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Prévia do material em texto

AntiguidAde orientAl 
e clássicA: econoMiA, 
sociedAde e culturA
Maringá
2010
editorA dA universidAde estAduAl de MAringá
 Reitor Prof. Dr. Décio Sperandio
 Vice-Reitor Prof. Dr. Mário Luiz Neves de Azevedo
 Diretor da Eduem Prof. Dr. Ivanor Nunes do Prado
 Editor-Chefe da Eduem Prof. Dr. Alessandro de Lucca e Braccini
conselho editoriAl
 Presidente Prof. Dr. Ivanor Nunes do Prado
 Editor Associado Prof. Dr. Ulysses Cecato
 Vice-Editor Associado Prof. Dr. Luiz Antonio de Souza
	 Editores	Científicos	 Prof. Adson Cristiano Bozzi Ramatis Lima
 Profa. Dra. Ana Lúcia Rodrigues
 Profa. Dra. Analete Regina Schelbauer
 Prof. Dr. Antonio Ozai da Silva
 Prof. Dr. Clóves Cabreira Jobim
 Profa. Dra. Eliane Aparecida Sanches Tonolli
 Prof. Dr. Eduardo Augusto Tomanik
 Prof. Dr. Eliezer Rodrigues de Souto
 Prof. Dr. Evaristo Atêncio Paredes
 Profa. Dra. Ismara Eliane Vidal de Souza Tasso 
 Prof. Dr. João Fábio Bertonha
 Profa. Dra. Larissa Michelle Lara
 Profa. Dra. Luzia Marta Bellini
 Profa. Dra. Maria Cristina Gomes Machado
 Profa. Dra. Maria Suely Pagliarini
 Prof. Dr. Manoel Messias Alves da Silva
 Prof. Dr. Oswaldo Curty da Motta Lima
 Prof. Dr. Raymundo de Lima
 Prof. Dr. Reginaldo Benedito Dias
 Prof. Dr. Ronald José Barth Pinto
 Profa. Dra. Rosilda das Neves Alves
 Profa. Dra. Terezinha Oliveira
 Prof. Dr. Valdeni Soliani Franco
 Profa. Dra. Valéria Soares de Assis
equipe técnicA
	 Projeto	Gráfico	e	Design	 Marcos Kazuyoshi Sassaka
 Fluxo Editorial Edneire Franciscon Jacob
 Mônica Tanamati Hundzinski
 Vania Cristina Scomparin
 Edilson Damasio
 Artes	Gráficas Luciano Wilian da Silva
 Marcos Roberto Andreussi
 Marketing Marcos Cipriano da Silva
 Comercialização Norberto Pereira da Silva
 Paulo Bento da Silva 
 Solange Marly Oshima
 Antiguidade oriental 
e clássica: economia, 
sociedade e cultura
Maringá
2010
 Antiguidade oriental 
e clássica: economia, 
sociedade e cultura
7
 históriA e conhecimento
Renata Lopes Biazotto Venturini
(ORGANIZADORA)
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
histÓriA e conheciMento
 Apoio técnico: Rosane Gomes Carpanese
 Normalização e catalogação: Ivani Baptista CRB - 9/331
 Revisão Gramatical: Tania Braga Guimarães
 Edição, Produção Editorial e Capa: Carlos Alexandre Venancio
 Leonardo Marques
 Eliane Arruda
Antiguidade oriental e clássica: economia, sociedade e cultura / 
 Renata Lopes Biazotto Venturini, organizadora.-- Maringá: Eduem, 2010. 
 138p. : Il. color. fot. (Coleção história e conhecimento; n. 7) 
 ISBN: 978-85-7628-294-5
 
 1. História antiga – Estudo e ensino. 2. Egito antigo. 3. Antiguidade oriental. 
– Estudo e ensino. 3. Roma antiga. 4. Gregos antigos. I. Venturini, Renata Lopes 
Biazotto, org.
 
CDD 21. ed. 930
A629
Endereço para correspondência:
eduem - editora da universidade estadual de Maringá
Av. Colombo, 5790 - Bloco 40 - Campus Universitário
87020-900 - Maringá - Paraná
Fone: (0xx44) 3011-4103 / Fax: (0xx44) 3011-1392
http://www.eduem.uem.br / eduem@uem.br
Copyright © 2010 para o autor
1a reimpressão - 2012
Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo 
mecânico, eletrônico, reprográfico etc., sem a autorização, por escrito, do autor. Todos os direitos 
reservados desta edição 2010 para Eduem.
3
Sobre os autores
Apresentação da coleção
Apresentação do livro
cApÍtulo 1
O Egito Antigo
Raquel dos Santos Funari / Julio Gralha
 
cApÍtulo 2
 Os gregos antigos
José André Banhos / João A. Rocha
cApÍtulo 3
Roma Antiga
Maria Luiza Corassin
cApÍtulo 4
A crise do século III e o fim do Império Romano: 
uma discussão historiográfica
Jaime Estevão dos Reis / Diego Henrique Sanches da Silva
cApÍtulo 5
Testemunhos e documentos
Renata Lopes Biazotto Venturini / Tiago França
> 05
> 07
> 09
> 13
> 37
> 95
> 65
> 117
umárioS
5
DIEgO HEnRIquE SAncHES DA SIlvA
graduado em História pela universidade Estadual de Maringá. Desenvolveu 
projetos em Antiguidade Romana no Programa Institucional de Bolsas de Iniciação 
científica – PIBIc – cnPq/uEM. Integra o laboratório de Estudos Antigos e 
Medievais – lEAM.
JAIME ESTEvãO DOS REIS
Professor de História Medieval da universidade Estadual de Maringá – uEM. 
Mestre e Doutor em História e Sociedade pela universidade Estadual Paulista – 
unESP, câmpus de Assis (SP). É coordenador do laboratório de Estudos Antigos e 
Medievais – lEAM, do Departamento de História / uEM.
JOãO A. ROcHA
Mestrando em Educação pela universidade Federal de São carlos-ufscar. 
Professor de Filosofia do Ensino Médio da Rede Pública do Estado de São Paulo e 
professor de Filosofia de Ensino a Distância das Faculdades claretianas, em São 
José do Rio Preto/SP.
JOSÉ AnDRÉ BAnHOS
Professor de História do Ensino Fundamental e Médio da Rede Pública do 
Estado de São Paulo e do grupo Objetivo, em catanduva/SP. Pós-graduando 
em Planejamento, Implementação e gestão da Educação a Distância, em nível 
lato sensu, pela uFF, e mantenedor do núcleo Educacional Jean Piaget, em 
catanduva/SP.
JulIO gRAlHA
Professor substituto do Departamento de História do Instituto de Filosofia e 
ciências Humanas da universidade do Estado do Rio de Janeiro – IFcH/uERJ, e 
vice-coordenador do núcleo de Estudos da Antiguidade - nEA.
obre os autoresS
RAquEl DOS SAnTOS FunARI
Pós-doutoranda do Departamento de História do Instituto de Filosofia e ciências 
Humanas da universidade de campinas – IFcH-unicamp. 
MARIA luIzA cORASSIn
Docente de História Antiga da Faculdade de Filosofia, letras e ciências Humanas 
da universidade de São Paulo – FFlcH/uSP. Desenvolve atividade docente na 
Pós-graduação em História Social, na uSP, orientando pesquisas em nível de 
Mestrado e Doutorado em Antiguidade Romana. 
REnATA lOPES BIAzOTTO vEnTuRInI 
Professora de História Antiga da universidade Estadual de Maringá (uEM). Mestre 
em História e Sociedade (unESP - Assis). Doutora em História Social (uSP). Integra 
o laboratório de Estudos Antigos e Medievais - lEAM, do Departamento de 
História da uEM.
TIAgO FRAnçA
Professor de Metodologia da Pesquisa na Faculdade Maringá (PR). graduado em 
História pela universidade Estadual de Maringá – uEM. Integra o laboratório de 
Estudos Antigos e Medievais – lEAM.
7
A coleção História e Conhecimento é composta de 42 títulos, que serão utiliza-
dos como material didático pelos alunos matriculados no Curso de Licenciatura em 
História,	Modalidade	 a	Distância,	 da	Universidade	 Estadual	 de	Maringá,	 no	 âmbito	
do	sistema	da	Universidade	Aberta	do	Brasil	(UAB),	que	está	sob	a	responsabilidade	
da	Diretoria	de	Educação	a	Distância	(DED)	da	Coordenação	de	Aperfeiçoamento	de	
Pessoal	do	Ensino	Superior	(CAPES).	
A utilização desta coleção pode se estender às demais instituições de Ensino Su-
perior	que	integram	a	UAB,	fato	que	tornará	ainda	mais	relevante	o	seu	papel	na	for-
mação	de	docentes	e	pesquisadores,	não	só	em	História	mas	também	em	outras	áreas	
na	Educação	a	Distância,	em	todo	o	território	nacional.	A	produção	dos	42	livros,	a	
qual	ficou	sob	a	responsabilidade	da	Universidade	Estadual	de	Maringá,	teve	38	títulos	
a	cargo	do	Departamento	de	História	(DHI);	2	do	Departamento	de	Teoria	e	Prática	
da	Educação	(DTP);	1	do	Departamento	de	Fundamentos	da	Educação	(DFE);	e	1	do	
Departamento	de	Letras	(DLE).
O	início	do	ano	de	2009	marcou	o	começo	do	processo	de	organização,	produção	
e	publicação	desta	coleção,	cuja	conclusão	está	prevista	para	2012,	seguindo	o	cro-
nograma	de	recursos	e	os	trâmites	gerais	do	Fundo	Nacional	de	Desenvolvimento	da	
Educação	(FNDE).	Num	primeiro	momento,	serão	impressos	294	exemplares	de	cada	
livro	para	atender	à	demanda	de	material	didático	dos	que	ingressaram	no	Curso	de	
Graduação	em	História	a	Distância,	da	UEM,	no	âmbito	da	UAB.	
O	traço	teórico	geral	que	perpassa	cada	um	dos	livros	desta	coleção	é	o	compro-
misso	com	uma	reconstrução	aberta,	despreconceituosa	e	responsável	do	passado.	A	
diversidadee a riqueza dos acontecimentos da História fazem com que essa reconstru-
ção	não	seja	capaz	de	legar	previsões	e	regras	fixas	e	absolutas	para	o	futuro.	
No	entanto,	durante	a	recriação	do	passado,	ao	historiador	é	dado	muitas	vezes	
descobrir	avisos,	intuições	e	conselhos	valorosos	para	que	não	se	repitam	os	erros	de	
outrora.
No	transcorrer	da	leitura	desta	coleção	percebemos	que	os	livros	refletem	várias	
matrizes interpretativas da História, oportunizando ao aluno o contato com um ines-
timável universo teórico, extremamente valioso para a formação da sua identidade 
intelectual.	A	qualidade	e	 a	 seriedade	da	 construção	do	universo	de	 conhecimento	
desta	coleção	pode	ser	tributada	ao	empenho	mais	direto	por	parte	de	cerca	de	30	
organizadores	e	autores,	que	se	dedicaram	em	pesquisas	institucionais	ou	até	mesmo	
presentação da coleçãoA
AntiguidAde orientAl 
e clássicA: econoMiA, 
sociedAde e culturA
8
em	dissertações	de	mestrado	ou	em	teses	de	doutorado	nas	áreas	específicas	dos	livros	
que	se	propuseram	a	produzir.
Esta coleção traz um conhecimento que certamente marcará positivamente a for-
mação	de	novos	professores	de	História,	historiadores	e	cientistas	em	geral,	por	meio	
da Educação a Distância, o qual foi fruto do empenho de pesquisadores que viveram 
circunstâncias, recursos, oportunidades e concepções diferentes, temporal e espacial-
mente.	
Como	corolário	disso,	seria	justo	iniciar	os	agradecimentos	citando	todos	aqueles	
que	não	poderiam	ser	nominados	nos	limites	de	uma	apresentação	como	esta.	Roga-
mos	que	se	sintam	agradecidos	todos	aqueles	que	direta,	indireta	ou	mesmo	longin-
quamente,	quiçá	os	mais	distantes	ainda,	contribuíram	para	a	elaboração	deste	rico	rol	
de	livros.
Além	do	agradecimento,	registramos	também	o	reconhecimento	pelo	papel	da	Rei-
toria	da	UEM	e	de	suas	Pró-Reitorias,	que	têm	contribuído	não	apenas	para	o	êxito	
desta	coleção	mas	também	para	o	de	toda	a	estrutura	da	Educação	a	Distância	da	qual	
ela	faz	parte.
