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102 Nutrição e Reprodução Complexo B As deficiências de complexo B não são incomuns nos cavalos e podem predispor o animal à vários sintomas. FuNçõES Essas vitaminas estão envolvidas com as coenzimas do metabolismo dos carboidratos, proteínas e gorduras. Asaúde e o funcionamento do tecido nervoso dependem do complexo B, especialmente da vitamina BJ (tiamina). O cresci- mento, apetite, formação das células do sangue e o bem estar geral são afetados adversamente pelas deficiências. Parece que os cavalos freqüentemente manifestam uma necessidade maior de vitamina B durante os meses frios do inverno e quando em treinamento. O estresse faz com que o organismo utilize mais energia, que é derivada do metabolismo dos carboidratos, proteinas e gorduras, utilizando, assim, mais vitamina B. SINTOMAS . Nervosismo excessivo, irritabilidade, aumento na sensibilidade da pele e edema nos membros são sintomas comuns. Sensibilidade no dorso e arrastar os membros posteriores são freqüentemente observados, mas podem ser relacio- nados com desequilíbrio Ca:P. Pouco apetite, anemia e fraqueza são outros sintomas. PREvENÇÃO E TRATAMENTO Bons pastos verdes e fenos de leguminosas são fontes naturais, mas a levedura oferece um suplemento muito bom de complexo B. Quatro collieres das de sopa cheias são dadas, por dia, na primeira semana; então, a dosagem é reduzida para duas collieres das de sopa cheias, por dia. Essa suplementação de levedura é continuada pelo tempo necessário para prevenir os sintomas de deficiência de vitamina B.Também se mostra útil para tomar os cavalos menos "saborosos" para os insetos, carrapatos e piollios. Vitamina D A vitamina D é muito importante para auxiliar na absorção de cálcio no trato gastrointestinal. As deficiências causam ossos fracos e raquitismo. Luz solar e feno de alfaia são fontes excelentes., Cavalos de corrida e outros cavalos mantidos em cocheiras por longos periados de tempo, sem acesso à luz solar, são os mais afetados. Suplementação excessiva de vitamina D deve ser evitada .N. do T. . A luz solar não pode ser considerada uma fonte de vitamina D, mas é essencial para sua fixação pelo organismo. Nutrição Eqüína 103 porque muita vitamina D pode ser tóxica e pode causar depósitos de cálcio anormais nos tecidos moles ou ósseos, o que pode ser uma causa fundamental de problemas como exostose interfalangeana, exostose da terceira falange e esparavões. Vitamina E A vitamina E, descoberta em 1922, tem passado por muitos debates sobre o seu valor e necessidade como suplemento na dieta. Como seu uso suplementar não foi claramente comprovado como tendo valor em qualquer área de atividade eqüina (incluindo a reprodução), e como o autor não está convencido do seu efeito terapêutico em doenças dos eqüinos, nenhuma recomendação especí- fica para seu uso ou suplementação é feita aqui. Essa situação pode mudar no futuro, quando soubermos mais a respeito. Suplementos Vitamínicos Na discu:.são geral sobre vitaminas, foi apontado que as deficiências vitamí- nicas mais importantes no cavalo são as de vitamina A e complexo B. Isso não quer dizer que as outras vitaminas conhecidas não são importantes para o cavalo, mas não é certo que as suas deficiências sejam um problema. Apesar do grande número de preparados vitamínícos comerciais para cavalos, no merca- do, o autor não conhece nenhum produto que possua, sozinho, altos níveis de todas as vitaminas particulares usadas terapeuticamente e para manutenção dos níveis. Na maioria das vezes, quando for necessário um suplemento de complexo B, deve ser dada a levedura. Quando comprado um preparado vitamínico geral, deve-se dar atenção especial para o conteúdo de vitamina A por 1/2 kg. Deve-se compará-Io com outros produtos com base na quantidade de vitamina A por 1/2 kg e na confiabilidade do fabricante. Possuir multivita- mínicos adicionais pode oferecer um "seguro nutricional". MINERAIS Os minerais são elementos inorgânicos que têm papel importante na química do organismo. São essenciais na formação do esqueleto, dentes e células sangüí- neas. São elementos constituintes necessários de muitas atividades bioquímicas complicadas, do metabolismo normal do corpo. Os minerais têm papéis impor- tantes no equilíbrio dos fluidos dos tecidos do corpo e na circulação de oxigênio na corrente sangüinea. Também são essenciais na formação das células sangüí- neas, atividade normal da tireóide e metabolismo muscular. Dos catorze minerais essenciais conhecidos, somente nove têm interesse prático para cavalos: cálcio, fósforo, sódio, cloreto, iodo, cobalto, cobre, ferro e magnésio. Deficiência de ferro e magnésio pode ser um problema nos potros em amamentação. SINTOMAS Os efeitos das deficiências de minerais são normalmente subclinicos, e não ~ãoreconhecidos ou atribuídos a deficiências específicas de minerais. Condições 104 Nucrição e Reprodução anormais, como anemia ou osteomalacia são associadas a desequilíbrios Ca:P. A deficiência de cálcio é rara no cavalo, porém, fenos plantados em solos pobres em fósforo podem não fornecer fósforo suficiente para as atividades normais do corpo. Quase todos os programas de suplementação de grãos previ- nem a ocorrência desse quadro. Uma ddiciência de fósforo longa e contínua pode causar enrijecimento das articulações, ossos fragéis, abortos, potros Ú'acos, fertilidade reduzida, apetite reduzido e menor eficiência na digestão. Deficiência de sal pode causar fadiga, baixo rendimento, pelagem ruim, perda de peso e produção, olhos baços, potros ú'acos e apetite anormal (por coisas estranhas como madeira, terra ou esterco). Problemas secundários na digestão podem ocorrer. O hábito de mascar madeira também está associado com tédio e irritação na boca causada por migração de larvas de mosca nos tecidos das bochechas e língua. Esses sintomas freqüentemente desaparecem com rapidez, assim que o sal é posto à disposição. Um cavalo normalmente necessita de 60 g a 90 g de sal por dia. As quantidades maiores são necessárias durante os meses mais quentes. Como regra geral, é melhor ter sempre sal à disposição do cavalo. Apesar de um pouco de sal poder melhorar o sabor do alimento, muito sal pode