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Brasília-DF. LegisLação, Prescrição e Formas de aPresentação de FitoteráPicos Elaboração Carina Almeida Morais Produção Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração Sumário APRESENTAÇÃO .................................................................................................................................. 4 ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA ..................................................................... 5 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 7 UNIDADE I LEGISLAÇÃO ....................................................................................................................................... 9 CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO E DEFINIÇÕES EM FITOTERAPIA ........................................................................... 9 CAPÍTULO 2 APLICAÇÃO DA FITOTERAPIA PELAS DIVERSAS CLASSES PROFISSIONAIS ................................... 18 CAPÍTULO 3 REGISTRO DE MEDICAMENTOS FITOTERÁPICOS ....................................................................... 32 CAPÍTULO 4 MEDICAMENTOS FITOTERÁPICOS DE REGISTRO SIMPLIFICADO ................................................ 37 UNIDADE II FORMAS DE APRESENTAÇÃO DOS FITOTERÁPICOS............................................................................... 39 CAPÍTULO 1 MÉTODOS EXTRATIVOS .......................................................................................................... 39 CAPÍTULO 2 FORMAS DE APRESENTAÇÃO DE FITOTERÁPICOS .................................................................... 46 UNIDADE III PRESCRIÇÃO DE FITOTERÁPICOS EM SUAS DIFERENTES FORMAS .......................................................... 51 CAPÍTULO 1 O PROFISSIONAL PRESCRITOR ............................................................................................... 51 CAPÍTULO 2 PRESCRIÇÃO EM CADA FORMA DE APRESENTAÇÃO .............................................................. 53 PARA (NÃO) FINALIZAR ...................................................................................................................... 60 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 61 ANEXO .............................................................................................................................................. 66 4 Apresentação Caro aluno A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD. Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo. Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira. Conselho Editorial 5 Organização do Caderno de Estudos e Pesquisa Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para aprofundar os estudos com leituras e pesquisas complementares. A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos e Pesquisa. Provocação Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor conteudista. Para refletir Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões. Sugestão de estudo complementar Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso. Praticando Sugestão de atividades, no decorrer das leituras, com o objetivo didático de fortalecer o processo de aprendizagem do aluno. Atenção Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a síntese/conclusão do assunto abordado. 6 Saiba mais Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões sobre o assunto abordado. Sintetizando Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos. Exercício de fixação Atividades que buscam reforçar a assimilação e fixação dos períodos que o autor/ conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não há registro de menção). Avaliação Final Questionário com 10 questões objetivas, baseadas nos objetivos do curso, que visam verificar a aprendizagem do curso (há registro de menção). É a única atividade do curso que vale nota, ou seja, é a atividade que o aluno fará para saber se pode ou não receber a certificação. Para (não) finalizar Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado. 7 Introdução Sejam bem vindos ao módulo sobre Legislação, prescrição e formas de apresentação de fitoterápicos. Sabe-se que ao longo da história, a utilização de produtos à base de plantas medicinais foi um importante recurso terapêutico que adquiriu credibilidade em diversas populações, especialmente na cultura chinesa e indiana. (AYURVÉDICA) No decorrer do século XX sua utilização perdeu espaço para os medicamentos sintéticos. No entanto, a partir da década de 1960 a Fitoterapia ressurgiu e se fortaleceu, em todo o mundo, apresentando um crescimento expressivo nas últimas décadas como tratamento complementar ou alternativo aos medicamentos convencionais. No ano de 1978, a Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheceu oficialmente o uso de fitoterápicos com finalidade preventiva, curativa ou paliativa. A partir daí, a OMS se posiciona no sentido de estimular os governos a desenvolverem políticas para medicamentos fitoterápicos, visando valorizar o uso dos fitoterápicos no âmbito sanitário. Além disso, verifica-se um crescente interesse pelo estudo da aplicação dos fitoterápicos e expressiva utilização das plantas medicinais e seus derivados nos dias atuais. Nesta perspectiva o Brasil avançou muito, incentivando as pesquisas e o desenvolvimento de fitoterápicos a partir da implementação da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC), Portaria no 97114 e Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, Decreto no 5.813, do Ministério da Saúde no ano de 2006, visando a utilização de recursos naturais próprios da biodiversidade brasileira na atenção à saúde. Com o objetivo de consolidar a Fitoterapia, o Ministério da Saúde (MS) constituiu no ano de 2010 a Comissão Técnica e Multidisciplinar de Elaboração e Atualização da Relação Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos (Comafito), por meio da Portaria no 1.102/GM/MS, de 12 de maio de 2010. A Comafito é constituída pelo Departamento de AssistênciaFarmacêutica e Insumos Estratégicos, da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos, representantes do Ministério da Saúde (Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos: Departamentos de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos, Complexo Industrial e Inovação em Saúde e de Ciência e Tecnologia; Secretaria de Atenção à Saúde; Secretaria Executiva; Fundação Oswaldo Cruz; Agência Nacional de Vigilância Sanitária; Farmacopeia Brasileira), uma sociedade científica e de cinco universidades. No ano de 2013, o MS direcionou R$ 12 milhões ao Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, dobrando o orçamento destinado para projetos de estruturação de Arranjos Produtivos Locais sobre plantas medicinais e fitoterápicos. Apesar de todo esse crescente interesse, estima-se que apenas 10% das espécies de plantas do mundo tenham sido avaliadas cientificamente. O Brasil, por possuir uma das maiores biodiversidades do planeta e ter uma elevada parcela da população que utiliza produtos à base de plantas, em torno de 8 82%, apresenta perspectivas de crescente expansão neste setor. (BRANDÃO, 2008; ABIFISA, 2010; PERFEITO, 2012) Atualmente, existe um órgão de Coordenação de Fitoterápicos, Dinamizados e Notificados (COFID) na ANVISA, além de diversos decretos e resoluções que normatizam a sua comercialização e que serão descritos neste módulo. Neste material abordaremos os conceitos em Fitoterapia, apresentaremos as regulamentações sanitárias brasileiras vigentes para fitoterápicos e as legislações dos órgãos de classes da área da saúde referentes à prática profissional em Fitoterapia. Aprofundaremos também o conhecimento sobre as suas diversas formas de apresentação, a prescrição abrangendo todos os requisitos necessários e a utilização multiprofissional dos fitoterápicos na área da saúde. Objetivos » Reconhecer as regulamentações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e as legislações dos órgãos de classes da área da saúde referentes à prática profissional em Fitoterapia. » Identificar as formas de apresentação, de prescrição e utilização multiprofissional dos fitoterápicos na área da saúde. 9 UNIDADE ILEGISLAÇÃO CAPÍTULO 1 Introdução e definições em fitoterapia Devido ao expressivo avanço no reconhecimento dos fitoterápicos como estratégia terapêutica na saúde da população e considerando que sua utilização pode também apresentar efeitos adversos, como qualquer outro medicamento, sua prática deve se dar de forma orientada, embasada em achados científicos, cumprindo-se as resoluções dos órgãos de classes dos profissionais da saúde e as legislações sanitárias vigentes. Inicialmente apresentaremos neste módulo alguns conceitos importantes na área da Fitoterapia, a fim de facilitar o entendimento e aplicação das regulamentações desenvolvidas pelos órgãos competentes. Sendo assim, a Fitoterapia é definida como “método de tratamento que se utiliza das plantas medicinais e produtos derivados, sem a utilização de substâncias ativas isoladas” (ANVISA, 2010). Há diferentes definições para os produtos derivados das plantas medicinais, que vão depender da etapa tecnológica relacionada ao processamento do produto. A figura 1 ilustra suscintamente a cadeia de processamento derivada das plantas medicinais, que podem ser utilizadas como matérias- primas para os insumos farmacêuticos, alimentos, para a indústria de cosméticos e para obtenção do fitoterápico. Figura 1. Cadeia de processamento derivada das plantas medicinais. 