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Operações com derivativos Introdução Neste capítulo abordaremos o uso alternativo de alguns instrumentos derivativos vistos anteriormente; analisaremos estratégias alternativas utili- zando contratos futuros e de opções. Nesta análise, ressaltaremos as vantagens e desvantagens destes instru- mentos de forma comparativa. Análise de proteção cambial Consideremos uma empresa brasileira exportadora que decide analisar alguns instrumentos derivativos que possam diminuir sua exposição cambial. No caso dela, o risco considerado é de valorização do real frente ao dólar. A taxa de câmbio atual é R$2,185/US$. A empresa decide proteger receitas em dólar dos próximos três meses; e o volume a ser protegido é de 10 milhões de dólares, que são recebidos no meio de cada mês. Esta proteção seria feita com contratos futuros ou de opções. Inicialmente, são analisados os contratos futuros. Proteção com contratos futuros Na BM&FBovespa são apresentados, na tabela 1, os seguintes valores para os contratos futuros nos próximos três meses, no momento em que a empresa faz sua análise. Tabela 1 – Cotações de contratos futuros de dólar Mês Cotação (R$/ US$) 1 2,195 2 2,210 3 2,228 274 Derivativos Financeiros Se a empresa optar pelos contratos futuros, ela irá fixar a taxa de câmbio nos próximos três meses de despesas em dólares nos valores apresentados anteriormente. No entanto, se considerarmos o risco de base, teríamos valo- res em torno dos apresentados na tabela 1. A empresa irá supor que o risco de base levaria a resultados finais afas- tados da cotação inicial no mercado futuro em, no máximo, 1%. Assim terí- amos as seguintes faixas de cotações finais na tabela 2 e resultados finais na tabela 3. Tabela 2 – Faixas de cotações finais para os contratos futuros Mês Faixa de cotação final 1 [2,173 ; 2,217] 2 [2,188 ; 2,232] 3 [2,206 ; 2,250] Para estas taxas de câmbio, os valores finais pagos seriam aqueles apre- sentados na tabela 3. Tabela 3 – Faixas de valores finais pagos na importação e nos contratos futuros Mês Valor de receita (R$milhões ) 1 [21,73 ; 22,17] 2 [21,88 ; 22,32] 3 [22,06 ; 22,50] A empresa também irá considerar que poderia necessitar de caixa para colocar como chamadas de margens de garantia, ao longo dos três meses de negociação com os contratos futuros. Em seguida, a empresa passa a analisar estratégias com contratos de opções. Proteção com contratos de opções Opções de venda (put) A primeira estratégia com opções considerada pela empresa é a simples compra de opções de venda. Operações com derivativos 275 As seguintes opções estariam disponíveis no mercado, conforme tabela 4. Tabela 4 – Opções de venda de dólar Preço de exercício Tempo de vencimento Prêmio (*) Prêmio (R$/US$) (dias) (R$/US$) (R$mihão) 2,15 30 0,02976 297,60 2,17 60 0,05206 520,60 2,19 90 0,07040 704,00 Total 0,1522 1.522,20 (*) Ver Apêndice 1. A estratégia com opções de venda exigiria pagamento agregado de R$1.522.200,00. Por outro lado, as taxas de câmbio nestes três meses teriam cotações mínimas para cada mês de R$2,15/US$, R$2,17/US$, e R$2,19/US$, a menos dos prêmios pagos. Na estratégia com contratos futuros, a empresa teria fixado taxas de câmbio restritas aos intervalos dados pela tabela 2. Já, os resultados com as opções, na forma de receitas mínimas, são os apre- sentados na tabela 5. Tabela 5 – Receita mínima na estratégia com opções Preço de exercício Prêmio (*) Receita mínima Receita mínima (R$/US$) (R$/US$) (R$/US$) (R$milhão) 2,15 297,60 2,1202 21,202 2,22 520,60 2,1179 21,179 2,24 704,00 2,1196 21,196 (*) Deduzindo o prêmio pago. Considerando diversos cenários possíveis para a taxa de câmbio, pode- mos comparar os resultados com as opções e os contratos futuros, conforme valores das