Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
ANÁLISE DE UM SOLO ATRAVÉS DOS ENSAIOS DE COMPRESSÃO E SONDAGEM Helena Costa Madruga Lino Prof. Me. Manoel Ricardo Dourado Correia Faculdade Metropolitana de Blumenau Curso – Engenharia Civil Data 04/2020 RESUMO O presente trabalho tem como objetivo analisar um determinado solo através de informações e ensaios preliminares dados para a definição de alguns dados como tensões, coeficientes, dimensionamentos e recalque. Palavras-chave: Solo; Adensamento; Recalque; Tensões. 1 INTRODUÇÃO Este trabalho trata-se de uma a nálise de alguns dados fornecidos previamente com objetivo de determinar algumas tensões, coeficientes e graus de adensamento do solo, bem como outros fatores, sendo essa determinação feita através de correlações e/ou por cálculos baseados em fórmulas existentes na literatura. Para a execução deste foram fornecidos os seguintes dados: Sondagem SPT, Ensaio de Adensamento e Ensaio de Compressão Simples. Na Sondagem SPT pode-se observar que se trata de um solo predominantemente argiloso, com o nível do lençol freático sendo encontrado em 1,3m. A primeira camada, que vai até a cota 5,8m, é composta por um aterro de silte argilo-arenoso, pouco compactado, com um Nspt médio de 3 golpes. Já a segunda camada trata-se de um solo extremamente mole, formado por uma Turfa com argila orgânica, com Nspt encontrado de 2 golpes, essa camada perdura por 1,8m. Na terceira camada temos um solo formado por um silte argilo-arenoso com um Nspt que começa em 3 golpes e com o passar da camada vai aumentando até chegar em 14 golpes. Essa camada de solo foi identificada por 5m e tem no início uma consistência mole, até a cota 10m, depois a consistência do solo torna- se média, chegando a ser considerada rija entre as cotas 11 e 12,6 m. A próxima camada também é formada por um solo de silte argilo-arenoso com consistência muito rija e Nspt variando entre 16 e 18 golpes. A sondagem SPT em questão foi feita até por volta da cota 18,5m, sendo nessa última camada o Nspt encontrado de 24 a 29 golpes. 2 No ensaio de adensamento podemos observar a curva de compressibilidade, nela sendo possível identificar a tensão de pré-adensamento, a reta virgem, o trecho de recompressão e de expansão, bem como os coeficientes de adensamento encontrados no teste realizado com várias faixas de carregamento. O terceiro dado disponível para consulta e utilização de dados é o ensaio de compressão simples que nos apresenta a curva de deformação vertical em razão do carregamento que o solo em questão está sofrendo. 2 OBJETIVOS Os objetivos do presente trabalho foram definidos previamente pelo professor orientador da disciplina e são: a) Calcular a tensão de pré-adensamento pelos métodos de Casagrande e ou Pacheco Silva. b) Calcular o coeficiente de adensamento (CV) pelos métodos de Taylor e ou Casagrande. c) Se necessário, calcular os trechos de recompressão, compressão (reta virgem) e descompressão (expansão). d) Calcular a razão de sobreadensamento (RSA). e) Calcular a propagação de tensão até a camada de maior compreensibilidade para o cálculo do adensamento primário. f) Calcular o grau de adensamento (tempo de ocorrência) pré e pós a sobrecarga. g) Calcular o adensamento primário e secundário. h) Calcular a tensão admissível (capacidade de carga) pelos métodos teóricos e semiempíricos. i) Dimensionar área (B/L) da sapata considerando a carga do pilar. A carga do pilar terá no mínimo 400 kN + os dois últimos número da sua matrícula. Por exemplo, os números finais da minha matrícula são 65. Logo, a carga do pilar será 465 kN. j) Caso seja construída outra sapata com um carregamento de 200 kN e distando 5 metros da sapata do item “i”, calcular o recalque diferencial específico (angular) entre as duas sapatas. k) Calcular o recalque imediato pelos métodos Método de Schmertmann (1970) e Schmertmann; Hartman; Brown (1978). 