piorá-lo. Sal grosso para os cavalos é desejável, mas blocos de sal são satisfatórios. Blocos de sal com minerais estão disponíveis no mercado, mas são somente necessários em áreas com solos deficientes em minerais. O proprietário de cavalos deve sempre pedir ao veterinário local ou zootecnista recomendações específicas. Suplementos Minerais Comerciais Tomou-se popular, em algumas áreas, dar suplementos minerais ou vitamini co-minerais muito divulgados. Há não muito temPo, muitos compostos minerais comercializados para criações eram mal balanceados e causavam, por si só, muitos problemas, mas informações mais modernas corrigiram muitas dessas situações. Apesar dos suplementos vitaminicos serem definitivamente reco- mendados, suplementos minerais, que não uma fonte equilibrada de Ca:Pquando necessária, e um bloco de sal com minerais, são provavelmente desnecessários, exceto em áreas-problema. Deve-se notar que muitos rótulos de compostos comerciais Ú'eqüentemente têm longas listas de substâncias e vários ingredientes que são, na maioria das vezes, incluídos apenas para impressionar um provável comprador. São conhecidos no ramo como "lavagem visual". Peça novamente ao veterinário local ou zootecnista recotttendações específicas. Suplementos de ferro com vitamina B12e outras vitaminas do complexo Bsão ft'eqüentemente dados aos cavalos em treinamento devido à sua capacidade de "melhorar o sangue". Esses produtos têm, geralmente, seu valor. CARACTERÍSTICA DE ALGUNS ALIMENTOS COMUNS AuMENTOS COM MUITA ENERGIA Esses alimentos (farelo de linhaça, farelo de alfafa,milho, melaço) são especial- mente úteis durante tempo mo e para ganhar peso. Não são recomendados em grandes quantidades para cavalos que trabalham duro. Nutrição Eqüina 105 SUPLEMENTO DE PROTEÍNA Esses alimentos (farelo de caroço de algodão, farelo de linhaça,farelo de soja) são necessários para o crescimento, produção de leite e para balancear rações com fenos de baixa qualidade. AuMENTOS PEsADOS Uma ração de grão muito pesada pode causar problemas digestivos. Alimentos pesados são melhores quando dados junto com alimentos mais volumosos. Milho, cevada, farelo de caroço de algodão, farelo de linhaça e farelo de soja são alimentos pesados. AuMENTOS VOLUMOSOS Esses são úteis para serem usados com concentrados pesados. Aveia, polpa de beterraba e forragens são alimentos volumosos. AuMENTOS lAxANTES Os alimentos laxantes são úteis para éguas próximas do parto, logo após o parto, para prisão leve dos intestinos e para cavalos propensos a retenção de fezes. Trigo, farelo de linhaça, melaço e, às vezes, alfafasão alimentos laxantes. AuMENTOS QUE PRENDEM o INTEsTINO Esses alimentos podem ser úteis para os cavalos propensos à diarréia. Farelo de caroço de algodão e, às vezes, feno de aveia têm esse efeito. AuMENTOS COM DESEQUlÚBRIO CA: P Os alimentos comumente usados com desequilíbrio Ca:Psão: aveia, 1:3 (pode ser importante); cevada, 1:6 (pode ser importante); milho, 1:13 (pobre em ambos, não é provável que seja importante); trigo, 1:9 (pode ser muito impor- tante, se for usada grande quantidade); farelo de caroço de algodão, 1:4 (pode ser muito importante porque contém muito fósforo ). FONTES DE CÁLCIO Esses alimentos são normalmente necessários para compensar grande ingestão de fósforo em rações com muito grão. A razão Ca:P de várias fontes de cálcio 106 Nutrição t: Reprodução é: feno de alfafu, 7:1; polpa de beterraba, 6:1; melaço, 9:1; farinha de osso, 2:1; farinha de conchas, 2:1. BOAS FONTES DE VITAMINAS Boas fontes de vitamina A e complexo B são: milho, cenoura, feno de alfaia, pastos verdes (vitamina A); levedura, pastos verdes e grãos (complexo B). É mellior suplementar a dieta com preparados comerciais para garantir ingestão adequada dessas vitaminas. COMPARANDO ALIMENTOS COMERCIAIS (RAÇÕES) Tem se tomado comum comprar alimentos comerciais pré-preparados ou mi,sturados. Como as fórmulas exatas não são reveladas, o proprietário tem somente o rótulo do alimento para julgar seu valor relativo. É preciso crer que as companhias produzem um alimento nutricionalmente equilibrado. Os rótulos precisam ter o valor do conteúdo de proteína bruta, gordura bruta, fibra bruta, cinzas e minerais. O valor de proteína bruta é a mellior indicação do valor relativo do alimento. Seu custo por quilo deve ser usado para determinar se uma ração deve ser comprada ou não. Deve-se frisar que grãos embolorados ou defeituosos, e fenos embolorados ou com ervas daninhas, podendo conter capim rabo-de- raposa, não são boas compras por nenhum preço. Alimentos com valor de fibra bruta de 25% ou mais são forragens e devem ser comparados com outras forragens para determinar seu valor relativo com base na proteína bruta por quilo. Alimentos com um valor de fibra bruta de 10% ou menos são concentrados. As Tabelas 5.1 e 5.2 mostram comparações entre vários alimentos. Comparando Compostos Vitamínicos Como quase todos os compostos vitamínicos comerciais para cavalos não são bons suplementos de complexo B, seus valores relativos são baseados, mais eficientemente, no seu conteúdo de vitamina A (Tabela 5.3). Pode-se verificar prontamente na Tabela 5.3 que a Mistura 4 é, de longe, a mellior compra com base no conteúdo de vitamina A. Necessidades Alimentares dos Cavalos A ração é a quantidade total de alimentos ingerida por dia. O "Consellio Nacional de Pesquisa" estabeleceu as necessidades nutricionais dos cavalos para diferentes graus de atividade. As necessidades mudam dependendo de quais nutrientes adicionais são necessários para o organismo realizar as ativida- des dele exigidas. É muito importante que todas as necessidades nutricionais sejam preenchidas de modo a não causar perda de condição fisica ou possível Nutrição Eqiiin3 107 anormalidade. Se todas essas necessidades forem supridas a ração é considerada uma ração balanceada (Fig'!. 5.12, 5.13 e 5.14). A Tabela 5.5 é um quadro das necessidades importantes para um cavalo de 450 kg. Calculando a Ração Como pode ser notado, os cavalos são usados para propósitos diversos, neces- sitando de diferentes quantidades de nutrientes de diversas qualidades (Fig'!. 