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UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL CENTRO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS, CONTÁBEIS E COMÉRCIO INTERNACIONAL CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS ANA KARIN RAMON PROPOSTA DE SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL (SGA) PARA UMA METALÚRGICA DE PEQUENO PORTE NA CIDADE DE CAXIAS DO SUL. CAXIAS DO SUL 2013 ANA KARIN RAMON PROPOSTA DE SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL (SGA) PARA UMA METALÚRGICA DE PEQUENO PORTE NA CIDADE DE CAXIAS DO SUL. Monografia apresentada como requisito para a obtenção do Grau de Bacharel em Ciências Contábeis da Universidade de Caxias do Sul Orientador: Profª. Ms. Cleusa Marli Gollo Bittencourt. CAXIAS DO SUL 2013 ANA KARIN RAMON PROPOSTA DE SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL (SGA) PARA UMA METALÚRGICA DE PEQUENO PORTE NA CIDADE DE CAXIAS DO SUL. Monografia apresentada como requisito para a obtenção do Grau de Bacharel em Ciências Contábeis da Universidade de Caxias do Sul Orientador: Profª. Ms. Cleusa Marli Gollo Bittencourt. Aprovado (a) em ____/_____/_____ Banca Examinadora: Presidente -------------------------------------------------- Profª. Ms. Cleusa Marli Gollo Bittencourt Universidade de Caxias do Sul - UCS Examinadores: ---------------------------------------------------------------------- Profª. Drª. Marlei Salete Mecca Universidade de Caxias do Sul - UCS ---------------------------------------------------------------------- Prof. Ms. Afonso Martins Universidade de Caxias do Sul - UCS DEDICATÓRIA Dedico este trabalho a todos que sempre estiveram ao meu lado me apoiando; em especial ao meu marido Fabiano, que através do seu amor, compreensão e paciência incentivou- me a elaborar este trabalho de forma que os objetivos esperados fossem atingidos. AGRADECIMENTOS Primeiramente agradeço a Deus por ser sinônimo de amor, força e renovação, e por ser a base para as minhas conquistas. Agradeço aos meus familiares que me incentivaram e apoiaram em minhas escolhas, o que me motivou a buscar a realização dos meus sonhos e a alcançar meus objetivos. Sou grata às dificuldades encontradas nesta jornada, pois os momentos adversos me fortaleceram e me conduziram ao amadurecimento. Agradeço a Profª Ms. Zélia Maria Mirek, coordenadora do curso de Ciências Contábeis no CNEC/IESA (Instituto Cenecista de Ensino Superior de Santo Ângelo) pelo seu interesse e dedicação em esclarecer minhas dúvidas quanto aos seus artigos publicados. Seu contato contribui neste trabalho e resultou no enriquecendo da minha pesquisa. Em especial, agradeço as Professoras Ms. Cleusa Marli Gollo Bittencourt e Ms. Luciane Muniz que orientaram a elaboração de meu projeto e minha monografia com muita atenção e profissionalismo. Os agradecimentos se estendem aos representantes da empresa estudo de caso deste trabalho pela credibilidade e cooperação no envio dos dados necessários, o que foi essencial para que os objetivos deste trabalho fossem atingidos. PENSAMENTO “Se você tem metas para um ano, plante arroz. Se você tem metas para 10 anos, plante uma árvore. Se você tem metas para 100 anos, eduque uma criança. Se você tem metas para mil anos, então preserve o meio ambiente.” (Confúcio) 6 RESUMO Os assuntos relacionados ao meio ambiente tornaram-se importantes a toda sociedade pelas mudanças sofridas devido aos danos causados ao planeta, por este motivo surgiu a necessidade da preservação e reparo a estes danos, obrigando as empresas a reverem seus processos produtivos e forçando-as a tomarem medidas de prevenção, como por exemplo, a opção de matérias primas que não impactem o meio ambiente ou que causem o menor impacto possível. Para isso foi necessário que as empresas reavaliassem seus controles e introduzissem a estes controles informações confiáveis sobre seus estoques, resíduos e produtos prontos, conscientizando-se, assim, da importância da destinação correta desses materiais e produtos quando não estão em estado de uso. Este trabalho tem por finalidade dar ênfase a importância da contabilidade ambiental, visto que o tema é bastante abrangente e de suma importância na atualidade, pois contribui para o crescimento empresarial de forma limpa. A contabilidade ambiental equilibra-se com as normas e leis. Seu foco é registrar as ações derivadas da forma sustentável de tratar o planeta e, ainda, permitir o crescimento econômico, mostrando o meio ambiente como uma oportunidade de negócio e não mais como um problema para as empresas. Para o desenvolvimento do trabalho criou-se o problema de pesquisa: Quais os requisitos necessários para implantação de um sistema de gestão ambiental na Metalúrgica Delta Ltda e os benefícios desta proposta de sistema conforme a NBR ISO 14001? Para responder essa questão optou-se por uma metodologia qualitativa quanto a abordagem do problema e ao objeto de estudo de forma descritiva. O trabalho resultou em uma proposta de SGA para uma indústria de pequeno porte no ramo metalúrgico, demonstrando o SGA como um excelente negócio às empresas e demonstrando um equilíbrio entre a minimização de impactos ambientais e a aparente melhora nos controles do processo produtivo. Palavras-chave: contabilidade ambiental, sistema de gestão ambiental, impactos ambientais, meio ambiente, desenvolvimento sustentável. LISTA DE FIGURAS Figura 1: Motivação para proteção ambiental na empresa. ...................................... 25 Figura 2: Ciclo PDCA ................................................................................................ 38 Figura 3: Atividade gestão ambiental – visão geral ................................................... 44 Figura 4: Fachada metalúrgica delta ......................................................................... 45 Figura 5: Vista interna metalurgica Delta .................................................................. 46 Figura 6: Torno CNC – utilizado no processo de usinagem ...................................... 49 Figura 7: Produto pronto embalado ........................................................................... 51 Figura 8: Galões de óleo solúvel ............................................................................... 52 Figura 9: Cavaco de aço – gerado no torno para usinar as peças ............................ 53 Figura 10: Container de cavaco de aço. .................................................................... 55 Figura 11: Ciclo da melhoria contínua ....................................................................... 67 8 LISTA DE QUADROS Quadro 1: Classificação das contas na contabilidade ambiental............................... 26 Quadro 2: Classificação dos custos ambientais ........................................................ 32 Quadro 3: Mudanças na empresa pela conscientização ambiental .......................... 35 Quadro 4: As três eras da história da qualidade ....................................................... 37 Quadro 5: Razões para implantação SGA ................................................................ 43 Quadro 6: Considerações para avaliar Impactos ...................................................... 58 Quadro 7: Índice de gravidade (G) ............................................................................ 58 Quadro 8: Probabilidade de ocorrência (O) ............................................................... 59 Quadro 9: Índice de detecção (D) ............................................................................. 59 Quadro 10: Passos para a excelência ambiental ..................................................... 66 LISTA DE TABELAS Tabela 1: custo unitário para fabricação dapeça ...................................................... 48 Tabela 2: Pesagem de cavaco de aço por peça ....................................................... 53 Tabela 3: Receita com venda de cavaco de aço ....................................................... 56 Tabela 4: Índice de gravidade da metalúrgica Delta ................................................. 60 Tabela 5: Probabilidade de ocorrência da metalúrgica Delta .................................... 61 Tabela 6: Índice de detecção da metalúrgica Delta ................................................... 61 Tabela 7: Índice de risco ambiental da metalúrgica Delta ......................................... 62 Tabela 8: Ações corretivas ........................................................................................ 69 LISTA DE SÍMBOLOS, ABREVIATURAS E SIGLAS CFC Conselho Federal de Contabilidade CNC Comando Numérico Central CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente D Índice de Detecção EIA Estudo de Impacto Ambiental G Índice de Gravidade IBRACON Instituto Brasileiro de Contadores INEM International Network for Environmental Management IRA Índice de Risco Ambiental ISO International Organization for Standardization KG Quilograma M² Metros quadrados MME Ministério de Minas e Energia NBR Norma Brasileira O Probabilidade de Ocorrencia ONGs Organizações Não Governamentais ONU Organização das Nações Unidas R$ Moeda Real RS Rio Grande do Sul SISNAMA Sistema Nacional do Meio Ambiente SGA Sistema de Gestão Ambiental 11 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................... 13 1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO ESTUDO ....................................................... 13 1.2 TEMA E PROBLEMA DE PESQUISA ....................................................... 14 1.3 OBJETIVOS .............................................................................................. 