tabelas 6a, 6b e 6c. 276 Derivativos Financeiros Tabela 6a – Comparação de resultados entre contratos futuros de 30 dias e opções de venda de 30 dias Taxa de câmbio Contrato futuro Opção de venda (**) Diferença entre (2) e (3) Diferença entre (2) e (3) (R$/US$) (R$/US$) (R$/US$) (R$/US$) (i) (R$milhão) (1) (2) (*) (3) 2,00 2,195 2,1202 0,0748 0,748 2,10 2,195 2,1202 0,0748 0,748 2,20 2,195 2,1702 0,0248 0,248 2,30 2,195 2,2702 – 0,0752 – 0,752 2,40 2,195 2,3702 – 0,1752 – 1,752 2,50 2,195 2,4702 – 0,2752 – 2,752 (*) Usando a taxa de câmbio inicial nos contratos futuros, isto é, R$2,195/US$. (**) Valores no vencimento da opção e já considerando o pagamento de prêmio. Tabela 6b – Comparação de resultados entre contratos futuros de 60 dias e opções de venda de 60 dias Taxa de câmbio (1) Contrato futu- ro (2) (*) Opção de ven- da (**) (3) Diferença entre (2) e (3) Diferença entre (2) e (3) (R$/US$) (R$/US$) (R$/US$) (R$/US$) (i) (R$milhão) 2,00 2,210 2,11794 0,09206 0,9206 2,10 2,210 2,11794 0,09206 0,9206 2,20 2,210 2,14794 0,06206 0,6202 2,30 2,210 2,24794 – 0,03794 – 0,3794 2,40 2,210 2,34794 – 0,13794 – 1,3794 2,50 2,210 2,44794 – 0,23794 – 2,3794 (*) Usando a taxa de câmbio inicial nos contratos futuros, isto é, R$2,210/US$. (**) Valores no vencimento da opção e já considerando o pagamento de prêmio. Tabela 6c – Comparação de resultados entre contratos futuros de 90 dias e opções de venda de 90 dias Taxa de câmbio Contrato futuro Opção de venda (**) Diferença entre (2) e (3) Diferença entre (2) e (3) (R$/US$) (R$/US$) (R$/US$) (R$/US$) (i) (R$milhão) (1) (2) (*) (3) 2,00 2,228 2,1196 0,1084 1,084 2,10 2,228 2,1196 0,1084 1,084 Operações com derivativos 277 Taxa de câmbio Contrato futuro Opção de venda (**) Diferença entre (2) e (3) Diferença entre (2) e (3) 2,20 2,228 2,1296 – 0,0984 0,984 2,30 2,228 2,2296 – 0,0016 – 0,016 2,40 2,228 2,3296 – 0,1016 – 1,016 2,50 2,228 2,4296 – 0,2016 – 2,016 (*) Usando a taxa de câmbio inicial nos contratos futuros, isto é, R$2,228/US$. (**) Valores no vencimento da opção e já considerando o pagamento de prêmio. Os gráficos 1a, 1b e 1c apresentam os resultados das três tabelas anterio- res, na forma gráfica. Gráfico1a – Comparação de resultados entre contratos futuros de 30 dias e op- ções de venda de 30 dias. 2,195 Futuro Opção 2,2248 2,1202 2,15 Receita (R$/US$) Taxa de câmbio (R$/US$) O a ut or . Gráfico1b – Comparação de resultados entre contratos futuros de 60 dias e op- ções de venda de 60 dias. 2,210 Futuro Opção 2,2621 2,11794 2,17 Receita (R$/US$) Taxa de câmbio (R$/US$) O a ut or . 278 Derivativos Financeiros Gráfico 1c – Comparação de resultados entre contratos futuros de 90 dias e op- ções de venda de 90 dias. 2,228 Futuro Opção 2,2984 2,1196 2,19 Receita (R$/US$) Taxa de câmbio (R$/US$) O a ut or . O gráfico 1a mostra que para cotações abaixo de R$2,2248/US$, o con- trato futuro é superior ao contrato de opção de venda, enquanto que para cotações abaixo de R$2,248/US$, o contrato de opção passa a ser superior. O ponto R$2,2248/US$ representa um ponto de indiferença entre os dois instrumentos. Este ponto é obtido pela soma entre R$2,195/US$, que repre- senta os contratos futuros, com o prêmio da opção de preço de exercício R$2,15/US$, dado pelo valor R$0,02976/US$. No gráfico 1b, a situação é semelhante ao gráfico 1a, mas com ponto de indiferença igual a R$2,26206 (= 2,210 + 0,05206). No gráfico 1c também tem o perfil das figuras anteriores, mas com ponto de indiferença igual a R$2,2984 (= 2,228 + 0,0704). Conclusão: a escolha entre as duas estratégias vai depender das expecta- tivas da empresa quanto às cotações da taxa de câmbio em 30, 60 e 90 dias. Se a expectativa for de subida, a estratégia com opções é superior; já para ex- pectativas de queda de cotações, os