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ESTHER ANDRADE | TURMA 85 | Semiologia médica II SEMIOLOGIA DA BOCA ANAMNESE Alterações da gustação: Ageusia: perda total Parageusia: perversão ou distorção Halitose: odor bucal desagradável. EXAME FÍSICO Alterações da língua: Saburrosa Macroglossia Glossite atrófica Framboesa (comum na escarlatina) Candidíase oral. Manifestações da candidíase, em que se encontram placas esbranquiçadas na região do palato duro. Alterações na dentição. SEMIOLOGIA DO ESÔFAGO ANATOMIA O esôfago é o segmento que liga a faringe ao estômago, tem a função de deglutição, apresenta extensão de 40 cm e dois tipos de musculatura: estriada e lisa. Na parte superior encontra-se a musculatura estriada, que realiza a contração voluntária. Nos dois terços inferiores encontra-se musculatura lisa, que realiza uma contração involuntária. ANAMNESE Queixas mais comuns: Disfagia: dificuldade para deglutir. OBS.: Disfagia orofaríngea “alta ou transferência” -> Paciente relata sensação de engasgo. Pode ser por causa neurológica, muscular ou odinofagia. Ex.: miastenia grave e doença de Parkinson pois provocam alterações musculares. Disfagia esofagiana “baixa ou transporte” -> sensação de entalo. As possíveis causas são: obstrução mecânica (corpo estranho, neoplasia) ou distúrbio motor. Ex.: doença de chagas – megaesôfago e acalasia - não consegue relaxar a musculatura. Odinofagia: dor à deglutição Pirose: queimação Dor esofagiana: não está relacionada à deglutição. Regurgitação: volta do alimento para a boca sem esforço Hematêmese: vomitar sangue. Acontece na úlcera gástrica, trauma, hemorragia digestiva alta por varizes de esôfago (cirrose). Fagofobia: medo de deglutir, que pode ocorrer em casos de histeria, tétano e raiva. OBS.: Melena - sangue digerido das fezes EXAME FÍSICO Em condições normais, o esôfago é inacessível ao exame físico direto. Excepcionalmente, a parede de um divertículo faríngeo de grande magnitude pode tornar-se palpável na fase lateral esquerda do pescoço enquanto o paciente se alimenta. Esse divertículo é chamado de divertículo de ZENKER (há um acúmulo de comida ingerida, formando uma “bolsa” na regiao esofágica. DOENÇA DO REFLUXO GASTRO-ESOFÁGICO (DRGE) O refluxo do conteúdo gástrico pode ocorrer eventualmente em indivíduos normais, sem nenhuma consequência. Mas quando esse refluxo traz sintomas ou complicações para o paciente, passa a ser patológico. ESTHER ANDRADE | TURMA 85 | Semiologia médica II Fisiopatologia: relaxamento transitório, prolongado e frequente do esôfago. O que acontece é um “bocejo” do esfíncter esofágico inferior. Principais causas para o refluxo: álcool, e determinados alimentos (vai da sensibilidade de cada paciente). Sintomas: podem ser típicos como: pirose (queimação) e regurgitação ácida (azia). Ou podem ser de alarme (mais preocupantes) como: disfagia, odinofagia, emagrecimento e anemia. Importante salientar que esses sintomas pioram após refeições e ao deitar. OBS.: só se pede exame de imagem quando apresenta sinal de alarme! Tratamento: antiácido e inibidor da bomba de prótons. OBS.: A doença de refluxo não quer dizer que irá evoluir para neoplasia, mas caso haja o esôfago de Barrett (resulta da exposição recorrente ao ácido estomacal) essa chance se eleva consideravelmente. CÂNCER DE ESÔFAGO Apresenta alta letalidade e sua incidência aumenta com a idade. Clínica: disfagia progressiva (sólidos > líquidos), perda ponderal significativa, rouquidão, anemia, sangramento