16 1.3.1 Objetivo geral .................................... ...................................................... 16 1.3.2 Objetivos específicos ............................. ................................................ 16 1.4 METODOLOGIA ........................................................................................ 16 1.5 ESTRUTURA DO ESTUDO ...................................................................... 18 2 A CONTABILIDADE AMBIENTAL ......................... .................................. 20 2.1 CONCEITO ................................................................................................ 20 2.2 O PERFIL DO CONTADOR E A CONTABILIDADE AMBIENTAL ............. 22 2.3 CONTABILIDADE GERENCIAL: EVOLUÇÃO E CONCEITOS ................. 23 2.4 CLASSIFICAÇAO DA CONTABILIDADE AMBIENTAL ............................. 25 2.4.1 Ativo ambiental ................................... .................................................... 26 2.4.2 Passivo ambiental ................................. .................................................. 27 2.4.3 Despesa ambiental ................................. ................................................. 28 2.4.4 Receita ambiental ................................. ................................................... 30 2.5 INCORPORAÇÃO DOS CUSTOS AMBIENTAIS ..................................... 31 2.6 SISTEMA DE GESTAO AMBIENTAL (SGA) ............................................ 34 2.6.1 Sistema de gestão ambiental e qualidade ambiental . .......................... 37 2.6.2 Legislação e certificação ISO 14001 ............... ....................................... 39 2.6.3 Legislação e certificação ISO 14001 ............... ....................................... 41 3 EMPRESA OBJETO DO ESTUDO, O PRODUTO E OS AGENTES POLUIDORES .......................................................................................... 45 3.1 A EMPRESA ............................................................................................. 45 3.1.1 Atividades produtivas exercidas ................... ........................................ 47 3.1.2 Produto poluidor .................................. ................................................... 48 3.1.3 Processo produtivo ................................ ................................................. 49 3.2 RESÍDUOS POLUENTES ......................................................................... 51 3.3 DANOS CAUSADOS AO MEIO AMBIENTE PELO ÓLEO SOLÚVEL E CAVACO DE AÇO .................................................................................... 54 3.4 DESTINAÇÕES DOS RESÍDUOS POLUENTE ........................................ 54 4 PROPOSTA DE UM SGA PARA A METALURGICA DELTA LTDA .. ...... 57 4.1 ÍNDICE DE RISCO AMBIENTAL (IRA) ..................................................... 57 4.2 SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL (SGA) CONFORME A NBR ISO 14001 E NBR ISO 14004 .......................................................................... 62 4.3 PROPOSTA DE MUDANÇAS QUE TRARÃO BENEFÍCIOS AMBIENTAIS .................................................................................................................. 65 5 CONCLUSÃO ......................................... .................................................. 71 REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 73 13 1 INTRODUÇÃO 1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO ESTUDO Ao longo da evolução, a busca de praticidade e novas tecnologias para a humanidade levaram ao abuso dos recursos naturais, com isso iniciaram-se as mudanças climáticas, aquecimento global e os danos ao meio ambiente se tornaram evidentes (CALLENBACH, 2003). Tendo isso em vista, os assuntos relacionados ao planeta tornaram-se relevantes. A importância da preservação direcionou as empresas a optarem por suas matérias primas, matérias secundárias e embalagens de forma que não agridam, ou ainda, que causem o menor impacto ambiental possível, revendo, assim, seus controles em todo processo produtivo. Um meio de auxiliar nos controles mencionados é a implantação de um sistema operacional onde permita o seu uso para o registro da contabilidade ambiental e gere relatórios com dados de entradas e saídas de materiais. Essa opção pode beneficiar a empresa, pois esses dados auxiliam o administrador para o planejamento estratégico, podendo gerar receitas maiores com as destinações de resíduos comparadas ao custo deste meio de controle, resultando em lucro para a empresa. Deve existir também a consciência quanto à importância da destinação correta desses materiais e produtos quando não estão mais em estado de uso. Bergamini Jr. (1999, p. 98) afirma que “a contabilidade ambiental tem o objetivo de registrar as transações da empresa que impactam o meio ambiente”. Pode-se afirmar que a contabilidade ambiental auxilia no planejamento estratégico e na gestão ambiental, pois ela controla os custos internos e faz a prevenção de custos ambientais externos. Além disto, ela identifica e efetua os registros contábeis das transações que afetam diretamente ao meio ambiente, por consequência demonstrando de forma mais transparente possível os impactos ambientais. (SILVA, 2009). Uma empresa bem sucedida é aquela que consegue aumentar seus lucros e expandir-se impactando o mínimo possível o planeta. É de responsabilidade dos empresários conscientizarem-se da importância do equilíbrio entre os parâmetros econômico, social e ambiental. 14 É importante salientar que pela contabilidade ter sofrido um grande avanço no âmbito socioambiental, o contador atualmente tem o dever de incentivare guiar seus clientes para a adaptação de meios sustentáveis e dar ênfase sobre a importância desses valores. 1.2 TEMA E PROBLEMA DE PESQUISA O crescimento global gerou uma ampla diversidade nas atividades industriais. Consequente a esse avanço tecnológico houve o aumento do acúmulo de resíduos tóxicos. Esses resíduos, quando não destinados corretamente, são altamente danosos ao meio ambiente. Por este motivo, as indústrias estão adotando gestões de consciência ambiental e estudando meios de diminuírem o impacto que seus resíduos causam quando entram em contato com o solo, água ou ar. É interessante que as empresas busquem meios de controles desde suas matérias primas, ou seja, que busquem entender como são produzidas e como se comportam quando expostas ao meio ambiente. O controle deve passar pelo processo produtivo, controlando os resíduos de materiais e, indo mais além, controlando a forma de descarte de seus produtos prontos, criando destinações corretas para quando estes não estejam mais em uso, ou seja, o produtor tem responsabilidade pelo destino final de seus resíduos e sucatas quando seu produto se transformar em lixo. Imagina-se que as medidas a serem adotadas sejam simples. Todavia, para controlar internamente e obter informações sobre a separação de todos os resíduos, sejam por suas composições ou nível tóxico quando em contato com o meio ambiente, gera-se um custo adicional para empresa, este denominado custo ambiental. Pelo fato do tema se estender a uma ampla diversidade nas atividades industriais, optou-se em delimitar o tema para uma indústria de pequeno porte no ramo metalúrgico da cidade de Caxias do Sul. Aumentou o número de metalúrgicas que adotaram programas sustentáveis. Um exemplo de programa sustentável é a reciclagem de resíduos sólidos. Essa reciclagem diminui o volume de resíduos ainda no processo produtivo, reduz os custos e gastos operacionais e algumas metalúrgicas geram uma nova fonte de receitas com esse método (MME, 2009). 15 Dentro deste contexto, o presente projeto busca apresentar, com base nas normas ISO 14001 e ISO 14004, uma proposta de um Sistema de Gestão Ambiental (SGA) para uma metalúrgica caxiense demonstrando os benefícios que os controles confiáveis podem trazer a empresa e ao meio ambiente. A escolha do tema se deu pela necessidade das empresas adotarem meios de sustentabilidade em seus processos, porém não esquecendo que o principal objetivo em uma empresa é visar lucro, isto é, as receitas devem superar as despesas. A reciclagem e gestão ambiental estão sendo cada vez mais visadas. Profissionais de diversas áreas buscam aperfeiçoar seus conhecimentos na área de sustentabilidade industrial com o objetivo de auxiliar a empresa na melhor utilização de seus estoques através do incentivo da reciclagem e da destinação correta dos resíduos poluentes, evitando, assim, o desperdício e os gastos desnecessários e também contribuindo com o crescimento industrial e o aumento das receitas através das vendas de materiais reciclados. Tornou-se necessário que os empresários busquem meios de destinações corretas de seus poluentes e as empresas devem trabalhar em equilíbrio com o meio em que se vive. A atualidade exige que as empresas busquem lucrar sem impactar o meio ambiente, isto é, além das responsabilidades da empresa com impostos, vendas, qualidade de produção e seriedade, exigiu-se a responsabilidade da organização com o planeta e a sociedade e, como consequência, as empresas com métodos sustentáveis são bem vistas pela população. Perante isso, o que motiva a pesquisadora a aprofundar esse tema é estudar o comportamento dos envolvidos na empresa quando expostos a meios de controles ambientais, buscar a verificação de que, além da prevenção de danos ao meio ambiente, é possível a redução dos custos e desperdícios no processo produtivo, visando a transformação de restos industriais em uma fonte de receita. Com base na delimitação do tema de pesquisa proposto, a questão de pesquisa para o estudo é: quais os requisitos necessários para implantação de um sistema de gestão ambiental na Metalúrgica Delta Ltda e os benefícios desta proposta de sistema conforme a NBR ISO 14001? O problema foi formulado a partir da ideia de que para controlar, implantar sistemas e reciclar precisa-se de mão de obra qualificada, tempo e recursos financeiros, isto é, para que a empresa se adapte ao meio sustentável, ela irá ter um custo. Todavia, a empresa pode beneficiar-se com o aumento das receitas através 16 das vendas do material reciclado, redução dos desperdícios e gastos oriundos. Com estes parâmetros surgiu a ideia de uma proposta de controles ambientais tendo como objetivo buscar um ponto de equilíbrio entre o bom funcionamento industrial e o meio em que se vive. 1.3 OBJETIVOS 1.3.1 Objetivo geral Identificar os agentes poluentes e propor, com base na ISO 14001 e ISO 14004, um modelo de sistema de gestão ambiental para uma indústria metalúrgica de pequeno porte na cidade de Caxias do Sul. 1.3.2 Objetivos específicos - Contribuir para a divulgação do tema, incentivando as empresas a se desenvolverem de maneira sustentável; - Fazer o levantamento bibliográfico relacionado à gestão ambiental e sistema de gestão ambiental (SGA); - Demonstrar através das normas ISO 14001 e ISO 14004 os passos para construção de um modelo de SGA para que a Metalúrgica Delta LTDA torne-se uma empresa de sistema sustentável. 