência respiratória – apontando para uma gravidade da doença Exames Complementares O exame a ser pedido, vai ser de acordo com o que o paciente tem. Se ele está com fraqueza apenas de MMII, uma TC de coluna lombo-sacra já vai ajudar; se tem alteração de par craniano, pede TC de crânio, no mínimo, o ideal seria RM. O ideal, pode ser pedir exame de imagem de todo o neuroeixo para excluir lesão compressiva do SN. • Punção lombar para análise do líquido cefalorraquidiano – espera dissociação proteíno-citológica = muita proteína e pouca célula, glicose normal. Porém, na primeira semana, a maior parte da análise liquórica é normal. Ela tem alteração, na maioria dos pacientes, na segunda semana. Ou seja, um exame normal, não exclui o diagnóstico. • Eletroneuromiografia – geralmente vamos ver uma diminuição da velocidade de condução nervosa não tem com facilidade em TL. • Estudos de imagem • Anti-HIV – protocolo. Visto que existe uma associação entre a SIDA e as polirradiculopatias agudas. Em TL: diagnóstico com suporte clínico, punção lombar, exames de imagem, iniciamos o tratamento e, no segundo momento, fazemos a eletroneuromiografia para confirmação. Aspectos Eletrofisiológicos • Eletroneuromiografia (ENMG) o Neuropatias DESMIELINIZANTES (desmielinização segmentar) ▪ Diminuições importantes das velocidades de condução – ponto chave na graduação! ▪ Prolongamento das latências distais ▪ Bloqueios de condução motora ▪ Dispersão temporal do potencial motor ▪ Prolongamento das latências das ondas F ou sua persistência diminuída Esses outros pontos são importantes para diferenciar de outras doenças neuromusculares que podem ter alterações semelhantes. Diagnóstico Diferencial • Doenças agudas da medula espinhal – mielite trazendo alteração de sensibilidade e uma alteração motora dos MMII • Isquemia do tronco cerebral • Miastenia grave (pós-sináptica) e botulismo (doença pré- sináptica) – ambas são doenças de placa motora • Neuropatia porfirínica e diftérica – podem fazer um quadro semelhante • Neuropatias tóxicas (organofosforados e arsênico) Tratamento – da fase aguda • Imunoglobulina intravenosa – 2g/kg de peso (dividido em 5 dias) – mais usado em TL. Bloqueia o autoanticorpo de modo com que o paciente consiga ter uma melhora sintomática. • Plasmaférese (parece um aparelho de diálise) – retira os anticorpos que estão no plasma do organismo, faz reposição com albumina, tem menos efeitos colaterais do que se repor plasma fresco. Ambos têm eficácias semelhantes, boas respostas. Prognóstico • Estabilização dos sintomas em 2 a 4 semanas • Cerca de 20-25% dos pacientes exigem ventilação mecânica – por isso precisa ficar bem atento. • Taxa de mortalidade em torno de 5% - mesmo com os meios de tratamento que dispomos. • 25% com fraqueza residual após 1 ano – sequela motora Fatores de mal prognóstico • Idade avançada • Ventilação avançada • Evolução < que 7 dias – porque é uma doença rapidamente progressiva do que a clássica síndrome onde você encontra o ápice em 4 semanas • Lesão axonal Agora, vamos ver um caso do prolongamento (terminal) nervoso associado ao músculo. Então, as doenças da junção neuro-muscular. A principal delas é a miastenia grave. Miastenia Grave Epidemiologia • Incidência: 5 a 10 por 100.000 habitantes • Prevalência: 25 a 140 por milhão É uma doença com maior incidência e maior prevalência que Guillain-Barré porque o paciente tem a miastenia grave (quadro agudo da doença), faz o tratamento, porém, vai conviver com aquela patologia durante a sua vida. Neuropatologia RACo – PP -> PA MuSK – ancora acetilcolinesterase MuSK + LRP4 – aglutina RACp no topo das cristas Temos a placa motora e tem a extrusão do neurotransmissor de acetilcolina (as bolinhas azuis), que são liberadas do nervo periférico. Tudo isso vai ser colocado na fenda sináptica. Essa acetilcolina vai se acoplar no receptor de acetilcolina (vermelho), é assim que funciona a eficácia do movimento. Aqui, temos