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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL- REI Engenharia Química Laboratório de Engenharia Química I Análise Granulométrica - Peneiramento Ana Carolina de A. Faria; André M. Borges; Karina T. Pereira; Marcela M. de Paula; Thalyta F. Silva. Resumo Este relatório expõe os resultados obtidos no experimento de Análise Granulométrica-Peneiramento, realizado no Laboratório de Engenharia Química da Universidade Federal de São João del Rei. A prática tem como finalidade encontrar o tamanho das partículas do material analisado utilizando-se a técnica de peneiramento. Por meio desse procedimento, o sólido passa por uma série de peneiras padronizadas e sob agitação, dispostas de forma que o diâmetro decresça da região superior para a inferior. Por fim, fez-se o tratamento estatístico dos dados a fim de obter o diâmetro de Sauter, além do modelo de distribuição granulométrica como GGS, Weibull ou RRB. Palavras-chave: Peneiramento, Distribuição Granulométrica, Diâmetro de Sauter. Introdução A análise granulométrica de partículas se faz necessária devido à grande heterogeneidade da dimensão das mesmas, consistindo na determinação das dimensões dos constituintes das amostras analisadas. A partir das dimensões obtidas, é realizado um estudo de sua distribuição, pelo peso ou volume de cada grupo de amostras. (1) A análise pode ser feita por diferentes métodos, sendo estes um dos problemas iniciais. O método pode variar conforme o número de partículas presentes ou o peso das mesmas, assim como pode ser diferente para cada fração granulométrica. O presente relatório foi baseado no método de peneiramento, onde a separação do material foi realizada a seco, com vibração e com o auxílio de uma série de peneiras, as quais possuem aberturas diferentes que mantém uma relação constante entre si, o que permite a determinação das faixas de tamanho das partículas. As peneiras usadas são divididas pela escala de Tyler, onde o número de malhas (mesh) representa o número de aberturas de uma mesma dimensão em um comprimento de 25,4 mm, ou seja, em 1 polegada a peneira possui aquela quantidade de abertura. (2) O método por peneiramento como foi aplicado, é mais comum para amostras mais grosseiras, onde a curva granulométrica pode ser obtida apenas por tal procedimento, enquanto para amostras que possuem uma quantidade de finos significativas, deve-se aplicar de forma conjunta, o método de análise granulométrica por sedimentação. Experimental Materiais e métodos Para o desenvolvimento do experimento de análise granulométrica ou peneiramento utilizaram-se os seguintes equipamentos e materiais: Conjunto de Peneiras, vibrador, moinho de bolas e balança. Iniciando o experimento com o material que seria analisado já moído previamente no moinho de bolas, pesou-se cada peneira e o fundo separadamente, obtendo o valor da massa para cada peneira vazia em questão, pesou- se também o material que seria analisado no experimento. Posteriormente montou-se as peneiras no vibrador, em ordem decrescente de abertura de peneira, colocando a massa da amostra a ser analisada na peneira localizada na parte superior. Com experimento devidamente montado, ligou-se o equipamento do vibrador por 10 minutos. Após o tempo usado pelo equipamento foi retirado as peneiras e suas porções de massas retidas do material, pesando-as novamente, obtendo assim um novo valor de massa, que compreende tanto a própria massa da peneira quanto a massa de material que ficou retida em cada peneira depois do processo do vibrador, obtendo com a diferença da massa Laboratório de Engenharia Química I – 2º semestre/2017 2 da peneira vazia e cheia, o valor da massa retida em cada peneira. Resultados e Discussão