Agradecemos	especialmente	aos	professores	do	Departamento	de	História	do	Cen-
tro de Ciências Humanas da UEM pelo zelo, pela presteza e pela atenção com que 
têm	se	dedicado,	inclusive	modificando	suas	rotinas	de	trabalho	para	tornar	possível	a	
maioria	dos	livros	desta	coleção.
Agradecemos	à	Diretoria	de	Educação	a	Distância	(DED)	da	Coordenação	de	Aper-
feiçoamento	 de	 Pessoal	 do	 Ensino	 Superior	 (CAPES),	 e	 ao	Ministério	 da	 Educação	
(MEC)	como	um	todo,	especialmente	pela	gestão	dos	recursos	e	pelo	empenho	nas	
tramitações	para	a	realização	deste	trabalho.
Outrossim,	agradecemos	particularmente	à	Equipe	do	NEAD-UEM:	Pró-Reitoria	de	
Ensino,	Coordenação	Pedagógica	e	equipe	técnica.
Despedimo-nos	atenciosamente,	desejando	a	todos	uma	boa	e	prazerosa	leitura.
Moacir José da Silva
Organizador da coleção
9
O	tema	deste	livro	é	bastante	amplo,	não	apenas	pela	abrangência	do	assunto	como	
também	pelo	longo	período	que	pretende	abordar	–	entre	os	três	primeiros	milênios	
da	história	do	Egito	e	a	crise	do	Império	Romano.
Ao	lado	dessa	longevidade	encontra-se	um	vasto	espaço	geográfico,	que	se	esten-
deu	por	praticamente	toda	a	bacia	do	mar	Mediterrâneo,	atingindo	a	Ásia,	o	Oriente	
Médio,	a	África	e	a	Europa.
Não	se	trata,	entretanto,	da	construção	de	uma	história	cronológica	do	mundo	an-
tigo.	Privilegiamos	temas	correntes	na	historiografia	–	economia,	sociedade,	política,	
cultura	–,	integrados	ao	estudo	da	História	Antiga	no	seu	conjunto.	É	um	livro	subje-
tivo,	na	medida	em	que	a	escolha	dos	temas	e	da	documentação	foi	influenciada	pelo	
interesse	de	seus	colaboradores.	
Raquel dos Santos Funari e Julio Gralha são responsáveis pelo primeiro capítulo, 
intitulado	“O	Egito	Antigo”.	Nele	podemos	reconhecer	o	fascínio	que	envolve	a	civili-
zação	dos	egípcios	nos	dias	atuais,	acompanhado	da	necessidade	de	se	refletir	sobre	
sua	trajetória	histórica	mediante	as	fontes	disponíveis.
Quem	eram	os	gregos,	a	explicação	sobre	o	modo	como	se	desenvolveram	aspec-
tos	da	sua	organização	material,	social,	política,	cultural,	bem	como	os	períodos	que	
definem	sua	história	são	temas	apresentados	por	José	André	Banhos	e	João	A.	Rocha.	
Termos	como	cidadania,	tirania	e	democracia	são	situados	em	seu	tempo	e	espaço,	em	
reconhecimento	à	constante	reflexão	que	acompanha	o	ofício	do	historiador.
Os	romanos	são	objeto	de	estudo	e	reflexão	no	terceiro	capítulo	do	 livro.	Nele,	
Maria	Luiza	Corassin	apresenta	um	quadro	geral	da	sociedade	e	da	política	ao	longo	
dos	períodos	da	história	de	Roma.	A	“sociedade	romana”,	tal	como	descreve	a	autora,	
recobre	e	reconhece	a	diversidade	das	concepções	políticas,	sociais,	econômicas,	reli-
giosas	e	culturais	dos	habitantes	do	Império	Romano.	
O	debate	historiográfico	que	envolve	a	discussão	em	torno	da	crise	do	século	III	e	o	
“fim	do	Império	Romano”	é	analisado	no	trabalho	conjunto	de	Jaime	Estevão	dos	Reis	
e	Diego	Henrique	Sanches	da	Silva.		A	ideia	de	decadência	formulada	desde	a	época	
do	Iluminismo,	passando	pelo	olhar	dos	humanistas	e	dos	historiadores	contemporâ-
neos, reforça a necessidade de se reconhecer um processo complexo, que resultou na 
centralização	do	poder,	na	polarização	da	sociedade,	segundo	a	qual	foi	demarcada	a	
diferença	entre	ricos	e	pobres,	e	na	consolidação	do	pensamento	cristão.
presentação do livroA
AntiguidAde orientAl 
e clássicA: econoMiA, 
sociedAde e culturA
10
O	último	capítulo,	escrito	por	Renata	Lopes	Biazotto	Venturini	e	por	Tiago	França,	
tem	uma	 proposta	 instrumental.	 A	 seleção	 e	 a	 tradução	 de	 documentos	 respeitam	
os	assuntos	abordados	pelos	demais	autores	no	conjunto	do	livro.	Embora	desigual-
mente	distribuída,	existe	uma	abundante	documentação	a	respeito	do	mundo	antigo,	
tanto o Oriental quanto o Clássico, principalmente quando consideramos o profícuo 
diálogo	entre	essas	fontes,	nas	suas	diferentes	formas:	materiais	ou	escritas.	
Os	 cinco	 capítulos	 que	 compõem	este	 livro	 têm	por	objetivo	despertar	 o	 leitor	
para	o	desejo	de	conhecer	e	saber	a	respeito	da	Antiguidade	Oriental	e	Clássica.	Cada	
autor	contribuiu	no	campo	de	suas	especialidades,	oferecendo	abundantes	referências	
bibliográficas	para	orientação	e	enriquecimento	intelectual	do	público	leitor.
Gostaríamos,	por	fim,	de	prestar	nossos	agradecimentos	a	todos	os	que	permitiram	
o	estabelecimento	dos	sólidos	alicerces	sobre	os	quais	este	livro	foi	construído.	Esten-
demos	nosso	reconhecimento	ao	trabalho	de	coordenação	que	vem	sendo	desempe-
nhado pelo Professor Doutor Moacir José da Silva, sempre disposto a nos orientar para 
a	concretização	deste	trabalho.
Renata	Lopes	Biazotto	Venturini
Organizadora
11
Toda	arte	é	um	diálogo.	Tal	como	o	 interesse	no	
passado.	E	como	uma	das	partes	vive	e	compreende	
de uma maneira contemporânea, pela sua própria 
existência,	 parece	 igualmente	 inerente	 à	 existência	
humana	 voltar-se	 e	 regressar	 ao	 passado	 (por	 mui-
to	que	vozes	poderosas	nos	incitem	a	abdicar	dele).	
Quanto mais atentamente escutamos e nos tornamos 
conscientes de seu antanho, mesmo da sua quase ina-
cessibilidade,	mais	carregado	de	significado	o	diálogo	
se	torna.
(Moses Finley) 
13
Raquel dos Santos Funari / Júlio gralha
introdução
O	Egito	antigo	fascina	desde	a	própria	Antiguidade.	O	historiador	grego	Heródoto	
de	Halicarnasso	 (484-425	a.C.)	 testemunha	esse	encantamento	 (thoma,	 em	grego):	
“no	que	se	refere	ao	Egito,	falarei	em	detalhe,	pois	em	nenhum	outro	lugar	há	tantas	
coisas	maravilhosas	(pleista thomasia),	nem,	em	todo	mundo,	há	tantas	obras	de	in-
descritível	grandeza”	(Heródoto,	Histórias,	2,	35).	Hoje,	em	pleno	século	XXI,	mais	de	
8	milhões	de	turistas	estrangeiros	visitam	o	país,	quase	todos	atraídos	pelos	vestígios	
arqueológicos	do	período	 faraônico.	No	Brasil	existem	grupos	de	pesquisa	sobre	o	
Egito	antigo,	formam-se	pesquisadores	nas	universidades,	e	o	tema	está	sempre	pre-
sente	na	mídia,	o	que	caracteriza	uma	presença	egípcia	muito	variadae	dispersa,	como	
constata	a	estudiosa	gaúcha	Margaret	Bakos,	líder	de	um	grupo	de	pesquisa	sobre	o	
tema.	Neste	capítulo,	vamos	apresentar	a	trajetória	do	Egito	faraônico,	suas	principais	
características culturais, políticas e sociais, assim como trataremos, ainda que de forma 
breve,	da	presença	do	Egito	em	nossos	dias.
Antes,	convém	deixar	claro	qual	a	perspectiva	adotada	por	nós.	Não	se	pode	co-
nhecer	o	passado	senão	a	partir	de	pontos	de	vista	e	pressupostos.	Não	se	pode	voltar	
ao passado tal como ele foi, e, mesmo que isso fosse possível, não o poderíamos 
descrever	senão	com	nossos	olhos.	Por	isso	tudo,	é	bom	explicitar	nossa	abordagem.	
Para nós, para estudar o passado é necessário um exercício tanto de aproximação 
quanto	de	distanciamento.	Por	um	lado,	como	veremos,	não	se	pode	conhecer	o	Egito	
antigo	sem	irmos	às	fontes,	aos	documentos.	Precisamos,	além	disso,	de	uma	dose	de	
empatia	para	que	tentemos	entender	como	aquela	civilização	pôde	construir	obras	tão	
magníficas,	assim	como	sobreviver	por	tantos	milênios.	Por	outro	lado,	não	podemos	
perder	de	vista	que	os	egípcios	antigos	eram	diferentes	de	nós,	tinham	especificidades	
que	apenas	podemos	tentar	entender.	Como	enfatiza	o	egiptólogo	britânico	Ian	Shaw,	
a	atração	da	antiga	cultura	egípcia	está	na	sua	combinação	de	coisas	exóticas	e	fami-
liares.	Por	isso	mesmo,	começamos	nosso	capítulo	com	as	fontes	e	com	a	história	do	
estudo	do	Egito	antigo,	para,	em	seguida,	aí	sim,	irmos	à	trajetória	histórica,	tal	como	
a	interpretamos.
O Egito Antigo1
AntiguidAde orientAl 
e clássicA: econoMiA, 
sociedAde e culturA
14
Mapa do egito Antigo
Fonte: http://images.google.com.br/imgres?imgurl=http://www.mfa.org/egypt/explore_ancient_egypt/
map.jpg&imgrefurl=http://www.mfa.org/egypt/explore_ancient_egypt/learn_map.html&usg=__0K_
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A histÓriA do estudo do egito FArAônico e As Fontes
O	Egito	faraônico	era	conhecido	no	Ocidente,	até	o	final	do	século	XVIII,	por	duas	
grandes	categorias	de	fontes:	a	Bíblia	e	os	textos	de	autores	gregos	e	latinos.	O	texto	
sagrado	foi	usado	para	o	conhecimento	do	Egito,	mas	as	informações	relativas	à	vida	
egípcia	eram	encaradas,	do	ponto	de	vista	religioso,	como	se	fossem	relatados	fatos	
históricos,	como	no	caso	do	êxodo	dos	hebreus.	Hoje,	no	século	XXI,	a	maioria	dos	
egiptólogos	considera	que	não	há	qualquer	evidência	de	historicidade	nessas	referên-
cias	bíblicas,	mas	por	muito	tempo	foram	tomadas	como	indicações	seguras.	As	fontes	
gregas	e	latinas	foram	muito	utilizadas,	com	destaque	para	Heródoto,	que	dedicou	ao	
Egito	todo	um	livro	da	sua	obra,	escrito	por	volta	de	430	a.C.,	para	relatar	a	sucessão	
das	dinastias	egípcias,	desde	o	primeiro	faraó.	O	historiador	Diodoro	da	Sicília	(90-21	
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a.C.)	e	o	geógrafo	Estrabão	(63	a.C.-	24	d.C.)	descreveram	também	aspectos	históricos,	
geográficos	e	culturais.	Todos	esses	autores	viveram	na	fase	final	do	período	faraôni-
co ou após ele, e suas informações provinham do contato que puderam ter com os 
próprios	egípcios	daquela	época.	Além	dessa	limitação,	como	observadores	externos	
da	cultura	egípcia	não	tinham	acesso	aos	documentos	egípcios	antigos	nem	compre-
endiam,	de	maneira	interna,	as	particularidades	da	cultura	egípcia,	ainda	que	por	con-
traste	informem	também	aspectos	muito	interessantes,	como	sobre	a	mumificação.