uma alteração no receptor da acetilcolina. Então, é uma doença pós-sináptica. Se olhar com cuidado, além do receptor da acetilcolina, temos algumas outras estruturas que ajudam nessa recepção, por exemplo, uma âncora para acetilcolina que é a proteína MuSK (músculo-quinase específica – verde escuro), também há a LRP4 (verde claro) e outros extratos de proteínas que ajudam nisso. No botulismo, por exemplo, a toxina botulínica impede a extrusão do neurotransmissor acetilcolina na fenda sináptica. Por isso é uma doença pré-sináptica, porque impede a liberação dessa acetilcolina para a fenda sináptica. MuSK = muscle-specific kinase LRP4 = low-density lipoprotein receptor-related protein 4 O receptor da acetilcolina está escondido da célula muscular em si e só depois da conformação correta é que ele se mostra, ele fica ali na membrana. Para que esse aparecimento do receptor da acetilcolina apareça, você precisa da conformação correta da proteína MuSK com a proteína LRP4, com a proteína agrina e outros extratos proteicos que vão ajudar nisso, vão funcionar como uma âncora. Então, eles vão ancorar o receptor da acetilcolina, de tal forma que esse receptor da acetilcolinaapareça na membrana e seja o alvo da acetilcolina. A miastenia grave também é uma doença autoimune e tem como principal alvo esse receptor da acetilcolina. Só que nem sempre esse anticorpo contra o receptor da acetilcolina vai estar positivo. Às vezes o alvo do anticorpo vai ser a proteína MuSK, às vezes, é o LRP4. Então, na maioria das vezes, quando falamos em miastenia grave, estamos falando em anticorpo anti receptor da acetilcolina positivo. Porém, às vezes vai ter um anticorpo anti receptor da acetilcolina negativo e aí sim, o anti-MuSK positivo ou o anti-LRP4 positivo ou o anti-agrina positivo... assim por diante. Na prática clínica, testamos o anticorpo anti receptor da acetilcolina e o anti-MuSK. Em alguns centros especializados, testa o anti-LRP4. Mas acaba que não se testa as outras proteínas. O anticorpo anti receptor da acetilcolina não exclui a miastenia grave. Quadro Clínico Flutuação motora • Fadiga – fraqueza flutuante – oscila durante o dia. O paciente acorda bem, está com um monte de receptor de acetilcolina disponível, acetilcolina disponível. Mas ele começa a fazer as atividades físicas e o receptor da acetilcolina vai competindo com a própria acetilcolina e a pessoa vai ficando mais fraca. Então é comum a fraqueza ser maior no final do dia ou após uma atividade física. Não somente uma fraqueza, mas uma fadiga, um cansaço, uma indisposição • Período de 24h o Fatores de agravo – algumas infecções, medicamentos o Fatores de melhora – principalmente o repouso (liberação do receptor da acetilcolina, maior disponibilidade de acetilcolina para executar a função motora) • Topografia ocular – bastante acometida classicamente. Em alguns pacientes os sintomas serão somente oculares, como: ptose palpebral com flutuação motora depois de atividades físicas ou no final do dia, pode haver uma diplopia associada • Topografia generalizada: o Ocular// facial // bulbar // axial e membros Pode ter o acometimento ocular com ptose, diplopia; facial com frequente diparesia facial (os dois lados do rosto com fraqueza); o acometimento bulbar seria a forma grave onde percebe uma disartria, disfonia e disfagia (perigo para engasgo e acometimento da musculatura respiratória) importantes – pode haver necessidade de IOT em alguns casos; axial – pescoço caído: o paciente tem uma fraqueza cervical importante em alguns casos e; classicamente, uma fraqueza dos membros, notadamente os superiores, mas também acomete os MMI. Ptose palpebral do olho direito/ptose bilateral (mais marcante à direita) e diparesia facial (sorriso inexpressivo) • Fatores de agravo – alguns medicamentos estão contraindicados (ou devem ser usados com cuidado, pois funcionam como gatilho para a doença) para quem tem miastenia grave, como: o Relaxantes