5.12,5.13 e 5.14). Usando-se: 1. o quadro de "Necessidades" (Tabela 5.5) baseado nas recomendações do "Conselho Nacional de Pesquisa", 2. o quadro de "Linhas gerais" (Tabela 5.11) 9ue reflete essas necessidades, e 3. o quadro "Valor dos alimentos" (Tabela 5.4). E possível calcular com acerto o valor nutritivo de uma dada ração, e criar, por tentativa e erro, uma ração que preencha as necessidades de cavalos usados para as várias atividades. ExEMPLO Usando as tabelas, podemos determinar a ração para um cavalo maduro, inativo, pesando 450 kg. Consultando a Tabela 5.11, descobrimos que esse cavalo deve apenas necessitar de aproximadamente 6,8 kg de feno bom. Consul- til) ~ ~ ~ 6,8 ,~ ~- Q 'IJ QJ = QJ 1i ::I 4,5 Z QJ ~ g ~ ~ 2 220 Kg Cavalo Égua no fim Cavalo de Cavalo Égua em desmamado inativo da prenhez 450 kg 450 kg lactação trabalho trabalho 7 2 leve médio ' . Baseadoem 6,8 kg de feno Figura 5.12 -Necessidades nutricionais dos eqüinos quanto ao TND. 4,5 3,6 3,6 Alfafa. 3,2 AveJa. I"Mesclado. (Capim. 108 Nutrição e Reprodução Cavalo Cavalo de inativo 450 kg trabalho leve 220 kg Cavalo de Égua no Égua em desmamado 450 kg fim da lactação trabalho prenhez médio 0,7 : 5 ~ 111 .~ 0,4 111 :ã ~ .S !!e CIo 0,2. 1.'3 Q ~ . Baseado em 6,Skg de feno Figura 5.13 . Necessidades nutricionais de Prot. Dig. dos eqüinos. 220 kg. Cavalo Égua no desmamado inativo fim da Cavalo de Cavalo de Égua em 450 kg 450 kg lactação 6,S 11,3 : !- 111 ,~ ~ 9,1 :a i ~. ~ Q ~ i .Baseado em 6,Skg de feno Figura 5.14 . Necessidades nutricionais de Energia Dig. dos eqüinos. I Alfafa. 0,6 0,59 ..r- 0,5- 0,43 0,4 ---I r Aveia.0,6 r.Mesclado. - .:L Capim. - -L-- prenhez o 12,7 1- .3 7,S 7,9 6,9 6,4 I'" AIfafa. ÇMesclado. It" Aveia. t..Capim Nutrição Eqüína 109 tando a Tabela 5.5, achamos que os valores são: 1ND 3-4; Prot. Dig. 0,27-0,36; DM 6-8; Ca 0,015 e P 0,015 (Ca:P 1:1). Vamos ver se apenas 6,8 kg de feno de aveia vão suprir essas necessidades. Podemos notar que essa ração é talvez apenas um pouco baixa em TND ou fósforo, mas não é provável que isso seja significativo. Se o feno fosse de muito baixa qualidade, suplementos adicionais seriam, então, necessários. O método de cálculo é O seguinte: como os valores do alimento estão em porcentagens, eles são transformados para sua forma decimal (por exemplo, 1ND 50,3% = 0,503). Esse número decimal multiplicado pela quantidade de alimento usado (em quilos) dá a quantidade de nutrientes na ração. Se fossemos dar uma ração de feno de alfafa e feno de aveia, meio a meio, o cálculo seria o seguinte: 1ND 0,463 x 6,8 = 3,184 1ND = 3,18 Prot. Dig. 0,045 x 6,8 = 0,306 Prot. Dig. = 0,31 DM 0,881 x 6,8 = 5,99 DM = 6,0 Ca 0,0022 x 6,8 = 0,01496 Ca = 0,015 P 0,0017 x 6,8 =0,01l56 P = 0,012 Ca:P 0,015 -;-0,012 = 1,25 Ca:P = 1,3:1 Valores nutrientes do feno de aveia: TND 46,3; Prot. Dig. 4,5; DM 88,1; Ca 0,22; P 0,17 TND Prat. Dig. DM Ca P Ca:P Necessidades 3-4 0,27-0,36 6-8 0,015 0,015 1:1 Quantidade ernkg Alimento 6,8 Feno de aveia 3,18 0,31 6,0 0,015 0,012 1,3:1 Feno de alfu& -1ND 50,3; Prot. Dig. 10,6; DM 90,5; Ca 1,43; P 0,21 Feno de aveia -TND 46,3; Prot. Dig. 4,5; DM 88,1; Ca 0,22; P 0,17 TND Prat. Dig. DM Ca P Ca:P Necessidades 3-4 0,27-0,36 6-8 0,015 0,015 1:1 Quantidade ernkg Alimento 3,4 Feno de altafa 1,7 0,36 3,1 0,05 0,007 6,9:1 3,4 Feno de aveia 1,6 0,15 3,0 0,008 0,006 1,3:1 Q,8 Total 3,3 0,51 6,1 0,058 0,013 4,4:1 110 Nutrição e Reprcxlução Feno de alJilJá 1ND 9,503x 3,4 = 1,71116 1ND = 1,7 Prat. Dig. 0,106 x 3,4 = 0,3606 Prat. Dig. = 0,36 DM 0,905 x 3,4 = 3,078 DM'= 3,1 Ca 0,0143 x 3,4 = 0,0486 Ca = 0,05 P 0,0021 x 3,4 = 0,00714 P = 0,007 Ca:P 0,05 + 0,007= 6,942 Ca;P = 6,9:1 Feno de aveia TND 0,463 x 3,4 = 1,575 1ND = 1,6 Prat. Dig. 0,045 x 3,4 =0,153 Prat. Dig. = 0,15 DM 0,881 x 3,4 = 2,997 DM = 3,0 Ca 0,0022 x 3,4 = 0,00748 Ca = 0,008 PO,0017x 3,4 = 0,00578 P = 0,006 Ca:P 0,008 + 0,006 = 1,33... Ca:P = 1,3:1 DESEQUILÍBRIO CÁLCIO-FÓSFORO Alguns dos problemas nutricionais mais comumente reconhecidos são os causados por desequilíbrio Ca:P. A razão da ingestão de cálcio em relação à de fósforo é especialmente crítica no cavalo. Idealmente, essa razão deveria ser de 1 ou 2 partes de cálcio para uma de fósforo (por exemplo: 1:1 ou 2:1). A maioria dos problemas parecem ocorrer quando há um excesso de fósforo e não um excesso de cálcio. Os estudos têm indicado que problemas clínicos podem ocorrer com um desequilíbrio tão pequeno quanto 1:1,4 e que 1:1,6 faz com que problemas ocorram rapidamente. Apesar dos cavalos poderem tolerar bem uma grande ingestão de cálcio com uma Ca:P de 4:1 ou mais, altos níveis de quantidade de ambos, cálcio e fósforo, podem ser nocivos. Um ingestão de altos níveis de cálcio e fósforo num estudo realizado com éguas prenhas resultou num aumento da taxa de abortos, redução do peso dos potros ao nascer e aumento da incidência de desenvolvimento ósseo anormal nos potros. SINTOMAS Alterações Ósseas. Os potros são especialmente afetados porque 90% do seu esqueleto ósseo é composto de cálcio e fósforo. Os desequilíbrios resultam em juntas aumentadas, inflamação do centro de crescimento dos ossos (epifisite), articulações doloridas, membros tortos e, ocasionalmente, uma fratura nas epífises enfraquecidas. Excesso de fósforo na dieta de éguas prenhes pode causar danos ao potro, que não podem ser corrigidos após o nascimento. Esses potros nunca amadurecem normalmente. Cavalos adultos podem desenvolver uma desmineralização ou amolecimento dos ossos (osteo- matacia). Uma condição conhecida como "cara inchada" pode ocorrer, mas é incomum.. Razões Ca:P anormais podem estar envolvidas com depósitos .N. do T. - Pode ocorrer em cavalos qQe se alimentam somente de Brachiária humidícula. Nutrição Eqüina 111 de cálcio anormais resultando em problemas como exostose interfalangeana, exostose da terceira falange e espavarão duro. Artrite degenerativa, ataxia dos posteriores e doença do navicular podem ser predispostas por esse desequilíbrio nutricional. Problemas Musculares. A história completa das "irritações no dorso" ou miosites lombares não é entendida claramente. As irritações no dorso são evidentes quando se põe a sela no animal e ele recua e se encolhe, abaixando-se. Casos menos óbvios podem ser detectados aplicando-se uma pressão razoável quando correndo