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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL- REI Engenharia Química Laboratório de Engenharia Química I Curva de Bomba Centrífuga com Rotação Variável Ana Carolina de A. Faria; André M. Borges; Karina T. Pereira; Marcela M. de Paula; Thalyta F. Silva. Resumo O presente relatório expõe os resultados obtidos no experimento realizado no Laboratório de Engenharia Química da Universidade Federal de São João del Rei. A prática objetivou analisar o comportamento da bomba centrífuga mediante variações na vazão do fluído de escoamento e na rotação da mesma, com base nessas modificações e em equações que regem a Mecânica dos Fluídos construiu-se o gráfico da curva de bomba. Além disse, a partir dos valores de potência foi possível calcular o rendimento da bomba. Palavras-chave: Bomba centrífuga, Equação de Bernoulli, Curva de bomba. Introdução Bombas centrífugas são as bombas mais utilizadas em indústrias para transporte de líquidos de todos os tipos. O projeto básico de uma bomba centrífuga prevê a utilização de líquidos incompressíveis e quando há vapores ou gases no seio dos líquidos, estes provocam variação na resposta desejada de bombeamento interferindo assim no funcionamento normal. A curva da altura manométrica em função da vazão de uma bomba centrífuga representa a energia fornecida pela máquina geratriz. A variação da rotação de uma bomba centrífuga é útil, pois visto que a vazão pode ser variada de acordo com a necessidade reduzindo assim o consumo de energia. A operação de bombas em velocidade variável obedece ao princípio de semelhança, onde uma bomba é sempre homóloga a ela própria em velocidades de rotação distintas (1). Experimental Materiais e Métodos. Para o experimento de curva de bomba centrifuga com rotação variável utilizou-se os seguintes materiais: Fita métrica ou paquímetro, tacômetro termômetro, cronômetro, dinamômetro e balde. O experimento iniciou com obtenção dos dados fixo: temperatura da água, altura do braço da alavanca, diferença vertical da altura na tomada de pressão e o diâmetro interno do tubo de recalque e sucção. As alturas manométricas foram obtidas através, primeiramente com válvula 5, representada na figura 1, totalmente aberta e ajustando a rotação na bamba. Posteriormente variou-se a abertura da válvula 5 vezes mantendo a rotação constante, as alturas h no manômetro em U, a massa e o tempo de coleta foram colhidas para cada variação. Figura 1. Sistema de Bomba Centrífuga Para validar as relações entre a rotação, vazão, altura manométrica e potência foram coletados dados em quatro Laboratório de Engenharia Química I – 2º semestre/2017 2 rotações diferentes para mesma abertura de válvula. Para este procedimento fez-se: Ajustou-se a rotação da bomba com a válvula 5 totalmente aberta, anotou-se a leitura no tacômetro, a massa, o tempo e a leitura no dinamômetro. Resultados e Discussão A realização do experimento, como citado anteriormente, foi feito para a análise da bomba centrífuga presente no Laboratório de Engenharia Química da UFSJ e seu comportamento frente às variações de vazão e rotação da bomba. Primeiramente, a variação de vazão através da modificação da rotação da válvula de regulagem, realizada apenas por um analista, foi avaliada para 4 posições da válvula e já a variação de rotação do rotor da bomba, também realizada pelo mesmo analista da variação da vazão, foi auxiliada pelo controlador de rotações da bomba, assim como a utilização do tacômetro a laser para medição das rotações. Ambas análises incluíram também a medição de forças pelo uso do dinamômetro. As máquinas hidráulicas são classificadas como: máquinas motrizes (turbinas), máquinas geratrizes (bombas) e máquinas mistas. Assim, as bombas hidráulicas, contextualizadas neste presente relatório, são máquinas geratrizes, as quais convertem a energia mecânica em