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Aula 1 Humberto Azzi 3P - Medicina FCMS/JF Suporte Básico da Vida Anatomicamente, temos a Laringe e tudo que está acima dela é considerado Via Aérea Superior e abaixo dela Via Aérea Inferior. Quando fazemos ingestão de alimentos líquidos/sólidos ou corpos estranhos o caminho se dá na seguinte sequencia: Cavidade Oral > Orofaringe > Fecha-se a Epiglote > Alimento vem para o Esôfago > Estômago. Se o alimento não fizer o trajeto corretamente o que pode acontecer? O alimento toma o caminho inadequado, deslocando-se para a via aérea superior e também pode chegar até a via aérea inferior. Normalmente, o alimento fica preso na via aérea superior configurando o quadro de obstrução das vias aéreas superiores. O que pode ser um grande risco para o paciente, uma vez que caso todo esse caminho de entrada de ar para os 2 pulmões estiver obstruído, nós não vamos obter a troca gasosa em nenhum dos 2 pulmões. E é exatamente quando isso acontece que precisamos tomar algumas providencias. Quando isso pode acontecer? Pode acontecer quando qualquer indivíduo saudável estiver ingerindo o alimento e, por algum motivo, se engasga. O primeiro sinal que o individuo apresenta é a Tosse. Esse fato também pode acontecer com pessoas que possuem maior vulnerabilidade para engasgos, por exemplo, idosos que já possuem os reflexos já diminuídos ou que já sofreram AVC e que possuem um comprometimento no processo de deglutição. Estes são indivíduos que estão mais propícios a sofrerem engasgos. As crianças muito pequenas, principalmente abaixo dos 4 anos e fundamentalmente abaixo dos 2 anos de idade, não possuem todos esses reflexos muito bem estruturados, portanto, se engasgam com facilidade. Por esse motivo, é recomendado com que não seja oferecido alimentos sólidos muito duros à crianças abaixo dos 4 anos de idade, por exemplo: balas, pipocas. Porque a criança pode, por algum motivo no processo de deglutição, se engasgar e esse alimento ao invés de seguir o trajeto correto, ele vai tentar chegar a via aérea inferior. Mas, antes de tentar chegar a via aérea inferior, ele poderá obstruir as vias aéreas superiores. Essa obstrução trás um problema grave, porque esse fenômeno irá impedir com que o ar chegue até os 2 pulmões. Nesse caso temos que tomar algumas providencias em prol da reversão deste quadro. Quando um indivíduo sofrer alguma obstrução, o primeiro sinal é a Tosse. E, na maioria das vezes, com a tosse o indivíduo irá se libertar daquele desconforto, pois a maioria das pessoas apresentam reflexos estáveis que funcionam perfeitamente. Em circunstancias que você tenha um corpo estranho muito grande ou que seus reflexos estejam diminuídos por múltiplos motivos aos quais foram citados anteriormente, isso pode ser que não funcione adequadamente podendo fazer com que a obstrução evolua para uma obstrução grave das vias aéreas superiores. O interessante é que quando o indivíduo evolui para obstrução grave das vias superiores, ele apresenta sinais, além da tosse, como: palidez cutânea (pele esbranquiçada), cianose (pele arroxeada) num quadro mais grave da obstrução, tosse disfônica (tosse rouca), tosse afônica (tosse sem som), agitação pela falta de oxigênio, dispneia (dificuldade para respirar) e estridor (esforço grande para respirar/ esforço inspiratório). Esses 8 sinais denotam que a obstrução é grave. Caso um indivíduo tenha uma obstrução leve das vias superiores não é necessário tomar alguma atitude (a não ser estimulá-la a tossir), como “tapinha nas costas” ou oferecer água. Isso poderá atrapalhar o processo natural de desobstrução leve por conta de um engasgo, causando uma competição desta com os reflexos naturais. É necessário tomarmos alguma providencia