1.4 METODOLOGIA Quanto aos procedimentos técnicos, o trabalho de conclusão de curso é realizado através de um estudo de caso. No que se refere à forma de abordagem do problema, optou-se pela forma qualitativa, através de questionários e entrevistas destinadas à empresa, a fim de coletar o máximo de informações e aprofundar o assunto. A finalidade desta pesquisa é propor a uma metalúrgica de pequeno porte na cidade de Caxias do Sul um modelo de SGA, expondo os benefícios que esse sistema proporciona para a empresa. O estudo de caso segundo Gil (2008, p.200) é um estudo empírico que investiga um fenômeno atual dentro de seu contexto de realidade, quando estas não 17 estão claramente definidas e no qual são utilizadas várias fontes de evidência. Já para Triviños (1987, p.175), seu objetivo é uma unidade que se analisa profundamente; porém para Yin (2001, p.205) o estudo de caso contribui para a compreensão que temos dos fenômenos individuais, organizacionais, sociais e políticos. Quanto ao objeto apresenta-se de forma descritiva. Cesarin (2011, p.40) afirma que estes tipos de pesquisas “procuram caracterizar e identificar opiniões, atitudes ou crenças de um determinado grupo ou população”. Mascarenhas cita os objetivos da pesquisa descritiva: Já a pesquisa descritiva, como o nome sugere, objetiva descrever as características de uma população ou um fenômeno, além de identificar se há relação entre as variáveis analisadas. O questionário e a observação são seus principais instrumentos. (MASCARENHAS, 2012, p.46) Barros e Lehfeld (2007, p.84) defendem que a forma descritiva “procura descobrir a frequência com que um fenômeno ocorre, sua natureza, características, causas, relações e conexões com outros fenômenos”. Quanto à forma de abordagem do problema, Castro explica como é feita a pesquisa de forma qualitativa. Na pesquisa qualitativa há menos decisões irreversíveis, pois trata de uma exploração permanente, em que as dúvidas, as respostas, as pistas e os novos territórios de indagação permanecem abertos até o final. O método não se fecha sobre o pesquisador. (CASTRO, 2006, p. 108) Já Flick destaca: os aspectos essenciais da pesquisa qualitativa consistem na escolha adequada de métodos e teorias convenientes; no reconhecimento e na análise de diferentes perspectivas; nas reflexões dos pesquisadores a respeito de suas pesquisas como partedo processo de produção de conhecimento; e na variedade de abordagens e métodos. (FLICK, 2009, p.23). Mascarenhas (2012, p.46) nos ensina que “utilizamos a pesquisa qualitativa quando queremos descrever nosso objeto de estudo com mais profundidade”. Ainda sobre a pesquisa qualitativa Mascarenhas afirma: A pesquisa qualitativa não é formada por etapas engessadas como a quantitativa: aqui, o pesquisador fica à vontade para desenhar o estudo da 18 forma que julgar mais adequada. No entanto, é importante manter em mente que a pesquisa deve apresentar uma estrutura sólida e coerente, capaz de receber a aprovação dos membros da comunidade científica. (MASCARENHAS, 2012, p. 46) Diante das colocações dos autores, entende-se que as metodologias escolhidas são as mais adequadas para o tipo de estudo proposto. Para a coleta dos dados analisados foram realizados os seguintes procedimentos: - Elaboração e distribuição do questionário semiestruturado; - Análise das respostas, estruturando-as no contexto da pesquisa. - Análise dos dados levantados utilizando o embasamento teórico, alinhado ao objetivo e a questão de pesquisa. 1.5 ESTRUTURA DO ESTUDO No primeiro capítulo é apresentada uma contextualização do tema, bem como os objetivos, a questão de pesquisa e a metodologia. O segundo capítulo demonstra diversos aspectos teóricos quanto ao conceito e importância da contabilidade ambiental e o perfil e o papel do contador na atualidade. Neste capítulo ainda é apresentado a relação existente entre a contabilidade ambiental e a sustentabilidade. Também estuda-se a classificação da contabilidade ambiental e a incorporação dos custos ambientais, fundamentando-as através de citações de obras de autores. Ainda no segundo capítulo é pesquisado sobre Sistema de Gestão Ambiental, isto é, busca-se na legislação as coordenadas para a implantação através de livros e artigos científicos, além de mostrar os objetivos e princípios para essa gestão. O objetivo desse capítulo é demonstrar através de uma pesquisa aprofundada de citações de autores os benefícios e as dificuldades de uma implantação de Sistema de Gestão Ambiental, bem como aprofundar os conhecimentos sobre a contabilidade ambiental na gestão ambiental. O terceiro capítulo traz dados da empresa objeto do presente estudo assim como apresenta o produto que gera os agentes poluidores para os quais se pretende, no quarto capítulo, dar um destino adequado de acordo com os procedimentos descritos em proposta para implantação de SGA. 19 Ao final, no quarto capítulo, apresenta-se um modelo de sistema de gestão ambiental (SGA) para a Metalúrgica Delta LTDA a fim de atingir o objetivo principal da pesquisa. 20 2 A CONTABILIDADE AMBIENTAL 2.1 CONCEITO O mercado está cada vez mais competitivo e exigente. Além de estar em constante mutação, desafia as indústrias em suprir suas necessidades sem comprometer o ecossistema e as gerações futuras, preocupando-se com o cuidado de não causar danos ao meio ambiente. Através desta conscientização, surge a necessidade de mudança para um processo produtivo mais sustentável. Décadas atrás, a contabilidade e o âmbito ambiental não eram assuntos relacionados, porém como mencionado, o avanço tecnológico e a expansão do mercado econômico exigiu que mudanças fossem realizadas além da adaptação de tecnologias limpas, pensando no bem estar das gerações e do planeta, aproximando os temas meio ambiente e contabilidade. Para entender isso, Müller conceitua contabilidade como: A contabilidade é, por definição, a ciência que estuda o desenvolvimento do patrimônio de uma pessoa, seus resultados e reflexos, sua evolução, sua gerência e seu futuro, conceito que deve ser entendido amplamente, e não de modo restrito. (MÜLLER, 2007, p. 14) O IBRACON define a contabilidade “como um sistema de informação e avaliação destinado a prover a seus usuários com demonstrações e análises de natureza econômica, financeira, física e de produtividade, com relação à entidade objeto de contabilização”. Sabe-se que a finalidade da contabilidade é o registro e controle do patrimônio de uma pessoa jurídica ou pessoa física com fins lucrativos ou não; (MARION, 2009). Todavia, com a necessidade de uma nova postura de sustentabilidade sem diminuir a eficácia da contabilidade, deu-se espaço para o surgimento da contabilidade ambiental. Para Silva (2009, p.36) “a contabilidade não estava preparada para registrar adequadamente os efeitos econômico-financeiros que essa nova postura de se tentar preservar o meio ambiente trouxe”. Ribeiro apud Silva afirma: 21 A contabilidade ambiental não é uma nova ciência, mas sim, uma segmentação da tradicional, já amplamente conhecida. (...) Podemos definir como objetivo da contabilidade ambiental: identificar, mensurar e esclarecer os eventos e transações econômico-financeiros que estejam relacionados com a proteção, preservação e recuperação ambiental, ocorridos em um determinado período, visando a evidenciação da situação patrimonial de uma entidade. (SILVA, 2009, p.36) Já Paiva entende a contabilidade ambiental como: (...) a atividade de identificação de dados e registro de eventos ambientais, processamento e geração de informações que subsidiem o usuário servindo como parâmetro em suas tomadas de decisões. (PAIVA, 2003, p.17) A contabilidade ambiental ainda não é obrigatória para as empresas, porém não se pode esquecer de sua importância, pois mostra o comprometimento e a preocupação das empresas em não poluir o meio ambiente, ou seja, mostra o comprometimento com a sociedade e as próximas gerações, além de ser de grande utilidade no processo de identificação e fornecimento de informações de controle dos impactos ambientais e do processo operacional (BRAGA, 2007). Perante a ideia da importância da contabilidade ambiental, Teixeira destaca: A contabilidade do meio ambiente tem crescido de importância para as empresas em geral porque a disponibilidade e/ou escassez de recursos naturais e a poluição do meio ambiente tornam-se objeto de debate econômico, político e social em todo o mundo. (TEIXEIRA, 2000 p. 3) Outra função que se pode destacar da contabilidade ambiental é mostrar as diretrizes a serem seguidas, auxiliando na precaução de problemas com os órgãos de fiscalização ambientais e ajudando, assim, a evitar multas e processos com órgãos de fiscalização ambiental. Perante o exposto, pode-se dizer que a contabilidade ambiental é uma poderosa ferramenta gerencial, pois além de auxiliar na tomada de decisão, expandir as oportunidades de negócios e apresentar controles com maior precisão e confiabilidade, ela apresenta métodos sustentáveis, trabalhando de forma harmônica com a natureza e todo meio ambiente. Sendo assim, salienta-se que a contabilidade ambiental foi um grande avanço quanto a consciência da importância do meio ambiente e o lucro da empresa. 