A	moderna	pesquisa	sobre	o	Egito	tem	início	com	o	Iluminismo	e	com	as	expedi-
ções	imperialistas	ao	Oriente	Médio,	em	particular	com	a	viagem	do	Imperador	francês	
Napoleão	(1769-1821)	ao	Egito,	entre	1798	e	1801.	A	obra	que	inaugura	essa	moderna	
egiptologia	é	a	Descrição do Egito,	cujos	volumes	saíram	entre	1809	e	1829	e	hoje	
podem	 ser	 consultados	 na	 internet,	 no	 original	 em	 francês	 (http://descegy.bibalex.
org/).	O	estudioso	francês	Champollion	(1790-1832)	foi	responsável	pela	decifração	da	
escrita	hieroglífica,	o	que	permitiu,	a	partir	de	então,	o	acesso	a	informações	de	primei-
ra	mão,	produzidas,	em	grande	parte,	pela	Arqueologia.	Essa	disciplina	nascente,	que	
estuda	a	cultura	material	–	edifícios,	artefatos	e	vestígios	biológicos,	como	as	múmias	
–	começou	a	desencavar	já	a	partir	década	de	1830.	As	escavações	com	a	preocupação	
em	anotar	os	 artefatos	encontrados	 iniciaram-se	no	final	do	 século	XIX	e	 início	do	
XX,	com	pioneiros	como	Flinders	Petrie	(1853-1942),	um	dos	grandes	inovadores	na	
Arqueologia	mundial	na	época.	No	século	XX,	as	descobertas	arqueológicas	multipli-
caram-se,	com	uma	infinidade	de	achados,	cada	vez	mais	bem	documentados	e	estuda-
dos.	Nas	últimas	décadas,	multiplicaram-se	também	as	escavações	de	assentamentos,	
como	cidades	e	aldeias,	o	que	tem	fornecido	dados	sobre	a	vida	quotidiana	não	apenas	
de	faraós	e	sacerdotes	como	também	das	pessoas	comuns.	As	pesquisas	sobre	o	Egito	
faraônico	diversificaram-se,	ainda,	quanto	aos	temas	de	investigação.	Reproduziram-se	
trabalhos	sobre	temas	como	as	mulheres,	as	relações	de	gênero	(homens,	mulheres,	
outras	sexualidades),	a	religiosidade,	as	identidades	e	o	corpo,	para	mencionar	apenas	
alguns	dos	quais	trataremos	mais	adiante,	neste	capítulo.
o egito Antigo
AntiguidAde orientAl 
e clássicA: econoMiA, 
sociedAde e culturA
16
napoleão no egito, quadro de Francois-louis-Joseph Watteau, a Batalha das pirâmides.
Fonte: http://images.google.com.br/imgres?imgurl=http://www.powellhistory.com/images/Watteau_
pyramids_small.png&imgrefurl=http://powellhistory.wordpress.com/page/2/&usg=__6lvot--gqrflgtJ3
AJA033wndue=&h=670&w=830&sz=1002&hl=pt-Br&start=40&um=1&itbs=1&tbnid=AhAXhZgWv5ts
dM:&tbnh=116&tbnw=144&prev=/images%3Fq%3dnapoleon%2Begypt%26start%3d21%26um%3d1%26
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A cronologiA
Antes	de	 iniciarmos	nossa	caminhada,	convém	apresentar	o	quadro	cronológico	
que	adotamos	neste	capítulo.	Como	os	estudiosos	divergem	sobre	a	cronologia	egíp-
cia,	adotaremos	aqui	a	proposta	recente	de	Ian	Shaw:
Paleolítico 700.000-12.000	a.C.
Epipaleolítico 12.000-9000	a.C.
Neolítico 5300-4000	a.C.
Período pré-dinástico 4000-3200	a.C.
Dinastia	0	(Naqada	III) 3.200-3000	a.C.
Período	faraônico 3000-332	a.C.
Proto-dinástico	(I	e	II	dinastias) 3000-2686	a.C.
Antigo	reino 2686-2181	a.C.
Primeiro período intermediário 2181-2055	a.C.
Reino médio 2055-1650	a.C.
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Segundo	período	intermediário 1650-1550	a.C.
Novo	reino 1550-1069	a.C.
18a.	dinastia 1550-1295	a.C.
Período ramessida 1295-1069	a.C.
Terceiro	período	intermediário 1069-664	a.C.
Período tardio 664-332	a.C.
Período ptolomaico 332-31	a.C.
Período romano 30	a.C.-	311	d.C.
Período	romano	oriental	ou	bizantino	 311-642	d.C.
Conquista muçulmana 642	d.C.
Neste	capítulo,	nossa	atenção	estará	voltada	para	o	Egito	faraônico	stricto sensu, 
entre	3200	e	332	a.C.,	ainda	que	nos	refiramos	à	sua	continuidade	em	época	helenís-
tica	e	romana,	na	medida	em	que	os	governantes	eram	considerados,	em	parte,	como	
faraós.
o surgiMento do egito FArAônico
A	civilização	egípcia	 só	pode	 ser	 compreendida	em	seu	contexto	geográfico	com	
base	nas	transformações	ocorridas	a	partir	do	final	da	última	glaciação,	entre	10.000	e	
9.500	a.C.	Antes	disso,	todo	o	norte	da	África,	com	o	que	viria	a	ser	o	deserto	do	Saara,	
era	uma	área	fértil	e	ocupada	pelo	ser	humano.	O	aquecimento	global,	que	viria	pôr	
fim	às	imensas	geleiras,	acarretou	mudanças	climáticas	em	todo	o	planeta,	e	criaria	o	
grande	deserto	(as sahar al kubra,	em	árabe,	quer	dizer,	precisamente,	“o	grande	de-
serto”).	Com	isso,	as	populações	não	tiveram	como	continuar	no	interior	e	foram	para	
a	floresta	equatorial,	para	o	Mediterrâneo	ou	para	o	vale	do	Rio	Nilo,	o	único	rio	que	
conseguiu	persistir,	mesmo	quando	seus	afluentes	deixaram	de	fluir.	Isso	sófoi	possível	
porque	o	Nilo	nasce	na	África	equatorial	e	suas	águas	não	dependem	dos	afluentes,	que	
secaram	e	se	transformaram	em	vales	secos,	chamados	pelos	árabes	wadis	(“rios”).	O	
Nilo	é	um	rio,	no	meio	de	um	deserto,	cujas	margens	são	fertilizadas	por	cheias	anuais,	
vindas	da	profundidade	do	continente	africano.	Os	antigos	não	sabiam	de	onde	vinham	
essas	águas;	apenas	testemunhavam	esse	fato	admirável,	para	usarmos	a	expressão	de	
Heródoto,	que	dizia	que	corria	um	rio	em	meio	a	um	imenso	deserto.	Por	mais	de	mil	
quilômetros	não	havia	outra	fonte	d’água,	só	o	Nilo,	do	Mediterrâneo	para	o	interior.	
Isso	devia	impressionar	os	povos	que	ali	viveram,	e	marcou	os	egípcios,	como	veremos.
Quando	surgiu	o	Egito	faraônico?	O	mais	antigo	documento	que	pode	ser	cha-
mado	de	egípcio	é	a	Paleta	de	Narmer,	datada	de	cerca	de	3000	a.C.,	 conservada	
o egito Antigo
AntiguidAde orientAl 
e clássicA: econoMiA, 
sociedAde e culturA
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hoje	no	Museu	Egípcio	do	Cairo,	publicada	pelos	escavadores	em	1902.	Trata-se	de	
uma	 lasca	de	pedra	de	63	cm	de	altura,	com	um	baixo-relevo	em	ambas	as	 faces.	
De	um	lado	estão	dois	leões	de	longos	pescoços	entrelaçados,	segurados	por	dois	
homens	barbados.	Eles	representariam,	segundo	alguns,	a	unificação	do	alto	e	do	
baixo	Egito,	ou	seja,	da	parte	Mediterrânica	ou	Delta	do	Nilo,	com	o	curso	superior	
do	 rio	Nilo,	 até	 a	 primeira	 catarata.	 Acima	 aparece	 um	 governante,	Narmer,	 com	
a	coroa	vermelha,	referente	ao	baixo	Egito.	O	rei	participa	de	uma	procissão	com	
seis	pessoas,	dentre	os	quais	dois	ministros,	em	revista	ao	corpo	de	dez	 inimigos	
decapitados.	Do	outro	lado	da	paleta	está	uma	figura	maior	de	Narmer,	agora	com	a	
coroa	branca	do	alto	Egito,	dominando	um	cativo.	Diante	do	faraó	e	sobre	o	cativo	
aparece	o	deus	falcão	Hórus,	que	segura	outro	cativo,	com	seis	papiros,	que	talvez	
representem	6	mil	prisioneiros.	Na	parte	inferior	estão	dois	homens	nus,	cativos	ou	
inimigos	abatidos.
estela de narmer
Fonte: http://images.google.com.br/imgres?imgurl=http://www.touregypt.net/featurestories/religiou-
sorigins6.jpg&imgrefurl=http://www.touregypt.net/featurestories/religiousorigin.htm&usg=__X4mr8x
psw4uoskqYYudmF12meYg=&h=383&w=525&sz=30&hl=pt-Br&start=6&um=1&itbs=1&tbnid=X1nXYq
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pt-Br%26rlz%3d1t4ggll_pt-BrBr349Br349%26tbs%3disch:1
Seria	a	paleta	de	Narmer	a	certidão	de	nascimento	do	Egito	faraônico?	Talvez	seja	
demais	dizer	isso,	pois	os	processos	históricos	são	de	longo	prazo.	Desde	o	fim	da	gla-
ciação,	o	Nilo	atraiu	populações	africanas	que	se	assentaram	e	acabaram	por	produzir	
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um	reino	no	seu	vale.	A	paleta	de	Narmer	pode	representar,	plausivelmente,	ao	menos	
uma	das	três	hipóteses	seguintes:
1.	 A	narrativa	de	uma	vitória	militar	do	alto	Egito	sobre	o	baixo,	o	que	produziu	a	
unificação;
2.	 Um	ritual	real	comemorativo,	sem	base	muito	efetiva	na	realidade	histórica;
3.	 Uma	cerimônia	de	rememoração	de	uma	vitória	efetiva	anterior,	do	alto	sobre	o	
baixo	Egito.
A	primeira	e	a	terceira	hipóteses	partem	do	pressuposto	de	uma	unificação	de	sul	a	
norte,	enquanto	a	segunda	baseia-se	no	fato	de	que	as	narrativas	nem	sempre	têm	rela-
ção	com	os	acontecimentos.	Isso	pode	parecer	estranho,	mas	não	o	é	se	pensarmos	que	
as	saias	dos	escoceses	foram	inventadas	modernamente,	assim	como	os	bandeirantes	fo-
ram	criados	em	pleno	século	XX.	A	narrativa	da	vitória	do	alto	sobre	o	baixo	Egito	pode,	
portanto, ser uma historieta a posteriori.	Não	importa.	Na	paleta	de	Narmer	existe,	pela	
primeira	vez,	um	relato	com	características	egípcias:	as	coroas	do	alto	e	do	baixo	Egito,	
o	uso	de	hieróglifos	primitivos	e	um	esquema	iconográfico	que	se	repetiria	nos	milênios	
seguintes.	Lá	estava	Hórus	(que	não	é	o	Hórus	filho	de	Isis	e	Osíris),	um	dos	deuses	
egípcios	principais,	ligado	à	realeza	e	ao	céu.	Surgia	o	Egito	faraônico.