o polegar e o indicador ao longo do dorso, sobre a área do lombo. Os músculos vão tremer e o cavalo vai ter uma tendência a se abaixar. Sensibilidade em toda a pele quando escovado freqüentemente acom- panha esse problema. Essa condição pode facilmente ser produzida dando-se ao cavalo uma ração de feno de capim de baixa qualidade ou feno de grão, acompanhada por ração substancial de aveia, cevada, milho, trigo ou combi- nações desses grãos. Essa dieta tem uma razão Ca:P muito ruim, pois, é bem alta em fósforo e pobre em cálcio. A despeito do nosso conhecimento básico desse problema, muito freqüentem ente observamos cavalos com sensibilidade no dorso e que recebem a ração mais balanceada que somos capazes de produzir. Se isso for um problema persistente em um dado animal, representa uma enfer- midade que vai interferir com a utilização do animal. A Tabela 5.7 mostra misturas de grãos típicas que possuem desequilíbrio na razão Ca:P e as Tabelas 5.8 a 5.10 mostram rações de grãos balanceadas para cavalos em várias condições de uso e clima. ALIMENTOS GRANULADOS A granulação de alimentos para todos os tipos de criação tem se tornado popular nos últimos anos. Os prós e contras dos alimentos granulados para cavalos são os seguintes: VANTAGENS I. Facilidade de armazenar e manusear 2. Fazem menos pó 3. Facilidade em incorporar suplemento vitamínico 4. Menos desperdício DESVANTAGENS 1.Relativamente mais caros 2. Predispõe os cavalos a mascar madeira 3. Pedaços muito pequenos ( I cm ou menos) freqüentemente causam engasgos 4. Não se pode julgar a qualidade do alimento que foi granulado 112 Nutrição e Reprodução Deve-se pesar essas características para determinar se os alimentos granulados podem se encaixar num programa alimentar específico.. ANTIBIÓTICOS NA RAÇÃO o uso de baixos níveis de antibióticos na ração de porcos e aves domésticas tem freqüentemente resultado em aumento no ganho de peso. Resultados simi- lares têm sido conseguidos, com fregüência, com bezerros. Isso é devido prova- velmente ao efeito dos antibióticos, que previnem pequenas infecções. Esses resultados não foram observados ao dar-se quantidades diárias de até 200 mg de cloridrato de oxitetraciclina (Henricson, H., 1960). Mais importante ainda são as descobertas dos pesquisadores britânicos liderados pelo professor M. M.Swann (The Swann Report, 1971) na Inglaterra, que descobriram que dando baixos níveis de antibióticos às criações pode, na realidade, criar um problema de saúde pública, causando o desenvolvimento de bactérias resistentes que podem ser patogênicas para o homem. Esses pesquisadores demonstraram que pode ser possível que cepas resistentes não patogênicas mutem para patogênicas altamente perigosas. Devido a esses achados e à falta de evidência que dar antibióticos na alimentação dos cavalos tem qualquer efeito benéfico, o seu uso não é recomendado e deve ser desencorajado. O autor também obteve baixa resposta terapêutica ao uso de oxitetraciclina em cavalos com infecções respiratórias graves que haviam sido alimentados com ração contendo baixos níveis desse antibiótico. ENERGIA E NECESSIDADES DE GRÃo PARA O TRABALHO Como um automóvel precisa de gasolina para funcionar, o cavalo precisa de combustível para trabalhar. O tipo de trabalho exigido do animal tem um efeito geral na sua longevidade. Quanto mais duro for o trabalho que ele realiza, maiores serão suas necessidades alimentares. Foram estabelecidas pelas pesquisas, as quantidades de energia usadas durante vários tipos de atividades dos cavalos. Expressamos essas necessidades em termos de megacalorias por hora por quilo (Mcal!hlkg). Fica mais fácil de se discutir e entender quando convertemos isso por quilos aproximados de grão necessários por hora de atividade. A Tabela 5.13 indica a quantidade aproximada de grão balanceado necessário para suplementar uma boa ração de feno para suprir as necessidades energéticas para essas atividades. Apesar dos valores da Tabela 5.13 representarem uma relação entre energia usada e quantidade de grão utilizado por hora de trabalho, o total final de grão necessário para um dia de trabalho ou período de treinamento não pode ser calculado com base na soma total das quantidades de tempo gastas em cada andadura. Alguns cavalos estão em melhor condição que outros, e portanto, usam sua energia com mais eficiência. A quantidade final de grão necessária Os waJ"en (cubos) de feno de alfaia parecem muito bolÚtos e possuem todas as vantagens descritas para os granulados, apesar de alguns serem dificeis de partir. São freqüentemente um problema para cavalos mais velhos com problemas dentários. O autor acha que as desvantagens são maiores que as vantagens. Nutrição Eqüina 113 para um período de trabalho deve ser baseada numa classificação estimada e arbitrária do período total de trabalho, como leve, médio, pesado ou vigoroso. A Tabela 5.14 é um quadro que dá recomendações gerais. Essas são linhas gerais que ajudam os proprietários a não subalimentarem animais que trabalham. Cavalos magros, esgotados e descarnados não devem ser confundidos com animais "em forma". PROGRAMAS DE TRABALHO USUAIS E NECESSIDADES DE GRÃo Cavalode Equitação - Shows Trabalho de pista inclui trabalhar em cada andadura a fim de aperfeiçoá-Ias para shows ou competições; inclui, também, trabalhar as mudanças de uma andadura para outra.Trabalho individual compreende oito de conta, trabalhar trocas de pé simples, mudanças de pé ao tempo, mudanças de pé numa linha reta pelo centro do picadeiro, e assim por diante. Trabalho leve - 30 minutos Trabalho de pista - 15 minutos 5 minutos -passo 5 minutos -trote 5 minutos -meio galope Trabalho individual - 15 minutos 5 minutos -passo 5 minutos - trote 5 minutos -meio galope Total de grão - 30 minutos de trabalho leve: 450 g Trabalho médio - 60 minutos Trabalho de pista - 30 minutos 10 minutos -passo 10 minutos -trote 10 minutos -meio galope Trabalho individual -30 minutos 10 minutos -passo 10 minutos - trote 10 minutos -meio galope Total de grão para 60 minutos de trabalho médio: 1,4kg Salto o aquecimento deve compreender trote e meio galope. Os exercícios incluem: alto, espádua a dentro, recuar, saltar cavaletes a trote e a galope; a altura máxima para exercícios é de 1 metro. Trabalho leve - 30 minutos 15 minutos de aquecimento 114 Nutrição e Reprodução 10 minutos -trote 5 minutos -meio galope 15 minutos de exercícios 5 minutos -passo 5 minutos -trote 5 minutos -meio galope Total de grão: 450 g Excercício médio - 45 minutos 15 minutos de aquecimento 10 minutos - trote 5 minutos -meio galope 30 minutos de exercício 5 minutos -passo 15 minutos -trote 10 minutos -meio galope Total de grão: 900 g Trabalho pesado - 60 minutos 15 minutos de aquecimento 10 minutos -trote. 