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Parasitologia - TRICHOMONAS VAGINALIS

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Medicina – UFCG 
Aula 01 – Parasitologia 
Yahanna Estrela 
 
TRICHOMONAS VAGINALIS 
 
INTRODUÇÃO À TRICHOMONAS VAGINALIS 
 
 O trichomonas é o agente etiológico da trichomonose ou 
tricomoníase; 
 O seu diagnóstico continua apresentando inúmeras 
dificuldades; 
 Homem é o vetor. Por isso há grande disseminação da 
doença. 
 Pode causar parto pré-maturo; câncer de próstata ou de 
colo; está relacionado a transmissão de HIV. 
 Associado a complicações graves de saúde pública. 
 Todo o trato genital (feminino ou masculino) é afetado. 
 O protozoário tem grande capacidade de desenvolver 
processo infeccioso. 
 
 
Existem mais de 100 espécies, mas apenas quatro 
espécies são encontradas no homem, sendo elas: 
Trichomonas vaginalis, Trichomonas tenax, 
Trichomonas hominis e Trichomonas fecalis. Apenas o 
vaginalis é patogênico, as demais não são patogênicas. 
 
1. T. tenax (vive na cavidade bucal humana e em 
chimpanzés e macacos) 
2. T. hominis (habita o trato intestinal humano) 
3. T. fecalis (raro e não é patogênica) 
 
 
 O trichomonas é um tipo de protozoário do tipo 
Zoomastigophora, ou seja, possui flagelos como 
estrutura de locomoção. 
 Família: Trichomonadidae; 
 Ordem: Trichomonadida; 
 Filo: Sarcomastigophora. 
 
 
MORFOLOGIA 
 
 É uma célula polimórfica (elipsoides ou ovais) e isso é um 
dos fatores que dificulta o diagnóstico. Por isso existem 
muitos exames com diagnóstico falso negativo, se 
passando por célula comum do trato urogenital. 
 São elipsoides ou ovais, algumas vezes esféricos. 
 Esse protozoário tem capacidade de formar 
pseudópodes, que são usados para capturar os 
alimentos e se fixar em partículas sólidas. 
 Não possui forma cística somente a trofozóitica 
(pseudocistos). 
 As condições físico-químicas, como pH, temperatura, 
tensão de oxigênio e força iônica afetam o aspecto dos 
Trichomonas. 
 Medem em média 10um x 7 um. 
 Possuem 4 flagelos anteriores livres, desiguais em 
tamanho. Esses flagelos são importantes para a 
movimentação do protozoário. Muitos casos são 
diagnosticados através do sumário de urina (embora não 
seja o exame padrão ouro) desde que feito de forma 
correta e rápida, devido à presença dos flagelos 
(movimentação). 
 
 
 
 
BIOLOGIA 
 
 O T. vaginalis habita o trato genitourinário do homem e 
da mulher, onde produz a infecção e não sobrevive fora 
do sistema urogenital. 
 Sua reprodução ocorre por divisão binária longitudinal e 
não há formação de cistos, porém pode haver formas de 
pseudocistos, descrita por poucos autores. 
 É um organismo anaeróbico facultativo. 
 Cresce perfeitamente bem na ausência de oxigênio, em 
meios de cultura com faixa entre 5-7,5 e temperaturas 
de 20-40ºc. 
 O pH vaginal normal fica entre 3,8-4,5. 
 Ele age sobre os lactobacillus acidofillus destruindo-os e 
deixando o pH vaginal menos ácido e mais propício pra 
ele. 
 Como fonte de energia usam glicose, frutose, maltose, 
glicogênio e amido. 
 É capaz de manter em reserva o glicogênio. 
 
 
TRANSMISSÃO 
 
 É uma doença venérea, transmitida através da relação 
sexual e pode sobreviver por mais de uma semana sob o 
prepúcio do homem sadio, após a relação com a mulher 
infectada. 
 Portanto, é importante manter higiene íntima adequada, 
principalmente se houver relação sexual sem 
preservativo. 
 O homem é vetor da doença. 
 A transmissão da doença não-sexual é rara. Por exemplo: 
roupas de cama, assentos de vasos sanitários, artigos de 
toalete, instrumento ginecológico contaminado (porém, 
atualmente, é mais raro, visto que muitos instrumentos 
são descartáveis) e roupas íntimas. 
 Foi realizada uma pesquisa em banheiras de hotéis e 
motéis e foi constatada a presença de trichomonas em 
algumas. 
 A tricomoníase neonatal em meninas é adquirida 
durante o parto NORMAL (2 a 17%) da mãe infectada. No 
caso dos RN masculinos, por questões anatômicas, as 
chances de contaminação são baixíssimas. O pênis do RN 
tem a glande, que recobre o prepúcio e não permite a 
contaminação. No caso das RN meninas, a vagina é 
exposta. 
 O período de incubação 3 a 20 dias depende do sistema 
imunológica e da carga de protozoários 
 
Esporadicamente, pode ser encontrado na cavidade 
bucal, em situações de sexo oral, mas sua sobrevida é 
pouca. A ação patogênica é restrita ao trato urogenital 
masculino/feminino. 
 