10 UNIDADE I │ LEGISLAÇÃO A PLANTA MEDICINAL é a primeira classificação dessa categoria, definida como “espécie vegetal, cultivada ou não, utilizada com propósitos terapêuticos” (ANVISA, RDC no 14, de 31 de março de 2010). Ela é apresentada em seu estado fresco, utilizada logo após a sua colheita ou coleta, sem passar por qualquer processamento de secagem. Quando seca, triturada, podendo ser estabilizada ou não, denomina-se DROGA VEGETAL. Portanto, droga vegetal é definida como “planta medicinal, ou suas partes, que contenham as substâncias, ou classes de substâncias, responsáveis pela ação terapêutica, após processos de coleta, estabilização, quando aplicável, e secagem, podendo estar na forma íntegra, rasurada, triturada ou pulverizada”. (ANVISA, RDC no 13 de 14 de março de 2013) O DERIVADO VEGETAL é obtido da extração da planta medicinal in natura ou da droga vegetal, e pode ser apresentado em diferentes formas como extrato, tintura, alcoolatura, óleo fixo e volátil, cera, exsudato e outros. (ANVISA, RDC no 13 de 14 de março de 2013) Segundo a Anvisa, RDC no 14, de 14 de março de 2013, quando referimos a matéria-prima vegetal, da qual pode derivar o medicamento fitoterápico, esta envolve a planta medicinal, a droga vegetal ou o derivado vegetal. FITOTERÁPICO, também definido na RDC no 14, de 31 de março de 2010 (ANVISA, 2010) é o medicamento obtido empregando-se exclusivamente matérias-primas ativas vegetais, cuja eficácia e segurança são validadas por meio de levantamentos etnofarmacológicos, de utilização, documentações tecnocientíficas ou evidências clínicas. É caracterizado pelo conhecimento da eficácia e dos riscos de uso, assim como pela reprodutibilidade e constância de sua qualidade. Já o PRODUTO TRADICIONAL FITOTERÁPICO é descrito como “aquele obtido com emprego exclusivo de matérias-primas ativas vegetais, cuja segurança seja baseada por meio da tradicionalidade de uso e que seja caracterizado pela reprodutibilidade e constância de sua qualidade” (ANVISA, 2013). Essa categoria vem passando por processo de regulamentação, conforme abordaremos adiante. É importante ressaltar que a legislação brasileira não permite a presença de substâncias ativas isoladas, naturais ou sintéticas ou suas associações com extratos vegetais na composição dos fitoterápicos. (ANVISA, RDC no 14, de 31 de março de 2010) Plantas medicinais – drogas vegetais Como descrito anteriormente, as drogas vegetais são constituídas da planta modificada, seca, inteira ou rasurada e utilizadas para o preparo de infusões, decocções e maceração. Já os medicamentos fitoterápicos são produtos mais elaborados, apresentados na forma de tinturas, comprimidos, cápsulas, xaropes, entre outros. 11 LEGISLAÇÃO │ UNIDADE I Em 2010 a Anvisa publicou a Resolução de Diretoria Colegiada (RDC) no 10, de 10 de março para regulamentar a produção e uso de drogas vegetais e descreve em seu art. 2o a isenção de prescrição médica para sua comercialização. A comercialização das drogas vegetais, por sua vez, é regulamentada pela Lei no 5.991/1973, que determina, no art. 7o a dispensação privativa de plantas medicinais por meio das farmácias e ervanarias, com observação ao acondicionamento adequado e a classificação botânica (BRASIL, 1973). Já as drogarias podem comercializar somente medicamentos fitoterápicos industrializados. A referida norma em vigor, RDC no 10/2010, aborda a disponibilização exclusiva da droga vegetal para o preparo de infusões, decocções e macerações para utilização episódica, oral ou tópica no alívio sintomático das doenças relacionadas. Essa resolução descreve em seu anexo I uma lista com 66 espécies de plantas medicinais em forma de droga vegetal. Este anexo é uma ferramenta útil para o profissional prescritor por apresentar, além das indicações das drogas vegetais, as suas respectivas alegações terapêuticas, formas de utilização, via, posologia, medidas de referência, contra indicações e efeitos adversos. No anexo I (tabela 1), ao final do material, segue a tabela da RDC no 10/2010, o link de acesso é: <http:// bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis../anvisa/2010/anexo/anexo_res0010_09_03_2010.pdf>. Além disso, preconiza, conforme determinação da OMS, os limites máximos de carga bacteriana, fúngica e de aflatoxinas aceitáveis para esses produtos. Apresenta também os limites para outros contaminantes,tais como metais pesados, partes não permitidas da própria planta, outras plantas medicinais. As drogas vegetais são notificadas na Anvisa e podem ser produzidas por estabelecimentos industriais específicos e habilitados para sua fabricação, conforme Boas Práticas de Fabricação e Controle descritas na atual RDC no 13, de 14 de março de 2013. Essa regulamentação vem preencher as demandas da área, e em especial a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, Decreto no 5813/2006, e da Política de Prática Integrativas e Complementares no SUS, Portaria GM/MS no 971/2006. Em 2013, a Anvisa iniciou o processo de regulamentação dos Produtos Tradicionais Fitoterápicos, cuja categoria englobará as drogas vegetais, medicamento de notificação simplificada de origem vegetal, medicamentos fitoterápicos de registro simplificado e medicamento fitoterápico com comprovação por tradicionalidade de uso e literatura. Tal norma para registro e notificação dos Produtos Tradicionais Fitoterápicos passou por consulta pública e será futuramente publicada, porém as Boas Práticas de Fabricação já se encontram na RDC no 13, de 14 de março de 2013. Em breve, após as discussões dos resultados da consulta pública, provavelmente neste ano de 2014, a ANVISA publicará a nova regulamentação de registro dos fitoterápicos e a partir daí passaremos a ter duas categorias de fitoterápicos: medicamentos fitoterápicos e produtos tradicionais fitoterápicos. Essa nova proposta visa aprimorar o reconhecimento do uso tradicional, aproximar a regulamentação brasileira com a legislação internacional, além do maior esclarecimento para os profissionais e população do que realmente foi completamente estudado. A expectativa será de publicações unificadas com relação ao registro, pós-registro e registro simplificado de fitoterápicos. 12 UNIDADE I │ LEGISLAÇÃO Essa alteração acarretará a revogação da RDC no 14/2010, RDC no 10/2010, RE no 90/2004, RE no 91/2004, IN no 05/2008 e IN no 05/2010, além da necessidade de atualização para a 2a edição do Formulário de Fitoterápicos da Farmacopeia Brasileira (ANVISA, 2013). O Formulário de Fitoterápicos da Farmacopeia Brasileira, publicado em 2011, comtempla 47 monografias de drogas vegetais para infusos e decoctos, 17 de tinturas, 1 de xarope, 5 de géis, 5 de pomadas, 1 de sabonete, 2 de cremes, 4 de bases farmacêuticas e 1 de solução conservante. Há estudos científicos de todas as formulações descritas e um histórico de utilização nos serviços de Fitoterapia no país. O Formulário de Fitoterápicos da Farmacopeia Brasileira traz também orientações sobre a forma farmacêutica, orientações para o preparo, embalagem, modo de usar, advertências e indicações (BRASIL, 2011). Normas vigentes » RDC no 10, de 10 de março de 2010: Dispõe sobre a notificação de drogas vegetais. <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis../anvisa/2010/res0010_09_03_2010. html> » RDC no 13, de 14 de março de 2013: Boas Práticas de Fabricação (BPF) para os produtos tradicionais fitoterápicos. <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2013/rdc0013_14_03_2013. html> Formulário de Fitoterápicos da Farmacopeia Brasileira <http://www.anvisa.gov. br/hotsite/farmacopeiabrasileira/conteudo/Formulario_de_Fitoterapicos_da_ Farmacopeia_Brasileira.pdf> Acesso aos Anexos RENAME < h t t p : / / p o r t a l . s a u d e . g o v. b r / p o r t a l / a r q u i v o s / p d f / r e n a m e _ a n e xo s _ versao_08_08_2013.pdf> As formulações descritas no Formulário de Fitoterápicos da Farmacopeia Brasileira, 1a edição (2011) são reconhecidas como farmacopeicas e podem ser manipuladas para estabelecer um estoque mínimo em farmácias de manipulação e farmácias vivas, visto que existem estudos científicos de todas essas formulações descritas. Medicamentos fitoterápicos De acordo com a legislação brasileira os medicamentos fitoterápicos podem ser destinados ao uso humano ou veterinário. Quanto aos órgãos regulamentadores da Fitoterapia em nosso país, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) é responsável pelos fitoterápicos 13 LEGISLAÇÃO │ UNIDADE I destinados ao uso veterinário e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) é o órgão regulamentador da Fitoterapia para humanos no Brasil. Medicamentos fitoterápicos destinados ao uso em humanos Os medicamentos fitoterápicos são obtidos pelo processo de fabricação utilizando-se derivados vegetais, principalmente na forma de extratos ou tinturas. Os medicamentos fitoterápicos podem ser classificados como simples ou compostos. Simples quando apresentam em sua composição apenas uma espécie vegetal; e composto, quando possuem duas ou mais espécies vegetais na formulação. Os medicamentos fitoterápicos também podem ser categorizados como manipulados ou industrializados. Todos eles devem seguir as Boas Práticas de Fabricação e Manipulação (BPF/ BPM) descritas em RDC específicas. Os fitoterápicos manipulados podem ser obtidos de uma preparação magistral e/ou oficinal (Farmacopeico). A manipulação magistral é proveniente da formulação por profissional habilitado a prescrevê-la, destinada individualmente e apresentada em detalhes sobre a composição, forma farmacêutica, posologia e modo de usar. A oficinal é classificada quando preparada em farmácia, cuja fórmula esteja inscrita no Formulário de Fitoterápicos da Farmacopeia Brasileira (BRASIL, 2011) ou em formulários internacionais reconhecidos pela ANVISA, liberando a sua produção na forma de estoque mínimo na farmácia de manipulação e na Farmácia Viva. A manipulação de medicamentos fitoterápicos para uso humano é realizada em farmácias de manipulação com autorização da Vigilância Sanitária local (estadual ou municipal) ou farmácias vivas, instituídas pela Portaria no 886, de 20 de abril de 2010, para manipular exclusivamente plantas medicinais e fitoterápicos. Os fitoterápicos manipulados não necessitam de registro na Anvisa, seu controle de produção é realizado no estabelecimento produtor e podem ser produzidos de modo a estabelecer um estoque mínimo em farmácias. A normatização para os fitoterápicos manipulados foi descrita na RDC no 67/2007 e atualizada pela RDC no 87/2008 que regulamenta a manipulação dos fitoterápicos e define as boas práticas de manipulação de preparações magistrais e oficinais para uso humano em farmácias. Já os medicamentos fitoterápicos industrializados para uso humano necessitam do registro na Anvisa. A regulamentação para tal registro será abordada posteriormente em item específico. As empresas produtoras de medicamentos fitoterápicos necessitam apresentar autorização de funcionamento e alvará sanitário. Tais empresas devem ser certificadas a cada dois anos para as Boas Práticas de Fabricação e Controle de Medicamentos, conforme a RDC no 17/2010 (ANVISA, 2010a). 