e dor subesternal mal caracterizada. Diagnóstico: endoscopia digestiva alta ACALÁSIA A acalasia é uma doença motora do esôfago, caracterizada por relaxamento parcial ou ausente do esfíncter inferior do esôfago e contrações não peristálticas no corpo esofágico. No Brasil, a principal causa da acalásia é a doença de Chagas. Ela pode ser primaria (a manifestação da doença em si) ou secundária (tem uma causa secundária, por exemplo a doença de Chagas). Clínica: disfagia lenta e progressiva, regurgitação, halitose, broncoaspiração e perda de peso. Diagnóstico diferencial: CA de esôfago!! ESPASMO ESOFAGIANO DIFUSO Ocorre mais comumente a partir dos 50 anos de idade, de maior incidência em mulheres. Pode ser assintomático. Clínica: disfagia e dor torácica equivalente à do infarto, decorrente das contrações anormais. EXAMES COMPLEMENTARS 1. Esôfago baritado: consiste em radiografias seriadas com a ingestão de um contraste que aparece no raio-x (bário). Serve para avaliar a motilidade do esôfago. 2. Endoscopia. 3. Raio-x de tórax para avaliar a presença de corpo estranho. SEMIOLOGIA DO ESTÔMAGO HISTOLOGIA No estômago há a troca do epitélio escamoso estratificado para colunar cilíndrico (resiste ao ácido do estômago). EXAME FÍSICO O estômago é impalpável exceto se estiver muito cheio ou com neoplasia. Espaço de Traube: espaço semilunar do 60 ao 110 E.I. e tem como percussão normal o timpanismo. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Gastrite: inflamação da mucosa gástrica. Síndrome dispéptica (dor ou desconforto epigástrico, plenitude e náuseas e vômitos) Tipo úlcera: dor epigástrica, melhora com alimentação e piora com jejum. Tipo dismotilidade: desconforto > dor, saciedade precoce e sensação de gases sem distensão visível. Câncer gástrico Clínica: dor abdominal, perda ponderal, vômitos, anemia, ascite e NÓDULOS. EXAME COMPLEMENTAR Endoscopia. ESTHER ANDRADE | TURMA 85 | Semiologia médica II EXAME DO ABDOME INSPEÇÃO DO ABDOME Semiotécnica: local silencioso, bem iluminado e aquecido, abdome desnudado até fossas ilíacas e com o examinador à direita do paciente e de frente pra ele (mesmo para ausculta e percussão). 1. Delimitar as regiões topográficas do abdome 2. Descrever o tipo de abdome - Plano, escavado, globoso e avental (antigos obesos que emagreceram muito). 3. Descrever as características da circulação colateral - É uma fina rede de vasos que se formam próximas ao local de obstrução de um vaso maior, na tentativa do organismo de manter o fluxo sanguíneo ao leito distal comprometido. - Obstrução: porta (+ comum), cava inferior, cava superior e mistos. 3.a. Reconhecer cicatrizes, abaulamentos e retrações localizadas e as principais causas. OBS.: Após uma cirurgia, pode ser que haja a formação de aderências na região abdominal durante a cicatrização, desencadeando algumas patologias. AUSCULTA DO ABDOME Semiotécnica: antes da percussão e da palpação (pois essas estimulam a peristalse). Auscultar os 4 quadrantes por no mínimo 15 segundos, mas é mais recomendado manter a ausculta por 1 minuto em cada quadrante. Efetuar a ausculta do abdome Ruídos hidroaéreos Normais: 5 a 20/35 por minuto Aumentados Diminuídos Luta: sinal de obstrução. Tem um timbre metálico (como 2 moedas batendo). Silêncio: por tanto tempo de luta, o intestino se cansa e “aceita” a obstrução. Outro fator pode ser a inflamação. OBS.: Quando caracterizados por seu som, podem ser: patinhação (+ líquido), gargarejo (+ comum) e borborigmo (+ gás). Sopros