Esse	processo	foi	longo,	durante	o	quarto	milênio	a.C..	Cidades	pré-dinásticas	proli-
feraram	de	Buto,	no	Delta,	até	Qustul	e	Sayala,	na	Núbia,	ao	sul.	Algumas	dessas	cidades	
evoluíram	para	centros	maiores,	intercaladas	por	outras	cidades	e	aldeias.	O	desenvolvi-
mento de cada uma dependeu de sua posição em relação a matérias-primas e rotas de co-
mércio.	O	sistema	de	anotação	escrita,	já	antes	dos	hieróglifos,	era	usado	na	maioria	das	
cidades,	o	que	demonstra	que	comerciavam	entre	si.	Tal	sistema	de	escrita	correspondia	
àquele	usado,	na	mesma	época,	na	Mesopotâmia	(atual	Iraque),	assim	como	motivos	de-
corativos	mesopotâmicos	foram	comuns	tanto	no	alto	quanto	no	baixo	Egito.	Entre	3500	
e	3200	a.C.	as	cidades	se	desenvolviam,	assim	como	o	sistema	de	escrita,	a	cosmologia	
e	a	construção	monumental,	e	a	unificação	se	consolidou	por	volta	de	3200	a.C.,	como	
propõe	a	egiptóloga	Alicia	I.	Meza.	Descobertas	arqueológicas	recentes	mostram	que	já	
em	3500	a.C.	se	usava	a	escrita	hieroglífica,	e	que	havia	um	sistema	administrativo,	uma	
arquitetura	monumental	e	um	sistema	complexo	de	trocas	econômicas.
o Antigo reino e o priMeiro perÍodo interMediário
As	duas	primeiras	dinastias	(3000-2686	a.C.)	não	são	muito	bem	documentadas,	
ao	menos	diante	da	abundância	dos	documentos	das	dinastias	seguintes	(III	a	VI,	de	
2686	a	2181	a.C.).	Os	túmulos	reais	caracterizaram	o	período,	a	partir	da	Pirâmide	de	
Degraus,	atribuída	a	 Imhotepe,	o	primeiro	arquiteto	e	construtor	dessas	sepulturas	
o egito Antigo
AntiguidAde orientAl 
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sociedAde e culturA
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monumentais.	Sua	pirâmide	em	Sacará,	para	o	faraó	Djoser	(c.	2640	a.C.),	segue	as	
construções	de	mastabas	(sepulcros	particulares	no	formato	trapezoidal)	e	das	pirâ-
mides	de	Quéops,	Quéfren	e	Miquerinos,	faraós	da	IV	Dinastia	(2613-2494	aC.).	Tais	
monumentos	eram	completados	por	estátuas,	relevos,	mobiliário	e	vasos	com	o	sím-
bolo	da	potência	centralizado	no	seu	auge,	mostrando	o	Faraó	como	Deus	vivo	e	todo-
poderoso.	Na	morte,	o	rei	brilha	com	toda	a	sua	potência,	poder	tão	bem	simbolizado	
pelas	pirâmides	enormes.	 Isso	muda	 com	as	dinastias	 seguintes	 (V	e	VI	2494-2181	
a.C.),	com	o	crescente	predomínio	do	culto	solar	ao	deus	Rá,	em	Heliópolis,	ao	norte.	
Os templos passaram a ter maior dimensão, como o impressionante templo solar de 
Nevesere,	 em	Abu	Gurab,	 em	Heliópolis.	 Pouco	 a	 pouco,	 o	poder	 das	 autoridades	
locais	aumentou,	como	testemunha	o	gradual	aumento	do	número	de	mastabas	parti-
culares,	com	a	indicação,	na	VI	dinastia	(2345-2181	a.C.),	da	fragmentação	do	poder.	
As	 dinastias	 seguintes	 (VII-XI	 2181-2055	 a.C.)	 foram	 caracterizadas	 como	 primeiro	
período	intermediário,	o	qual	testemunhou	a	fragmentação	política,	com	líderes	em	
disputa,	assim	como	com	a	entrada	de	líbios,	semitas.
pirâmides do Antigo reino
Fonte: http://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://www.cap.nsw.edu.au/bb_site_intro/specialpla-
ces/special_places_st2/africa/pyramid3.jpg&imgrefurl=http://www.cap.nsw.edu.au/bb_site_intro/spe-
cialplaces/special_places_st2/africa/the_pyramids.htm&h=275&w=412&sz=29&tbnid=9_qv3l3ou25Xh
M:&tbnh=83&tbnw=125&prev=/images%3Fq%3degyptian%2Bpyramids&hl=pt-Br&usg=__xKnohtb3-
dkJ-pvykhkculWonBk=&ei=hbKls5reh8WZuAeayb30cw&sa=X&oi=image_result&resnum=1&ct=imag
e&ved=0cAkq9qewAA
A	divisão	dava-se,	grosso	modo,	entre	o	baixo	e	o	médio	Egito,	sob	controle	de	go-
vernantes	de	Heracliópolis,	perto	do	oásis	Faium,	e	os	tebanos,	no	alto	Egito.	Ao	norte,	
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começava	um	processo	de	retomada	do	Delta	e	de	revalorização	da	cidade	de	Mênfis,	
restabelecendo-se	os	contatos	com	a	cidade	de	Biblos,	no	atual	Líbano.	Floresceu	em	
Heracliópolis	uma	literatura	mais	filosófica	e	voltada	para	a	ética,	como	o	clássico Diá-
logo do desesperado com sua alma, que descreve o drama interior de um homem 
desiludido,	incapaz	de	compreender	sua	época	e	as	próprias	ideias	contraditórias.	Por	
isso	pensa	em	suicidar-se,	e	sua	alma	acaba	por	duvidar	da	eficácia	dos	ritos	funerários	
e	o	aconselha	a	 fugirdessa	 falta	de	esperança	e	a	entregar-se	à	 farra.	Outra	grande	
obra,	em	pleno	período	intermediário,	foi	Instruções ao filho Mericara,	que	afirma	
que	Deus	deu	as	plantas	e	os	animais	aos	seres	humanos.	Apresenta-se,	nesse	caso,	a	
noção de um Deus pessoal, em oposição às múltiplas manifestações divinas que sem-
pre	dominaram	a	religiosidade	egípcia.	Algumas	passagens	demonstram	bem	essa	ética	
pessoal:	“se	conduza	bem,	quanto	estiver	vivo.	Acalme	os	aflitos,	não	oprima	a	viúva,	
não	arranque	ninguém	de	seu	pai,	não	mate,	não	bata	ou	prenda	ninguém.	Assim,	a	
terra	estará	em	ordem.	A	vingança	é	apanágio	apenas	de	Deus”.
O	crescente	poder	dos	chefes	locais	levou,	também,	à	difusão	das	práticas	mortu-
árias.	Ao	poder	ultracentralizado	no	faraó	segue-se	a	apropriação,	por	parte	das	elites	
locais,	de	modo	que	as	antigas	tradições,	voltadas	apenas	para	o	Rei,	foram	adaptadas	
para	uso	privado.	Difundiram-se	 igualmente	os	escritos	particulares	e	os	hieróglifos	
cursivos,	nos	próprios	sarcófagos.
Ao	norte	de	Abidos,	cidade	santa	do	deus	Osíris,	o	predomínio	estava	com	os	te-
banos,	cujos	governantes	se	apresentavam	como	faraós.	Mentuhotepe	I	Nebehepetre	
(2055-2012)	conseguiu	reunificar	o	alto	e	o	baixo	Egito,	a	partir	de	Tebas,	com	forte	
influência	de	elementos	núbios.	Seu	nome	revela	tanto	sua	base	em	Tebas	quanto	seu	
domínio	sobre	todo	o	território,	pois	significa	“o	deus	tebano	Mentu	está	satisfeito”	e	
“unificador	das	duas	terras”.	Iniciava-se	um	novo	período	de	unidade,	mas	os	poderes	
locais	passaram	a	ser,	de	alguma	forma,	acomodados.
o Médio reino
O	novo	período	iniciou-se	com	o	grande	reinado	de	Mentuhotepe	I,	mas	apenas	
a	partir	da	XII	Dinastia	(1985-1795)	a	estabilidade	política	foi-se	firmando	e	o	poder	
dos	nobres	locais	foi	controlado.	Embora	o	poder	viesse	do	alto	Egito,	houve	maior	
atenção	 à	parte	norte	do	 reino,	 como	quando	o	 governo	 se	mudou	para	 el-Líxete,	
perto	de	Mênfis,	durante	o	período	da	XII	dinastia.	Os	faraós	dessa	dinastia	cuidaram	
da	construção	de	canais	nas	cercanias	da	nova	capital,	com	grande	desenvolvimento	
agrícola	de	Faium.	Outras	cidades	do	norte	foram	objeto	de	atenção,	como	Heliópolis,	
onde	foram	construídos	obeliscos.	Tebas	não	foi	deixada	de	lado,	e	o	culto	ao	deus	
local	Amon	foi	fortalecido.	Particular	atenção	foi	dada	ao	domínio	do	sul	profundo,	
o egito Antigo
AntiguidAde orientAl 
e clássicA: econoMiA, 
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da	alta	Núbia	ao	Sudão,	com	a	construção	de	fortes	e	feitorias	até	acima	da	terceira	
catarata,	bem	ao	sul.
Foi nesse período que o culto ao deus Osíris expandiu-se e tornou-se mais univer-
sal.	Nos	séculos	anteriores	ele	tinha	posição	secundária	no	panteão	egípcio,	com	uma	
divindade	agrícola	ligada	ao	rio	Nilo	e	ao	cultivo	do	cereal.	Como	protetor	do	nono	
nomo	(divisão	administrativa	egípcia),	Osíris	começou	a	absorver	outras	divindades	
funerárias,	como	Socáris	de	Mênfis	e	Quentamentiou	de	Abidos,	e	passou	a	ser	o	prin-
cipal	deus	 funerário,	 ligado	à	 imortalidade	da	alma.	Seu	reino	está	nas	necrópoles,	
de	onde	preside	o	destino	dos	humanos,	soluciona	o	problema	da	morte	e	prepara	
o	defunto	para	a	ressurreição.	Com	a	assistência	de 42 juízes divinos, ele preside o 
julgamento	das	almas,	enquanto	Anúbis	se	encarrega	de	pesá-las.	Osíris	 teria	sido	a	
primeira	múmia.	“Para	sempre	belo”	é	um	dos	seus	epítetos.
osíris, juiz dos mortos
Fonte: http://images.google.com.br/imgres?imgurl=http://seshdotcom.files.wordpress.com/2009/01/
osiris.jpg&imgrefurl=http://seshdotcom.wordpress.com/2009/01/01/&usg=__XYXAk_A86l0uftz
r0tgc3tzJiiq=&h=306&w=320&sz=37&hl=pt-Br&start=3&um=1&itbs=1&tbnid=Atoia4qlvr4x
aM:&tbnh=113&tbnw=118&prev=/images%3Fq%3disis%2Band%2Bosiris%26um%3d1%26hl%3d
pt-Br%26sa%3dn%26rlz%3d1t4ggll_pt-BrBr349Br349%26tbs%3disch:1
23
Além	da	ascensão	social	das	classes	governantes,	difundiu-se	o	costume	de	construir	
estelas	votivas,	o	que	testemunha	uma	maior	difusão	da	prosperidade.	A	literatura	tam-
bém	se	tornou	mais	popular,	com	o	desenvolvimento	da	ficção,	como	no	caso	da	novela	
História de Sinuhe, uma narrativa de apelo universal que retrata a trajetória do que po-
deríamos	chamar	de	um	filho	pródigo.	Sinuhe,	um	funcionário	real,	vê-se	envolvido	em	
uma	intriga	de	palácio	e	foge	para	o	Líbano,	onde	passa	por	diversas	aventuras,	até	re-
tornar	ao	Egito	e	ser	reabilitado:	“rejuvenesci	muitos	anos,	pude	fazer	a	barba,	tive	meus	
cabelos	penteados.	Minha	pobreza	ficou	no	estrangeiro,	minhas	roupas	velhas	voltaram	
para	os	andarilhos	do	deserto	e	me	vesti	com	bom	linho,	fui	ungido	com	azeite	fino,	
voltei	a	dormir	em	cama”.	Final	feliz	para	um	romance	que,	até	hoje,	nos	traz	deleite.
o segundo perÍodo interMediário e o novo reino
Costuma-se	designar	como	segundo	período	intermediário	(1650-1550)	o	século	
que	testemunhou	a	divisão	do	reino	em	três,	com	três	dinastias	contemporâneas:
XV	Dinastia	(hicsos)	 1650-1550
XVI	Dinastia	(hicsos	menores) 1650-1550
XVII	Dinastia	(Tebas) 1650-1550
No	Delta	reinavam	os	reis	asiáticos	denominados	hicsos,	ou	“reis	pastores”,	como	
dizem	as	fontes	posteriores.	Esses	povos,	vindos	do	Oriente,	parecem	originar-se	de	
grupos	 semitas,	 embora	 tenham	adotado	 títulos,	 costumes	 e	demais	 aparatos	 egíp-
cios.	Exerciam	influência	no	Sinai	e	na	Palestina	e	dominavam,	de	forma	indireta,	os	
governantes	egípcios	ao	sul.	Em	Tebas	seguia	uma	dinastia	egípcia	com	controle	sobre	
o	alto	Egito,	mas	com	uma	política	de	submissão,	maior	ou	menor,	aos	hicsos.	Ainda	
mais	ao	sul,	a	Núbia	e	o	Sudão	estavam	sob	domínio	de	um	governante	autônomo	em	
Cuxe,	mas	 também	 submetido	 aos	 hicsos.	 Esses	 povos	 orientais	 introduziram	uma	
série	de	novidades,	como	novos	métodos	de	fiação	com	o	uso	do	tear	vertical,	novos	
instrumentos	musicais	(lira,	alaúde,	oboé,	pandeiro),	novas	espécies	de	bovinos	e	de	
cavalos,	 além	da	 azeitona	 e	 da	 romã.	 A	 generalização	do	uso	do	 bronze,	 tanto	 em	
armas	quanto	em	objetos	de	uso	quotidiano,	também	foi	resultado	do	domínio	hic-
so.	As	escavações	da	cidade	capital	dos	hicsos,	Avaris	(atual	Tell	el	Daba),	forneceram	
muitas	informações	preciosas,	como	a	descoberta	de	pinturas	murais	no	estilo	usado	
em Cnossos, na ilha de Creta, assim como evidências do contato desses povos com o 
Oriente,	na	forma	dos	mais	antigos	documentos	cuneiformes	encontrados	no	Egito.	