22 2.2 O PAPEL DO CONTADOR E A CONTABILIDADE AMBIENTAL A contabilidade é de suma importância para a empresa, pois é responsável pelas apurações e todos os registros de fatos e atos gerados no período. (MARION, 2009) A contabilidade precisa passar transparência, isto é, buscar fazer seus registros através de documentos confiáveis e apresentar números precisos ao seu cliente para que assim possa dar andamento na tomada de decisão, caso contrário, a contabilidade perde sua função, e pode-se fazer efeito contrário, isto é, gerar informações incorretas, podendo assim prejudicar a empresa, seus administradores e contadores. Devido ao avanço tecnológico que se vive, a economia mundial sofre uma infinita turbulência entre seus altos e baixos. O mundo mudou e com o mercado de trabalho não foi diferente. As profissões precisaram evoluir. Aquele profissional que sabe tudo de um departamento está em fase de desaparecimento e com o perfil contábilnão foi diferente: o mercado e os empresários não precisam mais de contadores guarda-livros que tenham o perfil robótico, isto é, aquele profissional que apenas efetua lançamentos de débito e crédito, imprime relatórios e guias e que se omite do “dever” de pensar pelas estratégicas da empresa. Destacam Horngren, Stratton e Sundem: O objetivo básico da informação contábil é ajudar alguém a tomar decisões (...). Independente de quem está tomando a decisão, o entendimento da informação contábil propicia a tomada de uma decisão melhor e mais bem fundamentada. (HORNGREN, STRATTON e SUNDEM, 2004, p.4). O setor contábil é amplo, pois a contabilidade é indispensável para as empresas, o mercado busca contadores com alto nível gerencial e empreendedores. O profissional deve conhecer a empresa a qual presta serviço, buscar conhecer uma fração de cada setor, assim o profissional poderá se fazer presente nas tomadas de decisões e poderá guiar seu cliente ao caminho melhor para a sua empresa. Isso não quer dizer que o contador não tem que entender dos assuntos relacionados às escriturações e assuntos fiscais. Apenas julga-se necessário que o profissional se atualize e especialize-se, busque cursos, seminários, palestras, leituras e mantenha- 23 se informado quanto às oscilações dos setores econômico e financeiro, enfim, busca-se que faça parte da equipe gerencial e administrativa da empresa. Nasi salienta os predicados que o contador deve possuir: O contador deve estar no centro e na liderança deste processo, pois, do contrário, seu lugar vai ser ocupado por outro profissional. O contador deve saber comunicar-se com as outras áreas da empresa para tanto, não pode ficar com os conhecimentos restritos aos temas contábeis e fiscais. O contador deve ter formação cultural acima da média, inteirando-se do que aconteceu ao seu redor, na sua comunidade, no seu Estado, no país e no mundo. O contador deve participar de eventos destinados à sua permanente atualização profissional. O contador deve estar consciente de sua responsabilidade social e profissional. (NASI, 1994, p. 5). O contador deve realizar um trabalho diferenciado, isso significa prestar um serviço com eficiência e qualidade, buscando a excelência no seu trabalho. O contador deve mostrar a real situação da empresa além de fornecer opções de meios para soluções eficazes, auxiliando o cliente a atingir seus objetivos. 2.3 A CONTABILIDADE AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE Na proporção que o tempo passa, a consciência de sustentabilidade nas pessoas evolui, pois sustentabilidade deixou de ser uma responsabilidade de um pequeno grupo e passou a ser uma responsabilidade universal. A sociedade exigiu medidas cabíveis de sustentabilidade ao governo e esse, por sua vez, criou leis que pressionassem as empresas a modificarem suas práticas, reduzindo os impactos causados ao meio ambiente (CURI, 2012). Criou-se, então, uma cadeia de exigências onde a preocupação com o meio ambiente é dever de todos, a busca de tecnologias limpas tornou-se necessária e primordial e a consequência desta conscientização à sociedade é um ambiente menos impactado. Paiva mostra que foi através da existência desta preocupação com o meio ambiente que surgiu a contabilidade ambiental quando cita: Para que se pudesse acompanhar esse convívio do homem com o meio ambiente, seja na forma de nação ou entidade, designou-se o termo Contabilidade Ambiental para o registro e geração de relatórios (PAIVA, 2003, p. 17). 24 Ainda com o pensamento de sustentabilidade e a procura de uma sistemática ambiental, Donaire destaca: A preocupação de muitas organizações com o problema da poluição tem feito com que elas reavaliem o processo produtivo, buscando a obtenção de tecnologias limpas e o reaproveitamento dos resíduos. Isso tem propiciado vultosas economias, que não teriam sido obtidas se elas não tivessem enfocado este problema (DONAIRE, 1999, p. 23). A busca do equilíbrio entre o crescimento econômico das empresas e a conservação e preservação do meio ambiente tornou-se um desafio. Para que exista o equilíbrio é necessário que se entenda o que é impacto ambiental e que se realize um Estudo de Impacto Ambiental (EIA), que, segundo Berté (2013, p.72), “possui caráter eminentemente preventivo e destina-se a analisar e a entender as consequências da implantação de determinado projeto ambiental”. O artigo 1° da resolução n° 1 da CONAMA de 23-1-198 6 considera: (...) impacto ambiental qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades que, direta ou indiretamente afetam: I – a saúde, a segurança e o bem-estar da população; II – as atividades sociais e econômicas; III - a biota; IV – as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; V – a qualidade dos recursos ambientais. (BERTÉ, 2013, p. 72-73). Através das ideias apontadas pode-se dizer que os impactos ambientais se deram pelo grande avanço tecnológico, o que obrigou a expansão industrial. O grande desenvolvimento industrial sem controles e sem preocupação com a natureza gerou um dano desenfreado ao ecossistema, como poluição das águas, terra e ar. Exposto os conceitos de impactar e o conceito de contabilidade ambiental, pode-se fazer uma análise e um planejamento para a adoção de meios sustentáveis. O contador tem o papel de mostrar medidas cabíveis e favoráveis ao seu cliente, isto é, direcionar seu cliente para atingir seus objetivos sem infringir leis, motivando-o a 25 proteção ambiental, pois o ideal é que o senso de responsabilidade ambiental faça parte das variáveis de funcionamento da empresa. Figura 1: Motivação para proteção ambiental na empresa Fonte: Callenbach et al (2003, p. 26) – Adaptado pela Autora Para amenizar esses danos, Callenbach et AL (2003) demonstra na Figura 1 que a empresa deverá incorporar juntamente a todas as variáveis de seus interesses a responsabilidade com o meio ambiente. O desafio é encontrar a harmonia de todas as variáveis: senso de responsabilidade ecológica e as obrigações legais devem estar incorporados juntamente aos interesses da empresa, assim consegue- se o bom funcionamento da organização. 2.4 CLASSIFICAÇÃO DA CONTABILIDADE AMBIENTAL A contabilidade ambiental classifica-se em contas patrimoniais, estas representadas pelo ativo e passivo ambiental; e em contas de resultados, aqui representados pelas despesas e receitas ambientais. O Quadro 1 demonstra essas contas. 26 Quadro 1 – Classificação das Contas na Contabilidade Ambiental Contas Patrimoniais: Contas de Resultado: � Ativo Ambiental - representado pelos bens adquiridos pela companhia com finalidade de controle, preservação e recuperação do meio ambiente (TINOCO & KRAEMER, 2004). � Despesas Ambientais – todos os gastos envolvidos com o gerenciamento ambiental (RIBEIRO, 2005). � Passivo Ambiental – todo valor de investimento necessário para reabilitar o meio ambiente de toda agressão ambiental praticada (IBRACON, 2000). � Receitas Ambientais – geradas de recursos provenientes da empresa, resultantes da venda de seus subprodutos ou de materiais reciclados (CARVALHO, 2007). Elaborado pela autora Segundo os autores, pode-se dizer que a classificação destas contas facilita os controles e possibilita informações verdadeiras quanto à situação da empresa. Através dos conceitos apresentados ainda pode-se dizer que os fatos ocorridos são possíveis com a adaptação do balanço patrimonial aos interesses da empresa com o meio ambiente. 