vasculares OBS.: sopro na femural e ilíaca é indicativo de arteriosclerose. ESTHER ANDRADE | TURMA 85 | Semiologia médica II PERCUSSÃO DO ABDOME Semiotécnica: percutir o local doloroso por último. Som timpânico: predominante Som maciço: vísceras sólidas Som hipertimpânico: distensão gasosa de alças. Som maciço em áreas que deveriam ser timpânicas (formação patológica sólida ou líquida) OBS.: Sinal de Jobert - timpanismo na região onde normalmente se encontra macicezhepática, caracteriza PNEUMOPERITÔNIO. OBS.: Sinal de Chilaiditti – igual a Jobert, porém é causado por interposição de alças. Como ver a diferença? Ouve-se peristalse no caso do Chailiditti e não ouve no Jobert porque está percutindo o fígado. Percussão da loja renal Manobra de Murphy: punho cerrado. Manobra de Giordano: borda cubital das mãos. PALPAÇÃO DO ABDOME Semiotécnica: posição do examinador será à direita do paciente e de frente para ele, à esquerda do paciente para palpar o baço e o rim esquerdo e de costas ou posicionar seu lado direito ao paciente para palpação do fígado. PALPAR O LOCAL DOLOROSO POR ÚLTIMO!! Efetuar a palpação superficial e profunda: Superficial: ligeira compressão com apenas uma mão sobre todo o abdome Objetivo: pesquisar regiões dolorosas, avaliar resistência da parede abdominal, detectar tumores parietais ou intra-abdominais volumosos. Profunda: realizada com as duas mãos. Objetivo: palpação do conteúdo abdominal. É realizada com mais facilidade na expiração: menor compressão intra- abdominal e maior flacidez da musculatura. Limitações: dor/obesidade, contratura voluntaria/involuntária e distensão abdominal/ascite. MANOBRAS PARA PALPAÇÃO DAS VÍSCERAS BAÇO Normalmente não é palpável no adulto. Realizar a manobra ou posição de Schuster. Há também a palpação em decúbito dorsal. RIM Somente o polo inferior pode ser palpado. Método de Israel Método de Devoto ESTHER ANDRADE | TURMA 85 | Semiologia médica II MANOBRA DE SMITH BATES Paciente contrai a musculatura abdominal, elevando os MMII sem fletir os joelhos. - Massa visível desapareceu = está abaixo da parede abdominal - Massa visível e palpável = massa da parede abdominal (lipoma?) ou enfraquecimento ou falha na musculatura abdominal (hérnia?) SEMIOLOGIA DO INTESTINO ANAMNESE O conhecimento da idade possibilita o direcionamento de certas doenças. Em crianças, uma grave obstipação intestinal sugere o diagnóstico de megacólon congênito, mas, em adultos em áreas endêmicas, a possibilidade é de doença de chagas. Sangramento anal em crianças pode ser pólipos, em adultos pode ser hemorroidas. Queixas mais comuns: Diarreia DIARREIAS Classificação das diarreias: Aguda: < 2 semanas. Normalmente ocorre em infecções intestinais, normalmente virais. Crônica: > 4 semanas. Não invasiva: SEM muco/pus/sangue Invasiva: COM muco/pus/sangue Alta: ocorre no intestino delgado. Aumento do volume, 3-5 evacuações/dia e evacuação de restos alimentares (problema na absorção de nutrientes). Baixa: ocorre no cólon. Problema de absorção de água. Redução de volume, 8-10 evacuações/dia e urgência e tenesmo (sensação de esvaziamento incompleto do colón (lesão do reto)). SÍNDROME DA MÁ ABSORÇÃO Clínica: Esteatorreia: excesso de gordura nas fezes por conta da má absorção. Diarreia alta Emagrecimento/desnutrição. Dor e/ou distensão abdominal APENDICITE AGUDA Processo inflamatório agudo e purulento, decorrente da dificuldade de drenagem do conteúdo apendicular. Com aumento de volume do apêndice e alterações circulatórias