Essas	pesquisas	arqueológicas,	levadas	adiante	pelos	austríacos,	começaram	na	década	
de	1960	e	têm	produzido	novas	descobertas	a	cada	ano.
o egito Antigo
AntiguidAde orientAl 
e clássicA: econoMiA, 
sociedAde e culturA
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A	retomada	da	centralização	deu-se,	uma	vez	mais,	de	sul	a	norte,	a	partir	da	XVIII	
dinastia	(1550-1295	a.C.),	com	a	tomada	de	Avaris	por	Amósis,	por	volta	de	1550.	O	
poder	tebano	manifestou-se,	nesse	processo	de	unificação,	pela	 imposição	do	culto	
a	Amon,	seu	deus	tutelar	em	Tebas,	em	contraposição	ao	patrono	dos	hicsos,	o	deus	
Set.	Terras,	 servos,	pastos	e	gado	 foram	postos	à	disposição	dos	 templos	de	Amon.	
Multiplicaram-se	os	monumentos	oficiais	em	que	se	apresentam	o	faraó	com	sua	es-
posa,	mãe	 ou	mesmo	 avó.	 As	 rainhas	 passaram	 a	 ter	 prerrogativas	 de	 corregência,	
algo	pouco	comum	no	mundo	antigo.	Ahmes-Nefertari	(cerca	de	1540	a.C.)	recebeu	o	
título	de	“segundo	profeta	do	deus	Amon”.	Os	matrimônios	consanguíneos	na	família	
real	generalizaram-se,	com	o	casamento	entre	irmãos,	meio-irmãos	ou	outros	paren-
tes,	de	modo	a	garantir	a	pureza	do	sangue	real.	Tutmés	I	(1524-1518)	inaugurou,	na	
margem	esquerda	de	Tebas,	a	ocidente,	uma	nova	forma	de	inumação	real,	ao	escavar	
a	primeira	tumba	no	que	viria	a	se	tornar	o	Vale	dos	Reis.	Instalou	também,	na	atual	
Deir	el	Medineh,	uma	aldeia	de	construtores	dos	hipogeus	reais,	chamados	de	“servi-
dores	do	lugar	de	Maat”,	deus	que	julga	os	mortos.	Restaurou	o	comércio	com	Punte,	
a sudeste, assim como as relações diplomáticas com Chipre e demais localidades do 
Médio	Oriente,	como	a	Anatólia	(Turquia)	e	a	Mesopotâmia(Iraque).
Mênfis	voltou	a	ser	valorizada	com	uma	residência	do	faraó	Tutmés	I.	A	ascensão	da	
rainha	Hatexepsute	(1508-1458	a.C.)	ao	trono	demonstra	o	poder	das	mulheres	egíp-
cias.	Ela	adotava	todos	os	títulos	faraônicos	com	o	uso	das	terminações	no	feminino,	
o	que	não	é	pouco	se	considerarmos	que,	em	português,	quase	não	se	usam	alguns	
termos	de	poder	no	 feminino,	como	“presidenta”	ou	“apóstola”.	Hatexepsute,	uma	
das	cinco	mulheres	que	reinaram	no	Egito,	deixou	gerações	de	egiptólogos	fascina-
dos	por	ela,	que	foi	descrita	como	“pacifista”	por	uns	mas	como	masculinizada	por	
outros.	Os	monarcas	que	a	sucederam	adotaram	uma	agressiva	política	de	expansão	
militar,	 resultado	da	 formação	de	um	exército	profissional,	 tanto	em	direção	ao	sul	
quanto	na	Palestina	e	até	mesmo	na	Síria.	Estabeleceram-se	guarnições	egípcias,	mas	a	
estratégia	principal	consistia	na	sua	aliança	com	os	régulos	locais.	A	administração	do	
reino	estava	nas	mãos	do	faraó,	que	indicava	os	chefes	militares,	civis	e	sacerdotais.	Os	
sacerdotes	do	culto	de	Amon	eram	os	mais	fortes	aliados	do	poder	real.	Uma	intensa	
política	de	construções	também	se	consolidou,	com	tumbas	reais,	templos	e	capelas,	
e	ocorreu	o	gigantismo	na	arquitetura,	como	em	Lúxor.
O	reinado	de	Amenófis	IV	(1352-1336	a.C.)	marcou	a	iniciação	de	um	tipo	de	culto	
a	um	deus	único,	Aton.	Esse	pode	ser	considerado	um	dos	períodos	mais	discutidos	
da	história	egípcia.	Amenófis	IV	introduziu,	logo	no	início	do	seu	reinado,	o	culto	ao	
disco	solar	(aton),	uma	divindade	mais	abstrata	do	que	a	maioria	dos	deuses	egípcios,	
com	formas	de	animais.	Construiu	monumentos	religiosos	a	Aton	em	diversos	lugares	
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e	fundou	uma	nova	capital	real,	Aquetaton	(“horizonte	de	aton),	hoje	Tell	el	Amarna.	A	
história	de	Aquenaton	é	conhecida	mais	pela	Arqueologia	moderna	do	que	pelos	docu-
mentos	antigos,	pois	seus	sucessores	restauraram	o	culto	a	Amon	e	aos	outros	deuses	e	
retiraram	as	referências	à	forma	singular	de	monoteísmo	introduzido	pelo	faraó	(para	
boa	parte	dos	egiptólogos	não	seria	um	monoteísmo,	mas	algo	bem	próximo).	Sua	
esposa	Nefertiti	foi	imortalizada	por	um	busto	seu,	de	rara	beleza,	conservado	hoje	em	
Berlim.	O	culto	a	Aton	levou	à	confiscação	de	bens	dos	sacerdotes	de	Amon,	e	os	se-
guidores	de	Aton	parece	terem	sido	recrutados	entre	as	classes	ascendentes.	Templos	
importantes	de	Aton	foram	estabelecidos	em	Mênfis	e	Heliópolis,	com	santuários	de	
norte	a	sul	do	Egito.	Com	a	morte	do	faraó	subiu	ao	trono	Tutancatón	(depois,	Tutan-
camón),	que	logo	restaurou	os	cultos	tradicionais.
Akenaten
Fonte: http://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://www.luzdegaia.org/kuthumi/meloff/imagem/
Akhenaton.jpg&imgrefurl=http://www.luzdegaia.org/kuthumi/meloff/portal_fogo.htm&h=350&w=32
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o egito Antigo
AntiguidAde orientAl 
e clássicA: econoMiA, 
sociedAde e culturA
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nefertiti
Fonte: http://images.google.com.br/imgres?imgurl=http://www.artsales.com/images/
nefertiti%2520restored%2520(2).jpg&imgrefurl=http://www.artsales.com/Artistory/ark_covenant/
nubia_the_source_of_the_gold_For_the_Ark_of_the_covenant.htm&usg=__iggqn9J9Wt2r-
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pt-Br%26rlz%3d1t4ggll_pt-BrBr349Br349%26tbs%3disch:1
As	duas	dinastias	seguintes	(XIX	e	XX,	1295-1069	a.C.)	ficaram	conhecidas	como	
período	ramessida.	Ramses	 I,	primeiro	monarca	da	dinastia,	era	oriundo	de	 família	
humilde do noroeste do Delta, e seu nome mostra que o principal deus passava a ser 
Rá	(Sol).	Como	Ramses	I	reinou	apenas	um	ano,	ao	que	tudo	indica	seu	filho,	o	faraó	
Sethi	I,	ficou	responsável	por	legitimar	essa	dinastia,	que	não	possuía	uma	linhagem	
real.	Era	preciso	estabelecer	uma	ligação	forte	com	os	diversos	segmentos	sacerdotais	
e	as	divindades	(Ra	de	Heliópolis,	Ptah	de	Menfis,	Amon	de	Tebas,	entre	outros),	além	
de	campanhas	militares,	o	que	foi	conseguido.	Entretanto,	o	grande	monarca	foi	Ram-
sés	II	(1279-1212	a.C.),	além	de	seu	filho,	que	estabeleceu	a	capital	em	Pi-Ramsés,	no	
Delta.	Enfrentou	os	hititas,	e	após	mais	de	20	anos	de	lutas	é	que	foi	firmado	um	tra-
tado	de	paz,	ficando	a	Palestina	sob	controle	egípcio.	Alguns	autores	consideram	que	
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os	62	anos	de	reinado	de	Ramsés	II,	que	assinalaram	o	ápice	do	poderio	e	da	cultura	
egípcios,	estabeleceram	um	período	longo	de	paz,	o	que	permitiu	que	Ramses	II	fosse	
cultuado	em	vida,	pelas	pessoas	comuns,	como	um	grande	deus.	A	partir	da	XX	dinas-
tia	(1186-1069)	iniciou-se	um	processo	de	encolhimento	do	império,	com	o	exército	
passando	a	recrutar	mercenários,	com	a	perda	das	possessões	asiáticas	e	com	rebeli-
ões	no	médio	Egito,	ao	final	do	período.	A	redação	do	Livro dos Mortos assinalou a 
passagem	para	preocupações	mais	espirituais,	que	não	dependiam	do	poder	militar.
o terceiro perÍodo interMediário e A épocA tArdiA
Sucederam-se	dinastias	paralelas	e	divisões	com	o	governo	de	líbios	(945-715	a.C,)	
e	de	núbios	(747-656	a.C.),	até	a	restauração	da	unidade,	pelo	faraó	núbio	Shabaka,	no	
final	do	século	VIII	a.C.	O	domínio	etíope	estendeu-se	até	o	Delta,	tendo	fomentado	a	
restauração	de	templos	egípcios,	mas	logo	os	assírios	viriam	a	dominar	o	vale	do	Nilo	
(657-653	a.C.),	com	apoio	de	parte	dos	egípcios	insatisfeitos	com	o	domínio	núbio.	Per-
turbações	na	Assíria	permitiram	que	o	faraó	egípcio	Psamético	I,	da	XXVI	Dinastia	(664-
525	a.C.),	expulsasse	os	assírios	e	restabelecesse	um	reino,	a	partir	de	Saís,	no	Delta,	
inaugurando	o	que	ficou	conhecido	como	Renascimento	Saíta.	Para	fazer	frente	aos	lí-
bios,	que	haviam	dominado	o	trono	no	norte,	empregou	soldados	mercenários	gregos:	
jônios,	cários	e	lídios.	Os	governantes	saítas	investiram	no	comércio,	com	a	fundação	de	
feitorias	em	Milésios,	Dafne	e	Náucratis.	Como	dependiam	dos	gregos	que	trouxeram	
ao	Nilo,	a	dinastia	nem	sempre	encontrou	apoio	entre	os	nativos	egípcios,	o	que	facili-
tou	o	domínio	persa	(525-404	a.C.).	As	últimas	dinastias	de	faraós	egípcios	(XXVIII-XXX,	
404-343	a.C.)	foram	seguidas	de	novo	domínio	persa	(343-332	a.C.).	Em	seguida,	foi	
estabelecido	um	 reino	 egípcio	 com	governantes	macedônicos,	 da	 família	 dos	 ptolo-
meus	(332-30	a.C.),	cujos	reis	eram	considerados	como	faraós,	embora	houvesse	uma	
divisão	entre	a	administração	grega	e	as	seculares	instituições	egípcias.	A	última	rainha	
macedônica,	Cleópatra	VII	Philopator,	pode	ser	considerada	a	última	governante	egíp-
cia	apresentada	como	um	faraó,	ainda	que	os	imperadores	romanos	(30	a.C.	a	311	d.C.)	
também	tenham	se	representado	dessa	forma.	Uma	característica	importante	da	história	
egípcia	desde	o	início	do	primeiro	milênio	a.C.	foi	a	existência	de	um	substrato	egípcio	
poderoso,	em	termos	culturais,	com	o	domínio	político	de	povos	estrangeiros	que	se	
dirigiram	ao	vale	do	 rio	Nilo.	Pode-se	afirmar	que	até	o	 triunfo	do	Cristianismo,	no	
século	IV	d.C.,	a	religiosidade,	a	língua	e	os	costumes	milenares	egípcios	continuaram	
dominantes.	A	vida	camponesa	foi	ainda	mais	persistente,	como	lembra	Ciro	Flamarion	
Santana	Cardoso:	“a	verdade,	porém,	é	que	a	existência	das	comunidades	e	sua	ligação	
com	o	controle	da	irrigação	persistiram	no	Egito	tanto	quanto	o	sistema	de	irrigação	por	
tanques	ou	bacias,	ou	seja,	até	o	século	XIX	depois	de	Cristo”.
o egito Antigo
AntiguidAde orientAl 
e clássicA: econoMiA, 
sociedAde e culturA
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A escritA egÍpciA
A	escrita	hieroglífica	constitui	um	dos	aspectos	mais	 intricados	dessa	civilização.	