 
CICLO BIOLÓGICO 
 
 
 
PATOLOGIA 
 
 O T. vaginalis é um dos principais patógenos do trato 
urogenital humano e está associado a sérias 
complicações de saúde, promovendo: 
1. Problemas relacionados com a gravidez: parto 
prematuro (a placenta amadurece mais rápido); 
baixo peso do RN; endometrite pós-parto. A 
anatomia da mulher grávida favorece a 
disseminação da doença. As respostas inflamatórias 
a longo prazo geradas por infecção com T. vaginalis 
pode conduzir a alterações direta ou indiretamente 
na membrana decídua, fazendo com que ocorram 
problemas relacionados a gravidez. 
2. Problemas relacionados a infertilidade: uma 
mulher infectada/que já foi infectada possui risco 
duas vezes maior de ter problemas de fertilidades 
do que uma mulher normal. Provoca doença 
inflamatória pélvica. As células ciliares das tubas 
uterinas podem ser alteradas devido ao processo 
inflamatório-infecioso, dificultando a passagem do 
espermatozoide e do óvulo. 
 
Existem estudos em andamento que tentam 
relacionar a gravidez ectópica com trichomoniase. 
 
 
TRANSMISSÃO DO HIV 
 
 Estima-se que 24% das infecções por HIV são 
diretamente atribuídas a tricomoníase, pois uma IST é 
fator que facilita outra ocorrer. 
 O T.vaginalis pode causar pontos hemorrágicos na 
mucosa, permitindo o acesso direto do vírus a corrente 
sanguínea. 
 
 
 
 Correlacionando essa doença com HIV, tem-se que a 
infecção por Trichomonas faz surgir uma agressiva 
resposta imune celular local, com inflamação do epitélio 
vaginal e exocérvice em mulher e uretra dos homens. 
 Essa resposta induz a uma grande infiltração de 
leucócitos, incluindo células-alvo do HIV, como linfócitos 
TCD4+ e macrófagos aos quais o HIV pode se ligar e 
ganhar acesso. 
 
 
MECANISMO DE PATOGÊNESE 
 
 Inicia-se com o aumento do pH normal da vagina, já que 
o organismo cresce em pH maior que 5, com diminuição 
de Lactobacillus acidófilos e aumento de bactéricas 
anaeróbias. 
 Um contato entre T. vaginalis e leucócitos resulta em 
formação de pseudópodes e degradação das células 
imunes, pela liberação de substâncias citotóxicas. 
 O número de organismos na vagina diminui durante a 
menstruação, os fatores de virulência mediados pelo 
ferro contribuem para a exacerbação dos sintomas nesse 
período. 
 A aderência e citotoxicidade podem ser ditadas pelos 
fatores de virulência como adesinas, integrinas, CDFs e 
glicosidases. 
57 MINUTOS 
 
 
SINAIS E SINTOMAS 
 
 Possui período de incubação de 3 a 20 dias após o 
contato. 
 O T. vaginalis apresenta alta especificidade, produzindo 
infecção somente no trato urogenital humano. 
 Cmo já foi dito, os sintomas são exarcebados durante a 
menstruação, uma vez que os fatores de virulência 
mediados por ferro contribuem com isso. 
 O Fe contribui para a resistência de T. vaginalis por 
apresentar a capacidade de degradar a porção C3 do 
complemento. 
 O T. vaginalis pode se auto-revestir de proteínas 
plasmáticas, o que não permite que o sistema imune 
reconheça o parasito como estranho. 
 
 
SINAIS E SINTOMAS NA MULHER 
 
 
 
 Espectro clínico varia de forma assintomática ao estado 
agudo (até 80%); 
 Ataca principalmente a exocérvice; 
 Secreção cervical mucopurulenta; 
 Vaginite; 
 O processo é acompanhado de prurido e irritação 
vulvovaginal e dores no baixo ventre. 
 Dor e dificuldade para as relações sexuais (dispareunia 
de introito); 
 Desconforto nos genitais externos; 
 Disúria; 
 Poliúria; 
 A vagina e a cérvice podem ser edematosas e 
eritematosas com erupção na parede cervica  cérvice 
com aspecto de morango (2% a 5% doscasos). 
 As secreções cervicais podem ser de infecções locais 
associadas a outros microorganismos ou da vaginite 
causada, quando se trata de uma secreção amarela-
esverdeada, bulhoso, de odor fétido, mais 
frequentemente no período pós-menstrual. 
 A tricomoníase é mais sintomática durante a gravidez 
ou em mulheres que tomam anticoncepcionais orais. 
 