2.4.1 Ativo Ambiental Algumas contas que representam o ativo são o valor disponível para giro, clientes, bens móveis e imóveis, maquinários, veículos, aquisições, as marcas e patentes e sem esquecer-se dos estoques desde a matériaprima, material secundário, embalagens, material de expediente até os estoques de produtos prontos (IUDÍCIBUS e MARION, 2000). Quanto ao ativo ambiental Tinoco e Kraemer explicam: 27 Ativos ambientais são os bens adquiridos pela companhia que tem como finalidade controle, preservação e recuperação do meio ambiente. Se os gastos ambientais podem ser enquadrados nos critérios de reconhecimento de um Ativo, devem ser classificados como tais. (TINOCO E KRAEMER, 2004, p. 176). Pode-se então descrever o ativo ambiental como sendo todos os bens ou acessórios adquiridos com a finalidade de prevenção do meio ambiente ou até mesmo a conservação do mesmo. Kraemer (2007, p.1) demonstra isso no artigo “Contabilidade Ambiental – O Passaporte para a Competitividade” quando cita que “os ativos ambientais representam os estoques dos insumos, peças, acessórios, etc, utilizados no processo de eliminação ou redução dos níveis de poluição”. Moreira (2007) apud Silva define a prevenção e a conservação: Preservação: “Estratégica de proteção dos recursos naturais que prega a manutenção das condições de um determinado ecossistema, espécies ou área, sem qualquer ação ou interferência que altere o status quo. Prevê que os recursos sejam mantidos intocados, não permitindo ações de manejo”. Conservação: “Conceito desenvolvido e disseminado nas últimas décadas do século IXX como um relacionamento ético entre pessoas, terras e recursos naturais, ou seja, uma utilização coerente destes recursos de modo a não destruir sua capacidade de servir às gerações seguintes, garantindo sua renovação. A conservação prevê a exploração racional e o manejo contínuo de recursos naturais, com base em sua sustentabilidade”. (SILVA, 2009, p; 111). Através das citações dos autores pode-se afirmar que ativos ambientais são todos os bens que a empresa adquiriu a fim de possibilitar a preservação e conservação do meio ambiente, evitando desastres ambientais e conservando o equilíbrio empresarial com o planeta. 2.4.2 Passivo Ambiental O IBRACON (2000, p.5) conceitua passivo ambiental como “toda agressão que se praticou/pratica contra o meio ambiente e consiste no valor de investimentos necessários para reabilitá-lo, bem como multas e indenizações em potencial”. Já para Silva, passivos ambientais são: 28 (...) todas as obrigações, contraídas de forma voluntária ou involuntária, que exigirão em um momento futuro entrega de ativos, prestação de serviços ou sacrifício de benefícios econômicos, em decorrência de transações ou operações, passadas ou presentes, que envolveram a instituição com o meio ambiente e que acarretaram algum tipo de dano ambiental. (SILVA, 2009 p. 135). Segundo Bergamini Jr. (1999, p. 103), um passivo ambiental é reconhecido “quando existe uma obrigação por parte da empresa que incorreu em um custo ambiental ainda não desembolsado, desde que atenda ao critério de reconhecimento como uma obrigação”. No artigo “Contabilidade Ambiental – O Passaporte para a Competitividade” Kraemer ressalta: (...) os passivos ambientais, como dizem as autoras, não têm origem apenas em fatos de conotação tão negativa. Eles podem ser originários de atitudes ambientalmente responsáveis como os decorrentes da manutenção de sistema de gerenciamento ambiental, os quais requerem pessoas (que recebem uma remuneração) para a sua operacionalização. (KRAEMER, 2007 p. 06). Entende-se que passivo ambiental são os financiamentos e todas as obrigações gerados a partir de uma necessidade de preservação e proteção do meio ambiente. Ribeiro apud Silva (2009, p.138) complementa esse pensamento quando cita “passivo ambiental se refere aos benefícios econômicos ou aos resultados que serão sacrificados em razão da necessidade de preservar, proteger e recuperar o meio ambiente”. As definições permitem citar que passivo ambiental é todo dano causado ao meio ambiente, representado pelas obrigações, como multas, penalidades fiscais, bem como financiamentos de curto ou longo prazo, os quais serão destinados para a redução e/ou amenizar os impactos causados ao meio ambiente. 2.4.3 Despesa Ambiental Carvalho apud Silva (2009, p.190) classifica as despesas ambientais como “todos os gastos efetuados pela empresa que tenham relação com o meio ambiente, 29 ocorridos no período, e que não estejam diretamente relacionados com a atividade produtiva da entidade”. Para Ribeiro (2005, p.50) as despesas ambientais são “todos os gastos envolvidos com o gerenciamento ambiental, consumidos no período e incorridos na área administrativa”. Perante aos conceitos apresentados percebe-se que despesa ambiental é todos os gastos relacionados com a gestão ambiental, todos os custos e valores a serem desembolsados com gestão de sistemas e preparação com pessoal como forma de controle e redução de causadores de impactos ambientais. Silva conceitua despesa ambiental como todo sacrifício a fim de se obter receitas: Despesa é o consumo de bens ou serviços que deverá produzir uma receita; portanto não existe uma despesa que não esteja associada a uma receita. As despesas causam uma diminuição do ativo ou aumento do passivo. A despesa é todo sacrifício que da empresa para obter uma receita. (SILVA, 2009, p. 189). Ribeiro apud Silva (2009, p.190) considera despesas e custos ambientais “o valor dos insumos, mão de obra, amortização de equipamentos e instalações necessários ao processo de preservação, proteção e recuperação do meio ambiente”. Estes custos e gastos ambientais dividem-se em gastos ativados e gastos não ativados, os quais Horngren, Foster e Datar apud Paiva explicam: Gastos ativados – primeiramente registrados como ativos. Parte-se do pressuposto de que estes gastos trarão benefícios futuros para a empresa. (...). Estes gastos são transferidos para despesa à medida que seus benefícios ocorrerem. Gastos não ativados – são registrados como despesas do período no qual são incorridos. (PAIVA, 2003, p. 25). Reconhecer uma despesa é um fato de extrema importância para a empresa, pois esse valor refletirá diretamente ao lucro da empresa. É importante salientar de acordo com as citações de Silva que a despesa primeiramente gerada possibilita a empresa posteriormente a geração de uma receita ambiental, trazendo um retorno positivo a empresa e possivelmente o aumento de lucro. 30 2.4.4 Receita Ambiental Iudícibus e Marion (2000, p.173) define a receita como “o acréscimo de benefícios econômicos durante o período contábil na forma de entrada de ativos ou decréscimo de exigibilidade e que resulta em um acréscimo do patrimônio líquido, outro que não o relacionado a ajustes de capital”. Sobre a receita ambiental Kramaer apud Silva afirma: Receita ambiental é todo o ganho de mercado que a empresa passa a auferir a partir do momento em que a opinião pública reconhece sua política preservacionista e dá preferência aos seus produtos. (SILVA, 2009, p. 161). Pode-se então afirmar através das considerações dos autores que receitas ambientais são todos os ganhos que a empresa recebe através de suas medidas sustentáveis. Como já foi comentado, o ideal das empresas é que mudem sua visão quanto ao meio ambiente e vejam uma nova oportunidade de negócios, que as empresas saibam explorar isso, sem explorar os bens naturais, poluir ou impactar o planeta. Silva (2009, p. 163) salienta como podem ser esses ganhos ao citar “receitas ambientais podem ser originárias de venda de produtos reciclados ou subprodutos, prestação de serviços especializados em consultorias ambientais, venda de tecnologias ambientais, etc”. Existem empresas recicladoras que compram sucatas ou resíduos com a finalidade de reciclagem. Vale ainda citar sobre os créditos de carbono que também são considerados receita ambiental. Silva explica o que são os créditos de Carbono: Créditos de carbono podeser considerada uma receita ambiental. Crédito de carbono é uma tonelada de dióxido de carbono (CO2) que não é jogada no meio ambiente. A cada 1 tonelada, é gerado um crédito de carbono. Este crédito é negociado no mercado internacional. (SILVA, 2009, p.163-164). Kraemer (2007 p. 05) explica como funciona essa tecnologia quando cita que “o governo fixa a emissão de créditos, e as empresas que menos poluírem ganharão créditos, que poderão ser vendidos para as empresas mais poluidoras”. 31 Tinoco e Kraemer afirmam que o investimento em recursos sustentáveis geram melhorias: Empresas que investem em meio ambiente provocam melhorias em seu desempenho econômico, financeiro, ambiental e social, incentivando o incremento da produtividade dos recursos utilizados em seu processo produtivo, que poupadores de recursos podem ser por analogia considerados receitas, além de contribuírem para a redução de impactos ambientais. (TINOCO E KRAEMER, 2004, p. 190). É possível salientar que os investimentos em recursos de sustentabilidade causam respostas positivas à empresa, isso porque criam-se novas fontes de receitas, matérias primas são controladas e as sobras de insumos são destinadas corretamente. Além dessa destinação trazer um aumento de resultados através da receita com a venda de reciclados, destaca-se também melhorias ao meio ambiente e, consequentemente, existe a melhora da imagem da organização aos olhos da sociedade. 2.5 INCORPORAÇÃO DOS CUSTOS AMBIENTAIS As indústrias que buscam se enquadrar nas normas ambientais, reduzindo seus poluentes e investindo em materiais harmônicos com o meio ambiente, tem aumentado, visto que a conscientização da sustentabilidade tornou-se um ponto positivo no mercado. Como Silva (2009) mostrou, as despesas ambientais são os sacrifícios para a obtenção de uma receita ambiental. É importante que se entenda o que é custo ambiental e a classificação destes custos ambientais para posteriormente fazer a devida incorporação. Já Ribeiro (1998) apud Silva conceitua: (...) os custos ambientais são representados pelo somatório de todos os custos dos recursos utilizados pelas atividades desenvolvidas com o propósito de controle, preservação e recuperação do meio ambiente. (SILVA, 2009, p. 229). A ONU (2001) apud Silva (2009, p. 219) afirma que “o principal problema com a contabilidade ambiental é a falta de definição normalizada de custos ambientais”. 