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SEMIOLOGIA DO SISTEMA DIGESTÓRIO O aparelho digestivo compreende todo o tubo digestivo (boca ao ânus). Devemos estar sempre atentos aos antecedentes médicos pessoais e familiares, além dos fatores socioeconômicos do paciente. ANAMNESE É importante se atentar aos antecedentes médicos tantos pessoais como familiares, assim como os fatores socioeconômicos. Gênero: existem doenças que ocorrem mais em determinado sexo Idade: existe incidência de certas doenças em diferentes grupos etários Raça: Por exemplo, deficiência seletiva da lactase intestinal atinge a quase totalidade dos orientais e dos negros e mais da metade das pessoas de origem árabe Naturalidade e procedência: atenção para áreas endêmicas de doenças infecciosas e parasitárias Profissão Fazer referência a intervenções cirúrgicas ou encontro de incisões abdominais no exame físico, o que obrigam o médico a indagar sobre o tipo de operação, manifestações clínicas que a motivaram e os achados cirúrgicos. SEMIOLOGIA DA CAVIDADE ORAL Queixas mais relevantes na semiologia da cavidade oral – características e causas. 1- Dor: problemas dentários, gengivais e mucosites, que podem ser devido a problemas imunológicos e infecções por fungos. 2- Halitose (mau hálito): pode ser decorrente à higiene oral; abcessos dentários, tabagismo, boca seca (agravada pelo estresse) 3- Sialorréia/ Ptialismo: secreção excessiva de saliva, causada por infecções na cavidade oral, refluxo gastresofágico, uso de medicamento (calmantes); pode ser temporária ou crônica 4- Xerostomia – Hipossialia (boca seca): é hipossalivação, causada pela atrofia das glândulas salivares, desidratação, infecções, uso de medicamentos (P.ex diuréticos). 5- Língua saburrosa: linha branca 6- Língua geográfica SEMIOLOGIA - ESÔFAGO Discorra sobre os principais sintomas e suas principais causas. 1- Disfagia: dificuldade de deglutição causada por obstáculos mecânicos ou alteração da motilidade esofágica; pode ser disfagia para líquidos ou completa (não deglute nada); normalmente é progressiva (evolui). Pode ser causada por câncer de esôfago, que causa espessamento das paredes. 2- Odinofagia: dor à deglutição; uma das principais causas é a ulceração medicamentosa 3- Pirose retroesternal: sensação de queimação; é uma dor retroesternal e percebida no nível do apêndice xifoide, podendo se propagar para a região epigástrica ou para cima; pode estar associada à esofagite (inflamação). 4- Regurgitação: refluxo do alimento do esôfago para boca; não há náuseas e nem participação dos músculos abdominais. 5- Eructações: exteriorização de gases pela boca (arroto) 6- Soluços: causado por contrações clínicas do diafragma e pode ter diversas causas, tais como doenças do sistema nervoso central, irritação do nervo frênico ou do diafragma 7. Sialorreia ou ptialismo 8. Hematêmese: vômito de sangue 9. Dor SEMIOLOGIA – ESTÔMAGO E DUODENO Principais sintomas e suas principais causas. 1- Dor: analisar intensidade, tipo, a ritmicidade e periodicidade. Quanto a ritmicidade temos: Dor em 4 tempos: paciente está bem, come, dói e passa -> indica úlcera duodenal Dor em 3 tempos: dói, come e passa -> indica úlcera gástrica 2- Náuseas e Vômitos: manifestações comuns da doença do estomago e duodeno; são muito associadas às gastrites; quantidades elevadas de bile no vomito sugere obstrução intestinal alta; podem ter origem extra- digestiva. Importante saber se o vômito é em jato, pois isso indica um alteração no SNC. Varizes esofagianas: causam sangramento 3- Dispepsia: desconforto abdominal (epigástrico) 4- Pirose 5- Hemorragia (Hematêmese Ou Melena) SEMIOLOGIA – INTESTINO DELGADO Principais sintomas observados na anamnese do Intestino Delgado: 1- Diarreia: aumento do teor líquido das fezes, frequentemente associado ao número das evacuações e do volume fecal em 24 horas. 