14 UNIDADE I │ LEGISLAÇÃO Segundo estudo de Perfeito (2012), em levantamento na ANVISA realizado no período de 2005 a 2010, haviam 382 medicamentos fitoterápicos registrados, 357 deles sendo fitoterápicos simples e 25 compostos. Este estudo identificou 98 diferentes espécies vegetais utilizadas para produção dos fitoterápicos. As espécies vegetais citadas com maior número de registro foram a castanha-da- índia (Aesculus hippocastanum), com 23 registros, guaco (Mikania glomerata), com 21 registros e ginkgo (Ginkgo biloba), 20 registros. Foram identificadas 78 empresas produtoras de fitoterápicos no Brasil, a maioria delas concentrada nas regiões Sudeste e Sul do país (PERFEITO, 2012). No âmbito da saúde pública no Brasil, visando ampliar o acesso a esses medicamentos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), o Ministério da Saúde publicou as Portaria no 4.217/GM/MS, de 29/12/2010 e Portaria MS/GM no 533, de 28 de março de 2012 que incluem, respectivamente, no elenco de referência da assistência farmacêutica na atenção básica e de medicamentos e insumos da Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME), 12 destes medicamentos fitoterápicos,além dos produtos da farmacopeia homeopática brasileira, todos passíveis de financiamento com recursos tripartite (Tabela 2). Tabela 2. Nome popular/científico, indicação/ação e apresentação dos fitoterápicos da Relação Nacional de Medicamentos. Brasília, 2012. Nome popular/Nome científico Indicação/ação Apresentação Alcachofra (Cynara scolymus L.) Tratamento dos sintomas de dispepsia funcional (síndrome do desconforto pós-prandial) e de hipercolesterolemia leve a moderada. Apresenta ação colagoga e colerética. cápsula, comprimido, drágea, solução oral e tintura Aroeira (Schinus terebinthifolius Raddi) Apresenta ação cicatrizante, anti-inflamatória e antisséptica tópica, para uso ginecológico. gel e óvulo Babosa (Aloe vera (L.) Burm. F.) Tratamento tópico de queimaduras de 1o e 2o graus e como coadjuvante nos casos de psoríase vulgar. creme Cáscara-sagrada (Rhamnus purshiana DC.) Coadjuvante nos casos de obstipação intestinal eventual. cápsula e tintura Espinheira-santa (Maytenus officinalis Mabb.) Coadjuvante no tratamento de gastrite e úlcera gastroduodenal e sintomas dispepsia. cápsula, emulsão, solução oral e tintura Guaco (Mikania glomerata Spreng.) Apresenta ação expectorante e broncodilatadora. cápsula, solução, oral, tintura e xarope Garra-do-diabo (Harpagophytum procumbens) Tratamento da dor lombar baixa aguda e como coadjuvante nos casos de osteoartrite. Apresenta ação anti-inflamatória. cápsula, comprimido Hortelã (Mentha x piperita L.) Tratamento da síndrome do cólon irritável. Apresenta ação antiflatulenta e antiespasmódica. cápsula Isoflavona-de-soja (Glycine max (L.) Merr.) Coadjuvante no alívio dos sintomas do climatério. cápsula e comprimido Plantago (Plantago ovata Forsk.) Coadjuvante nos casos de obstipação intestinal habitual. Tratamento da síndrome do cólon irritável. pó para dispersão oral Salgueiro (Salix alba L.) Tratamento de dor lombar baixa aguda. Apresenta ação anti- inflamatória. comprimido Unha-de-gato (Uncaria tomentosa (Willd. ex Roem. & Schult.)) Coadjuvante nos casos de artrites e osteoartrite. Apresenta ação anti-inflamatória e imunomoduladora. cápsula, comprimido e gel Fonte: Portaria MS/GM no 533, de 28 de março de 2012, que estabelece o elenco de medicamentos e insumos da Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Brasília, Ministério da Saúde, 2012. 15 LEGISLAÇÃO │ UNIDADE I Conforme discutido anteriormente, há diferentes categorias para os produtos derivados das plantas medicinais, que dependem tanto da etapa do processo tecnológico envolvido como das regulamentações existentes. Assim, atualmente utilizamos os termos droga vegetal, medicamento fitoterápico manipulado (fórmula magistral/formula oficinal), medicamento fitoterápico de registro simplificado e medicamento fitoterápico industrializado. É necessário atentarmos para as atualizações na regulamentação da Anvisa que após a discussão dos resultados de sua consulta pública de 2013 organizará os fitoterápicos em duas categorias e publicará novas normas de registro ou notificação e da lista final de produtos de registro simplificado. Normas vigentes » RDC no 14, de 31 de março de 2010: Dispõe sobre o registro de medicamentos fitoterápicos. <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2010/rdc0014_31_03_2010.pdf> » RDC no 87, de 21 de novembro de 2008: Altera o Regulamento Técnico sobre Boas Práticas de Manipulação em Farmácias. <http://bvsm17s.saude.gov.br/bvs/saudelegis../anvisa/2008/res0087_21_11_2008. html> » IN no 5, de 31de março de 2010: Lista de referências bibliográficas para avaliação de segurança e eficácia de Fitoterápicos. <http://189.28.128.100/dab/docs/legislacao/instrucao05_31_03_10.pdf> » RDC no 13, de 14 de março de 2013: Boas Práticas de Fabricação (BPF) para os produtos tradicionais fitoterápicos <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2013/rdc0013_14_03_2013.html> » RDC no 14, de 14 de março de 2013. Dispõe sobre as Boas práticas de fabricação de insumos farmacêuticos ativos de origem vegetal. <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2013/rdc0014_14_03_2013.html> » Portaria no 533, de 28 de março de 2012. Estabelece o elenco de medicamentos e insumos da Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). <http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/rename_pt_533_2012.pdf> 16 UNIDADE I │ LEGISLAÇÃO Orientações sobre tradicionalidade de uso. <http://www.anvisa.gov.br/medicamentos/fitoterapicos/orientacao_RDC48.pdf> Medicamentos fitoterápicos destinados ao uso em animais Na área da veterinária, a ciência responsável pelo estudo e validação do conhecimento popular utilizado na atenção e promoção da saúde animal é denominada etnoveterinária. A Fitoterapia ou etnofarmacologia é uma das frentes dessa ciência e vem crescendo, notadamente, nestes últimos anos. Não há uma regulamentação específica para produtos fitoterápicos no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Assim, o produto fitoterápico com ação profilática ou terapêutica, destinado à utilização em animais, deve seguir todas as normas de boas práticas de manipulação de produtos veterinários e para o registro de um produto de uso veterinário, conforme legislações pertinentes da área. As regulamentações vigentes no MAPA, e que portanto, devem ser observadas neste sentido, se referem a Portaria SDA no 74, de 11 de junho de 1996 que aprova os roteiros para elaboração de relatórios técnicos visando o registro de produtos: biológicos, farmacêuticos, farmoquímicos e de higiene e/ou embelezamento de uso veterinário. Instrução Normativa MAPA no 11, de 8 de junho de 2005 que aprova o regulamento técnico para registro e fiscalização de estabelecimentos que manipulam produtos de uso veterinário e o regulamento de boas práticas de manipulação de produtos veterinários (Farmácia de manipulação). Instrução Normativa MAPA no 13, de 3 de outubro de 2003, que aprova o regulamento de Boas Práticas de Fabricação de Produtos de Uso Veterinário e o glossário e a Instrução Normativa SDA no 26, de 16 de setembro de 2005, que aprova o regulamento técnico para elaboração de partida-piloto de produto de uso veterinário de natureza farmacêutica (MAPA, 2012). Normas vigentes: » Decreto-Lei no 467, de 13 de fevereiro de 1969 que dispõe sobre a fiscalização de produtos de uso veterinário, dos estabelecimentos que os fabricam e dá outras providências. » Decreto no 5.053, de 22 de abril de 2004, que aprova o Regulamento de Fiscalização de Produtos de Uso Veterinário e dos Estabelecimentos que os fabriquem ou comerciem, e dá outras providências. » Ato no 4, de 24 de abril de 2007 - Procedimento para Preenchimento e Encaminhamento do Formulário de Solicitação, Alteração ou Cancelamento de Registro de Produtos de Uso Veterinário. 