32 O Quadro 2 demonstra a classificação dos custos conforme Kraemer (2007, p.5). Quadro 2 – Classificação dos Custos Ambientais Custo de Prevenção Destinado à redução da quantidade de poluentes expelidos no processo produtivo. Exemplo: investimentos em tecnologias limpas. Custo de Controle Destinam-se a manter as agressões ambientais dentro dos limites estabelecidos anteriormente. Exemplo: verificação periódica dos níveis de poluição. Custo de Correção Destinam-se às recuperações decorrentes dos danos causados ao meio ambiente. Exemplo: reflorestamento de áreas devastadas. Custo de Falhas Referem-se aos custos de falhas ocorridas no processo de redução, controle e correção da agressão ao meio ambiente. Exemplo: multas, sanções. Custo das Externalidades Decorrem dos impactos gerados pelas empresas, que poderão no futuro, vir se tornar importantes. Exemplo: danos causados à saúde pela poluição atmosférica. Fonte: Kraemer (2007, p.5) – Adaptado pela autora Visto a definição de custos, o Quadro 2 demonstra a importância da classificação desses custos. Quanto ao seu destino, os custos devem ser 33 classificados separadamente, isso é, os custos de prevenção devem ser separados dos custos de controle ou, até mesmo, aos custos de correção do meio ambiente, isso porque cada tipo de custo ambiental terá sua finalidade. Por exemplo, custos com a prevenção de impactos distinguem-se de custos de correção, onde nesse último já existe o impacto e exige a correção ambiental. É importante que exista o entendimento quanto à incorporação destes custos ambientais. Kraemer (2007) apud Silva demonstra que a incorporação dos custos ambientais é feita através de mecanismos. Mecanismos de Taxação - atende ao princípio poluidor e pagador; aquele que polui ressarce à sociedade o prejuízo causado. Mecanismos de Crédito - o governo fixa a emissão de créditos, e as empresas que menos poluírem ganharão créditos que poderão ser vendidos para as empresas mais poluidoras. Mecanismos de Benefícios - Criam-se benefícios para as empresas que mais investirem no controle ambiental. (SILVA, 2009, p. 230-231) Os mecanismos demonstram que para toda ação contra o meio ambiente haverá uma reação, isto é, as empresas poluidoras terão que ressarcir a sociedade ou buscar corrigir o impacto causado, enquanto as empresas que buscam investir e controlar seus poluentes terão incentivos do governo, assim convertidos em benefícios à empresa, meio ambiente e sociedade. Ribeiro consegue demonstrar isso quando afirma: Muitos gastos da empresa na área ambiental resultam em benefícios econômicos futuros para a sociedade externa, como resultado de um meio ambiente melhor em relação a essa conservação dos recursos naturais. (RIBEIRO, 2005, p. 51). Através do exposto, custos ambientais são os gastos utilizados para prevenir, reduzir ou reparar danos ao meio ambiente. Também classifica os gastos com os recursos utilizados para melhorar o setor operacional da empresa, como, por exemplo, para redução de barulhos, prevenção de desperdícios, diminuição de materiais poluentes, pesquisas com desenvolvimento sustentáveis, isso é, toda a 34 ação que envolva o processo de produção ambiental de forma saudável (SILVA, 2009, p.232). 2.6 SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL (SGA) A Revolução Industrial (1780-1830) marcou o avanço do capitalismo comercial para o capitalismo industrial. Karl Marx acreditava que o capitalismo seria um produto da Revolução Industrial (LIMA E PROCHNOW, 2012, p.1). Lima e Prochnow mostram através da ideia Marxista que essa expansão do capitalismo fez com que o consumismo expandisse de uma forma sem limites. Consequentemente junto ao consumismo houve um significativo aumento de lixo, não apenas da sociedade, mas também o lixo industrial, este diretamente associado aos impactos ambientais. Valle (2004, p.44) salienta para a preocupação com os riscos ambientais e que essa preocupação “deve estar presente nas decisões dos empresários e nos programas de imagem institucional das organizações”. Já para Moura (2002, p.127) é “fundamental que exista na empresa uma conscientização adequada quanto à importância da questão ambiental para o sucesso dos seus negócios e, às vezes, de sua própria sobrevivência”. A partir desta conscientização de não poluir e buscar impactar o mínimo possível o meio ambiente, precisou-se de uma mudança das abordagens da empresa, isto é, a empresa teve que mudar a ótica sobre o meio ambiente. Precisou incorporar a consciência ambiental em suas atividades e perceber que o meio ambiente não é um problema ao processo produtivo, mas sim, uma excelente oportunidade de negócio incorporando uma gestão ambiental em seu funcionamento operacional. Braga (2007, p.14) explica que “gestão ambiental significa incorporar à gestão estratégica da organização princípios e valores que visem o alcance de um modelo de negócio focado no desenvolvimento sustentável”. As empresas foram obrigadas a moldar-se na necessidade de sustentabilidade. Valle (2004) demonstra essas mudança quanto a adaptação de pensamentos no Quadro 3. 35 Quadro 3 - Mudanças na empresa pela conscientização ambiental. Fonte: Valle (2004, p. 38) – Adaptado pela autora. O Quadro 3 mostra as mudanças do comportamento da empresa convencional para a empresa consciente. Primeiramente mostra como os perfis de empresascomportam-se em relação ao lucro: o ideal é que a empresa lucre controlando seus poluentes resíduos e minimizando as perdas e desperdícios. A seguir o autor demonstra como é o comportamento quanto aos resíduos: a empresa não deve mais ter a visão de descarte de resíduos de maneira mais fácil e cômoda, mas sim ter a consciência da destinação correta e adotar medidas de reciclagem. Quanto ao investimento, esse aspecto era visto com um problema a empresa, pois gastos ambientais eram classificados como custos desnecessários e esses investimentos eram suspensos ou protelados. Já a abordagem consciente mostra que esses gastos são necessários e a empresa deve investir em melhorias para os processos e qualidade de seus produtos. Nesse aspecto incluem-se investimentos em sistemas de gestão ambiental e em qualidade ambiental. 36 No que diz respeito à legislação, a empresa não deve ser aquela que cumpre o essencial das leis, protegendo a imagem conquistada pela empresa, mas sim a empresa deve se adiantar quanto as leis, cumprir as leis e criar uma imagem avançada para a empresa. Valle finaliza demonstrando e evidenciando que as empresas não podem ter aquela visão de o meio ambiente como um problema, mas sim, devem aderir meios sustentáveis pensando nas gerações futuras e trazendo o âmbito meio ambiente para junto da empresa, aproveitando esse tema como uma oportunidade de negócio e aproveitando melhor seus insumos e criando fontes de receitas. Esse pensamento de flexibilização de consciência e a busca do equilíbrio ambiental geraram a necessidade de uma gestão ambiental que permite o registro dos fatos e o controle dos poluentes gerados. Essa gestão de controles ambientais fez com que surgisse o Sistema de Gestão Ambiental (SGA). Harrington e Knight definem SGA como: Parte do sistema global de gestão que inclui a estrutura organizacional, o planejamento de atividades, responsabilidades, práticas, procedimentos, processos e recursos para desenvolver, implementar, adquirir, analisar criticamente e manter a política ambiental da organização. (HARRINGTON E KNIGHT, 2001, p. 34). Valle (2004, p.72) cita como um dos objetivos do SGA “o aprimoramento contínuo das atividades da organização, em harmonia com o meio ambiente”. O autor ainda afirma que é importante incluir na estrutura do SGA “atividades de planejamento, responsabilidades, práticas, procedimentos, processos e recursos para desenvolver, implementar, atingir, analisar criticamente e manter a política ambiental da empresa e seus objetivos”. Visto isso, afirma-se que o SGA foi desenvolvido para facilitar o registro e controle de poluentes e insumos causadores de impactos ambientais e auxiliar na prevenção de problemas com órgão ambientais. Cita-se o SGA como uma ferramenta de planejamento no processo produtivo. 