contratos futuros passam a ser a melhor estratégia. Mas, qualquer que seja a estratégia, a empresa estará protegida contra oscilações cambiais prejudiciais. Suponhamos, agora, que um banco ofereça à empresa a seguinte estra- tégia com opções: (1) A empresa compra as três opções de venda já analisadas;(2) A empresa vende três opções de compra para o banco com os seguin- tes preços de exercício e outras características, apresentadas na tabela 7. Operações com derivativos 279 Tabela 7 – Características das opções de compra Preço de exercício Tempo de vencimento Prêmio (*) Prêmio (R$/US$) (dias) (R$/US$) (R$mil) 2,20 30 0,04881 0,4881 2,22 60 0,06412 0,6412 2,24 90 0,07702 0,7702 Total 0,19000 1,900 (*) Ver Apêndice 2. Observamos que, agora, a empresa pagaria um valor máximo pela taxa de câmbio, devido à venda das opções de compra que negociaria com o banco. Portanto, se a taxa de câmbio subir muito, a empresa estaria perdendo com as opções de compra vendidas, já que o banco iria exercer estas opções. No entanto, quando as taxas de câmbio sobem muito, a empresa também ganha com suas exportações, o que irá compensar as perdas com os contra- tos de opções de compra vendidos. Com relação ao ponto mínimo estabelecido pelas opções de venda ad- quiridas pela empresa, este mudará um pouco em função dos prêmios re- cebidos pela venda das opções de compra ao banco, já que estes prêmios devem ser abatidos dos prêmios pagos. Teríamos, então, na tabela 8, os resultados mínimo e máximo com os con- tratos de opções de venda e de compra. Tabela 8 – Resultados mínimos e máximos das exportações consideran- do as opções de venda e de compra Preço de exercício put Prêmio call Preço de Exercício Call Prêmio put Receita mínima Receita máxima (*) (*) (R$/US$) (R$/US$) (R$/US$) (R$/US$) (R$/US$) (R$/US$) (1) (2) (3) (4) =(1)+(2) – (4) =(3)+(2) – (4) 2,15 0,02976 2,20 0,04881 2,1691 2,2191 2,17 0,05206 2,22 0,06412 2,1821 2,2321 2,19 0,07040 2,24 0,07702 2,1966 2,2466 (*) Consideram os prêmios pagos e recebidos. 280 Derivativos Financeiros Os gráficos 2a, 2b e 2c mostram os resultados comparativos entre contra- tos futuros e contratos de opções, como nos gráficos 1a, 1b e 1c, mas, agora, os contratos de opções também incluem as opções de compra vendidas ao banco. Observação: a estratégia que consiste na compra de várias opções de compra e na venda de várias opções de venda, ambas sobre o mesmo ativo e com prazo de vencimentos casados, é chamada collar. No collar temos um teto (com as opções de compra) e um piso (com as opções de venda). Aqui, no nosso exemplo, temos uma posição vendida em collar pela em- presa exportadora. Gráfico 2a – Comparação de resultados entre contratos futuros de 30 dias e a posição vendida de collar, com opções de venda e de compra de 30 dias, e com preços de exercício, respectivamente, iguais a R$2,15/US$e R$2,20/US$. 2,195 Futuro Call Put 2,1760 2,2191 2,1691 2,15 2,20 Receita (R$/US$) Taxa de câmbio (R$/US$) O a ut or . 2,210 Futuro Opção venda Opção compra 2,1979 2,2321 2,1821 2,17 2,22 Receitas (R$/ US$) Taxa de câmbio (R$/US$) O a ut or . Gráfico 2b – Comparação de resultados entre contratos futuros de 60 dias e a posição vendida de collar, com opções de venda e de compra de 60 dias, e com preços de Exercícios, respectivamente, iguais a R$2,17/US$e R$2,22/US$. Operações com derivativos 281 Futuro Opção venda Opção compra 2,2214 2,2466 2,1966 2,228 2,19 2,24 Receita (R$/US$) Taxa de Câmbio (R$/US$) O a ut or . Gráfico 2c – Comparação de resultados entre contratos futuros de 90 dias e a posição vendida de collar, com opções de venda e de compra de 90 dias, e com preços de exercícios, respectivamente, iguais a R$2,19/US$e R$2,24/US$. No gráfico 2a, teríamos uma situação em que para taxas de câmbio abaixo de R$2,1760/US$ a posição com futuros é superior, e o oposto ocorreria com valores de taxa de câmbio acima de R$2,1760/US$. O ponto R$2,1760/US$ representa o ponto de indiferença entre as duas estratégias, e é obtido pela cotação futura, R$2,195/US$, subtraída da diferença dos prê- mios pagos e recebidos, isto é, R$2,1760/US$ = R$2,195/US$ + R$0,02976/ US$ – R$0,04881/US$. Os gráficos 2b e 2c mostram resultados semelhantes quanto a sua forma, mas os pontos de indiferença entre futuros e opções passam a ser, respec- tivamente, R$2,1979/US$ (= 2,21 + 0,05206 – 0,06412) e R$2,2214/US$ (= 2,228 + 0,07040 – 0,07702). Suponhamos, então, que o banco ofereça à empresa dobrar a venda de opções de compra para que esta receba em dobro os prêmios destas opções. Assim, em vez de receber R$1.900.000,00 como prêmio, ela recebe- ria R$3.800.000,00 como prêmio total. Esta posição com opções significaria que a empresa estaria: 1. Aumentando o valor da receita mínima recebida na estratégia collar; 2. Aumentando, também, o valor máximo a ser recebido, novamente por causa do prêmio, agora dobrado; 3. Aumentando seu risco com a taxa de câmbio, já que quando ela vende opções de compra ao banco, em uma proporção que é compensada 282 Derivativos Financeiros com o aumento de receita das exportações quando a taxa de câmbio desvaloriza, a empresa estaria colocando um teto na sua receita; mas quando ela vende opções em proporção bem maior do que poderia compensar com o aumento de receita com as exportações, as perdas para a empresa podem ser consideráveis. Este é o caso recente das empresas brasileiras que perderam valores ele- vados com operações com derivativos relacionadas à taxa de câmbio real por dólar. As operações com derivativos destas empresas envolviam posi- ções vendidas em contratos de opções de compra e outras estratégias. Elas utilizaram a estratégia collar com taxas de câmbio. Elas, assim, se protegem contra a valorização do real frente ao dólar e, ao mesmo tempo, financiam essa proteção com venda de opções de compra para receber o prêmio. Este é o caso da seção Ampliando seus conhecimentos. Ampliando seus Conhecimentos Sadia promete enquadrar risco de câmbio em seis meses (VALOR, 31 out. 2008) Simulação mostra que, com câmbio a R$2,20, perda com posições em aberto iria a R$2,48 bi. “Eu quero saber quando a Sadia terá uma política de risco em que eu possa confiar”, disparou a analista Juliana Rozembaum, do Unibanco, ontem, duran- te a apresentação de resultados da fabricante de alimentos a analistas e in- vestidores, na sede da companhia. O questionamento da analista sintetizou melhor do que qualquer outro a desconfiança que paira em torno da Sadia, depois que ficou claro que a política de exposição ao risco cambial definida pela própria empresa foi jogada na lata de lixo. Rozembaum queria saber em que prazo a Sadia voltará a se enquadrar dentro de sua política, que determina que a exposição cambial não deve su- perar a receita de seis meses de exportação, algo em torno de US$1,5 bilhão. Os números divulgados agora pela empresa mostram que sua exposição total ao câmbio chegou a bater em US$7,63 bilhões, antes que fossem tomadas Operações com derivativos 283 medidas para minimizar o risco, ou seja, algo em torno de cinco vezes o limite autoimposto pela companhia e informado a acionistas e credores. A analista e toda a plateia ouviram de Luiz Fernando Furlan, o presidente do conselho de administração da Sadia, o compromisso de que em seis meses a empresa deve estar caminhando para se enquadrar, já que os contratos de derivativos em aberto têm vencimento até setembro de 2009. Os meses de outubro a janeiro concentram os maiores vencimento – mais de US$500 mi- lhões de exposição mensal. Em 30 de setembro, depois de ter liquidado duas de suas maiores