 
SINAIS E SINTOMAS NO HOMEM 
 
 
 
 O homem é assintomático ou apresenta uma uretrite 
(2% a 17%) com fluxo leitoso ou purulento e uma leve 
sensação de prurido na uretra; 
 Ao acordar ou antes de urinar, pode se ter a presença 
de alguma secreção, odor desagradável, etc. Se o 
homem não tiver o cuidado de observar o corpo, pode 
passar despercebido. 
 Pode ser observado um corrimento claro, viscoso e 
pouco abundante com desconforto ao urinar. 
 Devido a sua anatomia, o homem consegue eliminar 
parte do trichomonas na urina. Por isso a infecção é 
menor: há o compartilhamento do mesmo canal para 
ejaculação e para urina. 
 Hiperemia do meato uretral. 
 Complicações: prostatite, balanopostite (inflamação da 
glande e do prepúcio) e cistite. 
 
 
O parasito se desenvolve melhor no trato genital de 
homens em que o glicogênio é mais abundante. Nos 
portadores assintomáticos, o parasito permanece na 
uretra e talvez na próstata. Esse parasita pode se 
localizar ainda na bexiga e na vesícula seminal. 
 
 
 
DIAGNÓSTICO 
 
 Apresenta inúmera dificuldades, principalmente, pelo 
fato de 80% das pessoas serem assintomáticas. 
 
 
CLÍNICO 
 
 Não pode ter como base apenas a apresentação clínica, 
pois a infecção poderia ser confundida com outra DSTs. 
 
 
LABORATORIAL 
 
 A investigação laboratorial é necessária e essencial. 
 O material é coletado com swab; 
 Observação microscópica através do exame direto de 
esfregaço a fresco e/ou microscopia de esfregaços 
fixados e corados. 
 
 Homens devem comparecer ao local da coleta pela 
manhã sem ter realizado a primeira urina e sem ter feito 
a higiene íntima. 
 
 A mulher não deve fazer a higiene intima de 18h a 24h 
antes da coleta e pode urinar antes do exame. A coleta 
deve ser próxima do colo uterino. 
 Os tricomonas são mais abundantes nos primeiros dias 
após a menstruação. Nas mulheres é necessária a 
suspenção de cremes vaginais e remédios que podem ter 
relação. O material é coletado por um swab no fundo da 
vagina com o auxilio de um espéculo. Evita-se a parte 
externa porque há grande riqueza de outras bactérias. 
 O exame pode ser a fresco, em lâminas ou colocá-lo em 
meio de transporte e verificar se há ou não o 
crescimento. 
 
 Nos homens, o organismo é mais facilmente encontrado 
no sêmen do que na urina ou em esfregaços uretrais, 
podendo ser indicada uma coleta de uma masturbação, 
além de coleta de material subprepucial. 
 Quando o exame microscópico apresentar resultado 
negativo deve ser complementado pelo exame de 
cultivo. 
 Os testes imunológicos, através das reações de 
aglutinação, métodos de influorescência e técnicas 
imunoenzimáticas (ELISA) têm contribuído para 
aumentar a confiabilidade do resultado, mas essas 
técnicas não substituem os exames parasitológicos 
(microscópio e cultura). 
 
 
EPIDEMIOLOGIA 
 
 É a DST não-viral mais comum no mundo; 
 A cada ano, 250 a 350 milhões de novos casos ocorrem; 
 Em 2008, a incidência foi estimada em 276 milhões de 
novos casos; 
 Prevalência de 187 milhões de adultos infectados, entre 
15 e 49 anos. 
 A incidência depende de vários fatores como idade, 
atividade sexual e número de parceiros; 
 A prevalência é alta entre grupos de nível 
socioeconômico baixo, entre os pacientes de clínicas 
ginecológicas, pré-natais e em serviços de DSTs; 
 A prevalência em homens é baixa; 
 Tem sido constatado tricomoníase em recém-nascidas e 
mulheres virgens. 
 O Trichomonas consegue, apesar de não possuir forma 
de cistos, ficar fora do corpo em ambientes úmidos, 
como na urina por até 3 horas e no sêmen por até 6 
horas; 
 A tricomoníase é incomum na infância, já que condições 
vaginais não favorecem o desenvolvimento da 
parasitose. 
 Quando for encontrada na criança, deve ser 
cuidadosamente investigada a possibilidade de abuso 
sexual e de outras fontes de transmissão. 
 
PROFILAXIA 
 
 Deve-se, levar em consideração: 
1. Data do último contato sexual; 
2. Nº de parceiros; 
3. Hábitos e preferências; 
4. Uso de antibióticos; 
5. Métodos anticoncepcionais; 
6. História pregressa desse tipo de doença; 
7. Presença de uma IST prévia. 
 
 A profilaxia é comum a de outras ISTs: 
1. Prática do sexo seguro; 
2. Uso de preservativos; 
3. Abstinência de contato sexual com pessoas 
infectadas; 
4. Tratamento imediato e eficaz, simultâneo aos 
parceiros; 
 
 
TRATAMENTO 
 
 Apesar do diagnóstico ser complexo, o tratamento é 
mais fácil; 
 Não é sensível aos antibióticos; 
 Em gestantes os medicamentos não devem ser usados 
via oral apenas via creme. 
 Os fármacos usados são: 
1. Metronidazol (10% resistentes) 
2. Tinidazol 
3. Larnidazol 
4. Secnidazol 
 
 As reinfecções são piores.

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