Nesta técnica de peneiramento, faz-se passar por uma série de peneiras o material, a massa retira na mesma é pesada descontando o peso da respectiva peneira. Os dados obtidos após o processo de peneiramento em relação a abertura da peneira foram dispostos na Tabela 1. Tabela 1. Relação entre a abertura da peneira e a massa retida Abertura da Peneira (mm) Massa retida nas peneiras (g) 6,30 140 1,40 134 0,500 60 0,300 82 0,250 74 0,150 0 Fundo 0 Para o cálculo da massa retida em cada peneira usou- se a seguinte equação de fração mássica: 𝑋 = 𝑚 𝑚𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 (1) Os dados obtidos através do cálculo da fração mássica foram dispostos na Tabela 2. Tabela 2. Fração mássica Abertura da Peneira (mm) Massa retida nas peneiras (g) Fração em massa retida (∆X) X (1-∆X) 6,30 140 0,2857 0,7143 1,40 134 0,2735 0,4408 0,500 60 0,1224 0,3184 0,300 82 0,1673 0,1511 0,250 74 0,1510 0,0001 0,150 0 0 0 Fundo 0 0 0 Através desses resultados foi possível esboçar um histograma relacionando a frequência das partículas (fração em massa) e o diâmetro das peneiras, demonstrando que as partículas analisadas ficaram mais retidas na peneira de maior diâmetro como representado na Figura 1 a seguir. Figura 1. Histograma. Dessa forma, as partículas analisadas (biscoito) possuíam granulometria alta, mostrando que a moagem no moinho de bolas, feita anteriormente ao experimento, não gerou partículas de baixa granulometria. Com os mesmos dados da Tabela 2 foi plotado o gráfico de distribuição acumulativa relacionando com o diâmetro apresentado na Figura 2 a seguir. Figura 2. Distribuição Acumulativa. Diâmetro médio de Sauter A definição de diâmetro médio de partícula resulta do conhecimento da distribuição da frequência de tamanhos de uma determinada amostra. O diâmetro médio de Sauter é o mais utilizado em sistemas particulados e possui a seguinte equação: 𝑑𝑝𝑠 = 1 ∑ ( 𝑥𝑖 𝐷𝑖 )𝑛𝑖=1 (2) Laboratório de Engenharia Química I – 2º semestre/2017 3 𝑑𝑝𝑠 = 1 ( 0,2857 0,0063 + 0,2735 0,0014 + 0,1224 0,0005 + 0,1673 0,0003 + 0,1510 0,00025 + 0 0,00015 ) 𝑑𝑝𝑠 = 0,0006071 𝑚 = 0,6071𝑚𝑚 O valor para o diâmetro de Sauter foi condizente com aquele encontrado através do aplicativo de Distribuição Granulométrica (DTP), o qual forneceu um diâmetro médio de Sauter equivalente de 0,6070 mm. Segundo Cremasco (3), para qualquer que seja a distribuição granulométrica, é possível descrevê-la por modelos matemáticos na forma 𝑋 = 𝑋(𝐷). Existem três modelos mais usuais: o de Gates, Gaudin e Schumann (GGS), o de Rosin, Rammler e Bennet (RRB) , distribuição Log-Normal e sigmóide. Cálculo dos Modelos GGS, RRB e Sigmóide Para o modelo GGS utiliza-se a seguinte equação: 𝑋𝑖 = ( 𝐷𝑖 𝑘 ) 𝑚 (3) Sendo que 𝐷𝑖 ≤ 𝑘, 𝑚 > 0, 𝑘 = 𝐷100, D100 refere-se ao diâmetro para X=1. Quando 𝑚 = 1 há a distribuição uniforme quando 𝑚 ≠ 1 refere-se a casos usuais. E tem se uma reta ao representar em forma gráfica (𝑙𝑛𝐷 𝑣𝑠 ln 𝑋).Os valores com dados de Ln D e Ln X estão dispostos na Tabela 3 a seguir. Tabela 3. Valores de Ln D e Ln X para o cálculo do modelo GGS Abertura da Peneira (mm) X (1-∆X) Ln D Ln X 6,30 0,7143 1,84055 -0,336452 1,40 0,4408 0,336472 -0,819164 0,500 0,3184 -0,69315 -1,144447 0,300 0,1511 -1,20397 -1,889813 0,250 0,0001 -1,38629 -9,210340 0,150 0 -1,89712 --- Figura 3. Gráfico LnD vs LnX para o modelo matemático GGS considerando o último dado. Figura 4. Gráfico LnD vs LnX para o modelo matemático GGS desconsiderando o último dado. Plotando os gráficos para o modelo matemático GGS e fazendo a regressão linear foi possível observar que este modelo não se adequa bem aos valores estabelecidos, pois o coeficiente de correlação apresentou-se longe do ideal que seria um. Porém desconsiderando o último dado foi possível observar graficamente