5 minutos -meio galope 45 minutos de exercício 10 minutos -passo 20 minutos - trote 15 minutos -meio galope Total de grão: 3,6 kg Condicionamento para Provas de Três Dias Trabalholeve - 20 minutos 10 minutos - trote 5 minutos - meio galope 5 minutos - trote Totalde grão: 230 g Trabalho médio - 30 minutos 10 minutos -trote 5 minutos -meio galope 10 minutos -trote 5 minutos -meio galope Total de grão: 900 g Trabalho pesado - 60 minutos 10 minutos -trote 10 minutos -meio galope 5 minutos - passo 10 minutos -trote 10 minutos -meio galope Nutrição Eqüina 115 5 minutos - passo 10 minutos - trote Total de grão: 3,6 kg Adestramento o aquecimento deve incluir trote e meio galope. O trabalho consiste em alongar o passo, espádua a dentro, altos, recuar, círculos,meiaspiruetas, e assimpor diante. ABAIXO DO TERCEIRO NÍVEL Trabalho leve - 30 minutos 10 minutos de aquecimento 5 minutos -trote 5 minutos -meio galope 20 minutos de adestramento 5 minutos -passo 10 minutos -trote 5 minutos -meio galope Total de grão: 450 g Trabalho médio - 45 minutos 15 minutos de aquecimento 10 minutos - trote 5 minutos -meio galope 30 minutos de adestramento 5 minutos -passo 15 minutos -trote 10 minutos -meio galope Total de grão:900 g Trabalho pesado - 60 minutos 15 minutos de aquecimento 10 minutos -trote 5 minutos -meio galope 45 minutos de adestramento 10 minutos -passo 20 minutos - trote 15 minutos -meio galope Total de grão: 3,6 kg NÍVEL TIffis E ACIMA Trabalho leve - 20 minutos 5 minutos de aquecimento 116 Nutrição e Reprodução 3 minutos -trote 2 minutos-meio galope 15 minutos de adestramento 5 minutos -passo 5 minutos -trote 5 minutos -meio galope Total de grão: 450 g Trabalho médio - 30 minutos 10 minutos de aquecimento 5 minutos -trote 5 minutos -meio galope 20 minutos de adestramento 5 minutos -passo 10 minutos -trote 5 minutos -meio galope Total de grão: 900 g Trabalho pesado - 45 minutos 15 minutos de aquecimento 10 minutos -trote 5 minutos -meio galope 30 minutos de adestramento 5 minutos -passo 15 minutos - trote 10 minutos - meio galope Total de grão: 2,7 kg JORNADAS DE RESISTÊNCIA Condicionamento Não há um único método de condicionamento apropriado, mas deve ser levado um período de, pelo menos, 8 a 12 semanas na preparação para uma jornada de resistência. Todos os animais devem ter, pelo menos, 5 anos de idade. O passo é uma andadura muito boa para o condicionamento, e deve constituir a maior parte de um programa de condicionamento. Os cavalos são freqüentemente trabalhados, no fm do programa, na areia da praia, para "melho- rar as pernas". Muitos também "nadam" para auxiliar o condicionamento dos músculos. Fazer com que os cavalos nadem é uma prática comum de condicio- namento. Uma fórmula geral de treinamento, como a seguinte, é comum ente usada, mas deve-se notar que variações no programa de treinamento ajudarão a man- tê-Io mais interessante para o cavalo e cavaleiro. Passo - 15 minutos Trote - 10 minutos Meio-galope - 5 minutos A duração do período de condicionamento é gradualmente aumentada. A Tabela 5.15 é um programa típico. Nutrição Eqüina 117 É sempre aconselhável fazer o cavalo passar por um exame fisico geral de um veterinário, antes de qualquer programa sério de treinamento. Controle parasitário apropriado, cuidados dentários e nutrição são especialmente impor- tantes para animais de resistência. Equilibrio Aquoso o requisito mais importante para um esforço físico prolongado é a manu- tenção de um equilíbrio aquoso apropriado no corpo. Apesar de um cavalo poder perder toda sua gordura e metade de sua proteína corporal a perda de apenas 12 a 15% do seu total de água corporal pode ser fatal. Para prevenir isso, durante um perí9do prolongado de atividade física, o cavalo deve ser encorajado a beber freqüentem ente toda a água que quiser. Após atividade vigorosa, pode-se pennitir que o cavalo coma feno, porém, deve ser "esfriado" (deixado descansar por 60 a 90 minutos) antes de se pennitir que beba água fria à vontade. Pennitir que um cavalo "quente" beba uma quantidade ilimitada de água fria pode causar. aguamento (laminite) e, possivelmente, cólica. Se os bebedouros de uma jornada de resistência estão a mais de 2 horas de distância um do outro, especialmente se o tempo está quente, é aconselhável carregar de 4 a 8 litros de água com você e um balde dobrável para pennitir que o animal beba entre em um bebedouro e outro. Eletrólitos Durante atividade física vigorosa, os sais ou eletrólitos do corpo são perdidos no suor e na urina. Esses incluem quatro elementos importantes: sódio, potássio, cloreto e cálcio. A perda dos primeiros três desses elementos causa fraqueza muscular,. fadiga e um decréscimo no interesse por beber água. Durante uma jornada de resistência há um perda rotineira de eletrólitos, e ocorre uma desidra- tação. Para prevenir os efeitos nocivos que isso causa, eletrólitos devem ser fornecidos, e água oferecida freqüentemente. A quantidade de eletrólitos perdida varia sob diferentes condições e entre diferentes cavalos em condições similares. Como trabalho prolongado e vigo- roso resulta em perda de eletrólitos e dar eletrólitos não faz mal enquanto houver água disponível, é aconselhável dar eletrólitos a todos os cavalos que participam da jornada de resistência. Uma mistura de eletrólitos barata é a seguinte: três colheres de sopa de sal "Lite" e uma colher de sopa de pedra calcária em 4 litros de água. O sal "Lite" é um sal com pouco sódio que pode ser comprado nos armazéns ( americanos) e a pedra calcária é carbonato de cálcio e pode ser comprada na maioria das lojas de alimentos. Sessenta gramas dessa mistura podem ser adicionados à mesma quantidade de água, melaço ou xarope de maçã e coloca- dos no fundo ~a boca do animal, ou podem ser adicionados a um pouco de grão. Não ponha na água de beber porque isso pode reduzir seu consumo: Pode ser dado antes de cada jornada, a cada bebida de água e após a jornada. Apesar de ser aconselhável dar-se eletrólitos, a ingestão adequada de água é muito mais importante. 