3 3 METODOLOGIA Os métodos utilizados para atender aos objetivos propostos serão os de pesquisa literária, buscando autores que são referência no assunto, realizando leitura de artigos e materiais sobre o tema. Após ser feita a pesquisa bibliográfica serão analisados os dados fornecidos junto com os objetivos, para que então sejam feitos os cálculos necessários para chegar tentar aos resultados esperados. 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO Neste item serão apresentados os resultados obtidos nos cálculos e nas análises dos dados fornecidos, bem como as fórmulas e os cálculos utilizados para tal objetivo. 4.1 Cálculo da tensão admissível do solo através do método semi empírico Para o cálculo da tensão admissível foi considerado que a sapata será assentada na cota 1,0 m, sendo o Nspt nessa cota de 3 golpes. Foi utilizado como base para o cálculo da tensão admissível a fórmula: σ adm = Nspt 5 Então: σ adm = 3 = 0,6 kgf/cm² 5 4.2 Cálculo da área mínima da sapata e da tensão atuante O cálculo da área mínima da sapata foi feito considerando a carga do pilar como 443KN (400KN que foram fornecidos + 43 KN que são os dois números finais da minha matrícula na instituição). A fórmula utilizada para o cálculo da área da sapatafoi: A x B ≥ Ntotal Ꝺ adm 4 Onde: NK = 443 KN WK = 10% do NK = 43 KN Ntotal = 443 + 43 = 486 KN = 49558,208 Kgf Então: A x B ≥ 49558,208 = 82597,01 cm² ou 8,2 m² 0,6 A e B (adotados) = 3 m Cálculo da tensão atuante: σ atu = F A σ atu = 486 = 59,26 KPa 8,2 4.3 Determinação da Tensão de Pré-Adensamento e dos Trechos de Recompressão, Compressão (Reta Virgem) e Descompressão A determinação da tensão de pré-adensamento foi feita através do método de Pacheco e Silva, traçando na imagem abaixo, retirada do ensaio de adensamento fornecido preliminarmente, uma reta amarela indicando o valor dessa tensão e também na mesma imagem foram indicados os trechos de recompressão, compressão (reta virgem) e descompressão. 5 σvm = 1,1 Kg/cm² ou 107,873 KPa 4.4 Coeficiente de adensamento (Cv) Para calcular o Cv deve-se considerar a σ atuante calculada anteriormente, conforme abaixo: σ atu = 59,26 KPa ou 0,60 Kg/cm² Com base no ensaio de adensamento dado, temos: PRESSÃO Cv 0,40 Kg/cm² 0,024 cm²/s 0,80 Kg/cm² 0,023 cm²/s Tabela 1 – Relação entre pressão e coeficiente de adensamento Como a pressão calculada foi 0,60 Kg/cm², foi adotado como base o CV = 0,023cm²/s, sendo esse um valor imediatamente após. 4.5 Razão de Sobreadensamento (RSA) Para chegar à Razão de Sobreadensamento foram seguidos alguns passos, conforme exposto a seguir: 1º passo – obter o peso específico do solo. Sendo o solo predominantemente argiloso deve-se considerar a tabela de correlações empíricas abaixo: Tabela 2 - Peso específico de solos arenosos (Godoy, 1972) 6 Sendo então: 1ª camada – Aterro de Silte Argiloso com Nspt de 2 a 4 golpes. Peso específico = 15 KN/m³ 2ª camada – Turfa com argila orgânica com Nspt de 2 golpes. Peso específico = 13 KN/m³ 3ª camada – Silte argilo arenoso com Nspt entre 3 e 14 golpes. Adotado um peso específico médio = 17 KN/m³. 4ª camada – Silte argilo arenoso com Nspt entre 14 e 18 golpes. Peso específico = 19 KN/m³. 2º passo – calcular a tensão vertical efetiva, sendo: σv = ỿ x h σv = (15 x 5,8) + (13 x 1,8) + (17 x 5) + (19 x 3,9) σv = 273,1 KPa 3º passo – Calcular a poro-pressão µ = 9,81 x (16,5 – 1,3) µ = 149,11 KPa 4º passo – Calcular a tensão efetiva σ’ = σ v - µ σ’ = 273,1 – 149,11 σ’ = 123,99 KPa 5º passo- calcular o RSA RSA = σ MV σ’ RSA = 107,873 123,99 RSA = 0,87 < 1 Conclusão: solo em adensamento 4.6 Recalque imediato 7 Para o cálculo do recalque imediato foi utilizada a seguinte fórmula para recalque em argilas: ρi = σ x B x 1 − ν² x Ip Es Determinação das incógnitas: 1° passo – Tensão atuante Esta já foi encontrada anteriormente e é 59,26 KPa 2º passo – coeficiente de Poisson (v) Este dado é tabelado e foi adotado para cálculo v = 0,5 3° passo – Módulo de Deformabilidade (Es) Onde: Es = α x K x Nspt Sendo o K e o α tabelados e variando conforme o solo. Os valores adotados foram K = 0,25 e α = 7 Es = 7 x 0,25 x 3 = 5,25 MPa ou 5250 KPa 4° passo – Fator de forma (Ip) Esse dado também é tabelado e foi considerado como 0,99 por ser uma sapata quadrática rígida. Tendo todas as incógnitas o próximo passo é a aplicação delas na fórmula para encontrar o recalque imediato. ρi = 59,26 x 3 x 1 – 0,5² x 0,99 5250 ρi = 177,78 x 0,00014 x 0,99 ρi = 0,02514m ρi = 25,14 mm 4.7 Adensamento Para o cálculo do adensamento será usado a tensão atuante adotada anteriormente (0,80 Kg/cm²) e os cálculos serão feitos com base no proposto por PINTO, 2006, página 208. 