37 2.6.1 Sistema de gestão ambiental e qualidade ambie ntal Pelos pontos apresentados afirma-se que um sistema de gestão ambiental deve ter sua funcionalidade juntamente com a política de qualidade ambiental, esta certificada através da ISO 14001. Moura (2002, p.62) conceitua a qualidade ambiental como “resultado de uma série de fatores, que, em conjunto, irão compor um sistema”. Já Valle cita as ferramentas necessárias para atingir a qualidade ambiental: (...) em essência, idênticas às utilizadas pela organização para assegurar sua qualidade de produção: educação, treinamento, plano de ação e metas, controle da documentação, organização e limpeza, inspeções e auditorias, análises críticas periódicas e revisão das metas e dos objetivos. (VALLE, 2004, p.38-39). Para a compreensão da importância da qualidade ambiental o Quadro 4 mostra as três eras da qualidade dentro de uma organização: Quadro 4 - As três eras da história da qualidade ERA DA INSPEÇÃO ERA DO CONTROLE ESTATÍSTICO ERA DA QUALIDADE TOTAL Produtos são verificados um a um. O cliente participa da inspeção, encontra defeito, mas não produz qualidade. Produtos são verificados por amostragem. Departamento especializado faz o controle da qualidade. Ênfase na localização de defeitos. Processo produtivo é controlado. Ênfase na prevenção de defeitos. Qualidade assegurada; sistema de administração da qualidade. Fonte: Oliveira (2006, p.4) – Adaptado pela autora O Quadro 4 mostra três eras da história da qualidade, a era da inspeção é marcada pela verificação dos produtos um a um. Nesta era o cliente participa da inspeção. Os defeitos são encontrados, porém essa era não produz qualidade a empresa. Na segunda era, essa conhecida como era do controle estatístico, os produtos são verificados por amostragem. Nesta era existe o departamento 38 especializado para fazer o controle de qualidade. Nesta segunda fase a ênfase é dada na localização de defeitos. Já na terceira era, chamada de era da qualidade total, a responsabilidade pela qualidade é totalmente da empresa e todo produto é controlado e inspecionado. Nesta era existe um sistema de qualidade, dando a empresa uma confiabilidade na qualidade de seus produtos. O sistema de gestão ambiental ainda disponibiliza como importante ferramenta de gestão o ciclo PDCA. Valle descreve esse ciclo e demonstra a importância para a implantação do SGA: (...) o ciclo PDCA, também conhecido como Ciclo de Deming, composto por quatro grandes passos de Plan (Planejar); Do (Realizar); Check (Verificar); Action (Atuar ou corrigir) e recomeçar um novo ciclo. Esse ciclo deve ser precedido por uma atividade de “Estabelecimento da Política Ambiental” da empresa. (VALLE, 2004, p.63). Na Figura 2 a funcionalidade do Ciclo PDCA citado por Valle (2004) é demonstrada. Figura 2: Ciclo PDCA Fonte: Zumbach e Moretti, p.1 – Adaptado pela autora A Figura 2 mostra como as ações deste ciclo se complementam e geram melhorias a empresa. Primeiramente existe o planejamento, isso é, nesta fase serão 39 localizados os problemas e estabelecidos os planos para a resolução do problema apontado; Em seguida é a fase de executar o planejamento realizado. Na terceira fase está a fase de checar. Nesta fase pode-se afirmar que há uma verificação para conferir se as metas traçadas foram atingidas, e é também nessa fase de checagem que são acompanhados os indicadores. Por fim, é feita, caso necessário, uma ação corretiva ou a padronização e treinamento de pessoal, caso o sucesso e as metas tenham sido atingidos. 2.6.2 Legislação e Certificação ISO 14001 Como já comentado, a preocupação ambiental surgiu através da conscientização da sociedade, que criou a cadeia de exigências para a sustentabilidade. Através desta cadeia o governo, a fim de pressionar as empresas a prevenir, controlar e corrigir os danos causados ao planeta, criou a legislação ambiental, um conjunto de normas e leis que procuram equilibrar os problemas com a contaminação do meio ambiente (VALLE, 2004). Além do risco de contaminação do meio ambiente, há outros fatores que levam as empresas a adaptação sustentável. Valle ressalta esses fatores: A legislação ambiental pode punir severamente uma empresa que transgrida padrões de qualidade em suas descargas e emissões ou que introduza modificações indesejadas no meio ambiente. Para a empresa, entretanto, não se trata apenas de absorver as multas que podem parecer, à primeira vista, irrisórias, com seus valores muitas vezes desatualizados. Trata-se também de enfrentar os riscos, muito maiores, de interdição - com os lucros cessantes decorrentes - de prisão de seus dirigentes e responsáveis e até de um descomissionamento ou interdição definitiva da instalação. (VALLE, 2004, p. 44-45). Visto os fatores e a preocupação com a contaminação do meio ambiente, foram necessárias a divisão e nova classificação no âmbito ambiental, criando-se assim a Lei de Crimes ambientais. A lei 6.938 de 31 de agosto de 1981 foi criadapara a busca do equilíbrio ambiental: 40 A Lei Federal nº 6.938, de 31-08-1981, conhecida como Política Nacional do meio ambiente estabeleceu o arcabouço do Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama) e introduziu o conceito da responsabilidade objetiva. Por esse princípio se dispensa a prova da culpa pela poluição, ficando o causador do dano ambiental responsável por sua correção, independentemente de ter ou não culpa. Essa mesma lei confere ao Ministério Público o direito de atuar em defesa do meio ambiente, por ser esse um interesse difuso, isto é, que pertence a todos, em conjunto, mas a ninguém, individualmente. (VALLE, 2004, p.76). É importante salientar que os crimes ambientais são classificados em seis tipos conforme a Lei 6.938: • Crimes contra a fauna: agressões cometidas contra animais silvestres, nativos ou em rota migratória. • Crimes contra a flora: destruir ou danificar floresta de preservação permanente mesmo que em formação, ou utilizá-la em desacordo com as normas de proteção. • Poluição e outros crimes ambientais: a poluição que provoque ou possa provocar danos à saúde humana, mortandade de animais e destruição significativa da flora. • Crimes contra o ordenamento urbano e o patrimônio cultural: construção em áreas de preservação ou no seu entorno, sem autorização ou em desacordo com a autorização concedida. • Crimes contra a administração ambiental: afirmação falsa ou enganosa, sonegação ou omissão de informações e dados técnico- científicos em processos de licenciamento ou autorização ambiental. • Infrações administrativas: ações ou omissão que viole regras jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e recuperação do meio ambiente. (BRASIL, p.1). A legislação ambiental tem seu andamento junto a ISO 14001, pois para que se cumpra a lei e se evite problemas com órgãos fiscais, existem as normas. A ISO 14001 é a certificação da empresa como adepta de medidas sustentáveis e é também uma certificação de que existe nessa organização um SGA, ou seja, um sistema que permita uma gestão ambiental, que auxilie no controle e planejamento sustentável. Diante do exposto, destaca-se a importância da empresa traçar uma política ambiental de forma que crie um plano de funcionamento da política e, posteriormente, um mecanismo de apoio, onde este seja capaz de monitorar e melhorar a organização e controles, além de atingir os objetivos da empresa. Valle explica o processo de certificação e salienta sobre a política ambiental e a importância de traçar planos e metas: 41 Para atingir a certificação ambiental pela norma ISO 14001, devem ser explicitados, em uma primeira fase, os compromissos e princípios gerenciais da organização, consubstanciados em sua Política Ambiental. Valendo-se do estabelecimento dessa política são definidos os objetivos e as metas da organização e os procedimentos a serem seguidos por todos os seus colaboradores. Ainda nessa fase devem ser criados procedimentos de controle da documentação e deve ter início o treinamento do pessoal, no que se poderia chamar de fase preparatória. Uma segunda fase, de diagnóstico ou pré-auditoria, permite identificar os pontos vulneráveis existentes nos procedimentos ambientais da organização, ensejando seu equacionamento e sua correção. (VALLE, 2004, p. 138). Através das ideias expostas pelos autores pode-se dizer que a certificação foi criada para trazer o equilíbrio entre a lucratividade da empresa e a sustentabilidade com o meio ambiente. A certificação envolve a empresa como um todo e compromete todos os membros da organização para atingir as metas e objetivos traçados. 2.6.3 Dificuldades e Benefícios da Implantação de S GA Como toda a mudança adotada, a implantação de um sistema empresarial inicialmente é caracterizada por dificuldades desta implantação, até mesmo resistência dos envolvidos. Bergamini Jr (1999, p.4) enumera fatores que dificultam o processo de implementação da contabilidade ambiental: � Ausência de definição clara de custos ambientais; � Dificuldade em calcular um passivo ambiental efetivo; � Problema em determinar a existência de uma obrigação no futuro por conta de custos passados; � Falta de clareza no tratamento a ser dado aos "ativos de vida longa", como por exemplo, no caso de uma usina nuclear; � Reduzida transparência com relação aos danos provocados pela empresa em seus ativos próprios, dentre outros. As mudanças de um modo geral são vistas inicialmente como desnecessárias ou ainda quando julgada necessária, não são bem aceitas, não incentivam os envolvidos e dificultam o trabalho em equipe. Ainda num caso de implantação de 42 sistema pode existir a falta de treinadores qualificados de sistema e erros operacionais. Juran (1988) apud Moura enumera as principais causas do insucesso, visando evita-las: 1. Resistência cultural dos gerentes (...) 2. Dúvidas sobre a utilidade do treinamento (...) 3. Falta de participação dos gerentes (...) 4. Mistura de níveis hierárquicos em um mesmo grupo (...) 5. Falta de aplicação prática durante o curso (...) 6. Inadequação dos instrutores (...) 7. Linguagem muito complexa (...) 8. Deficiências logísticas e operacionais (...). (MOURA, 2002, p.135- 136) Como demonstradas as causas do insucesso do sistema nas empresas, Moura mostra que os principais aspectos destas falhas são relacionados à parte de pessoal, as quais podem ser corrigidas com a cooperação da equipe e um treinamento aprofundado do sistema. Existem ainda as dificuldades percebidas de forma burocrática. No artigo “A evolução da Norma ISO 14001 e o fortalecimento da sustentabilidade empresarial” Jucon destaca as dificuldades encontradas pelas empresas para a conquista da certificação ambiental: 1. Adequação aos requisitos regulamentares e legais aplicáveis às atividades, produtos e serviços da organização. 