2- Esteatorréia: aumento da quantidade de gordura nas fezes 3- Dor: investigar a localização, característica (pontada, cólica, queimação), periodicidade, fatores de melhora e piora (posição ou alimento) 4- Distensão abdominal (flatulência ou dispepsia) 5- Hemorragia digestiva: surge quando aparece sangramento em algum local, podendo ser de 2 tipos: HD alta: manifesta através de melena (fezes como “borra de café”) com odor forte; HD baixa: manifesta-se por hematoquezia (fezes com sangue vivo). Pode ser causada por hemorroidas, retocolite ulcerativa; etc. 6- Febre 7- Perda de peso 8- Anemia 9- Edema 10- Manifestações De Carências Nutricionais Específicas 11- Insuficiência Endócrina Abdome agudo -> dor abdominal aguda e repentina, tendo como causas, por exemplo: Hérnia aguda: pode impedir a passagem do bolo fecal, causando abdome agudo obstrutivo Perfurativo: perfura a parede abdominal Infarto intestinal: é a trombose da artéria mesentérica Gravidez tubaria rota: feto cresce na tuba, a qual sofre rompimento SEMIOLOGIA - CÓLON, RETO E ÂNUS Principais sinais e sintomas da semiologia do colons, reto e ânus e suas principais causas. 1- Dor: localização, característica (pontada, cólica, queimação), periodicidade e fatores de melhoras e piora Gastrite -> leva à dor 2- Diarreia: Pode ser alta (grande volume, pequeno nº de evacuações, fezes pastosas e sem pus/muco) ou baixa (pequeno volume, grande nº, fezes aquosas, dor abdominal tipo cólica, pode ter sangue/muco/pus). A investigação da diarreia segue o seguintes pontos: Início e duração; número de evacuações; quantidade de fezes Aspecto geral das fezes: consistência, coloração, presença de gordura/ restos alimentares; odor; presença de muco, pus ou sangue Sintomas constitucionais: febre, anemia, dor, emagrecimento Doenças associadas: por exemplo cólon irritável Uso de medicamentos, laxativos (principalmente em jovens) e drogas Viagens; investigação social e de hábitos alimentares Antecedente familiar -> se alguém da família também está com diarreia (indica alimento contaminado) 3- Desinteria: inflamação do intestino com sangue na diarreia 4- Obstipação Intestinal 6- Sangramento Anal – Hematoquezia 8- Prurido Anal 9- Distensão Abdominal 10- Náuseas e Vômitos: frequência, quantidade, conteúdo, vômito em jato. Podem ser decorrentes de problema gástrico, neurológico, gravidez. 11- Anemia Crônica e Perda De Peso SEMIOLOGIA DO SISTEMA DIGESTÓRIO EXAME FÍSICO DO ABDÔMEN Divisão topográfica do abdome INSPEÇÃO Precisa de uma iluminação adequada, desnudamento da área corporal e conhecimento das características normais A inspeção se inicia desde o momento que o paciente entra na sala Investigação da forma e volume do abdome; cicatriz umbilical; abaulamentos ou retrações localizadas; veias superficiais, cicatrizes da parede abdominal, movimentos Analisa fácies atípicas, lesões de pele, circulação colateral, nutrição, edemas, forma do abdome, eritema palmar, icterícia, flapping Formas e volume do abdômen Vai variar de acordo com a idade, sexo e o estado de nutrição Abdome atípico ou normal: simétrico e levemente abaulado Abdome globoso e protuberante: é globalmente aumentado; pode ser observado em gravidez avançada, ascite, distensão gasosa, obstrução intestinal, tumores. Indica insuficiência hepática grave Podem ocorrer devido a problemas no pulmão (p.ex derrame pleural) Abdome em ventre batráquio: quando o paciente está em decúbito dorsal, observa-se o predomínio do diâmetro transversal; pode ser observado em ascite em fase de regressão -> esse tipo é consequência da pressão exercida pelo liquido sobre as paredes laterais do abdome. Abdome pendular ou ptótico: quando o paciente está de pé as vísceras pressionam a parteinferior da parede abdominal, produzindo no local uma protrusão; a causa mais comum é a flacidez do abdome. Abdome em avental: é encontrado em pessoas com obesidade de grau elevado, sendo consequência do acumulo de tecido gorduroso na parede abdominal. Abdome escavado (escafoide ou côncavo): parede abdominal retraída. Cicatriz umbilical: o normal é que a cicatriz umbilical seja plana ou levemente retraída Veias superficiais: padrão venoso normal é pouco perceptível, quando as mesmas se tornam visíveis tem-se a circulação colateral AUSCULTA Busca escutar os movimentos peristálticos (ruídos