8 Pressão (Kgf/cm²) Índice de vazios inicial (ei) Índice de vazios final (ef) 0,80 1,089 1,040 Tabela 3 - Dados do ensaio de adensamento 1º passo – Cálculo do Cc Onde: Cc = (ei – ef) Log 10 Cc = 1,089 – 1,040 = 0,049 Log 10 2° passo – determinação do Cr Para determinar o Cr deve-se considerar 10% do Cc, ou seja: 0,049 x 10% = 0,0049 Após obter o Cc e o Cr deve-se seguir com os cálculos para chegar ao adensamento: ρ = H x Cr x log σmv + Cc x log σf 1 + ei σ’ σmv ρ = 1,8 x 0,0049 x log 107,873 + 0,049 x log 179 1+ 1,089 124 107,873 ρ = 0,00104 m Com os valores encontrados calcular o grau de adensamento para 1 dia, calculando o valor de T e correlacionando-o na tabela da Teoria Unidimensional de Terzaghi. T = Cv x t T = 0,023 x 86400 = 0,06 Hd² 180² Correlacionando o valor de T encontrado com a tabela de Terzaghi podemos concluir que a porcentagem de adensamento do solo em 1 dia será de 28%. 9 Teoria Unidimensional de Terzaghi - Fonte: Material didático 4.8 Cálculo do recalque diferencial específico (angular) entre 2 sapatas Para calcular o recalque diferencial entre 2 sapatas primeiro deve-se encontrar a área mínima da segunda sapata e a tensão atuante, sendo a tensão admissível utilizada a mesma da primeira sapata por estarem assentadas em uma mesma cota. NK = 200 KN WK = 10% do NK = 20 KN Ntotal = 200 + 20 = 220 KN = 22433,8 Kgf Então: A x B ≥ 22433,8 = 37389,66 cm² ou 3,73 m² 0,6 A e B (adotados) = 2 m Cálculo da tensão atuante: σ atu = F A σ atu = 220 = 58,98 KPa 3,73 Agora pode-se calcular o recalque imediato da sapata em questão, sendo todas as incógnitas as mesmas da outra sapata: ρi = 58,98 x 3 x 1 – 0,5² x 0,99 5250 10 ρi = 176,94 x 0,00014 x 0,99 ρi = 0,02452m ρi = 24,52 mm Recalque diferencial entre as duas sapatas = 25,14 mm - 24,52 mm = 0,62mm. Recalque angular entre as duas sapatas = recalque diferencial Distância entre as sapatas = 0,00062 = 0,000124 m 5 Após a determinação do recalque angular deve-se transformar esse valor em recalque limites de Bjerrum: 1 = 0,000124 x = 806,45 x Portanto o recalque limite por Bjerrum será 1: 806 – Dificuldades dom máquinas sensíveis a recalques. 11 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Após serem realizados todos os cálculos e correlações necessárias para obter-se os objetivos propostos pelo orientador da disciplina para este trabalho pode concluir-se que a mecânica dos solos trata-se de um assunto complexo e de extrema importância para a engenharia, sendo que se não forem tomados os devidos cuidados e atenções tanto durante os cálculos de projeto quanto durante a execução do mesmo graves acidentes ou mesmo patologias na construção podem vir a ocorrer. 12 REFERÊNCIAS Bittencurt, Douglas. Teoria de adensamento, evolução dos recalques com o tempo. Slid 07. Brasil, Márcio. Cálculo De Recalques Por Adensamento Unidimensional. Disponível em: < file:///C:/Users/Lenac/Downloads/BRASIL_MR_TM_15%20(1).pdf> Acesso em: 24 de Abril de 2020. Marangon, M. Geotecnia de Fundações. Disponível em: <http://www.ufjf.br/nugeo/files/2009/11/GF03-Par%C3%A2metros-dos-Solos-para- C%C3%A1lculo-de-Funda%C3%A7%C3%B5es.pdf> Acesso em: 23 de Abril de 2020. Marinho, Filipe. Recalque no solo. Disponível em: <https://www.guiadaengenharia.com/recalque-conceitos-iniciais/> Acesso em: 24 de Abril de 2020.PINTO, Carlos de Souza. Curso Básico de Mecânica dos Solos. Oficina de Textos, 2006. https://www.guiadaengenharia.com/recalque-conceitos-iniciais/
Compartilhar