Apenas	no	século	XIX	foi	possível	decifrá-la,	graças	a	uma	inscrição	em	três	línguas,	
a	Pedra	da	Roseta,	por	obra	e	arte	do	estudioso	francês	François	Champollion	(1790-
1832).	Não	sabemos	quando	a	escrita	hieroglífica	deixou	de	ser	usada,mas	isso	deve	
ter	ocorrido	na	Antiguidade	tardia,	a	partir	do	século	IV	d.C.,	ou,	mais	provavelmen-
te,	com	a	conquista	muçulmana	(640	d.C.).	A	língua	egípcia	foi	decifrada	a	partir	do	
copta,	idioma	usado	ainda	hoje	na	Igreja	cristã	egípcia.	Sua	decifração,	em	1822,	por	
Champollion	foi	seguida	do	conhecimento	de	outra	escrita	egípcia,	o	demótico, em 
1829,	por	Thomas	Young.	A	língua	egípcia,	que	é	africana	segundo	alguns	linguistas,	
teria	origem	na	parte	meridional	do	deserto	do	Saara	e	no	norte	da	floresta	tropical,	
bem	no	centro	do	continente.	O	idioma	tem	parentesco	com	outras	línguas	originárias	
da	África,	como	o	hebraico	e	o	árabe.
Das	três	formas	básicas	da	língua	egípcia,	a hieroglífica	é	a	mais	antiga,	podendo	
ser	atestada	por	volta	de	3500	a.C.	A	forma	cursiva	da	escrita	hieroglífica	é	o hierático, 
que	também	é	bem	antiga	e	usada	com	frequência	em	papiros.	Tal	forma	parece	ter	
desaparecido,	ou	seu	uso	foi	reduzido	consideravelmente	por	volta	de	650	a.C.	Nesse	
momento ocorreu o aparecimento do demótico, durante o reinado do faraó Psamé-
tico	I,	da	26a	dinastia	(conhecida	como	dinastia	Saita	–	cidade	de	Sais,	no	Norte	do	
Egito).	Tal	forma,	cursiva,	é	mais	recente,	e	parece	estar	mais	próxima	da	língua	falada	
na	época	pelos	egípcios.	Essa	língua/escrita	possui	como	predecessora	a	língua	egípcia	
tardia	(a	hieroglífica	com	mais	signos,	e	a	hierática),	e	como	sucessora	a	língua	copta,	
que	possui	caracteres	gregos	e	elementos	do	demótico,	conforme	James	H.	Jonhson,	
do	The	Oriental	Institute	–	University	of	Chicago.	O	Copta,	ainda	utilizado	no	Egito,	
foi importante para se ter uma certa ideia de como se pronunciar as palavras nos textos 
hieroglíficos,	uma	vez	que	a	escrita	egípcia	não	possuía	vogais.	Apesar	da	existência	
do	Hierático	e	do	Demótico,	a	escrita	hieroglífica	continuou	sendo	usada	em	estelas,	
papiros,	tumbas	e	templos.	Ao	que	parece,	o	conhecimento	sobre	a	escrita	egípcia	de-
sapareceu	após	a	invasão	do	Templo	de	Filae,	por	cristãos,	por	volta	do	século	V	da	era	
cristã.	Foram	necessários	13	séculos	para	que	as	“pedras”	voltassem	a	“falar”.	O	grande	
desafio	moderno	tem	sido	traduzir	esses	textos.	Como	lembra	a	egiptóloga	britânica	
Penélope	Wilson,	“a	habilidade	na	tradução	dos	textos	egípcios	antigos	consiste	em	en-
contrar	um	ponto	de	equilíbrio,	de	modo	que	o	ritmo	e	a	estrutura	das	frases	possam	
ser	em	parte	mantidos,	sem	que	se	perca	a	compreensão	imediata”.
A	origem	da	escrita	é	ignorada.	Alguns	autores	consideram	que	ela	seria	autócto-
ne,	 outros	que	derivaria	da	 escrita	 cuneiforme	da	Mesopotâmia	ou	da	 Suméria	 (IV	
e	 III	milênios	 a.C.).	Arqueólogos	alemães	 com	pesquisas	em	Abidos,	no	Alto	Egito,	
29
propuseram,	na	década	de	1990,	que	os	hieróglifos	já	estavam	em	uso	por	volta	de	
3500	a.C.,	tanto	com	ideogramas	quanto	com	fonogramas.	Os	hieróglifos	compreen-
diam	ideogramas	e	sinais	fonéticos.	Os	ideogramas	são	símbolos	usados	como	repre-
sentações	diretas	de	algo,	como	“céu”	e	“homem”.	Os	fonemas	representam	o	som	ou	
a	parte	de	uma	palavra	pronunciada;	por	isso,	assim	como	no	caso	da	escrita	chinesa,	
escrever	era,	ao	mesmo	tempo,	uma	representação	artística.	Possuía,	ainda,	um	caráter	
religioso,	sagrado	mesmo,	pois	a	maioria	dos	egípcios	considerava	as	palavras	como	
tendo	um	poder	físico	real,	como	se	fosse	mágica.	Por	esse	motivo	eles	chamavam	sua	
escrita de Medju-Netjer,	ou	seja,	“Palavra	dos	deuses”,	o	que	de	certa	forma	foi	mantido	
pelos	gregos,	milhares	de	anos	depois,	os	quais	a	chamaram	“escrita	sagrada”	(esse	é	
o	sentido	de	“hieróglifo”).
Desde	o	início	dos	estudos	egiptológicos,	a	partir	da	década	de	1820,	surgiram	dis-
cussões	sobre	a	divergência	entre	os	dados	provenientes	dos	textos	e	as	informações	
fornecidas	pela	Arqueologia,	na	forma	de	edifícios,	pinturas,	vasos	cerâmicos	e	uma	
infinidade	de	objetos.	O	egiptólogo	australiano	David	O’Connor	–	arqueólogo	e	pro-
fessor	em	Yale	–	refletia	sobre	tais	questões	de	maneira	muito	apropriada:
“Os	dois	tipos	de	evidência	–	textos	e	cultura	material	–	são	complementares.	O	
registro	arqueológico	contém	informação	histórica	apenas	indiretamente	refletida	no	
registro	textual	e	vice-versa.	A	interpretação	de	cada	um	deles	é,	com	freqüência,	cor-
rigida	e	ampliada	pela	referência	à	outra”.
pedra de roseta
Fonte: http://images.google.com.br/imgres?imgurl=http://www.earth-history.com/egypt/_images/ro-
settastone.gif&imgrefurl=http://www.earth-history.com/egypt/rosetta-stone-translation.htm&usg=__uw
5snlqK5v6p5ceqXpdu22uZKrA=&h=576&w=483&sz=110&hl=pt-Br&start=2&um=1&itbs=1&tbnid=5e
h2M7e-sigtZM:&tbnh=134&tbnw=112&prev=/images%3Fq%3drosetta%2Bstone%26um%3d1%26hl%3d
pt-Br%26sa%3dn%26rlz%3d1t4ggll_pt-BrBr349Br349%26tbs%3disch:1
o egito Antigo
AntiguidAde orientAl 
e clássicA: econoMiA, 
sociedAde e culturA
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uMA civiliZAção AFricAnA
Por	longa	tradição,	o	estudo	do	Egito,	desde	o	início	do	século	XIX,	esteve	ligado	à	
expansão	imperialista	ocidental.	Por	isso,	muitas	vezes	passou	despercebido	que	a	civi-
lização	egípcia	tenha	se	desenvolvido	na	África	e	que	seu	povo	falasse	uma	língua	afri-
cana.	Ainda	no	início	do	século	XX	o	pioneiro	da	Arqueologia	do	Egito	Antigo,	Flinders	
Petrie	(1853-1942)	–	um	britânico	racista	e	conservador	–	não	admitia	que	a	civilização	
egípcia	fosse	autóctone,	mas	falava	em	uma	invasão	de	uma	raça	superior	vinda...	da	
Europa!	Isso	começou	a	mudar	com	o	movimento	de	descolonização,	a	partir	do	final	
da	Segunda	Guerra	Mundial	(1939-1945),	e,	mais	particularmente,	com	os	movimentos	
pelos	direitos	civis	e	contra	o	racismo.	O	estudioso	senegalês	Cheikh	Anta	Diop	(1923-
1986),	um	dos	grandes	intelectuais	africanos	anticolonialistas,	explicitou	que	os	“egíp-
cios	eram	negros”,	o	que	continua	sendo	um	debate	no	meio	acadêmico.	Ainda	que	
os	egípcios,	assim	como	outros	povos	da	Antiguidade,	não	se	definissem	por	critérios	
de	cor	da	pele	e,	portanto,	nunca	tenham	sido	chamados	de	negros,	não	cabe	dúvida	
de	que	sua	população	era,	em	sua	maioria,	africana,	mas	não	necessariamente	negra,	e	
houve	sempre,	como	vimos	neste	capítulo,	a	entrada	de	povos	da	África	subsaariana	no	
vale	do	Nilo.	No	final	do	século	XX,	o	estudioso	Martin	Bernal	(1937)	publicou	o	livro	
A Atena Negra, no qual apontou a importância das tradições e dos costumes africanos 
para	as	civilizações	mediterrâneas	posteriores,	como	a	grega	e	a	romana,	por	intermé-
dio	do	Egito	faraônico.	O	reconhecimento	do	caráter	africano	da	civilização	egípcia	é	
tanto	maior	no	contexto	brasileiro,	tendo	em	vista	que	parte	da	nossa	população	possui	
ancestralidade	africana	e	que	a	cultura	brasileira	deve	muito	à	herança	afra.
Mulheres, relAções de gênero e seXuAlidAde
Outro tema que resulta das transformações sociais das últimas décadas refere-se ao 
papel	da	mulher	e	da	sexualidade.	Os	movimentos	pelos	direitos	das	mulheres	vêm	
desde	o	século	XIX,	com	a	busca	do	direito	de	voto	–	no	Brasil,	só	obtido	na	década	de	
1930	–	e	com	o	reconhecimento	das	prerrogativas	femininas	quanto	ao	seu	corpo.	Tudo	
isso	levou,	nas	últimas	décadas,	à	história	das	mulheres,	das	relações	entre	os	gêneros	
e	da	sexualidade.	Isso	não	poderia	deixar	de	afetar	a	egiptologia.	Multiplicaram-se	as	
egiptólogas	e	novas	descobertas	foram	feitas.	Já	no	antigo	reino	as	mulheres	ocupavam	
alguns	cargos	administrativos,	e	muitas	mulheres	da	família	real	tiveram	proeminência.	
Mais	do	que	isso,	como	propugna	a	egiptóloga	Lynn	Meskell	(1998),	“a	sexualidade	fe-
minina,	na	sua	fertilidade	(gravidez),	está	representada	nas	cenas	tumulares,	e	as	quali-
dades	sexuais	das	mulheres	eram	um	atributo	buscado	na	vida	pós-morte,	tanto	quanto	
servidores	e	comida”.	Também	outras	sexualidades	têm	sido	estudadas,	tendo	em	vista	
que	homens	castrados	ou	eunucos	constituíam	uma	categoria	social,	assim	como	temas	
31
antes	pouco	mencionados,	como	a	infância.	Tudo	isso	tem	renovado	o	campo	dos	es-
tudos	do	Egito	Antigo.	O	papel	da	mulher	é	significativo	na	perpetuaçãoda	linhagem,	
e	isso	pode	ser	verificado	no	que	consideraríamos	como	sobrenome.	De	modo	geral,	
as	assinaturas	nas	tumbas	dão	ênfase	à	mãe	como	se	fosse	algo	como:	“fulano	filho	da	
senhora	da	casa	fulana”.	Além	disso,	o	divórcio	era	algo	instituído,	e	no	Egito	greco-
romano	os	contratos	definem	claramente	as	cláusulas	e	penalidades.