17 LEGISLAÇÃO │ UNIDADE I » Ato no 10, de 16 setembro de 2005 - Roteiro para Inspeção de Boas Práticas de Fabricação de Produtos Veterinários de Natureza Farmacêutica. Acesso a todas as normas vigentes (MAPA, 2012): <http://www.agricultura.gov.br/ arq_editor/file/Aniamal/leg_prod_veterinarios_WEB.pdf> 18 CAPÍTULO 2 Aplicação da Fitoterapia pelas diversas classes profissionais O reconhecimento de evidências científicas relacionadas à Fitoterapia, assim como da existência de efeitos adversos, contraindicações, toxicidade, interações e diante da complexidade da saúde humana é necessário que os profissionais da saúde sejam cientificamente capacitados para adotar a conduta terapêutica com fitoterápicos e que os utilize de acordo com a ética, prescrevendo produtos que tenham indicações associadas às suas atribuições e área de conhecimento, em respeito as resoluções e as legislações sanitárias vigentes. Além de entender o mecanismo de ação dos fitoterápicos, ao prescrevê-los é seguro que os profissionais de saúde se baseiem na comprovação científicado produto, realizada em estudos experimentais ou clínicos relativos a sua ação terapêutica, preventiva ou paliativa e ausência de toxicidade, observando os cuidados especiais com os grupos mais vulneráveis como gestantes, lactantes, crianças e idosos. Existe um crescente número de estudos científicos envolvendo as plantas medicinais, além da obrigatoriedade da existência dessas investigações para comprovação da eficácia, segurança e ausência de toxicidade de um fitoterápico para o seu registro como medicamentos fitoterápicos industrializados na ANVISA. Os fitoterápicos podem ser legalmente prescritos por profissionais habilitados da área da saúde, respeitando suas atribuições, área de conhecimento e alguns requisitos e regulamentações específicas de cada área. Os conselhos de classe são os órgãos representativos das classes profissionais atuantes no estado ou país que têm por finalidade fiscalizar o exercício de cada profissão, sendo assim, e no que diz respeito também a Fitoterapia, cada conselho de classe deve se expressar, informando e normatizando aos profissionais como proceder. (PANIZZA, 2010) Medicina Na área médica, a Resolução do Conselho Federal de Medicina no 1246/1988, de 8 de janeiro de 1988, foi revogada pela Resolução CFM no 1.931/2009 que aborda o Código de Ética para o exercício da profissão e descreve como direito do profissional médico: “Indicar o procedimento adequado ao paciente, observadas as práticas reconhecidamente aceitas e respeitando as normas legais vigentes no país”. A Fitoterapia não é reconhecida como especialidade pelo Conselho Federal de Medicina (CFM). Em 1991, a partir do Processo-Consulta no 1.301, o CFM reconheceu a atividade de Fitoterapia desde que desenvolvida sob a supervisão do profissional médico. Em 1992, Processo-Consulta no 4, de 14 de janeiro de 1992, o CFM formalizou a Fitoterapia como prática terapêutica médica. No entanto, em 1997 o CFM se posiciona por meio do Parecer no 01001, de 14 de julho, considerando que a 19 LEGISLAÇÃO │ UNIDADE I Fitoterapia não se restringe ao ato de prescrever o fitoterápico e que uma gama de profissionais podem estar envolvidos nesta área, que envolve inúmeras etapas desde a identificação da planta, coleta, manipulação dentre as demais, e não reconhece a Fitoterapia como especialidade médica. Em 1998, o Conselho Regional de Medicina do Estado do Ceará (CREMEC) Parecer no 33/2008 reitera que, apesar da Fitoterapia não ser reconhecida como especialidade médica pelo CFM é uma alternativa reconhecida como um processo terapêutico pelos organismos sanitários nacionais e, portanto, pode ser adotada por médicos (Parecer CREMEC no 33/2008 11/10/2008), inclusive no âmbito da saúde pública no Brasil, com recomendações de especialização na área da Fitoterapia para sua prática mais segura. (ANFARMAG, 2012) A Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) do SUS preconiza o curso básico interdisciplinar, comum a toda a equipe interdisciplinar, incluindo o médico, relativo às normas, regulamentação e cuidados gerais com as plantas medicinais e fitoterápicos para a prática em “Plantas medicinais e Fitoterapia”. Há disponível o curso específico para profissionais de saúde de nível universitário, detalhando os aspectos relacionados à manipulação, uso e prescrição de plantas medicinais e produtos fitoterápicos, de acordo com as categorias profissionais e o curso específico para profissionais da área agronômica detalhando os aspectos relacionados à cadeia produtiva de plantas medicinais. (BRASIL, Portal da Saúde, 2013) Os profissionais médicos que atuam na Medicina Homeopática e na Medicina Antroposófica, cujo modelo de atenção se baseia na transdisciplinaridade, utilizam amplamente a Fitoterapia como recurso terapêutico. Vale ressaltar que a Instrução Normativa no 5, de 12 de dezembro de 2008, que revoga a Resolução no 89, de 16 de março de 2004, determina a publicação da “Lista de Medicamentos Fitoterápicos de Registro Simplificado” e cita os medicamentos fitoterápicos que são de exclusiva prescrição médica, ou seja, medicamentos fitoterápicos que contêm a tarja vermelha com a frase “Venda sob prescrição médica”, descritos abaixo: » Arctostaphylos uva-ursi (uva-ursina) » Cimicifuga racemosa (cimicifuga) » Echinacea purpúrea (equinácea) » Ginkgo biloba (ginkgo) » Hypericum perforatum (hipérico ou Erva-de-São-João) » Piper methysticum (kava-kava) » Salix alba L. (Salgueiro branco) » Serenoa repens (sawpalmeto) » Tanacetum parthenium (tanaceto) » Valeriana officinalis (valeriana). 20 UNIDADE I │ LEGISLAÇÃO A publicação do Ministério da Saúde sobre plantas medicinais e Fitoterapia na saúde da família (2012) descreve uma interessante categorização terapêutica, proposta por Fintelmann e Weiss (2010), no sentido de auxiliar a decisão clínica quanto as possibilidades de tratamento fitoterápico e sua utilização exclusiva ou combinada (quadro 1). Quadro 1. Categorias terapêuticas para fitoterápicos segundo Fintelmann e Weiss, 2010, p. 17, com adaptações, apud Ministério da Saúde, 2012. Categoria 1 Indicações para as quais os fitoterápicos são a opção terapêutica de 1a escolha e, para as quais, como alternativa, não existiriam medicamentos sintéticos. Ex.: hepatites tóxicas, hiperplasia benigna de próstata, entre outros. Categoria 2 Indicações para as quais os medicamentos sintéticos podem ser substituídos por fitoterápicos. Ex.: estados leves de ansiedade e/ ou depressão reativa, dispepsia não ulcerosa neoplásica, infecções urinárias inespecíficas, entre outros. Categoria 3 Indicações nas quais os fitoterápicos podem ser usados como coadjuvantes para uma terapia básica. Ex.: outras doenças hepáticas e das vias respiratórias, entre outras. Categoria 4 Indicações nas quais o uso dos fitoterápicos não é adequado, caracterizando até mesmo erro médico, pela possibilidade de retardar ou impedir uma terapia racional com medicamentos sintéticos, mais adequados. Ex.: tratamento primário do câncer. Normas vigentes: » Resolução CFM no 1.931/2009. Aprova o Código de Ética Médica. <http://www.portalmedico.org.br/resolucoes/cfm/2009/1931_2009.htm> » Parecer CREMEC no 33/2008 de 11 de outubro de 2008. <http://www.portalmedico.org.br/pareceres/crmce/pareceres/2008/33_2008.htm> » Instrução Normativa no 5, de 12 de dezembro de 2008. <http://www.anvisa.gov.br/medicamentos/fitoterapicos/legis.htm> Odontologia Na Odontologia, o emprego de plantas medicinais ainda é relativamente recente em decorrência da necessidade de mais estudos de comprovação científica nesta área e por se tratar de uma prática que ainda vem sendo difundida entre os profissionais. Os cirurgiões-dentistas estão aptos a prescrever e aplicar especialidades farmacêuticas de uso interno e externo, indicadas em odontologia conforme a Lei no 5081, de 24 de agosto de 1966, que regulamenta o exercício da profissão. Assim, o cirurgião-dentista está apto a prescrever os fitoterápicos e drogas vegetais, uma vez que se apresentam sob diversas formas farmacêuticas como tinturas, infusões, decoctos, extratos entre outras. (PANIZZA, 2010) Mais especificamente, em 2008, o Conselho Federal de Odontologia (CFO) reconheceu e regulamentou o uso de práticas integrativas e complementares à saúde bucal pelo cirurgião- dentista por meio da Resolução CFO no 82/2008, que inclui a prática em Fitoterapia no âmbito da Odontologia. 21 LEGISLAÇÃO │ UNIDADE I Em 8 de dezembro de 2008, por meio da Decisão no 45/2008 o CFO baixou normas complementares para habilitação nas Práticas Integrativas e Complementares à Saúde Bucal regulamentada pela Resolução CFO-82/2008 que estabelece formas de habilitação do cirurgião-dentista ao exercício de qualquer Prática Integrativa e Complementar à Saúde Bucal, sendo elas: I. Comprovação de utilização da prática há 5 (cinco) anos nos últimos 10 (dez) anos; II. Aprovação em concurso perante banca examinadora designada pelo ConselhoFederal de Odontologia, abrangendo provas de título e escrita; II. Apresentação de certificado de curso portariado pelo Conselho Federal de Odontologia, que atenda às disposições da Resolução CFO-82/2008. Alguns estudos envolvendo os fitoterápicos, descritos no quadro 2, foram apresentados em reuniões da Sociedade Brasileira de Pesquisa Odontológica nos anos de 2000 a 2004 e citados por Pinheiro e Andrade (2008). As principais atividades descritas nestes estudos estão relacionadas ao papel anti- inflamatório, antimicrobiano e ansiolítico das plantas medicinais na área odontológica. Nome científico Nome popular Autor e ano Objetivo/ atividade Mikania laevigata Guaco Yatsuda R. et al. 2000 Antimicrobiana Mikania glomerata Melaleuca alternifólia Melaleuca Oppermann R.V. et al. 2000 Antimicrobiana Mikania Sp Guaco Yatsuda R. et al. 2001 Antimicrobiana Cymbopogon citratus Capim-santo Campelo R.S. et al. 2001 Antifúngica Arctium lappa L. Bardana Perin F.M. et al. 2001 Antimicrobiana Solidago microglossa DC Arnica brasileira Zelante P.M. et al. 2002 