hidroaéreos) e sopros Informação sobre movimento de gases e líquidos no TGI Condições normais: ruídos de 5 a 10 segundos >> Localização variável e aparecimento imprevisível Em casos de diarreia e oclusão intestinal, os ruídos tornam-se mais intensos por conta do aumento do peristaltismo Existem 3 tipos de movimentos peristálticos: 1- Normoativos 2- Hipoativos: poucos ou nenhum ruído -> abdome agudo inflamatório grave 3- Hiperativos: muito ruído, devido a tentativa de ultrapassar os obstáculos -> diarreia ou abdome agudo obstrutivo ou inflamatórios iniciais PERCUSSÃO Paciente em decúbito dorsal; permite a delimitação da macicez hepática Timpanismo: indica ar dentro de uma víscera oca Hipertimpanismo: quantidade de ar excessiva Em Avental Escavado Abaulamento na cicatriz umbilical -> hérnia na cicatriz umbilical Submaciez: menor quantidade de ar ou superposição de uma víscera maciça sobre uma alça intestinal Macicez: ausência de ar 1. Delimitação da macicez hepática -> hepatimetria de 6 a 12 cm aima do rebordo costal direito 2. Exame de baço -> encontrar o espaço de Traube 3. Sinal de Giordano: percussão posterior dos flancos -> pode indicar infecção renal (trato urinário alto) Pesquisa de Ascite Permite pesquisa de ascite, que é a presença de líquido livre em cavidade abdominal a) Macicez móvel de decúbito: vira o paciente de lado b) Sinal do piparote com ou sem anteparo (mais utilizado): paciente coloca mão vertical no umbigo, para tirar a ondulação do tecido adiposa, permitindo sentir a ondulação se houver líquido abaixo do tecido adiposo c) Círculos de skoda: deita em decúbito dorsal e o liquido vai para lateral, então nas periferias é maciço e no centro timpânico d) Sinal da poça -> paciente de 4, percutir macicez no centro do abdômen PALPAÇÃO Busca avaliar o estado da parede abdominal, explorar a sensibilidade abdominal e reconhecer as condições anatômicas das vísceras e detectar alterações na consistência Realizada com o paciente em decúbito dorsal Buscar iniciar a palpação na parte que o paciente não referencia dor Em condições normais: não se diferencia estomago, duodeno, intestino delgado, vias biliares e colos ascendentes e descendentes >> O ceco, o transverso e o sigmoide são facilmente palpáveis Palpação superficial: investiga a sensibilidade, resistência da parede, continuidade da parede abdominal, pulsações e reflexo cutâneo-abdominal; sente apenas tecido subcutâneo, não aprofundando mais do que 5 cm Palpação profunda: investiga órgãos contidos na parede abdominal e eventuais “massas palpáveis” ou “tumorações”. A existência disso, faz o examinador analisar localização, forma, volume, sensibilidade (dor), consistência, mobilidade e pulsatilidade. Toque retal: paciente em decúbito lateral esquerdo com pernas fletidas (homem) ou posição litotomia (mulheres) Inspeciona fissuras, hemorroidas, ulceras, edemas Toque: massas, dor, palpação da próstata, hemorroidas internas Observar dedo de luva: sangue ou pus MANOBRAS ESPECIAIS Sinal de Murphy: dor no ponto cístico na inspeção (colecistite); pede pro paciente inspirar e expirar, aprofundando durante a expiração e observar se há dor Blumberg (o mais usado): aprofunda na fossa ilíaca calmamente e retira bruscamente, reclamando de dor intensa à descompressão (irritação peritoneal). Rovsing: descompressão dolorosa referida -> comprime o quadrante inferior esquerdo (QIE) e sente dor em QID (apendicite) PSOAS: levantar perna direita ou esticar perna direita (apendicite) -> o apêndice fica perto do músculo psoas, que participa da rotação interna da coxa Obturador (mais usado para apendicite): flexão e rotação interna da coxa direita (apendicite) Jobert: timpanismo na percussão da loja hepática (ruptura de víscera oca) Giordano: punho percussão lombar positiva (pielonefrite) -> punho percussão com força razoável Sinal de torris homini: dor a percussão da loja hepática (abcesso hepático) Hipertimpanismo: obstrução intestinal -> percussão em qualquer local do abdomen e reconhecer timpanismo e não macicez Blumberg Obturador
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