A religiosidAde
Talvez	a	religiosidade	dos	antigos	egípcios	seja	o	aspecto	de	sua	cultura	cujo	inte-
resse	tenha	sido	mais	persistente.	Já	os	antigos	gregos	surpreendiam-se	com	os	deu-
ses,	sacerdotes,	mitos	e	rituais	egípcios,	e	essa	admiração	se	manteve	nas	percepções	
posteriores	de	romanos	e	dos	modernos	ocidentais.	Sociedades	secretas,	como	a	Ma-
çonaria,	a	Ordem	Rosacruz	e	a	Ordo	Templi	Orientis	(OTO)	–	sobretudo	com	Aleister	
Crowley	–	inspiraram-se	no	Egito	Antigo,	e	em	pleno	século	XXI	ainda	há	intenso	inte-
resse	por	esse	tipo	de	religiosidade.	Os	egípcios	não	distinguiam,	de	maneira	clara,	o	
mundo	natural	do	sobrenatural,	na	medida	em	que	divindades	e	humanos	interagiam	
no	plano	social	e	físico.	A	fertilidade	ocupava	um	lugar	de	destaque,	tanto	nos	relatos	
míticos	quanto	nas	 representações	e	 festivais.	Algumas	divindades	 representavam	o	
falo,	em	clara	referência	à	reprodução,	assim	como	Osíris	era	o	deus	da	ressurreição.	
Como	deus	dos	mortos	e	da	vida	pós-morte,	ele	é	uma	das	mais	antigas	divindades	
egípcias,	tendo	surgido	ligado	à	fertilidade,	à	agricultura	e	à	inundação	anual	do	rio	
Nilo.	Foi	associado	à	ressurreição	e	à	vida	eterna.	Já	mumificado,	fecundou	sua	esposa,	
a	deusa	Ísis,	que	gerou	Hórus.	A	mumificação	dos	mortos	associou-se	a	Osíris	e	à	sua	
promessa	de	vida	eterna.
Os	egípcios,	em	geral,	acreditavam	na	vida	eterna,	que	poderia	ser	garantida	pela	
piedade	tida	pelos	deuses,	pela	preservação	do	corpo	por	meio	da	mumificação	e	pela	
manutenção	de	um	enxoval	funerário.	Acreditavam	em	aspectos	vitais	que	mantinham	
a	vida,	na	forma	de	manifestações	da	alma,	sob	os	nomes	de	ka, ba e akh, essenciais 
para	 a	 sobrevivência	humana,	 tanto	antes	quanto	depois	da	morte.	As	mais	 antigas	
múmias	descobertas	pela	Arqueologia	recuam	a	3600	a.C.,	em	Hieracómpolis,	com	os	
corpos	de	três	mulheres	preservados.	Outros	arqueólogos	recuam	a	mumificação	para	
muito	antes,	entre	4500	e	4100	a.C.,	em	Badari	e	Mostageda.	Como	quer	que	seja,	dois	
aspectos	chamam	a	atenção:	a	preocupação	tão	antiga	com	a	mumificação	e	a	proemi-
nência	feminina.	Nessa	ânsia	pela	vida	eterna,	a	divindade	Maat	representa	a	verdade	
ou	a	harmonia	com	que	a	alma	deve	se	deparar	após	a	morte.
	 Outro	aspecto	refere-se	à	associação	da	religiosidade	com	o	poder.	A	autori-
dade	real	sempre	esteve	fundada	na	legitimidade	sobrenatural,	numa	associação	do	
o egito Antigo
AntiguidAde orientAl 
e clássicA: econoMiA, 
sociedAde e culturA
32
governante	com	o	mundo	das	forças	cósmicas.	O	próprio	faraó	podia	ser	considerado	
um	deus	ou	como	alguém	que	possuísse	atributos	divinos.	A	legitimidade	do	poder	
estava	atrelada	à	ligação	dos	governantes	com	o	sobrenatural,	aspecto	da	religiosidade	
egípcia	que	persistiu	e	de	alguma	forma	transmutou-se,	primeiro	no	Cristianismo	e	
depois	no	Islamismo	que	foram	instaurados	no	Egito.
o estudo do egito Antigo no BrAsil
O	Egito	Antigo	 fascina	os	brasileiros	desde	o	século	XIX.	No	Império,	D.	Pedro	I	
trouxe	para	o	Museu	Nacional	objetos	arqueológicos	do	Egito,	inclusive	uma	múmia,	
um	dos	grandes	tesouros	do	acervo	até	os	dias	de	hoje.	A	maçonaria	contribuiu	para	
essa	popularidade,	assim	como	o	positivismo,	e	a	partir	do	século	XX	a	indústria	cultu-
ral,	com	filmes,	livros	e	outros	produtos	de	alto	apelo.	O	Egito	Antigo	esteve	presente	
nos	livros	didáticos	de	História,	desde	cedo,	como	uma	civilização	originária	da	tradição	
ocidental.	A	partir	da	década	de	1970	iniciaram-se	os	estudos	universitários	especializa-
dos,	e	pouco	a	pouco	começaram	a	surgir	mestrados	e	doutorados	dedicados	ao	Egito	
Antigo	e	a	suas	releituras.	Discutiram-se	temas	econômicos	–	como	o	modo	de	produ-
ção	asiático	–	assim	como	a	legitimidade	do	poder,	as	relações	de	gênero	e	os	usos	do	
passado.	O	Egito	Antigo,	tão	popular,	tornou-se	objeto	tanto	de	estudos	científicos	e	
acadêmicos	quanto	de	reflexões	sobre	as	apropriações	e	os	usos	contemporâneos.
conclusão: A AtuAlidAde do egito FArAônico
É	impressionante	como	o	Egito	continua	a	fascinar,	mais	de	5	mil	anos	depois	dos	
primeiros	faraós.	Esse	fascínio	demonstra	a	imensa	riqueza	cultural	daquela	civilização	
e, ao mesmo tempo, indica como podemos usar essa extraordinária experiência huma-
na	para	aprimorar	o	conhecimento	da	nossa	sociedade,	em	pleno	século	XXI.	Ques-
tões como a sexualidade, a espiritualidade e as dimensões étnicas relacionam aquela 
civilização,	tão	antiga	e	misteriosa,	à	nossa	realidade	do	século	XXI.	O	Egito	continua	
fonte	de	inspiração	e	reflexão.
AgrAdeciMentos
Agradecemos	a	Margareth	Marchiori	Bakos,	Ciro	Flamarion	Santa	Cardoso,	André	
Leonardo	Chevitarese,	Gabriele	Cornelli	e	Lynn	Meskell.	Mencionamos,	ainda,	o	apoio	
institucional	 do	 Departamento	 de	 História	 da	 Unicamp.	 A	 responsabilidade	 pelas	
ideias,	no	entanto,	restringe-se	aos	autores.
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10-29.
1)	Como	podemos	 conhecer	o	Egito	Antigo?	Embora	 tal	 conhecimento	dependa	do	nosso	
acesso	a	 fontes	ou	a	documentos,	há	diferentes	 tipos	de	documentos	sobre	o	Egito:	os	
provenientes	das	pesquisas	arqueológicas	e	os	oriundos	da	tradição	textual	antiga,	hebrai-
ca,	grega	e	romana,	e,	por	fim,	as	reflexões	da	historiografia	moderna	dos	últimos	dois	
séculos.	A	partir	da	leitura	do	capítulo	e	de	buscas	adicionais	apresente	três	exemplos	de	
cada	uma	das	fontes	e	complemente-os	com	alguma	outra	informação.
2) Quais	as	especificidades	e	qual	a	relevância	do	estudo	do	Egito	Antigo	no	Brasil	de	hoje? O 
interesse	pelo	Egito	Antigo	no	Brasil	já	se	havia	destacado	no	século	XIX,	e	nos	séculos	XX	
e	XXI	houve	um	crescimento	acentuado	tanto	na	repercussão	popular,	ou	egiptomania,	
quanto	nos	estudos	acadêmicos,	ou	egiptologia.	A	partir	das	informações	do	capítulo	e	de	
leituras	adicionais,	apresente	informações	e	comentários	sobre	ambos	os	aspectos.
Fontes e referenciais para o aprofundamento temático
Anotações
37
José André Banhos / João A. Rocha
gréciA AntigA: do perÍodo hoMérico Ao perÍodo clássico
introdução
A	origem	dos	gregos	remete	primeiramente	à	Península	da	Grécia,	em	torno	de	
2200	a.C.	Independentemente	de	seu	nível	cultural,	os	povos	que	adentraram	a	re-
gião	modelaram	uma	civilização	desde	o	período	da	Idade	do	Bronze	(no	referencial	
grego),	Período	Micênico,	até	1400-1200	a.C.,	cujos	centros	de	destaque	estavam	na	
região	do	Peloponeso	(parte	meridional	da	península,	sobressaindo-se	Esparta),	além	
de	Micenas,	Argos	e	Pilos.
Por	volta	de	1200	a.C.	a	civilização	micênica	entrou	em	decadência	(FINLEY,	1963,	
p.	14),	o	que	durou	por	volta	de	400	anos.	Aqui,	consideramos	como	uma	 fase	de	
declínio	porque	os	estudos	da	arqueologia	e	dos	mitos	mostram	que	ocorreu	uma	
importante	revolução	tecnológica,	ou	seja,	o	uso	do	ferro,	com	o	qual	nasceu	a	socie-
dade	grega.
O	mundo	grego	histórico	–	econômico,	político	e	social	–	passou	a	ser	diferente	do	
mundo	micênico	do	mito.	A	língua	grega	permaneceu	como	tal,	apesar	das	mudanças	
que	ocorreram	na	economia,	na	política	e	na	sociedade.
Notamos	que,	na	Antiguidade,	a	Hélade	(Grécia)	era	uma	abstração,	uma	vez	que	
os	gregos	antigos	nunca	tiveram	unidade	política	ou	territorial.	Basta	percebermos	a	
existência	de	grande	número	de	comunidades	estabelecidas	no	período	arcaico,	po-
rém	diferentes	das	cidades-estado	no	período	clássico,	plenamente	estabelecidas.
O	mundo	grego	abrangia	uma	vasta	área:	do	Mar	Negro,	a	leste,	até	o	sul	da	Itália	
(oeste),	com	alguns	pontos	até	a	atual	Espanha.	Todos	esses	gregos	tinham	consciência	
de	pertencer	a	uma	única	cultura	–	mesma	língua,	mesma	religião,	costumes	seme-
lhantes.	O	mundo	por	eles	habitado,	dentro	ou	fora	da	península,	era	grego,	formado	
tanto	pela	tribo	quanto	pela	família	e	pela	fratria,	que	se	constituía	como	corpo	inde-
pendente,	com	culto	especial	 (COULANGES,	1998,	p.	122),	do	qual	se	excluíam	os	
escravos	e	estrangeiros.
Os gregos antigos2
AntiguidAde orientAl 
e clássicA: econoMiA, 
sociedAde e culturA
38
A	língua	grega,	preservada	durante	todos	os	períodos	da	história	da	Hélade,	variava	
em	forma	de	dialetos,	e	aqueles	que	não	a	dominavam	eram	tratados	como	“bárbaros”,	
homens	cujas	línguas	eram	incompreensíveis,	por	isso	eles	eram	considerados	inferio-
res,	independentemente	de	seu	grau	de	desenvolvimento.
Para	tratarmos	do	mundo	grego	acima	descrito,	dividiremos	a	história	da	Grécia	
Antiga,	segundo	a	versão	tradicional,	nos	seguintes	períodos:
•	 Pré-Homérico	–	século	XX	a	XII	a.C.;
•	 Homérico	–	século	XII	a	VIII	a.C.;
•	 Arcaico	–	século	VIII	a	VI	a.C.;
•	 Clássico	–	século	VI	a	IV	a.C.;
•	 Helenístico	–	século	IV	a	II	a.C.
grécia pré-homérica
Os	primórdios	da	civilização	grega	estão	relacionados	ao	processo	de	ocupação	dos	
povos	que	chegaram	à	Hélade	por	volta	de	2000	a.C..	Os	aqueus	foram	os	primeiros	a	
alcançar	essa	região;	integraram-se	aos	pelasgos	(em	grego,	pl.	Πελασγοί, Pelasgoí;	
s.	Πελασγός, Pelasgós),	povos	nativos,	e	com	o	passar	do	tempo	deram	origem	aos	
primeiros	centros	urbanos	gregos	(Argos,	Tirinto	e	Micenas).