Antimicrobiana Aloe vera Babosa Schwartz Filho H.O. et al. 2002 Antimicrobiana Várias plantas - Lima Júnior J.F. et al. 2002 Padrão de uso pela população Curcuma zedoaria Roscoe Açafrão Nicoletti M.A. et al. 2002 Antimicrobiana Chamomilla recutita Camomila Porto P.O.B. et al. 2002 Anti-inflamatória Punica granatum L. Casca da romã Pereira J.V. et al. 2002 Antimicrobiana Schinus terebinthifolius Raddi Aroeira Sartoretto J. et al. 2003 Anti-inflamatória Anacardium occidentale L. Cajueiro Véras Neto L. et al. 2003 Antimicrobiana Copaifera Sp Copaíba Schinus terebinthifolius Raddi Aroeira Rabêlo C.C.P. et al. 2003 Antimicrobiana Stryphnodendron barbatiman Barbatimão Oliveira D.A .et al. 2003 Antimicrobiana Passiflora alata Maracujá Palma F. et al. 2003 Sedativa Melissa officinalis L. Erva cidreira Cavazzola A.S. et al. 2003 Antimicrobiana Matricaria chamomilla L. Camomila e Erva doce Copaifera Sp Copaíba Pereira A.C. et al. 2003 Anti-inflamatória Mikania glomerata Guaco Yatsuda R. et al. 2003 Antimicrobiana Anacardium occidentale L Cajueiro Carvalho A.A.T. et al. 2003 Antimicrobiana Várias plantas contidas em produtos comerciais - Drumond M.R.S. et al. 2003 Antimicrobiana Zingiber officinale Gengibre Pereira A.C.P. 2003 Anti-inflamatória Arnica montana Arnica Sawada T.Y. et al. 2004 Anti-inflamatória 22 UNIDADE I │ LEGISLAÇÃO Nome científico Nome popular Autor e ano Objetivo/ atividade Mikania glomerata Guaco Silva F. et al. 2004 Antimicrobiana Stryphnodendron adstrigens Barbatimão Oliveira R.R. et al. 2004 Antimicrobiana Casearia sylvestris Guaçatonga Melaleuca alternifolia Melaleuca Domingos F.T.C. et al. 2004 Antimicrobiana Anacardium occidentale L. Cajueiro Pereira J.V. et al. 2004 Antimicrobiana Valeriana officinalis L. Valeriana Pinheiro M.L.P. et al. 2004 Ansiolítica Passiflora alata Maracujá Tames D.R. et al. 2004 Ansiolítica Psidium guajava L. Goiabeira Alves D.M. et al. 2004 Antimicrobiana Schinus terebinthifolius Raddi Aroeira Sousa M.H. et al. 2004 Anti-inflamatória Copaifera Sp Copaíba Garrido A.D.B. et al. 2004 Antimicrobiana Arctium lappa L. Bardana Pereira J.V. et al. 2004 Antimicrobiana Aloe vera Babosa Gala-Garcia A. et al. 2004 Antimicrobiana Fonte: PINHEIRO, Marcos Luciano Pimenta et al. Fitoterápicos como alternativa ao uso de medicamentos convencionais em Odontologia, 2008. Normas vigentes: » Lei no 5081, de 24 de agosto de 1966, que regulamenta o exercício da profissão. <http://cfo.org.br/wp-content/uploads/2009/09/lei5081.pdf> » Resolução CFO 82/2008. Reconhece e regulamenta o uso pelo cirurgião-dentista de práticas integrativas e complementares à saúde bucal. <http://www.cro-rj.org.br/integrativas/resolucao_82_2008.pdf> Medicina veterinária A Lei no 5517, de 23 de outubro de 1968 dispõe sobre o exercício da profissão de médico veterinário e a prática da clínica em todas as suas modalidades. Na Medicina Veterinária, o profissional somente pode prescrever fitoterápicos com indicação veterinária. Porém, não há uma regulamentação específica para essa prática, que vem se tornando cada vez mais atrativa devido a sua ação biológica eficaz, com reduzidos efeitos colaterais, menor impacto ambiental e residual de produtos veterinários nos alimentos de origem animal, além da possibilidade de redução de custos (OZAKI; DUARTE, 2006; PANIZZA, 2010). Verifica-se um crescente interesse em estudos e utilização de plantas medicinais com possível ação sobre verminoses em caprinos e ovinos, dentre eles cita-se a bucha-paulista (Luffa operculata), batata-de-purga (Operculina sp.), maria-mole (Senna alata), pinhão-branco (Jatropha curcas), melão-de-são-caetano (Momordica charantia), velame (Croton Sp.), fruta-do-conde (Annona squamosa), dentre outras (OZAKI; DUARTE, 2006; MONTEIRO, 2010). Além disso, a utilização dos fitoterápicos tem sido descrita em animais de estimação, especialmente cães e gatos, envolvendo o controle de distúrbios gastrintestinais, alterações de pele e sistema nervoso, conforme descrito nas tabelas 3, 4 e 5. 23 LEGISLAÇÃO │ UNIDADE I Segundo ANSEL (2005) apud Ozaki e Duarte (2006), o cálculo geralmente utilizado para determinar a dosagem de medicamentos, incluindo os fitoterápicos para animais, é baseado na área de superfície corporal (BSA, Body Surface Area). Para calcular a dosagem do fitoterápico com base na BSA, é necessário substituir o peso do animal pelo valor de BSA (em m2). BSA = K x (peso corporal em gramas2/3) x 10-4 K = constante (10,1 para cães e 10,0 para gatos) Tabela 3. Plantas utilizadas nos distúrbios gastrintestinais. Nome Científico Família Botânica Nome Popular Parte Usada Ref. Achillea millefolium L. Compositae Mil folhas Planta toda BERSCHNEIDER, 2002. ALONSO, 1998. Agropyron repens L beauv Poaceae Grama Rizoma e raiz VIEGI et al, 2003. ALONSO, 1998. Aloe vera L. Liliaceae Babosa Seiva das folhas BERSCHNEIDER, 2002. ALONSO, 1998. Berberis vulgaris L. Berberidaceae Uva espim Cascas do caule e raiz BERSCHNEIDER, 2002. ALONSO, 1998. Calendula officinalis L. Asteraceae Calêndula Flores, folhas e caule BERSCHNEIDER, 2002. ALONSO, 1998. Cnicus Benedictus L. Asteraceae Cardo santo Partes aéreas floridas BERSCHNEIDER, 2002. CUNHA et al, 2003. Capsicum annum L. Solanaceae Caiena Fruto fresco ou seco BERSCHNEIDER, 2002. ALONSO, 1998. Cassia angustifolia Leguminosae Sene Folíolos BERSCHNEIDER, 2002. ALONSO, 1998. Gentiana lutea L. Gentianaceae Genciana Rizoma e raiz BERSCHNEIDER, 2002. ALONSO, 1998. Glycyrrhiza glabra L. Fabaceae Alcaçuz Raiz BERSCHNEIDER, 2002. ALONSO, 1998. Helleborus foetidus e odorus Ranunculaceae Heléboro verde Raiz VIEGI et al, 2003. ALONSO, 1998. Hydrastis canadensis L. Ranunculaceae Hidraste Raiz e rizoma BERSCHNEIDER, 2002. ALONSO, 1998. Juglans regia L Juglandaceae Nogueira flores VIEGI et al, 2003. CUNHA et al, 2003. Linum usitatissimum L. Linaceae Linhaça Semente e óleo de semente BERSCHNEIDER, 2002. ALONSO, 1998. Matricaria chamomilla Asteraceae Camomila Capítulos secos BERSCHNEIDER, 2002. ALONSO, 1998. Mentha piperita Labiatae Hortelã Folhas e sumidades florais BERSCHNEIDER, 2002. ALONSO, 1998. Nepeta cataria L. Lamiaceae Mentrasto Partes aéreas da flor BERSCHNEIDER, 2002. CUNHA et al, 2003. Picrorhiza kurroa Escrofulariáceas Picrorhiza Rizoma e raiz BERSCHNEIDER, 2002. CUNHA et al, 2003. Plantago psyllium L. Plantaginaceae Psyllium Semente BERSCHNEIDER, 2002. ALONSO, 1998. Rhamnus purshiana D.C Rhamnaceae Cáscara sagrada Casca seca BERSCHNEIDER, 2002. ALONSO, 1998. Ruta chalepensis L Rutaceae Arruda VIEGI et al, 2003. ALONSO, 1998. Sambucus nigra L Loniceracea Sabugueiro Folhas, flores, casas e frutos VIEGI et al, 2003. ALONSO, 1998. Silybum marianum L. Asteraceae Cardo mariano Frutos secos BERSCHNEIDER, 2002. CUNHA et al, 2003. Solanum tuberosum L Solanaceae Batata Tubérculos. VIEGI et al, 2003. ALONSO, 1998. 24 UNIDADE I │ LEGISLAÇÃO Nome Científico Família BotânicaNome Popular Parte Usada Ref. Tanacetum vulgare L Asteraceae Catinga de mulata Folhas VIEGI et al, 2003. ALONSO, 1998. Taraxacum officinale weber Compositae Dente de leão Rizoma, folhas, inflorescência e sementes. BERSCHNEIDER, 2002. ALONSO, 1998. Ulmus campestris L. Ulmaceae Ulmeiro menor Casca BERSCHNEIDER, 2002. CUNHA et al, 2003. Urtica dióica L Urticaceae Urtiga Folhas frescas ou secas e raiz. VIEGI et al, 2003. ALONSO, 1998. Zingiber officinale Zingiberiaceae Gengibre Rizoma e óleo essencial BERSCHNEIDER, 2002. ALONSO, 1998. Fonte: OZAKI; DUARTE, 2006. Fitoterápicos utilizados na Medicina Veterinária, em cães e gatos. Infarma v.18, no 11/12, 2006. Tabela 4. Plantas utilizadas como repelentes e problemas de pele e pelo. Nome Científico Família Botânica Nome Popular Parte Usada Ref. Allium sativum L. Liliaceae Alho Bulbo CUNHA et al, 2003. STEIN, 1993. Aloe vera L. Liliaceae Babosa Seiva das folhas BERSCHNEIDER, 2002. ALONSO, 1998. Azadirachta indica A. Meliaceae Neem Folhas e casca OLIVEIRA et al, 2005. CUNHA et al, 2003. Bixaorellana Bixáceas Urucum Sementes e folhas LANS et al, 2000. CUNHA et al, 2003. Calendula officinalis L. Asteraceae Calêndula Flores, folhas e caule BERSCHNEIDER, 2002. ALONSO, 1998. Capsicum annum L. Solanáceas Caiena Fruto fresco ou seco BERSCHNEIDER, 2002. ALONSO, 1998. Hydrastis canadensis L. Ranunculaceae Hidraste Raiz BERSCHNEIDER, 2002. ALONSO, 1998. Hypericum perforatum L. Hipericáceas Erva de são João Partes aéreas floridas CUNHA et al, 2003. STEIN, 1993. Juglans regia L Juglandaceae Nogueira Folhas VIEGI et al, 2003. ALONSO, 1998. Melilotus officinalis L Fabáceas Trevo dos prados Parte aérea florida CUNHA et al, 2003. STEIN, 1993. Saccharomyces cerevisiae Meyen Sacaromicetáceas Levedura de cerveja Pó CUNHA et al, 2003. STEIN, 1993. Salix alba L Salicáceas Salgueiro Casca CUNHA et al, 2003. STEIN, 1993. Tanacetum Parthenium Asteraceae Crisântemo de jardim Partes aéreas GUARRERA, 2004. ALONSO, 1998. Verbascum sp Scrophulariaceae Verbasco Folhas, flores e raiz. VIEGI et al, 2003. ALONSO, 1998. Viola tricolor L Violáceas Violeta Azul Parte aérea florida CUNHA et al, 2003. STEIN, 1993. Fonte: OZAKI; DUARTE, 2006. Fitoterápicos utilizados na Medicina Veterinária, em cães e gatos. Infarma v.18, no 11/12, 2006. Tabela 5. Plantas usadas para alterações do sistema nervoso. Nome Científico Família Botânica Nome Popular Parte Usada Ref. Valeriana officinalis L Valerianaceae Valeriana Raiz VIEGI et al, 2003. ALONSO, 1998. Nepeta cataria L. Lamiaceae Mentrasto Partes aéreas da flor BERSCHNEIDR, 2002. CUNHA et al, 2003. Passiflora alata Passifloráceas Maracujá Toda planta CAVALCANTI, 1997. ALONSO, 1998. Humulus Lupulus Canabinaceae Lúpulo Cone ou estróbilo CAVALCANTI, 1997. CUNHA et al, 2003. Ginseng Araliáceas Panax ginseng Raiz CAVALCANTI, 1997. ALONSO, 1998. Fumaria Officinalis Fumariaceae Fumária Flores CAVALCANTI, 1997. ALONSO, 1998. Fonte: OZAKI; DUARTE, 2006. Fitoterápicos utilizados na Medicina Veterinária, em cães e gatos. Infarma v.18, no 11/12, 2006. 