opera- ções, o que aconteceu nos dias 12 e 15 daquele mês, a posição vendida em dólar da empresa ainda era de US$6,37 bilhões. Como a empresa fez hedge (assumiu posições compradas em dólar) no valor de US$4,0 bilhões, sua po- sição líquida vendida é de US$2,37 bilhões. O hedge não é perfeito, porque as posições compradas são de prazo mais curto e precisam ser constante- mente renovadas. Se tivesse liquidado as posições em aberto em 30 de setembro, com o câmbio a R$1,91, a companhia estima que teria registrado perdas adicionais de R$637 milhões (além dos R$893 milhões de perdas financeirasregistradas no terceiro trimestre). Mas, simulações incluídas no balanço trimestral por exigência da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) mostram que as perdas potenciais se ampliaram conforme o câmbio continuou a se desvalorizar. Com o dólar a R$1,95, as perdas subiriam para R$891 milhões. Com uma cotação de R$2,20, o prejuízo explodiria e iria a R$2,48 bilhões. A Sadia argumenta que suas posições compradas em câmbio e suas receitas com exportação também subiriam com o dólar mais alto e seriam mais do que suficientes para cobrir essas perdas adicionais. A respeito da falha dos controles internos da empresa que permitiram ta- manha tomada de risco, Furlan assumiu outro compromisso: “daqui para a frente, nada de surpresas”. Ao trazer a público seus graves problemas financei- ros, em setembro, a Sadia alegou que as informações de desenquadramento da exposição cambial não foram comunicadas pela gerência de risco e pela di- retoria financeira ao conselho de administração, que era presidido por Walter Fontana, afastado depois que a crise veio à tona. Curiosamente, na antiga es- trutura da Sadia, a diretoria financeira não se reportava o presidente. 284 Derivativos Financeiros Ontem, Furlan, que foi chamado de volta à companhia para ocupar o lugar de Fontana, reiterou que a empresa alterou seu organograma e que, a partir de agora, tanto a gerência de risco quanto a diretoria financeira se reporta- rão diretamente ao presidente executivo, Gilberto Tomazoni. “O presidente receberá informações constantes, semanais”, disse Furlan. Está sendo criado também um comitê de auditoria, além do comitê de finanças que já existia. A dívida de curto prazo da Sadia saltou 334% em um ano, atigindo R$3,8 bilhões. Segundo a agência de rating Standard & Poor’s, a empresa tomou cerca de R$2 bilhões (US$1 bilhão) em empréstimos de curto prazo para equi- librar seu caixa diante das perdas com derivativos. Furlan assegurou que hoje a companhia não está mais atrás de crédito bancário, mas está “aberta a renegociações”. Não estamos com uma posição arrogante e nem subserviente. Não estamos empurrados no corner, disse ele, que durante toda a apresentação imprimiu otimismo ao discurso. O ex-minis- tro do governo Lula procurou adotar um tom entre o cômico e o debochado e lançou mão de uma série de piadas e gracejos sobre os mais variados temas, da política ao esporte. Mas a plateia não estava muito para riso. Comentários: a reportagem mostra que as posições vendidas em câmbio através de derivativos deixou a empresa em posição de risco elevado. Subi- das cambiais substanciais, que ocorreram no agravamento da crise de crédito de 2008/2009, cristalizaram perdas representativas para a empresa. A compra de posições em dólar, para amenizar a posição vendida em dólar de US$6,37 bilhões, reduziu sensivelmente e posição vendida líquida, para US$2,37 bilhões. O quadro abaixo ilustra as posições da Sadia: O tamanho do risco Operações da Sadia com derivativos de câmbio Derivativos já liquidados Exposição total em US$milhão Prejuízo em R$milhão Liquidado em 12/09 865,0 – 429,9 Liquidado em 15/09 395,0 – 119,6
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