Por	volta	de	1700	a.C.	outras	populações	chegaram	à	Hélade,	realizando	a	ocupa-
ção	de	outras	terras.	Eólios	e	jônios	se	estabeleceram	pacificamente,	e	com	isso	novos	
polos	de	ocupação	humana	fixaram-se	no	espaço	original	da	civilização	grega,	favore-
cendo	o	contato	entre	Micenas	e	Creta.	Os	cretenses	conceberam	uma	sociedade	com-
plexa,	reconhecida	pelo	intenso	comércio	marítimo	propagado	ao	longo	do	Mar	Egeu.
Com	o	passar	do	tempo,	os	aqueus	fortaleceram	sua	economia	a	ponto	de	estabele-
cer	uma	rivalidade	com	os	cretenses,	promovendo	invasões	que	desorganizaram	parte	
de	seus	costumes	e	 tradições.	A	vitória	dos	aqueus	contribuiu	para	que	os	helenos	
ampliassem	seu	domínio	na	porção	oriental	do	Mar	Mediterrâneo.	Tal	domínio	se	am-
pliou	em	torno	de	1200	a.C.,	quando	a	cidade	de	Troia	foi	conquistada,	dando	acesso	
às	terras	do	litoral	do	Mar	Negro.
Por	fim,	uma	última	vaga	de	invasão	foi	responsável	pela	etapa	final	do	chamado	
período	Pré-Homérico,	a	realizada	pelos	dórios.
Durante	o	século	XII	a.	C.	os	dórios	empreenderam	uma	violenta	invasão,	que	des-
truiu	vários	centros	urbanos	da	Hélade,	devido	a	sua	tradição	militar	e	ao	manuseio	do	
metal,	o	que	contribuiu	para	a	fuga	de	vários	habitantes	da	parte	continental	da	Grécia.
Dessa	 forma,	 parte	 dos	 costumes,	 saberes	 e	 tradições	 anteriormente	 estabeleci-
dos	 nessa	 região	 foram	 desarticulados	 pela	 maneira	 violenta	 com	 que	 os	 dórios	
39conquistaram	a	Grécia.	Vários	grupos	humanos	fugiram	dessa	situação	desoladora,	e	
buscaram	novas	terras	nas	ilhas	do	Mar	Egeu	e	nas	porções	litorâneas	da	Ásia	Menor.	
Usualmente,	esse	deslocamento	populacional	ficou	reconhecido	como	a	Primeira	Di-
áspora	Grega.
O	fim	de	várias	cidades	e	da	ampla	atividade	comercial	marítima	levou	a	uma	nova	
configuração	do	mundo	grego.	Pequenos	grupos	familiares	passaram	a	viver	da	agri-
cultura	de	subsistência,	e	o	artesanato	perdeu	espaço	para	a	concepção	de	peças	mais	
simples	e	funcionais.	As	estruturas	políticas	centralizadas	deram	lugar	ao	poder	exerci-
do localmente pelos chefes familiares, que nos poemas homéricos são vistos como reis 
heroicos	de	uma	tradição	hereditária.
Mapa do mundo grego no momento da invasão dos dórios. tal invasão levou à desarticulação dos pro-
cessos de formação anteriores. http://www.templodeapolo.net/civilizacoes/grecia/historia_civilizacao/
mapa_invasao_dorica.html
os gregos antigos
AntiguidAde orientAl 
e clássicA: econoMiA, 
sociedAde e culturA
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grécia homérica
A	história	registra	que	o	Período	Homérico	manteve	o	desenvolvimento	da	cerâmi-
ca	com	desenhos	geométricos,	além	dos	poemas	–	a	Ilíada e a Odisseia	–,	deixando	
claro	que	a	falta	da	escrita	não	afetou	os	estudos	e	as	interpretações	do	mundo	grego	
nesse	período	de	400	anos,	mesmo	com	todas	as	dificuldades	apresentadas	ao	estu-
dioso	da	história.	Essa	fase	foi	reconstruída	pelos	vestígios	materiais	descobertos	pela	
arqueologia,	os	quais	faziam	parte	do	oikos,	e	pelos	dois	poemas	acima	citados.	En-
quanto a Ilíada	é	o	poema	de	Homero	que	trata	das	batalhas	militares	e	dos	tratados	
políticos, a Odisseia	é	o	poema	que	versa	sobre	as	questões	religiosas	e	a	soberania	
dos	deuses	perante	o	homem.	Não	que	a	Ilíada não trate dessas questões, mas a Odis-
seia esclarece	a	questão	da	supremacia	divina	sobre	os	mortais.	A	passagem	do	Canto	
XII,	em	que	Poseidon	castiga	Odisseu	e	seus	companheiros	por	este	tê-lo	desafiado,	
mostra	toda	a	temência	de	Homero	em	relação	aos	deuses:
Logo	que	ouviu	tais	palavras,	Posido,	que	a	terra	sacode,	foi	para	a	Esquéria,	a	cidade	
onde	os	nobres	Feácios	demoram.	Lá	se	postou.	Já	avançava	mui	célere	a	nau	sulcadora,	
a	aproximar-se	da	praia:	chegou-se-lhe,	entanto,	Posido,	a	transformou	numa	pedra,	de	
fundas	raízes	dotada,	com	simples	toque	de	mão	(HOMERO,	Odisséia,	Canto	XII).
Entendemos que tanto a Ilíada quanto a Odisseia são chamados poemas épicos 
porque	exaltam	os	feitos	de	grandes	heróis	–	a	maioria	deles	fictícios	–	e	foram	escritos	
para	serem	recitados	por	bardos	em	público;	por	isso	temos	que	ter	certos	cuidados:	
de	forma	alguma	podemos	ler	os	poemas	homéricos	como	fontes	precisas,	sendo	sem-
pre	necessária	uma	leitura	criteriosa.	Finley	alerta	para	o	cuidado	na	análise	de	poemas	
épicos:
Contudo, o que quer que tenha sido, o épico não era história, e sim uma 
narrativa,	detalhada	e	precisa,	com	descrições	minuciosas	de	guerras,	viagens	
marítimas,	 banquetes,	 funerais	 e	 sacrifícios,	 todos	muito	 reais	 e	 vívidos;	 ele	
podia	conter	 inclusive	algumas	sementes	encobertas	do	 fato	histórico	–	mas	
não	era	história	(1963,	p.	14).
Os	poemas	homéricos	são	vistos	como	ficção,	que	representa	um	sistema	de	valo-
res	entre	poder	aristocrático	e	arte	da	guerra,	visto	que	o	rei,	nos	tempos	heroicos,	
detinha	três	formas	de	poder:	o	militar,	o	religioso	e	o	judicial.
Em relação ao oikos, retratado na Odisseia, era formado por todos aqueles que 
compunham	um	domínio	fundiário,	com	uma	grande	diversidade	(cultivo	de	cereais,	
vinhas,	bovinos	e	ovinos),	com	inúmeros	servidores	ocupados	na	lavoura,	nas	vindi-
mas,	na	guarda	e	condução	do	gado	para	pastagem,	sob	vigilância	do	senhor	do	do-
mínio	(MOSSÉ,	1984,	p.	60).	Assim,	concluímos	que	o	domínio	(oikos)	baseava-se	na	
agricultura	e	na	criação	de	gado,	com	produção	destinada	ao	proprietário,	sendo	ele	
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inclusive	um	rei.	Eis	aí	a	concepção	da	realeza	homérica,	hereditária:	regulamentada	
por	direito,	com	autoridade	permanente	sobre	as	questões	internas	e	externas,	uma	
vez	que	ao	rei	cabiam	as	benfeitorias	do	povo,	na	arte	e	na	guerra.
A	base	do	poder	do	rei	homérico	consistia	na	supremacia	militar,	na	promoção	da	
unidade,	na	atribuição	de	terras,	na	benignidade	com	o	povo,	na	preocupação	com	a	
justiça;	porém,	a	força	militar	era	a	origem	de	sua	autoridade,	e	a	realeza	estava	ligada	
diretamente à posse do oikos, que tinha por função ser próspero aos olhos de todos 
que	faziam	parte	dele.
Além	dos	campos,	o	domínio	também	abrangia	o	palácio,	como	casa	do	senhor,	
com todo esplendor e riqueza, narrados nos domínios de Menelau ou de Alcínoo 
(MOSSÉ,	1984).
Como	parte	do	domínio	cabia	ao	senhor	a	supervisão	dos	trabalhadores	do	campo,	
e	à	senhora	o	comando	da	casa	e	das	servas,	o	preparo	das	refeições	e	dos	banhos,	
o acolhimento dos visitantes, a chave do tesouro da casa, as provisões alimentares, 
as reservas de metais preciosos e os tecidos oferecidos ao senhor, assim como o pro-
duto	 do	 saque	 das	 pilhagens.	Quando	 lhe	 sobrava	 tempo,	 fiava	 e	 tecia.	 As	mulhe-
res	foram	exemplos	de	administração	e	zelo	pela	casa,	garantindo	assim	o	seu	pleno	
funcionamento.
Nesse	contexto	mítico,	o	interesse	do	grego	pelo	seu	passado	era	apenas	com	acon-
tecimentos individuais e isolados, não incluindo um relato ordenado e sistematizado, 
mas	sim	com	poucos	poemas	e	muitos	mitos	transmitidos	oralmente.
Fonte: http://www.templodeapolo.net/civilizacoes/grecia/historia_civilizacao/mapa_mundo_de_
homero.html
os gregos antigos
AntiguidAde orientAl 
e clássicA: econoMiA, 
sociedAde e culturA
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As	mudanças	no	mundo	grego	iniciaram	por	volta	do	ano	1000	a.C.,	quando	pe-
quenos	grupos	humanos	começaram	a	se	deslocar	para	o	leste,	atravessando	o	mar	
Egeu	e	fixando-se	na	Ásia	Menor	–	fenômeno	chamado	de	diáspora	–,	o	que	levou	à	
formação	de	povoamentos	agrícolas.	Com	a	volta	da	escrita	e	com	o	uso	do	ferro,	no	
final	do	percurso	a	sociedade	grega	preservou	e	transmitiu	seu	conhecimento	sistema-
ticamente.	O	contato	do	grego	com	os	povos	da	Ásia	Menor	contribuiu	para	o	nasci-
mento	das	trocas	e	para	as	inovações	técnicas,	das	quais	surgiu	a	metalurgia	do	ferro.	
Nessa	mesma	época	ressurgiu	o	uso	da	cerâmica	geometrizada	(MOSSÉ,	1984,	p.	35).
Apenas	uma	sociedade	que	saiba	usar	a	escrita	pôde	escolher,	preservar	e	transmitir	
seu	conhecimento	e	foi	capaz	de	inquirir	as	suas	crenças	religiosas	(FINLEY,	1963,	p.	
24).	Por	isso	é	que	a	Ilíada e a Odisseia apresentam	seus	paradoxos;	sempre	voltam	ao	
passado	mas	apontam	o	porvir,	ou	seja,	permitem	exprimir	o	pensamento	grego	pela	
escrita	e	lançar	esse	mundo	para	fora	de	sua	pré-história.
Forno grego tal como está representado em um antigo pinax coríntio. o ceramista está puxando as 
cinzas pela câmara de combustão do forno. A porta do forno e a chaminé com a saída de calor estão 
claramente indicadas.
Fonte: http://historia-da-ceramica.blogspot.com/2009/02/forno-de-ceramica-da-grecia-antiga.html
Antigo pinax coríntio mostrando o interior do forno. A figura da esquerda foi desenhada a partir de 
uma restauração. podemos ver os vasos no interior do forno, de uma forma esquemática. Abaixo vê-se 
um pilar de apoio . Aqui, o ceramista alimenta a câmara de combustão com mais lenha. (texto extraído 
do livro: Fornos para ceramistas, de daniel rhodes, em tradução livre)
Fonte:http://historia-da-ceramica.blogspot.com/2009/02/forno-de-ceramica-da-grecia-antiga.html
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grécia Arcaica
No	período	 arcaico,	 notamos	 que	 a	 poesia	 não	 deixou	 de	 existir;	 ao	 contrário,	
relatos	dessa	fase	da	história	dos	helenos	(gregos)	permearam	todo	o	tempo,	porém	
sem	a	forma	heroica	narrada	nos	poemas	atribuídos	a	Homero.	A	poesia	não	remete	
mais	ao	passado	mítico,	mas	antes	de	tudo	ao	mundo	do	dia	a	dia,	tão	bem	narrado	em	
Hesíodo	em	suas	obras	Os Trabalhos e os Dias e Teogonia, que mostram de maneira 
bem	estruturada	o	modo	de	vida	grego.
Hesíodo pode

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