energia hidráulica para o líquido bombeado (2). É preciso o conhecimento do projeto antes da escolha de uma bomba. A bomba centrífuga, por exemplo, apresenta algumas vantagens devido ao baixo custo, descarregamento de fluido em pressão uniforme e também permite o bombeamento de líquidos com sólidos. Contudo, também há algumas desvantagens como a impossibilidade de usá-las em altas pressões, o rendimento máximo acontece dentro de um intervalo restrito de condições de operação, além de não bombearem líquidos muitos viscosos (2). Como no experimento realizado, utilizou-se água como líquido para bombeamento, então não houve nenhum problema quanto a utilização da bomba hidráulica. Curva da bomba Inicialmente, com a medição de dados fixos do experimento, obteve-se as seguintes medições (Tabela 1). Tabela 1. Dados fixos do experimento. Temperatura da água (°C) Braço da alavanca (m) Diferença vertical da altura na tomada de pressão (m) Diâmetro interno do tubo (m) Diâmetro externo do tubo (m) 23,5 0,18 0,1235 0,0161 0,0201 Após as medições fixas, fez-se as análises para as diversas vazões (variando pela válvula) para a montagem da curva da bomba. Pesou-se a massa de líquido obtida durante aproximadamente 10s e mediu-se a altura do manômetro em U em triplicatas. Para a avaliação da altura monométrica H, faz-se um balanço de energia mecânica: 𝐻 = ( ∆𝑃 𝛾 ) + ∆𝑣² 2𝑔 + ∆𝑍 + 𝑙𝑊8−1 + 𝑙𝑊1−4 (1) Sabendo que: o H: altura manométrica; o ∆𝑃: diferença de pressão; o 𝛾: peso específico do fluido; o ∆𝑣: diferença de velocidade entre a tomada de pressão no recalque e na sucção; o 𝑔: força da gravidade; o ∆𝑍: diferença de nível entre as tomadas de pressão; o 𝑙𝑊8−1: perda de carga entre a tomada de pressão da sucção e a bomba; o 𝑙𝑊1−4: perda de carga entre a bomba e tomada de pressão no recalque. Fazendo as considerações de que a diferença de velocidade e de nível entre as tomadas de pressão sejam nulas e que a perda de carga na parte da sucção seja próxima de zero, tem-se: 𝐻 = ( ∆𝑃 𝛾 ) (2) Sabendo que a diferença de pressão pode ser obtida por: ∆𝑃 = ℎ(𝛾𝐻𝑔 − 𝛾á𝑔𝑢𝑎) − 𝛾á𝑔𝑢𝑎 × 𝐿 (3) Sendo L a distância entre as tomadas e 𝛾 o peso específico do fluido. Para a variação da vazão, obteve-se os seguintes valores numéricos indicados pela Tabela 2 e a Figura 2 representa os equipamentos para análise variação de vazão: Laboratório de Engenharia Química I – 2º semestre/2017 3 Tabela 2. Valores obtidos de vazão, altura manométrica e altura do manômetro para cada posição da válvula no experimento com variação de vazão. Posição da válvula Δh (cm) Q (𝑚3/𝑠) H (m) Fechada 7,25 0 0,7335 3 4⁄ fechada 6,1 0,000154317 0,5886 1 2⁄ fechada 5,15 0,000256024 0,4689 1 4⁄ fechada 4,5 0,000312848 0,387 Aberta 4,4 0,000323548 0,3744 Figura 2. Esquema da montagem para variação de vazão. A figura indica que em 1, a válvula de regulagem foi rotacionada para a variação de vazão, em 2 mediu-se a altura manométrica e em 3 coletou-se a quantidade de água durante aproximadamente 10 segundos. Com os valores experimentais de altura manométrica medidas pelo manômetro em U e com os valores calculados de vazão, sabendo que a densidade da água é de 1 g/cm², plotou-se o gráfico da curva de bomba H versus Q através do Software Excel (Figura 3), assim como no OriginPro8 (em anexo). Figura 3. Curva de Bomba. A curva de bomba obteve a seguinte forma depois da adição de uma linha de tendência linear: 𝑦 = −1116,3𝑥 + 0,7442 A forma linear correspondeu uma boa tendência para o gráfico, já que se obteve um coeficiente de correlação alto de 0,993. Rendimento da bomba A Tabela 3, mostra os dados obtidos durante o experimento, sendo que as medidas de vazão foramcalculadas pelos valores de massa, tempo e densidade para as triplicatas, assim como a etapa anterior. Tabela 3. Valores obtidos de altura da coluna de mercúrio, vazão, força e rotações por segundo obtidos para o experimento com variação da rotação. Amostra