quando o indivíduo possua uma obstrução grave, observada pelos sinais citados anteriormente. São eles, além da tosse: palidez cutânea, cianose, tosse disfônica, tosse afônica, agitação, dispneia e estridor. Além desses sinais, o paciente pode apresentar um sinal universal (desconsiderando Aula 1 Humberto Azzi 3P - Medicina FCMS/JF bebês, não crianças) que é o ato de mostrar onde está o engasgo, a pessoa aponta onde está o problema. Possuímos 2 tipos de obstrução. Uma para bebês ou crianças menores (de colo) e uma desobstrução para crianças maiores e adultos (manobra de Heimlich). Caso Clínico: Criança de 1 ano e Meio brincando com o irmão pequeno pegou um brinquedinho do irmão e colocou na boca. A criança começou a tossir, o que se deve fazer? R-> Primeiramente estimularemos a criança a tossir, mantendo-se ao lado dela incentivando-a e observando-a. Se a criança consegue entender o que estou dizendo, mantenho-me dizendo para que ela tussa e conforto-a dizendo que estou presente, mantendo a observação. Caso a criança passe a apresentar um dos sinais ditos anteriormente, por exemplo tosse disfônica e palidez, precisaremos tomar uma atitude nessa circunstancia: Sentar-se, pôr o bebê sobre um dos antebraços, estando esse apoiado sobre a coxa, posicionando a mão próxima ao mento, com os dedos próximos às clavículas e fúrcula. Realizar uma inclinação de maneira que a cabeça fique em nível inferior aos membros. Realizar 5 golpes com a região hipotênar entre as escápulas, virar o bebê e realizar 5 compressões torácicas na região intermamilar. Repetir o procedimento até perda de consciência ou expelir o corpo estranho. Caso Clínico: Festa de aniversário, Junior está na festa e coloca um docinho na boca e foi brincar. De repente, Junior engasgou-se e começou a Tossir Muito. O que fazer? R-> Primeiramente não se deve fazer nada, apenas estimular Júnior a tossir e confortá-lo dizendo que estou presente. Em nenhuma hipótese deve-se dar algo para Júnior beber. Devemos deixá-lo tossindo para que ele use os próprios mecanismos de defesa a qual possui. Na maioria das vezes, o indivíduo irá expelir o alimento. Caso o alimento não seja expelido o indivíduo apresentará algum dos sinais ditos anteriormente de obstrução grave da via aérea superior: palidez cutânea, cianose, tosse disfônica, tosse afônica, agitação, dispneia, estridor e o sinal universal (apontar onde está o problema) pois Júnior já é maior. Fazer a manobra de Heimlich. Manobra de Heimlich: Posicionar-se por trás do paciente, com um pé ao lado e o outro ligeiramente entre os pés do mesmo, com os braços a envolver o abdômen da vítima à altura da crista ilíaca. Posicionar uma das mãos fechadas, com a face do polegar encostada na parede abdominal, entre o apêndice xifoide e a cicatriz umbilical. Com a outra mão espalmada sobre a primeira, comprimir o abdome em movimentos rápidos, direcionados para dentro e para cima (em J). Repetira a manobra até a desobstrução ou o paciente ficar inconsciente. Efetuar 5 compressões abdominais, em J, de modo a aumentar a pressão torácica, que irá expulsar o objeto. Obs: Se a pessoa não consegue ficar em pé, a manobra pode ser aplicada com ela sentada ou deitada. Em pacientes obesos/grávidas: É necessário colocar o paciente deitado para fazer a manobra. Posição a cavaleiro. Aula 1 Humberto Azzi 3P - Medicina FCMS/JF Joelhos próximos ao quadril, segurando a pessoa. Posicionar as mãos abaixo do apêndice xifóide com a região hipotenar da mão. Realizar as compressões abdominais em J. Verificar se o objeto foi expulso. Essa manobra deve ser feita até o paciente sair do engasgo ou ficar inconsciente. Se o paciente ficar inconsciente partimos para RCP.
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