25 LEGISLAÇÃO │ UNIDADE I Normas vigentes: » Lei no 5517, de 23 de outubro de 1968. <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5517.htm> » Fitoterápicos utilizados na Medicina Veterinária, em cães e gatos <http://www.cff.org.br/sistemas/geral/revista/pdf/11/infarma06.pdf> » Estudo etnoveterinário de plantas medicinais com atividade anti-helmíntica. <http://www.uece.br/ppgcv/dmdocuments/vivinasa.pdf> Enfermagem Conforme descrito no artigo 11 da Lei no 7.498/1986, regulamentada pelo Decreto no 94.406/1987, o profissional enfermeiro pode prescrever medicamentos, desde que essa atividade seja prevista obrigatoriamente em protocolo institucional ou em outras normativas técnicas como em programas de saúde pública. O COREN-SP destaca a necessidade de o enfermeiro realizar a prescrição medicamentosa como integrante da equipe de saúde, sem o propósito de substituir o médico, profissional que possui a atribuição privativa de diagnóstico e tratamento clínico (Parecer COREN-SP GEFIS no 28/2010). Em adição, as terapias alternativas são reconhecidas como especialidade e/ou qualificação do profissional de enfermagem segundo a Resolução do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) no 197, de 19 de março de 1997, atualizada pela Resolução COFEN no 389/2011, que lista as especialidades na área, dentre elas a de Enfermagem em Saúde Complementar e Enfermagem em Terapias Holísticas Complementares. Uma vez que a Fitoterapia se insere no grupo de Terapias Alternativas/Complementares os profissionais enfermeiros estão autorizados a prescrever os medicamentos fitoterápicos, desde que possuam a especialização exigida pelo conselho de classe em Enfermagem em Saúde Complementar ou em Enfermagem em Terapias Holísticas Complementares, cumprindo uma carga horária mínima de 360 horas e realizada em instituição reconhecida e validada (PARECER DEFISC No 10/2012). Cabe ressaltar que quando considerado e cadastrado como medicamento fitoterápico, este somente poderá ser prescrito pelo enfermeiro mediante utilização de Protocolo Institucional. Caso seja considerado como correlato pela ANVISA, a exemplo das drogas vegetais, poderá ser prescrito pelo profissional enfermeiro sem a existência do Protocolo Institucional, mediante aplicação da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE), prevista na Resolução COFEN 358/2009. Segundo o Parecer COREN-DF no 006/2010 dentro da equipe de enfermagem, a prescrição de fitoterápicos é uma atribuição privativa do enfermeiro qualificado a prescrevê-los. 26 UNIDADE I │ LEGISLAÇÃO Normas vigentes: » Parecer DEFISC No 10/2012, Porto Alegre, 11 de maio de 2012 dispõe sobre a competência Legal do Enfermeiro nas Terapias Complementares. » Parecer COREN-SP GEFIS no 28/2010. Fitoterapia. Legalidade da prescrição de fitoterápicos por Enfermeiro. Prescrição de Correlatos e de Medicamentos por Enfermeiro. Aplicação das Resoluções COFEN 197/1997 e 358/2009. » Parecer COREN/SC no 003/CT/2010. Prescrição de Plantas Medicinais e Fitoterápicos. CONSELHO REGIONAL DE ENFERMAGEM DE SANTA CATARINA. » CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM. Resolução no 197, de 19 de março de 1997. Estabelece e reconhece as terapias alternativas como especialidade e/ou qualificação do profissional de enfermagem. Disponível em: <http://portalcofen. gov.br/sitenovo/node/4253> » CONSELHO REGIONAL DE ENFERMAGEM DO RIO GRANDE DO SUL Autarquia Federal – Lei no 5.905/1973. Parecer DEFISC No 10/2012. “Competência Legal do Enfermeiro nas Terapias Complementares”. Disponível em: <http://www.portalcoren-rs.gov.br/docs/Pareceres/Parecer_defisc_102012.pdf>. Fisioterapia A Resolução do Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional COFFITO no 380, de 3 de novembro de 2010 regulamenta o uso das Práticas Integrativas e Complementares de Saúde pelo fisioterapeuta e dá outras providências. O artigo 1o aborda a prática pelo fisioterapeuta dos atos complementares ao seu exercício profissional, nos termos desta resolução e da portaria MS no 971/2006, que inclui a Fitoterapia. Para tal, o fisioterapeuta deverá comprovar perante o seu conselho de classe, a partir da apresentação de títulos, o conhecimento das práticas integrativas e complementares em instituições de ensino superior reconhecidas pelo MEC ou Entidades Nacionais da Fisioterapia, intimamente relacionadas às práticas autorizadas pela resolução, neste caso a Fitoterapia. Normas vigentes: » Resolução COFFITO no 380, de 3 de novembro de 2010. <http://www.coffito.org.br/publicacoes/pub_view.asp?cod=1934&psecao=9>. Nutrição No ano de 2002, o Conselho Federal de Nutricionistas criou um grupo de estudos e em conjunto com a Associação Brasileira de Nutrição (ASBRAN) e Sociedade Brasileira de Nutrição Clínica (SBNC) 27 LEGISLAÇÃO │ UNIDADE I promoveu um seminário para debater o uso da Fitoterapia, dentre outras práticas alternativas, pelos nutricionistas. O principal resultado desse eventofoi a publicação da Resolução CFN no 402 de 2007, que até o ano de 2013 regulamentava a prescrição fitoterápica pelo nutricionista de plantas in natura frescas, ou como droga vegetal nas suas formas farmacêuticas. A Resolução CFN no 402/2007 estabelece em seu Art. 3o que a prescrição fitoterápica é parte do procedimento realizado pelo nutricionista na prescrição dietética e estabelece que “As formas farmacêuticas permitidas para o uso pelo profissional nutricionista são exclusivamente as de uso oral, tais como: infusão, tintura, decocto, alcoolatura, pó, extrato seco, e macerado”. Salienta que o nutricionista não pode prescrever os fitoterápicos de exclusiva prescrição médica, os de tarja vermelha e somente pode prescrever os produtos com indicação terapêutica relacionada ao seu campo de conhecimento específico. A partir de 2013, a Resolução do Conselho Federal de Nutrição no 525/2013, em vigor, revoga a Resolução no 402/2007, regulamenta a prática da Fitoterapia pelo nutricionista, atribuindo-lhe competência para, nas modalidades que especifica, prescrever plantas medicinais, drogas vegetais e fitoterápicos de forma complementar a sua prescrição dietética e, dá outras providências. A partir dessa resolução, a Fitoterapia passa a ser uma especialidade da nutrição e será objeto de regulamentação do CFN junto a ASBRAN. No parágrafo único, a resolução define que, ao adotar a Fitoterapia o nutricionista deve basear-se em evidências científicas quanto a critérios de eficácia e segurança, considerar as contraindicações e oferecer orientações técnicas necessárias para minimizar os efeitos colaterais e adversos das interações com outras plantas, com drogas vegetais, com medicamentos e com os alimentos, assim como os riscos da potencial toxicidade dos produtos prescritos. A atual resolução traz uma importante alteração relacionada à habilitação dos nutricionistas para aplicação da Fitoterapia. Em seu parágrafo 3o resolve que, para o profissional sem especialização em Fitoterapia é de competência a prescrição de plantas medicinais e drogas vegetais, enquanto que para prescrição de fitoterápicos e de preparações magistrais há obrigatoriedade da obtenção do título de especialista ou certificado de pós-graduação lato sensu na área de Fitoterapia. Assim, ao nutricionista sem especialização em Fitoterapia compete a prescrição de plantas medicinais e drogas vegetais na forma de infusão, decocção e maceração, não sendo admissível que sejam prescritas sob forma de cápsulas, drágeas, pastilhas, xarope, spray ou qualquer outra forma farmacêutica, nem utilizadas quando submetidas a outros meios de extração, tais como extrato, tintura, alcoolatura ou óleo, nem como fitoterápicos ou em preparações magistrais. Já aos profissionais nutricionistas que possuírem especialização em Fitoterapia por meio de curso de pós-graduação lato sensu, compete a prescrição de fitoterápicos em qualquer forma farmacêutica dentro da área de ação do nutricionista, ou seja, por via oral. É permitido, portanto, a prescrição na forma de tintura vegetal (extrato hidroalcóolico), pó e extratos secos em cápsulas. 28 UNIDADE I │ LEGISLAÇÃO Cabe relembrar que a prescrição de preparações magistrais deve conter matérias primas derivadas de plantas medicinais ou drogas vegetais, não sendo permitido o uso de substâncias ativas isoladas de plantas ou da associação com nutrientes (vitaminas, minerais, aminoácidos, carboidratos). No artigo 5o, define-se que a prescrição de plantas medicinais ou drogas vegetais deverá ser legível, conter o nome do paciente, data da prescrição e identificação completa do profissional prescritor (nome e número do CRN, assinatura, carimbo, endereço e forma de contato) e conter todas as seguintes especificações quanto ao produto prescrito: I - nomenclatura botânica, sendo opcional incluir a indicação do nome popular; II - parte utilizada; III - forma de utilização e modo de preparo; IV - posologia e modo de usar; V - tempo de uso. Além disso, as formas farmacêuticas permitidas para o uso pelo nutricionista são exclusivamente as de uso oral, sendo proibidas as prescrições de fitoterápicos de uso tópico. A exemplo do Confrei (Symphytum officinale) que não deve ser prescrito pelo nutricionista, pois seu uso é exclusivamente tópico. A atual resolução reforça também que a competência do nutricionista nesta área não inclui a prescrição de produtos sujeitos à prescrição médica, descritos na Instrução Normativa no 5, de 12 de dezembro de 2008, que cita os medicamentos fitoterápicos, de exclusiva prescrição médica, ou seja, aqueles que contêm a tarja vermelha com a frase “Venda sob prescrição médica”, descritos abaixo: » Arctostaphylos uva-ursi (uva-ursina) » Cimicifuga racemosa (cimicifuga) » Echinacea purpúrea (equinácea) » Ginkgo biloba (ginkgo) » Hypericum perforatum (hipérico ou Erva-de-São-João) » Piper methysticum (kava-kava) » Salix alba L. (salgueiro branco) » Serenoa repens (sawpalmeto) » Tanacetum parthenium (tanaceto) » Valeriana officinalis (valeriana). 