2. Dificuldade para a identificação de todos os requisitos regulamentares e legais aplicáveis, nas esferas federais, estadual, bem como avaliação de nível de atendimento e disponibilização de recursos adequados. 3. Quando o atendimento legal requer a atuação de um órgão ambiental regulador, os problemas podem ser mais abrangentes, uma vez que prazos envolvidos muitas vezes são impactados por processos burocráticos, como nos casos de obtenção de licenças, outorgas e auto de vistoria entre outros. (JUCON, 2010, p.3). Destacadas as dificuldades de implantação de sistema, cabe salientar sobre os benefícios gerados. Se sistema tem sua funcionalidade correta, é natural que se cumpram os objetivos e metas traçadas, isso é, gerar a melhora contínua aos setores da empresa e trazer vantagens para a organização. Quanto aos benefícios gerados através do SGA, O Quadro 5 enumera-os e explica as melhorias e os motivos para a empresa adotar medidas sustentáveis. 43 Quadro 5 – Razões para Implantação SGA Maior satisfação dos clientes - reflete na preferência aos produtos da empresa, desde que os outros itens como qualidade, preço e condições de entrega estejam nos níveis de expectativa desse cliente. Melhoria da imagem da empresa - junto aos clientes, governo, comunidade, vizinhos, ONGs e mídia. Conquista de novos mercados - a preocupação ambiental é um fator de competitividade, facilitando a expansão em novos mercados. Redução de custos - pela eliminação de desperdícios. Melhoria do desempenho da empresa - a empresa que tem um bom desempenho tem mais facilidades na obtenção de licenças de instalação e operação junto aos órgãos governamentais. Redução de riscos - menor risco de ter que arcar com, ações legais, por descumprimento da legislação, menor probabilidade de acidentes ambientais. Maior permanência do produto no mercado - por não ocorrerem reações negativas dos consumidores. Maior facilidade na obtenção de financiamentos - uma empresa com um bom desempenho ambientaltem mais facilidade em conseguir financiamentos junto à bancos e órgãos ambientais. Maior facilidade na obtenção de certificação - uma empresa que tenha uma administração preocupada com a variável ambiental e um sistema gerencial estruturado para administrar o seu bom desempenho está, em princípio, bastante mais próxima de obter uma certificação. Demonstração aos clientes, vizinhos, acionistas, etc - a empresa que tenha um sistema ambiental bem estruturado tem o interesse em demonstra-lo aos clientes, vizinhos, etc; para obter as vantagens decorrentes de sua atitude e mostrar que sua política e objetivos estão sendo atingidos. Fonte: Moura (2002, p.48-52) – Adaptado pela autora Queiroz complementa esse pensamento de Moura quando demonstra que a implementação da gestão ambiental possibilita um melhor controle de rendimento, processos industriais e materiais: 44 Implementar processos de gestão possibilita, ainda, controlar o rendimento e a adequação de recursos humanos e materiais aos processos de trabalho internos, e disponibilizar informações aos setores envolvidos – fornecedores, clientes, investidores, de forma mais ágil, transparente e livre de vícios. (QUEIROZ, 2000, p.79). A Figura 3 demonstra através das atividades da Gestão Ambiental os benefícios gerados à sociedade e empresa. Figura 3: Atividade Gestão ambiental - Visão Geral Fonte: Auler (2002, p.48) – Adaptado pela autora. Pode-se observar na Figura 3 os benefícios gerados quando implantado a gestão ambiental na empresa. Afirma-se que as consequências deste sistema bem estruturado são amplos benefícios à sociedade, gerando um meio ambiente recuperado para as gerações futuras e ainda benefícios à empresa na forma de redução de custos, receitas ambientais ou incentivos fiscais. 45 3 A EMPRESA OBJETO DO ESTUDO, O PRODUTO E OS AGENT ES POLUIDORES 3.1 A EMPRESA1 A Metalúrgica Delta Ltda., assim denominada para preservar sua identidade, foi fundada em 14 de março de 1994, é uma empresa de pequeno porte, tipicamente familiar, pois o seu capital e controle estão nas mãos de uma única família, a qual tem influência direta na sua administração. Neste capítulo será apresentada uma proposta de um sistema de gestão ambiental para uma empresa metalúrgica, a qual denomina-se de forma fictícia Metalúrgica Delta Ltda. Figura 4: Fachada Metalúrgica Delta Fonte: Metalúrgica Delta Ltda. A Figura 4 demonstra a fachada da Metalúrgica Delta Ltda, sua sede localiza- se na cidade de Caxias do Sul – RS, com uma área total construída de aproximadamente 375 m², composta de um escritório, almoxarifado e um pavilhão de máquinas. 1 Informações fornecidas pela empresa. 46 Com relação ao quadro societário da metalúrgica, é composto de três sócios: o fundador da empresa, denominado majoritário, com 50% do capital social, o qual atua na empresa como diretor-presidente; e seus dois filhos, denominados sócio minoritário A e sócio minoritário B, com 25% do capital social cada um, com a atuação na empresa como diretores executivos. Os sócios minoritários dividem os deveres de coordenação de pessoal e gerenciamentos dos setores produtivo e administrativo, se envolvem nas decisões estratégicas de atuação em novos mercados, negociações e desenvolvimento da área comercial. O diretor-presidente, denominado sócio majoritário, é responsável pelas seleções e feedback dos colaboradores, além de auxiliar nos desenvolvimentos produtivos, visto que o mesmo desempenhou essa função durante um longo período desde a fundação da empresa. Figura 5: Vista Interna Metalúrgica Delta Fonte: Metalúrgica Delta Ltda. A Figura 5 demonstra a vista interna da fábrica da empresa, atualmente a empresa conta com um quadro de sete colaboradores, dividindo-se em cinco na área produtiva e dois na área administrativa. É oferecido a eles benefícios tais como 100% de plano de saúde para funcionários e 50% para os dependentes, além do vale-transporte e vale-refeição. 47 Pode-se destacar que a empresa valoriza seus colaboradores, dando a eles a relativa autonomia para conduzir suas tarefas, desde que os objetivos e metas da empresa sejam alcançados. A empresa incentiva o trabalho em equipe e prioriza um bom clima de trabalho. A Metalúrgica Delta oferece à sua equipe um plano de crescimento profissional, isso é, incentiva seus funcionários a ampliar a visão de negócios e assumir responsabilidades. A empresa possui uma cultura organizacional de equipe em que seus colaboradores têm plena consciência de seu papel e são comprometidos com os resultados. Existe um outro plano de incentivo para os funcionários que está em fase de desenvolvimento, que é a participação no lucro da venda de produtos que forem criados juntamente com o colaborador. Nesse processo é disponibilizado um tempo para que o funcionário apresente suas ideias e a partir desse momento a empresa avalia e desenvolve, juntamente com a parte comercial, a colocação deste produto no mercado. Se aprovado, parte-se então para a fase de execução. 3.1.1 Atividades produtivas exercidas O objeto social desta sociedade empresarial é a industrialização de peças e acessórios para veículos automotores, tratores, equipamentos agrícolas e maquinários industriais. A empresa trabalha com a usinagem de peças automotivas e industriais, montagem de conjuntos e subconjuntos, além do desenvolvimento de projetos e peças técnicas. A empresa busca seus resultados através da comercialização por atacado e exportação das peças fabricadas. O ramo em que a empresa está inserida é bastante concorrido e isso força uma busca constantemente de novos clientes. Hoje a empresa possui quatro grandes clientes e três eventuais, que de certa forma contribuem significativamente para o aumento nas vendas. Pelo fato do mercado de usinagem estar bem aquecido na região, a empresa está mudando sua visão empírica e buscando através de novos investimentos o crescimento da empresa, além de buscar oferecer serviços diferenciados para seus clientes, adaptando uma política interna de máxima credibilidade e qualidade em seus produtos. Existe uma preocupação com a atualização tecnológica, aliada a sua estratégia operacional, o que resulta em uma maior presença no mercado. Em razão 48 do desenvolvimento de suas atividades, torna-se primordial para o alcance dos objetivos do negócio a ampliação da área produtiva. Isso tem feito com que os sócios invistam em novos maquinários. A empresa ainda não apresenta um planejamento ambiental bem como um sistema para esta gestão, porém existe uma preocupação em evitar a poluição e degradação do meio ambiente. 3.1.2 Principal Produto Poluidor Conforme afirmado pelo sócio minoritário A, responsável pela análise e formação dos custos da empresa, o produto fabricado pela empresa com maior índice poluidor é denominado como conjunto de pino, peça a base de aço, usada na fabricação de colheitadeiras e máquinas para reflorestamento. Nesta última tem a função de dar suporte ao braço do maquinário que tem a finalidade de sustentar a árvore. A venda desta peça é realizada para o terceiro principal cliente da empresa, uma indústria produtora de máquinas colheitadeiras da região, sendo que as aquisições feitas por esse cliente representam 48% do faturamento bruto da empresa. Para a fabricação de um conjunto de pino gera-se o custo demonstrado em Tabela 1: Tabela 1: Custo unitário para fabricação da peça Matéria Prima (Barra de aço) R$ 44,70 Usinagem R$ 16,39 Tempera R$ 7,15 Retifica R$ 8,00 Solda R$ 20,00 Embalagem R$ 4,60 Energia Elétrica R$ 2,10 Salários R$ 8,80 Impostos R$ 8,98 Custos Indiretos R$ 1,50 Custo unitário de conjunto pino R$ 122,22 Elaborado pela autora com base em informações fornecidas pela
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