e inflamatórias. Em alguns pacientes pode haver perfuração e/ou formação de abcesso. Quadro clínico: Anorexia Dor em fossa ilíaca direita Febre Náuseas e vômitos Massa palpável. OBS.: Dor de apendicite em uma mulher grávida é mais na região do hipocôndrio direito. Sinal do obturador: rotação interna da coxa com esta flexionada. Sinal do psoas: extensão e abdução da coxa direita, deitado sobre o lado esquerdo. Sinal de Blumberg: Descompressão brusca dolorosa. Quando você aperta e solta no ponto de Mcburney, o folheto peritoneal vibra e causa a dor. Este ponto é localizado no terço distal da cicatriz umbilical ou terço proximal da espinha ilíaca antero-superior. Sinal de peritonite. ESTHER ANDRADE | TURMA 85 | Semiologia médica II Rovsing: dor a compressão da fossa ilíaca esquerda em direção a fossa ilíaca direita, passando por todo o cólon. A finalidade desse exame é mover os gases presentes no cólon na direção do apêndice. Lapinsky: elevação do membro inferior, comprimindo a fossa ilíaca direita. Lenander: termômetro no reto. A temperatura normal retal é 1oC maior do que a axilar. DOENÇA DIVERTICULAR DO CÓLON Os divertículos são pequenas bolsas saculares múltiplas por toda a parede do cólon, porém, com predomínio no seu lado esquerdo. Diverticulite aguda Traduz em um saquinho inflamado (divertículo) no cólon ascendente do sigmoide. Quadro clínico: Equipara-se com uma “apendicite à esquerda”: febre, dor + plastrão (massa palpável) em FIE, Náuseas e vômitos, Obstrução intestinal, Fístula (comunicação anômala entre vísceras. Colo-vesicais, colo- vaginais). OBS.: a doença divertículo é mais comum tratar com antibiótico do que com cirurgia. ISQUEMIA MESENTÉRICA AGUDA Temperatura mais baixa no reto -> ausência de circulação (pode ser por formação de um êmbolo) -> isso causa uma isquemia -> pode estar causando peritonite. RESPOSTA: Isquemia mesentérica aguda Quadro clínico: Náuseas e vômitos, Distensão e dor abdominal, Peristalse presente, sangue nas fezes (75-90%) Dicas: Acidose metabólica (produção de ácido lático devido à falta de sangue para fazer a resp. aeróbia, que é necessária para suprir o oxigênio que o músculo precisa). Fonte emboligênica. Dor abdominal súbita. Temperatura retal. ISQUEMIA MESENTÉRICA CRÔNICA Doença aterosclerótica com isquemia mesentérica crônica. O emagrecimento se dá porque ele tem medo de comer por causa da dor. Quadro clínico: Dor abdominal pós-prandial, Desaparecimento e recidiva, ESTHER ANDRADE | TURMA 85 | Semiologia médica II Emagrecimento,Evidências de aterosclerose. OBSTRUÇÃO INTESTINAL MECÂNICA AGUDA Presença de sons metálicos -> peristalse de luta -> obstrução -> fator de risco: apendicectomia (aderência pós cirurgia). Paciente evolui da seguinte forma: dor abdominal contínua, piora da distensão, parada da eliminação de gases e fezes e defesa à palpação abdominal. Quadro clínico: Fase inicial - dor abdominal em cólica, vômitos, distensão, peristalse, desidratação e hipovolemia. Evolução – dor abdominal contínua, piora da distensão, parada da eliminação de gases e fezes e defesa à palpação abdominal. Causas principais: câncer colo-retal, diverticulite e volvo sigmoide. OBS.: câncer de cólon Quadro clínico: Dor/ desconforto abdominal, Anemia ferropriva, alteração do hábito intestinal, Hematoquezia (hemorragia por via retal de cor avermelhada ou de cor marrom) e tenesmo, Perda ponderal, Redução do calibre das fezes. OBS.: Volvo de sigmoide
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