29 LEGISLAÇÃO │ UNIDADE I Portanto, o profissional nutricionista, inclusive o especialista em Fitoterapia, não pode prescrever tais fitoterápicos, seja na forma de drogas vegetais, preparações magistrais ou fitoterápicos industrializados. Será exigido o cumprimento da Resolução no 525/2013 após três anos de sua vigência contados a partir da data de sua publicação, em 28 de junho de 2013. Norma vigente: » Resolução CFN No 525/2013. Regulamenta a prática da Fitoterapia pelo nutricionista, atribuindo-lhe competência para, nas modalidades que especifica, prescrever plantas medicinais, drogas vegetais e fitoterápicos como complemento da prescrição dietética e, dá outras providências. <http://www.cfn.org.br/eficiente/repositorio/Legislacao/Resolucoes/583.pdf> Farmacêutico Ao profissional farmacêutico é autorizada a prescrição de medicamentos manipulados na própria farmácia ou isentos de prescrição médica. As atribuições do farmacêutico no âmbito da Fitoterapia abrangem tanto a direção e/ou responsabilidade técnica quanto à prescrição do fitoterápico em farmácias, drogarias e em saúde pública. A Resolução do Conselho Federal de Farmácia (CFF) no 477, de 28 de maio de 2008, dispõe sobre a atribuição privativa do farmacêutico na direção e/ou responsabilidade técnica na farmácia magistral, farmácia comunitária, serviço público de Fitoterapia, ervanarias, indústrias farmacêuticas, distribuidoras e demais locais onde são desenvolvidas atividades de atenção farmacêutica relacionada a Plantas Medicinais e Fitoterápicos. A Resolução no 546, de 21 de julho de 2011, dispõe sobre a indicação farmacêutica de plantas medicinais e fitoterápicos isentos de prescrição. Descreve a indicação farmacêutica de plantas medicinais e fitoterápicos como sendo o ato do farmacêutico, praticado com base em conhecimentos técnico-científicos, ética, respeitando-se as resoluções profissionais e de vigilância sanitária. Descreve que quando o paciente, por iniciativa própria, solicitar indicação para utilização do fitoterápico, o farmacêutico poderá dispensar-lhe o fitoterápico isento de prescrição médica ou encaminhá-lo a outro profissional de saúde competente para tal. Quando indicado o fitoterápico, o farmacêutico deverá registrar em documento próprio disponível em anexo I da resolução, emitido em duas vias, sendo a primeira entregue ao usuário/paciente e a segunda arquivada no estabelecimento farmacêutico. Considera-se habilitado para indicação de fitoterápicos, o farmacêutico que possua título de especialista em Fitoterapia que atenda às resoluções em vigor do CFF ou tenha cursado a disciplina 30 UNIDADE I │ LEGISLAÇÃO de Fitoterapia durante o curso de graduação de Farmácia com carga horária de no mínimo 60 (sessenta) horas associada ao estágio de no mínimo 120 (cento e vinte) horas em manipulação e/ ou dispensação de plantas medicinais e fitoterápicos, realizadona própria instituição de ensino superior, em farmácias que manipulem e/ou dispensem plantas medicinais e fitoterápicos ou em programas de distribuição de fitoterápicos no SUS, conveniados às instituições de ensino. Normas vigentes: » Resolução CFF no 546, de 26 de julho de 2011 – Indicação de Plantas Medicinais e Fitoterápicos Isentos de Prescrição pelo Farmacêutico. <http://www.cff.org.br/userfiles/file/resolucoes/546.pdf> » Resolução CFF no 477, de 28 de maio de 2008 – Dispõe sobre as atribuições do farmacêutico no âmbito das plantas medicinais e fitoterápicos e dá outras providências. <http://www.diariodasleis.com.br/busca/exibelink.php?numlink=1-176-34-2008-05-28-477> » Resolução CFF no 467, de 28 de novembro de 2007 – Define, regulamenta e estabelece as atribuições e competências do farmacêutico na manipulação de medicamentos e de outros produtos farmacêuticos. <http://www.cff.org.br/userfiles/file/resolucoes/467.pdf> » Resolução CFF no 417, de 29 de setembro de 2004 – Aprova o código de ética da profissão farmacêutica. » Resolução CFF no 416, de 27 de agosto de 2004 – Revoga o § 2o do artigo 34 da Resolução no 357, de 20 de abril de 2001, publicada no DOU de 27/4/2001, Seção 1, pp. 24 a 31. » Resolução CFF no 387, de 13 de dezembro de 2002 – Regulamenta as atividades do farmacêutico na indústria farmacêutica. » Resolução CFF no 365, de 2 de outubro de 2001 – Dispõe sobre a assistência técnica farmacêutica em distribuidoras, representantes, importadoras e exportadoras de medicamentos, insumos farmacêuticos e correlatos. » Resolução CFF no 357, de 20 de abril de 2001 – Aprova o Regulamento Técnico das Boas Práticas de Farmácia. <http://www.cff.org.br/pagina.php?id=250> A lista de medicamentos exclusivos de prescrição médica pela Instrução Normativa no 5/2008 não contempla as drogas vegetais, utilizadas para fazer infusão, decocção ou maceração, e, portanto, estão permitidas de serem prescritas por alguns profissionais, dependendo das legislações específicas do respectivo conselho de 31 LEGISLAÇÃO │ UNIDADE I classe. Já o profissional nutricionista, inclusive o especialista em Fitoterapia, não pode prescrevê-las, seja na forma de drogas vegetais, preparações magistrais ou fitoterápicos industrializados, segundo a Resolução no 525/2013. Pensar que “o que é natural não pode trazer malefícios a saúde” é errado! Por esse motivo a necessidade da utilização segura da Fitoterapia e da capacitação dos profissionais da saúde para tal, de acordo com as exigências de cada conselho. Lembramos que as legislações estão sempre sendo modificadas e revogadas, por isso acompanhe as publicações do seu conselho de classe e os principais sites para atualização! ANVISA: <http://portal.anvisa.gov.br/wps/portal/anvisa/home> MAPA: <http://www.agricultura.gov.br/> 32 CAPÍTULO 3 Registro de medicamentos fitoterápicos O registro de um medicamente fitoterápico significa a concessão de comercialização do medicamento por um período de cinco anos, podendo ser revalidado por períodos iguais e sucessivos, mantido o número do registro inicial e consumado a partir da data da publicação no Diário Oficial da União (ANVISA, 2013). O período de revalidação de cinco anos tem como finalidade a confirmação das indicações e dosagens propostas e a reavaliação técnica da formulação do medicamento (PERFEITO, 2012). Apenas os medicamentos fitoterápicos industrializados para uso humano necessitam de registro na Anvisa. O número de registro é formado por 13 dígitos e deve constar da embalagem do produto. Para o registro de medicamentos fitoterápicos, existe regulamentação específica desde o ano de 1967, seguida da Portaria no 22 e Portaria no 6 publicada em 1995, RDC no 17, publicada em 2000, RDC no 48, publicada em 16 de março de 2004 e a norma mais atual e vigente a RDC no 14, publicada em 5 de abril de 2010, que traz uma reestruturação da RDC no 48/2004 e aborda uma divisão mais criteriosa correspondente à droga vegetal, derivado vegetal e produto final. A resolução traz uma adequação aos conceitos definidos pela Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos (PNPMF) e pela Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) no SUS. Essa legislação, em vigor desde 2010, estabelece controles e define etapas a serem observadas desde o processamento da matéria-prima vegetal, produção e qualidade do medicamento fitoterápico acabado. Aponta alternativas para o controle de qualidade de cada etapa de produção, exige o teste para avaliação de aflatoxinas, para os casos em que há necessidade; e inclui a possibilidade de registro de fungos multicelulares e algas enquanto não seja publicado regulamento específico para tais produtos. No mesmo ano de 2010, atualizou-se a lista de referências para comprovação de segurança e eficácia de fitoterápicos por meio da Instrução Normativa (IN) 05/2010, a qual foi ampliada de 17 para 35 publicações de referência (ANVISA, 2010). Criou-se assim a possibilidade de comprovar os requisitos de segurança e eficácia por três outras formas, além do requisito de referências técnico- científicas anteriormente exigido. Aceita-se, a partir daí, os ensaios pré-clínicos e clínicos de segurança e eficácia, tradicionalidade de uso ou a presença na “Lista de medicamentos fitoterápicos de registro simplificado” (ANVISA, 2008; ANVISA, 2010). A tradicionalidade de uso é mais uma possibilidade para comprovação da segurança e eficácia de um medicamento fitoterápico, que deve ser feita por meio da apresentação de estudo etnofarmacológico ou etno-orientado de utilização, documentações técnico-científicas, ou outras publicações, mostrando a eficácia e segurança do produto por um período igual ou superior a 20 anos. A comprovação da segurança e eficácia de um medicamento fitoterápico, é portanto, um critério obrigatório para seu registro na Anvisa. Para isso, de acordo com a RDC no 14/2010, as empresas poderão utilizar as quatro alternativas citadas. 