musculares/ aminoglicosídeos o Quinino,quinidina/ beta-bloqueadores o Bloqueadores de canais de cálcio/sais de magnésio/ penicilamina/ agentes curare/símile/ toxina botulínica/ contraste radiológico iodado/ quinolonas (muito usadas para tratamento de infecções urinárias) o Estresse físico/psíquico o Infecções – podem ser o gatilho para o agravamento da crise miastênica o Disfunção tireoidiana o Inadequação entre AVDs e MG – como muita AVD • Gravidez/menstruação – fator hormonal que influencia na doença. Gravidez: 1/3 melhora, 1/3 estável, 1/3 piora Classificação • Classificação quanto ao acometimento clínico - Classe I: qualquer fraqueza ocular - Classe II: fraqueza mais generalizada, porém mais leve - Classe IIa: predomínio dos membros e da musculatura axial, mas a musculatura bulbar é acometida de forma menor, não é o ponto chave. Teoricamente tem um prognóstico melhor “a” – Sempre é usado para caracterizar acometimento de membros ou musculatura axial “b” – quando o predomínio é da musculatura bulbar (orofaríngea e respiratória) - Classe IIb: predomínio da musculatura bulbar. Teoricamente é mais grave. - Classe III: fraqueza moderada - Classe IIIa - Classe IIIb - Classe IV: fraqueza severa - Classe IV a - Classe IV b - Classe V: necessidade de intubação orotraqueal, medidas invasivas para garantir via aérea. • Classificação quanto à idade o Neonatal/transitória o Juvenil o Adulto < 50 anos o Adulto > 50 anos o MG Neonatal/Transitória ▪ 10 a 20% dos neonatos de mães miastênicas ▪ Não relação com a gravidade da MG materna MG-RACo + ou MG-MUSK+ ▪ Sinais clínicos desde o nascimento e duram até 72 horas – a remissão completa pode durar até 3 ou 4 semanas. ▪ Choro fraco/déficit sucção e deglutição/ expressão facial pobre/ déficit de força em membros/ insuficiência respiratória ou morte (11%) – por isso, independente do caso, o parto de uma paciente miastênica precisa ter como suporte uma UTI neonatal, pelo risco de MG transitória no RN. o MG Juvenil Controvérsias na literatura Início: ▪ Antes dos 18 anos de idade (Snead et al., 1980; Lindner, Schalke, Tokya, 1997) ▪ Até os 20 anos (Andrews et al., 1993) ▪ E, geralmente, depois do 1º ano de vida • Classificação quanto à sorologia o MG Soropositiva: 50% MG Ocular 85% MG Generalizada o MG Soronegativa: 15% MG Generalizada ▪ 40% dos casos MGSN – MG anti-Musk+ (pede o anti Musk, porque no pool de pacientes soronegativos, vai encontrar até 40% dos casos de positividade de anticorpo anti-Musk) o Duplamente negativa – MG anti-LRP4+ (nesses casos, ou trata empiricamente – devido à clínica e ENMG, ou pede o anti-LRP4) o Triplamente negativa (raríssimos casos) – outros anticorpos (ainda não são dosados, como anti-agrina) • Classificação quanto ao substrato anatomo-patológico o MG não timomatosa: timo “normal” /involuído/ hiperplásico (65%) o MG timomatosa (10 a 25%): ▪ Tumor tímico microscópico – invasivo Precisa ter cuidado pois, embora em boa parte dos casos esse tumor é restrito ao timo, ele pode fazer metástase em raros casos. Por isso a necessidade de fazer um estudo anatomopatológico do timo nesses pacientes. Testes diagnósticos • Teste do gelo Paciente com ptose palpebral a direita, coloca gelo no olho do paciente e ele melhora após alguns poucos minutos. Vários autores defendem que a enzima que degrada a acetilcolina, a acetilcolinesterase funciona mal com temperatura abaixo de 28°C e, por isso, o teste do gelo tem uma boa positividade. Associado, é claro, ao tempo em repouso, que o paciente fica sem movimentar os olhos no tempo do teste. • Teste da prostigmina • Teste do edrofônio Ambos são anticolinesterásicos endovenosos. Porém são pouco usados na prática atual. Precisa ser feito no ambiente hospitalar, pelos efeitos colaterais, como bradicardia (precisa de atropina imediatamente), hipotensão... que podem trazer alguns riscos para o paciente. Na prática, utiliza-se o anticolinesterásico por via oral, a piridostigmina. Usa