118 Nutrição e Reprodução v~ Outro problema que pode resultar na perda de eletrólitos são as chamadas "palpitações". Resulta do decréscimo do cálcio e/ou potássio plasmáticos. Isso causa um espasmo sincronizado do diafragma (Synchronized Diaphragmatic flutter - SDF).O cavalorepentinamente tem movimentos rítmicos dos tlancos e, às vezes, de uma pata traseira a cada batida do coração. Acredita-se que o nervo frênico, que vai para o diafragma, é irritado quando passa sobre o coração, resultando nesses espasmos. Essacondiçãofreqüentemente acompanha outros sintomas de exaustãoj cuidados veterinários são indicados. Treinamento de Cavalos de Um Ano de Idade No mundo das corridas, a distância é mais comumente usada como unidade de trabalho que o tempo. Regra geral, leva aproximadamente 3 meses de treina- mento básico fundamental ("doma") antes que um animal de um ano esteja pronto para os primeiros trabalhos na pista. Andar muito a passo é comumente usado no treinamento inicial e o animal normalmente anda de 3,2 a 4,8 km diariamente. Os galopes ou "corridas" lentas vão começar com 200 metros. Conforme o treinador decide que os cavalos jovens estão progredindo, os galopes vão se estender para distâncias maiores a cada 3 ou 4 dias. Um galope de 1600 m é feito diariamente. Os primeiros trabalhos de mais de 200 m vão durar aproximadamente 14 ou 15 s. Os animais sempre devem partir devagar. Esse passo se estende para 800 m e, então, gradualmente, a cada 3 ou 4 dias, até 1600 m. Os cavalos jovens devem ser constantemente examinados de perto em busca de qualquer evidência de manqueira ou machucaduras. A seguir vêm os trabalhos de 400 m em 25 ou 26 s com os 200-400 m seguintes mais lentos. Gradualmente" tempos menores para as mesmas distâncias são buscados. Treinando Cavalos de 2 Anos de Idade Cavalos jovens de 2 anos de idade são galopados por 800 m em 50 s para dar ao treinador uma chance de avaliar o animal. As primeiras corridas devem ter de 600 a 1100 m de distância. No fim do outono, um potro geralmente é corrido por uma distância de 1700 m. O animal é usualmente apenas trabalhado a todo galope até 7 ou 10 dias antes da corrida. Um ou dois dias antes da corrida, deixa-se o animal dar mais um rápido galope de 600 m. Cavalos mais velhos podem correr de 600 a 800 m, um ou dois dias antes da corrida para se manterem em forma. As quantidades de grão necessárias para essas atividades podem ser estimadas pelo quadro trabalho-grão, baseando-se as estimativas na intensidade do trabalho nos diferentes estágios de treinamento. Nutrição Eqüina 119 PROGRAMAS DE ALIMENTAÇÃO RECOMENDADOS Potro Recém-Nascido até a Desmama - 5 ou 6 Meses Nos primeiros seis. meses de vida, o potro cresce até 77% de sua altura e 44% de seu peso de adulto. Quando tiver 1 ano, deve ter alcançado 90% da sua altura e 60% do seu peso de adulto. Pode-se notar quão importante é esse período para um potro em crescimento. Em nenhuma outra época ele terá esse potencial de crescimento, e os estudos indicam que se esse poten- cial for inibido significativamente nessa época, ele nunca se desenvolverá com- pletamente (Figs. 5.15,5.16 e 5.17). Esse potencial de crescimento não pode ser suprido nem mesmo por uma égua que produza muito leite. O leite é pobre em ferro e em certos aminoácidos que são necessários para o crescimento. Quando o potro tiver apenas 3 semanas de idade, uma área onde ele possa comer à vontade, longe da mãe, deve estar disponível. Uma mistura bem equilibrada de grãos ricos em proteína (18 a 20% de proteína bruta) deve ser dada. Foi mostrado que rações de grão com menos de 16% de proteína bruta limitam o crescimento máximo. Como regra geral, o potro deve consumir 450 g de grão por mês de vida (por exemplo, um potro de 2 meses deve comer 900 g de grão). Essa ração de grão deve continuar a aumentar até que o potro esteja recebendo de 2,7 a 3,6 kg de grão por dia. É nivelada nessa quantidade, e a alimentação é mantida assim até a idade de 2 anos. Ajustes podem ser feitos dependendo de como o potro parece se desenvolver. Se um potro está em bom estado de saúde, não está anêmico ou muito parasitado, não deve ter problemas consumindo. Percentual da altura, medida da circunferência e peso do coração do adulto. Percentual do peso corporal do adulto 1 ano 2 anos 6 12 18 24 3 anos -+- 36 4 anos ~ 48 5 anos-I 60 IDADE EM MESES Figura 5.15 . Taxa de crescimento dos.eqüinos. 100% 90 180 8 -1-70 +60 ffi -1-50 I 40 Necessidades de proteína do potro 3 4 IDADE DO POTRO EM MESES 5 6 Figura 5.16 . Proteína digerívelnecessáriapara o potro e quantidade fomecida pelo leite de égua. MEGA CAL./DIA 9 Energia fumecida pelo leite da égua 17 15 13 li 7 5 3 1. 2 3 4 5 IDADE DO POTRO EM MESES (, Figura 5.17 . Energia degerível necessária para o potro e quantidade fomecida pelo leite da égua. 120 Nutrição e Reprodução GRAMAS LB.I DIA DIA 500 1,10 400 0,88 300+0,66 200 +0,44 100+0,22 I I 2 Nutrição Eqüina 121 essa quantidade de grão. Após a idade de 2 anos, uma mistura de grãos com de 12 a 14% de proteína bruta pode ser usada satisfatoriamente. O potro deve ter feno de alfafa e mistura de farelo de alfafa e melaço à vontade no seu cocho, juntamente com um suplemento de vitaminas. Um potro de 4 meses de idade deve receber, pelo menos 40000 unidades interna- cionais (DI) de vitamina A diariamente. A mistura de feno de alfafa e melaço possui alguns ingredientes não identificados que ajudam muito no crescimento e ganho de peso. A quantidade usual consumida por um potro de 4 meses de idade é de 1,4 a 2,3 kg. Em geral, como os cavalos são animais monogástricos, é melhor dividir a alimentação em duas ou três porções diárias; os cavalos fazem melhor uso do alimento dessa forma. Sal, água limpa e fresca, e minerais - quando neces- sários - d.evem estar sempre disponíveis à vontade. Blocos de sal com minerais são normalmente