33 LEGISLAÇÃO │ UNIDADE I A primeira delas se refere aos estudos farmacológicos e toxicológicos presentes em obras contidas na “Lista de referências bibliográficas para avaliação de segurança e eficácia de fitoterápicos”, publicada como IN no 5/2010. A segunda forma aceitável é a apresentação de estudos pré-clínicos e clínicos realizados com o produto a ser registrado. Os fitoterápicos possuem um guia específico para ensaios toxicológicos pré-clínicos, descritos na RE no 90/2004. Para os estudos clínicos deve-se seguir as determinações do Conselho Nacional de Saúde (CNS), baseadas nas Resoluções no 196/1996 e 251/1997, além da RDC no 39/2008. Para isso é necessário solicitar a anuência prévia para a realização da pesquisa clínica junto a Gerência de Segurança e Eficácia (GESEF) da Anvisa. A terceira forma possível é a apresentação de levantamento bibliográfico etnofarmacológico, apontando o uso comprovado do produto por um período igual ou superior a 20 anos. Um texto completo sobre essa forma de comprovação de segurança e eficácia se encontra disponível no site da Anvisa. E a quarta alternativa é a partir da lista de espécies vegetais de registro simplificado, publicada como IN no 05/2008, que contempla 36 espécies vegetais, para as quais é dispensada a comprovação de eficácia e segurança, desde que o solicitante do registro siga todos os parâmetros especificados nesta lista, que abordaremos adiante. Haverá a ampliação de 36 para 71 publicações desta lista de referências da literatura, que poderão ser utilizadas para o registro de fitoterápicos, a partir dos resultados da atual consulta pública para divulgação da nova norma de registro e notificação dos “Produtos Tradicionais Fitoterápicos”, como mencionado anteriormente. Uma exigência primordial para assegurar a qualidade do medicamento fitoterápico é o cumprimento das boas práticas de fabricação (BPF) dos Insumos Farmacêuticos Ativos (IFA) vegetais por parte das empresas fabricantes,cujos requisitos estão descritos na RDC no 249/2005 e 14/2013. Já os estudos de estabilidade e validação para medicamentos fitoterápicos seguem os regulamentos gerais estabelecidos para medicamentos pela Anvisa, porém foram adotadas orientações específicas para fitoterápicos disponíveis no site da Anvisa, por meio dos textos orientativos sobre os Posicionamentos da Câmara Técnica de Fitoterápicos (CATEF) quanto ao registro de Medicamentos Fitoterápicos e Controle de qualidade de extratos vegetais e fitoterápicos no intuito de nortear os estudos de estabilidade e validação destes medicamentos. No entanto, para os medicamentos fitoterápicos registrados com base na lista de registro simplificado, os marcadores a serem utilizados, tanto no estudo de estabilidade como no controle de qualidade, devem seguir as orientações da referida norma. As monografias de plantas medicinais, derivados vegetais e medicamentos fitoterápicos presentes na Farmacopeia Brasileira ou no Formulário Fitoterápico da Farmacopeia Brasileira (2011) contribuem no sentido de facilitar o registro dos medicamentos fitoterápicos, por fornecerem métodos validados de controle das etapas de produção por constarem testes de identificação da matéria prima, de controle microbiológicos, teor de cinzas, de umidade, entre outros. A Farmacopeia Brasileira está em sua 5a edição, após revisão em 2010, a partir de consultas públicas e parceria de universidades brasileiras. Além disso, está sendo elaborado o Memento Nacional Fitoterápico publicado pela Farmacopeia Brasileira com informações mais genéricas sobre as espécies vegetais, no intuito de orientar usuários, prescritores, gestores e legisladores, organizando 34 UNIDADE I │ LEGISLAÇÃO diversas informações disponíveis sobre a espécie descrita, desde seus aspectos agronômicos, de segurança, eficácia e controle. Outra norma vigente referente ao registro dos fitoterápicos é a RDC no 47/2009 que atualizou a RDC no 95/2008 e padroniza as bulas de fitoterápicos obtidos de 13 espécies vegetais, visando à padronização de informações referentes aos fitoterápicos à população e aos profissionais de saúde. (ANVISA, 2010) Demais normas complementam a orientação de registro de fitoterápicos, a IN no 5/2008, que traz a “Lista de fitoterápicos de registro simplificado” que abordaremos adiante; a RE no 90/2004, que publicou o “Guia para realização dos testes de toxicidade pré-clínica de fitoterápicos” e a RE no 91/2004 com o “Guia para realização de alterações, inclusões, notificações e cancelamento pós-registro de fitoterápicos”. Além dessas normas, o registro e pós-registro de medicamentos fitoterápicos seguem os regulamentos gerais exigidos para os demais medicamentos a serem registrados na Anvisa, sendo eles a Lei no 6360/1976 e Decreto no 79094/1977, RDC no 47/2009 para bulas de medicamentos; RDC no 71/2009 para embalagens, RDC no 96/2008 e 23/2009 para publicidade de medicamentos, RE no 1/2005 “Guia para realização de estudos de estabilidade de medicamentos” e a RE no 899/2003 “Guia para validação de metodologias analíticas e bioanalíticas de medicamentos”. Para iniciar o processo de solicitação de registro de um medicamento fitoterápico, inicialmente a empresa deve notificar a produção de lotes-piloto, de acordo com o Guia para a notificação de lotes piloto, somente para produtos nacionais. A notificação é encaminhada à Gerência Geral de Inspeção e Controle de Insumos, Medicamentos e Produtos (GGIMP). Segue-se a partir daí a solicitação do registro do fitoterápico por meio da apresentação de um dossiê de registro, composto por uma parte documental que também inclui um relatório técnico, um relatório de produção e controle de qualidade e um relatório de segurança e eficácia. Documentação Para a solicitação do registro do fitoterápico é necessária apresentação dos seguintes documentos atualizados: » Cópia de licença de funcionamento da empresa (Alvará Sanitário). » Certificado de Responsabilidade Técnica (CRT) emitido pelo Conselho Regional de Farmácia (CRF). » Cópia do protocolo da notificação da produção de lotes-piloto. » Cópia do Certificado de Boa Práticas de Fabricação e Controle (CBPFC), emitido pela Anvisa para a linha de produção na qual o medicamento fitoterápico será fabricado. 35 LEGISLAÇÃO │ UNIDADE I » Formulários de petição (FP) preenchidos, contendo todas as informações sobre a composição do produto (matéria(s)-prima(s) ativa(s), nome comercial, forma farmacêutica, embalagens, restrição de venda, prazo de validade e cuidados de conservação. As informações sobre o correto preenchimento dos FPs podem ser obtidas no site da Anvisa no link: <http://www.anvisa.gov.br/servicos/form/med/ registro.htm>. Além disso, é necessário o relatório técnico que deve conter informações referentes à nomenclatura botânica, parte da planta utilizada, layout de bula, rótulo e embalagem, documentação referente ao local de fabricação, dados de produção, controle de qualidade, de segurança e eficácia descritos na RDC nos 14/2010, 249/2005 e 14/2013. Para os medicamentos já registrados, é necessário um relatório periódico de segurança, denominado Relatório Periódico de Farmacovigilância, para cada produto registrado, que será útil e necessário na ocasião das renovações. O sumário executivo referente aos cinco anos desse relatório deve ser encaminhado para a área de registro da Anvisa, conforme o Capítulo V, Art. 10, alínea II, parágrafo 3o da RDC no 4/2009. Normas vigentes » RDC no 14, de 31/3/2010: Dispõe sobre o registro de medicamentos fitoterápicos. » RE no 90, de 16/3/2004: Guia para a realização de estudos de toxicidade pré-clínica de fitoterápicos. » RE no 91, de 16/3/2004: Guia para realização de alterações, inclusões, notificações e cancelamentos pós-registro de fitoterápicos. » IN no 5, de 11/12/2008: Lista de medicamentos fitoterápicos de registro simplificado. » IN no 5, de 31/3/2010: Lista de referências bibliográficas para avaliação de segurança e eficácia de Fitoterápicos. » RDC no 13, de 14/3/2013: Boas Práticas de Fabricação (BPF) para os produtos tradicionais fitoterápicos. » RDC no 14, de 14 de março de 2013. Dispõe sobre as Boas práticas de fabricação de insumos farmacêuticos ativos de origem vegetal. Acesso a normas e informações completas para o registro de medicamento fitoterápico na Anvisa. <http://www.anvisa.gov.br/medicamentos/fitoterapicos/registro.htm> Posicionamentos da Câmara Técnica de Fitoterápicos (CATEF) quanto ao registro de medicamentos fitoterápicos. <http://www.anvisa.gov.br/medicamentos/catef/posicionamento_registro_ fitoterapicos.pdf> 36 UNIDADE I │ LEGISLAÇÃO Controle de qualidade de extratos vegetais e fitoterápicos. <http://www.anvisa.gov.br/medicamentos/fitoterapicos/Controle_qualidade_ extratos.pdf> Bulas padrão <http://portal.anvisa.gov.br/wps/portal/anvisa/anvisa/home/medicamentos/!ut/p/ c4/04_SB8K8xLLM9MSSzPy8xBz9CP0os3hnd0cPE3MfAwMDMydnA093Uz8z00B _A_cgQ_2CbEdFADghJT0!/?1dmy&urile=wcm%3Apath%3A/anvisa+portal/anvisa/ inicio/medicamentos/publicacao+medicamentos/bulas+padrao+de+medicament os+fitoterapicos> Farmacopeia Brasileira volume 1 e 2. <http://www.anvisa.gov.br/hotsite/cd_farmacopeia/index.htm> 37 CAPÍTULO 4 Medicamentos fitoterápicos de registro simplificado Para o registro do medicamento fitoterápico nesta categoria é dispensada a comprovação de eficácia e segurança, desde que o solicitante do registro siga todos os parâmetros especificados na lista de espécies de registro simplificado, publicada sob a forma da Instrução Normativa – IN no 5, de 11 de dezembro de 2008, que contempla 36 espécies vegetais para as quais já foram estabelecidos critérios de segurança e eficácia (tabela 6). A dispensa dessa comprovação por meio de estudos adicionais deve-se ao fato de que uma quantidade suficiente de estudos já foi publicada sobre cada uma dessas espécies, para este referido parâmetro. A empresa deve seguir todos os parâmetros especificados
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