no paciente, depois de 40-60 minutos reavalia o paciente e verifica se o sintoma evoluiu com melhora ou não. Se evoluiu com melhora, o paciente tem tudo para realmente tem tudo para ter MG, inclusive com teste terapêutico positivo. • Estimulação nervosa repetitiva Usamos a eletroneuromiografia e estimulamos um grupo de fibras musculares e espera-se que haja um decréscimo no potencial de ação motora composto. Se o decréscimo for de 10% é positivo para MG. Porém, não é um exame tão sensível assim. Na forma ocular, nas formas leves, temos 35% de positividade e, na forma generalizada, de 37 até 62%. Então não é tão sensível assim, existem muitos falsos negativos. Mas, sempre ao pensar em MG, deve-se pedir a ENMG com o teste da estimulação repetitiva e espera-se nesse teste um potencial de ação com decréscimo maior que 10% para que seja positivo, pois denota uma fadiga/fraqueza sintomática nesse potencial motor. Pena que a sensibilidade não é tão grande. Distal Proximal MG Ocular 35% 50% MG Generalizada 37-62% 62-77%• Eletromiografia de fibra única Se houver um quadro clínico compatível, com uma sensibilidade também negativa, uma ENMG com estimulação nervosa repetitiva também negativa, lança mão de um exame mais difícil de encontrar, que é a ENMG de fibra única que estimula uma fibra por vez, que tem uma sensibilidade muito alta (>80%, tanto na MG ocular, quanto na MG generalizada). Se estimular as fibras da face, chega acima de 99% de positividade. Com quadro clínico compatível, anticorpo negativo, ENMG com estimulação nervosa repetitiva negativa, vale a pena pedir a ENMG de fibra única. MG Ocular: 80-94% MG Generalizada: 86-92% (+face 99%) • Dosagem de anticorpos o Define o subtipo imunológico da MG o Permite maior racionalidade terapêutica e o Indica diretamente o prognóstico Tratamento • Anticolinesterásicos – tratamento de manutenção – piridostigmina dose inicial 60mg -3x/dia, dose máxima 120mg – 6x/dia • Corticoterapia – principalmente para dar tempo dos imunomoduladores agirem – pode entrar com dose alta (1mg/kg da prednisona), estabiliza e vai diminuindo gradualmente. • Imunomoduladores – também melhoram a agressão autoimune e poupam corticoide. Basicamente usa a azatioprina, ciclosporina, fenolato de mofetila... são os principais utilizados no dia a dia. • Plasmaférese – fase aguda (crise) – assim como na Guillain- Barré • Imunoglobulina – fase aguda (anticorpo contra o auto- anticorpo) Entender que na crise vai precisar as plasmaférese ou imunoglobulina, porque precisa salvar a vida do doente, uma vez que a crise miastênica traz risco à vida, principalmente quando acomete a musculatura orofaríngea. Então não dá tempo de esperar o efeito dos medicamentos, precisa de uma terapia rápida de resgate. Timectomia Sobre a classificação da MG quanto ao substrato: não timomatosa e timomatosa. Esse artigo mostra que em MG com anticorpo antireceptor da acetilcolina positivo, mesmo não timomatosa, a doença generalizada, mostrou-se benefício com a retirada do timo (timectomia). Melhorou o score de funcionalidade e reduziu a terapia. Então, indica-se a timectomia, para pacientes com positividade no anticorpo anti-receptor da acetilcolina mesmo se não for uma doença com tumor tímico. Timectomia na MG-AcRACo+ não timomatosa e generalizada é benéfica. Melhorou OMGS, reduziu imunoterapia em 03 anos de seguimento. MG refratária Quando a MG é definida como refratária? 1. Recidiva da MG com redução de imunoterapia 2. MG não controlada clinicamente mesmo com uso de imunoterapia 3. Efeitos colaterais graves da imunoterapia por pelo menos 12 meses Rituximabe Existe o conceito de MG refratária também e aí podemos lançar mão do anticorpo monoclonal e, em determinadas situações, terapias de resgate regulares. Seja a plasmaférese, seja a imunoglobulina. Ou o anticorpo monoclonal, marcadamente o rituximabe, que pode ter uma boa resposta.
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