Δh (m) Q (m3/s) n (RPS) F (N) 1 0,052 0,000347 35,417 0,46 2 0,050 0,000351 34,617 0,44 3 0,045 0,000322 32,367 0,45 4 0,014 0,000221 23,767 0,31 A partir dos dados obtidos, foi possível calcular a altura manométrica a partir da equação (2), desconsiderando a perda de carga como 0,1 MCA, correspondente à perda de carga para a válvula de gaveta aberta, e utilizando a equação (3) para obter a variação da pressão: O rendimento da bomba foi calculado pela relação entre a potência no eixo e a potência útil, as quais foram obtidas a partir das equações (4) e (5), respectivamente: 0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0 0,0001 0,0002 0,0003 0,0004 A lt u ra M an o m ét ri ca ( H ) Vazão (m³/s) Laboratório de Engenharia Química I – 2º semestre/2017 4 𝑃𝑜𝑡 = 𝐹 × 𝑏 × 2𝜋 × 𝑛 (4) Onde: F: força lida no dinamômetro (N) b: comprimento do braço da alavanca (m) n: número de rotações por segundo 𝑃𝑜𝑡𝑈 = 𝛾 × 𝑄 × 𝐻 (5) Onde Q é a vazão volumétrica. O rendimento foi calculado pela seguinte fórmula: 𝜂 = 𝑃𝑜𝑡𝑈 𝑃𝑜𝑡 × 100% (6) Os resultados obtidos são apresentados na Tabela 4, sabendo-se que a vazão volumétrica é uma média daquelas obtidas para as triplicatas: Tabela 4. Valores obtidos de diferença de pressão, altura manométrica, potência e rendimento para o experimento com variação da rotação. Amostra ΔP (N/m²) H (m) PotU (Nm/s) Pot (Nm/s) Rendimento (%) 1 531,70 0,575 1,9977 18,416 10,8476 2 506,50 0,55 1,9305 17,217 11,2124 3 443,50 0,487 1,568 16,464 9,524 4 52,90 0,109 0,2408 8,328 2,892 Verificação da validade das relações A operação de bombas com variação de velocidade obedece ao princípio da semelhança, em que a bomba é sempre homóloga a ela própria em velocidades de rotação distintas. Dessa forma, as leis de similaridade governam as seguintes relações: 𝑄𝑖 𝑄𝑖+1 = ( 𝑛𝑖 𝑛𝑖+1 ) 𝑗 (7) 𝐻𝑖 𝐻𝑖+1 = ( 𝑛𝑖 𝑛𝑖+1 ) 𝑗+1 (8) 𝑃𝑜𝑡𝑖 𝑃𝑜𝑡𝑖+1 = ( 𝑛𝑖 𝑛𝑖+1 ) 𝑗+2 (9) Dessa forma, para a segunda parte do experimento, tem- se os valores para se provar as relações: Tabela 5. Valores necessários para análise das variáveis das relações de bomba centrífuga. Amostra n (RPS) H (m) Q (𝑚3/𝑠) Pot (Nm/s) 1 35,417 0,575 0,000154317 18,416 2 34,617 0,55 0,000256024 17,217 3 32,367 0,487 0,000312848 16,464 4 23,767 0,109 0,000323548 8,328 Pegando a relação da amostra 1, tem-se: 𝑄𝑖 𝑄𝑖+1 = ( 𝑛𝑖 𝑛𝑖+1 ) 𝑗 = 0,000154317 0,000256024 = 0,602744 ( 35,417 34,617 ) 𝑗 = 0,60274 = 1,02311𝑗 𝑗 = ln ( 𝑄𝑖 𝑄𝑖+1 ) 𝑙𝑛 ( 𝑛𝑖 𝑛𝑖+1 ) = −22,16 A Tabela 6 apresenta os valores de j obtidos da relação. Tabela 6. Valores de j obtidos para os valores experimentais. Relações j j+1 j+2 1 e 2 -22,16 1,946 2,947 2 e 3 -7,535 1,811 0,66558 3 e 4 0,9999 4,847 2,2068 Média -9,5646 2,868 1,9398 Conclusões A partir dos resultados obtidos do experimento, foi possível analisar o comportamento da variação de rotação com a vazão da bomba, potência e altura manométrica. Além disso, pode-se verificar que a eficiência da bomba para as diferentes velocidades de rotações é proporcional ao rendimento, ou seja, em rotações mais altas, obtêm-se maiores rendimentos. Por fim, as relações para bombas centrífugas foram verificadas através dos valores experimentais. Percebeu-se Laboratório de Engenharia Química I – 2º semestre/2017 5 que os valores obtiveram grandes oscilações, principalmente para as relações envolvendo vazão, podendo ser explicadas nas incertezas de medições das vazões. Apesar disso, alguns valores foram condizentes com a literatura, em que j=1, como nas relações para as amostras 3 e 4 na análise de vazão. Referências 1. Mesquita, André L. Amarante, et al. Aspectos importantes na utilização de bombas centrífugas em velocidade variável para a redução do consumo de energia. SEREA, 6, 2006, João Pessoa. 2. M. A. Cremasco. Operações Unitárias em Sistemas Particulados e Fluidomecânicos. 2ed; Blusher, São Paulo,2014;127-157. Anexos Memória de Cálculo
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