que o coeficiente de correlação foi um pouco mais próximo ao ideal. Para o modelo RRB utiliza-se a seguinteequação: 𝑋𝑖 = 1 − 𝑒𝑥𝑝[−(𝐷𝑖 𝐷′⁄ )𝑛] (4) Sendo que 𝑛 > 0 , e tem-se uma reta ao se representar em forma gráfica 𝑙𝑛𝐷 𝑣𝑠 ln [𝑙𝑛(1 1 − 𝑋⁄ )]. Os valores calculados para o Ln D e Ln [Ln(1/1-X)] estão dispostos na Tabela 4 a seguir. y = 0,8715x - 1,7971 R² = 0,1185 -10 -8 -6 -4 -2 0 2 4 -5 0 5 Ln X Ln D GGS LN X y = 1,685x - 2,3072 R² = 0,3697 -10 -8 -6 -4 -2 0 2 -2 -1 0 1 2 3 Ln X Ln D GGS LN X Laboratório de Engenharia Química I – 2º semestre/2017 4 Tabela 4. Valores de Ln D e Ln X para o cálculo do modelo RRB Abertura da Peneira (mm) X (1-∆X) Ln D Ln [Ln(1/1-X)] 6,30 0,7143 1,84055 0,2253914 1,40 0,4408 0,336472 -0,542578 0,500 0,3184 -0,69315 -0,958905 0,300 0,1511 -1,20397 -1,809024 0,250 0,0001 -1,38629 -9,210290 0,150 0 -1,89712 --- Figura 5. Gráfico LnD vs LnX para o modelo matemático RRB considerando o último dado. Figura 6. Gráfico LnD vs LnX para o modelo matemático RRB desconsiderando o último dado. Plotando os gráficos para o modelo matemático RRB foi possível observar através da regressão linear que, da mesma forma que o modelo GGS, esse modelo não se adequa bem aos valores estabelecidos, pois o coeficiente de correlação apresentou-se longe do ideal. Porém desconsiderando o último dado foi possível observar graficamente que o coeficiente de correlação foi um pouco mais próximo ao ideal. Para o modelo de sigmóide utiliza-se a seguinte equação: 𝑋 = 1 1 + ( 𝐷50 𝐷 ) 𝑝 (5) Fazendo a linearização da equação chega-se em: 𝑝[𝑙𝑜𝑔(𝐷50 − 𝑙𝑜𝑔𝐷)] = 𝑙𝑜𝑔 ( 1 − 𝑋 𝑋 ) (6) Para plotar o gráfico faz-se 𝑙𝑜𝑔𝐷 𝑣𝑠 𝑙𝑜𝑔 ( 1−𝑋 𝑋 ) . Tabela 5. Valores de log D e log (1- X/X) para o cálculo do modelo Sigmoide. Abertura da Peneira (mm) X (1-∆X) Log D Log (1-X/X) 6,30 0,7143 0,79934 -0,39797 1,40 0,4408 0,14613 0,10332 0,500 0,3184 -0,30103 0,33055 0,300 0,1511 -0,52288 0,74959 0,250 0,0001 -0,60206 3,9999 0,150 0 -0,82391 --- Figura 7. Gráfico LogD vs LogX para o modelo matemático sigmoide. Plotando o gráfico para o modelo matemático de sigmoide foi possível observar através da regressão linear y = 1,0254x - 1,5359 R² = 0,1548 -10 -5 0 5 -4 -2 0 2 4 6 Ln X Ln D RRB LN X y = 1,8462x - 2,0506 R² = 0,4097 -10 -5 0 5 10 -2 0 2 4 6 Ln X Ln D RRB LN X y = -2,0459x + 0,7605 R² = 0,4577 -2 -1 0 1 2 3 4 5 -1 -0,5 0 0,5 1 lo g X Log D Sigmoide Log X Laboratório de Engenharia Química I – 2º semestre/2017 5 que, da mesma forma que os modelos anteriores, esse modelo não se adequa bem aos valores estabelecidos, pois o coeficiente de correlação apresentou-se longe do ideal. Porém dos modelos apresentados este obteve maior coeficiente de correlação R igual a 0,6765. Conclusões Dos modelos apresentados todos obtiveram valores de coeficiente de correlação baixos, longe do ideal, o modelo sigmoide apresentou após a regressão linear, o valor do coeficiente de correlação mais alto de R igual a 0,6765, porém nenhum modelo se adequou bem à análise granulométrica do peneiramento por agitação. Referências 1. J. Alveirinho Dias; A análise sedimentar e o conhecimento dos sistemas marinhos. 2004. 2. Regina Coeli C. Carrisco e Júlio César G. Correira, Classificação e Peneiramento, CETEM, Rio de Janeiro, 2004. 3. M. A. Cremasco. Operações Unitárias em Sistemas Particulados e Fluidomecânicos. 2ed; Blusher, São Paulo,2014;127-157. Anexos Cálculo da fração mássica Abertura da Peneira (mm) Fração Mássica 6,30 𝑋 = 140𝑔 490𝑔 = 0,2857 1,40 𝑋 = 134𝑔 490𝑔 = 0,2735 0,500 𝑋 = 60𝑔 490𝑔 = 0,1224 0,300 𝑋 = 82𝑔 490𝑔 = 0,1673 0,250 𝑋 = 74𝑔 490𝑔 = 0,1510 0,150 0 Fundo 0 Histograma relacionando intervalos de diâmetros empíricos das partículas Laboratório de Engenharia Química I – 2º semestre/2017 6
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