satisfatórios para esse uso. Uma área de alimentação para somente um potro deve ter, pelo menos, 3 x 3 m e ser muito maior se vários potros vão usá-Ia. Um método simples consiste em colocar uma tábua baixa na entrada de uma cocheiraO. Um canto de curral pode ser usado construindo-se duas cercas que quase se encontram, deixando uma passagem de aproximadamente 4S cm para a área de alimentação. Essa entrada torna impossível para a égua entrar e comer a comida dos potros. O cocho dessa área de alimentação deve ser colocado num canto que não permita ou encoraje a égua a tentar alcançá-Io por sobre ou sob a cerca. Se a comida parecer alcançável, muitas éguas irão agachar-se ou esticar-se sobre a cerca num esforço para alcançá-Ia. o Potro Órfão O primeiro leite da égua, o colostro, é rico em anticorpos e muito benéfico para dar resistência ao potro contra infecções bacterianas comuns. Se esse leite estiver disponível, deve ser dado, mas após 24 horas, como qualquer outro leite, ele tem somente valor nutricional. Uma fórmula de leite comum para potros órfãos é: 600 g de leite de vaca, 370 g de água (água de cal é desejável, pois, torna o leite de vaca mais facilmente digerível por potros jovens), e 4 colheres de sopa de xarope de milho (Karo ). Essa fórmula deve ser aquecida até a temperatura corpórea. O Foal-Iac" da Borden é um excelente substituto para o leite. O leite de cabra puro também pode ser usado satisfatoriamente. Uma égua mãe adotiva tornaria o problema de criar um potro órfão muito mais fácil. Comece a alimentar o potro com 6 a 8 horas, usando um bico de mamadeira numa garrafa de refrigerante ou recipiente similar. Deve-se tomar cuidado para não abrir um buraco muito grande no bico, o que deixaria o leite sair mais rápido que o potro poderia beber. Alimente o potro apenas enquanto ele estiver de pé ou deitado sobre o peito. Nunca o alimente enquanto ele estiver deitado de lado, posição em que tem dificuldade para engolir apropria- .N.do R. . De forma que o potro consiga passar por baixo da tábua e a égua não. ..N. do T. - Produto americano. 122 Nutrição e Reprodução damente (isso evita a possibilidade do leite ir para os pulmões). Alimente-o em intervalos de uma hora nos três primeiros dias (não alimentá-Io das 23:00 h às 6:00 h não lhe fará mal). O mais importante durante esse período noturno é manter o potro aquecido numa cocheira ou recinto apropriado com um aquecedor ou outras fontes de calor. Friagens, especialmente devido a ventos trios, são muito estressantes para qualquer animal recém-nascido. Após os três primeiros dias, o intervalo entre as mamadas pode ser de 2 horas durante o diae gradualmente se limitar a 4 mamadas por dia quando o potro tiver 1 mês de idade. Em média um potro precisa de 105 ml de leite por quilo de peso por dia (por exemplo, um potro de 40 kg deve receber 4,2 litros diariamente). Alguns potros consomem consideravelmente mais que isso. O potro deve ser ensinado a beber no balde o mais rápido possível. Após três semanas, o xarope de milho pode ser retirado da fórmula do leite. Se ocorrer diarréia, reduza o consumo de leite e use leite sem gordura na fórmula. A administração de 62,2 gramas de Koalinpectate, 3 vezes ao dia pode ser necessária por 1 ou 2 dias. Diarréia aquosa aguda acompanhada por perda do apetite deve receber atenção imediata do veterinário. Ao atingir 8 semanas, o leite líquido pode ser abandonado e uma quantidade equivalente de leite em pó pode ser adicionada ao grão. Dê bom feno de alfafa à vontade com mistura de farelo de alfaia e melaço. Um grão balanceado com 18 a 20% de proteína bruta deve ser dado tão cedo quanto possível, na quantidade de 450 g por mês de vida, como é feito com os outros potros. A lisina, um aminoácido essencial encontrado no leite, é necessária para um crescimento máximo; dessa forma, o leite em pó no grão pode ser muito útil. Como com todos os potros, um bom programa de vermifugação deve ser indicado na idade de 8 semanas e continuando como descrito na discussão sobre programa de controle parasitário. Éguas Prenhes Estudos recentes indicam que uma ração bem balanceada é muito importante no início da prenhez, porém, a quantidade total de comida:não aumenta significa- tivamente acima do necessário para um cavalo adulto inativo. Durante o último quarto da prenhez, o potro realiza 75% do seu crescimento. Uma fonte adequada de vitaminas (especialmente vitamina A - 35.000 a 50.000 UI/dia) é necessária para um crescimento adequado dos tendões e ossos do potro. Ração com excesso de fósforo pode causar efeitos nocivos nos ossos que podem fazer com que o potro nunca atinja maturidade apropriada. Como o conteúdo de vitamina A de um dado alimento não é confiável porque ela oxida rapidamente quando armazenada, é sempre inteligente dar um suplemento vitamínico no grão. Uma ração de 6,8kg de feno de boa qualidade (pelo menos metade de alfaia, é recomendada) com 0,9 a 1,8kg de grão de 12 a 14% de proteína bruta é normalmente adequada para suprir as necessidades nutricionais de uma égua prenhe. .N. do T. . Produto americano. Nutrição Eqüína 123 Um programa de vermifugação conscencioso deve ser parte dos cuidados básicos com uma égua prenhe, especialmente durante as 4 ou 6 semanas que antecedem o parto. Todos os potros comem esterco da égua, e tendo-se a égua tão livre de parasitas quanto possível, o potro tem melhores chances de se desenvolver, e pode-se prevenir casos precoces de diarréia no mesmo. Também é bom nivelar os dentes da égua e tê-Ia nas melhores condições possíveis na época do parto para ajudá-Ia a ter chances de produzir um potro saudável e um suprimento de leite adequado. Apesar de não ser aconselhável que a égua esteja excessivamente gorda na época do parto, isso raramente causa problemas. Cavalos Adultos Inativos o grão não é, na realidade, necessário para a maioria dos cavalos que são usados menos que uma hora por dia, porém, de 450 a 900 g de grão por dia lhes dá algo pelo que esperar. Dê aproximadamente 6,8 kg (dois cubos de 10 cm) de feno de boa qualidade por dia. O feno de alfafa é excelente para os cavalos, e é comumente usado como único feno. Alimentação com alfafa freqüentemente corrige os desequilíbrios de muitas rações de grão. Uma alimentação com alfafa e outra com aveia ou feno de boa qualidade acrescenta variedade à dieta do cavalo. Apesar de muitas áreas possuírem bom pasto que pode sustentar o cavalo muito bem, deve-se notar que quando o pasto se toma maduro e muito seco, seu valor nutricional (especialmente vitaminas e conteúdo protéico) é muito reduzido. Nesse época, a dieta do cavalo deve ser suplementada com alimento de boa qualidade. Mesmo que muitos animais se apresentem gordos quando se alimentando de pasto maduro e seco, isso não indica que estão bem nutridos. Estes pastos somente têm valor de carboi- drato. Muitos cavalos pioram rapidamente sua condição fisica quando passam todo o inverno nesses pastos. Esses animais estão em regime cte fome. Cavalos de Trabalho Leve a Vigoroso Esses cavalos devem receber de 1,8 a 5,4 kg de grão diariamente, mais 6,8 kg de feno. Feno meio alfafa, meio aveia, ou qualquer feno similar, é sufi- ciente. Alguns cavalos são mais dificeis de se manter que os outros e devem, portanto, ser alimentados de acordo. Veja Tabelas 5.13 e 5.14 para estimar as necessidades para várias quantidades de trabalho. Os garanhões são alimen- tados como os outros cavalos de trabalho. As quantidades totais variam de acordo com a freqüência do seu uso. Éguas em Lactação Muitas éguas boas em lactação vão produzir 18 kg (18,92 litros) de leite por dia - o mesmo que uma boa vaca leiteira. Muitos proprietários demasiado freqüentemente desconhecem as altas necessidades nutricionais que são indis- pensáveis para manter essa alta taxa de produção. Por isso, muitas éguas em 124 Nutrição e Reprodução lactação são muito subalimentadas e perdem muito peso e condição física. A ração de feno deve ser um fardo (com 1O a 13 cm de espessura) de fe- no de alfafa, duas vezes ao dia. Uma ração com metade de feno de aveia vai dar variedade à dieta e é satisfatória. Como há um aumento gradual na produção de leite que coincide com o crescimento do potro, a ração de grão é aumentada de acordo. Um programa adequado é o seguinte: Do parto às 4 primeiras semanas pós parto 0,9 -1,8 kg de grão por dia 2 meses após o parto 1,8 -2,7 kg de grão por dia 3 meses após o parto 2,7 -3,6 kg de grão por dia 4 meses após o parto 3,6 -4,5 kg de grão por dia 5 meses após o parto até a desmama 4,5 -5,4 kg de grão por dia Após a desmama, a égua é alimentada de acordo com as suas necessidades nessa época. Isso depende das suas atividades e da sua condição geral. Cavalos Abaixo do Peso Há um engano geral comum de se acreditar que muitos cavalos "são difíceis de manter" e nunca podem ser engordados. Isso é um caso muito raro, exceto por certos cavalos doentes. Quase todos os cavalos, apesar de sua idade, podem ser mantidos em boas condições. Não se engane, novamente, com um cavalo "barrigudo". Cavalos magros têm, caracteristicamente, pouca ou nenhuma gor- dura sobre a cernelha, costelas ou sobre a garupa (pelve). Esses animais normal- mente têm uma pelagem longa e seca, gordurosa na sua base. Essa pelagem longa pode cobrir as costelas tomando difícil notar-se quão magro o cavalo realmente é. Esse animal decididamente precisa de ajuda, e uma dieta de engorda específica é necessária para que ele retome à sua condição geral apropriada num período de tempo razoavelmente curto. Primeiro, é necessário que o animal seja tratado para eliminar seus parasitas internos e externos. O cavalo deve também ter seus dentes nivelados. Uma dieta de engorda comum é: 1.Um fardo (de 10 cm de espessura, aproximadamente 3,6 kg) de alfaia, duas vezes ao dia. (Feno de aveia de boa qualidade, uma das vezes, é aceitável). 2. De 1,5 a 2,0 kg de uma mistura bem balanceada de grãos. 3. Um balde (12 litros) de farelo de alfaia e melaço, uma ou duas vezes ao dia. 4. Um bom suplemento vitamínico, uma vez ao dia. Com essa dieta, quase todos os cavalos vão engordar e recuperar uma condi- ção geral boa em 6 ou 8 semanas. A dieta pode, então, ser consideravelmente reduzida para ir de encontro às novas necessidades de manutenção e trabalho do cavalo. Deve-se enfatizar que, para prevenir problemas digestivos, uma mu- dança no programa alimentar deve ser feita ao longo de um período de 4 a 7 dias. Uma dieta de engorda alternativa muito satisfatória e segura é a mesma ração de feno mencionada na dieta anterior, porém, com terço ou metade do grão sugerido e farelo de alfaia com melaço à vontade (isto é, coloque um tambor grande cheio defarelo de alfaia com melaço com o cavalo, deixan- do-o, deste modo, comer o quanto quiser). Como isso é somente feno regado com me'\aço, é seguro dá-10dessa maneira.. Cavalos magros normalmente co- Nutrição Eqüína 125 mem em tomo de 45 kg nos primeiros 3 dias e começam, então, a normalizar a quantidade que comem. Não é preciso dizer que cavalos em qualquer dessas dietas especiais precisam ser alimentados sozinhos. Uma razão comum para cavalos magros, além de não receberem alimento suficiente, é a presença de cavalos mais agressivos, no mesmo pasto, que o impedem de ganhar sua ração diária. Cavalos nessa dieta ganham vigor muito rapidamente e, freqüentemente estão de novo em boas condições em apenas 3 semanas. Muitos cavalos velhos com dentes ruins são mantidos nessa ração o tempo todo. Deve-se notar que essa dieta de engorda alternativa é melhor utilizada para aqueles cavalos que se tomam muito inquietos e nervosos em rações com muito grão. Deve-se frisar novamente que apenas alimento de boa qualidade deve ser dado aos cavalos; alimentos estragados podem causar problemas digestivos agudos e cólica grave (Fig. 5.17A). Cavalos com Excesso de Peso Cavalos excessivamente gordos são geralmente problema mais dificil de lidar. Alguns cavalos, especialmente põneis árabes e morgans são muito fáceis de manter e freqüentem ente parece que é necessário quase matá-Ios de fome para que atinjam um peso "normal". Muitos cavalos têm realmente hipotireoi- dismo, sendo aconselhável que um veterinário os examine se houver suspeita Figuras 5.17A - A alimentação incorreta dos cavalos causa indigestão aguda e cólica, se não causar também aguamento. .É claro que o grão nunca pode ser dado à vontade para os cavalos.
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