Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 2 3 Antônia Natália Ferreira Costa Bases Nutricionais aplicadas à Educação Física Rectangle FreeText Nutrição 4 5 Sumário Palavra do Professor- Autor Sobre o autor Ambientação a Disciplina Trocando ideias com os autores Problematizando UNIDADE 1 - NUTRIÇÃO E OS MECANISMOS REGULATÓRIOS DO PROCESSO DE INGESTÃO Aspectos gerais da nutrição Nutrição Fatores determinantes da ingesta de alimentos Nutrientes e energia Sistemas básicos de energia UNIDADE 2 - ÁGUA, CARBOIDRATOS, PROTEÍNAS, LIPÍDEOS, VITAMINAS E SAIS MINERAIS Água Macronutrientes: carboidratos, proteínas, lipídeos (estrutura química, funções, classificação e necessidades) Micronutrientes: vitaminas e sais minerais A importância nutricional e metabólica de macronutrientes e micronutrientes nas diferentes etapas da vida UNIDADE 3 - ALIMENTAÇÃO, ATIVIDADES FÍSICAS E DOENÇAS Obesidade Transtornos Alimentares Doenças Cardiovasculares Diabetes 6 Explicando melhor com a pesquisa Leitura Obrigatória Pesquisando na Internet Vendo com olhos de ver Revisando Autoavaliação Bibliografia Web Vídeos 7 Palavras do professor Ao longo dos tempos, a Educação Física vem se modificando e com isso o modo de ensinar os conteúdos vem progredindo através das práticas pedagógicas dos professores. A grade curricular de Educação Física precisa ser mais significativa para que as aulas que contemplem os elementos da cultura corporal do movimento, como os jogos, as brincadeiras, as danças, as lutas, os esportes e as ginásticas, sejam realmente contextualizadas em percentuais maiores. Além desses conteúdos, os conhecimentos sobre o corpo, temas transversais na educação física e projetos interdisciplinares devem estar presentes nas aulas. Portanto, os professores de educação física devem englobar em suas aulas todos esses conteúdos e não se prenderem somente em esportes coletivos e na dimensão procedimental. Desse modo, os conteúdos da disciplina de Nutrição Aplicada à Atividade Física também estão no programa de conteúdos importantes da Educação Física e que podem ser introduzidos e transformados nas aulas de educação física no ambiente escolar, de modo que o estudante procure significar e desenvolver novas técnicas para esses conteúdos em benefício do exercício da cidadania, para não serem considerados meros depósitos de informações ou repetidores de movimentos. Ao implantar essa concepção, os conceitos aprendidos nas aulas de educação física passam a ser utilizados no dia a dia em benefício da saúde, da família ou da própria comunidade. Desse modo, é preciso trabalhar em sala de aula com responsabilidade e foco nos objetivos. Bons estudos!!!! 8 Sobre a autora Antônia Natália Ferreira Costa é mestre em Ciências do Movimento Humano pelo Centro de Ciências da Saúde e do Esporte (CEFID) da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC). Graduada em Educação Física pela Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA). Servidora Pública da Prefeitura de Santana do Acaraú como Professora de Educação Física do 6º ao 9º ano. Tem Experiência em Docência no Ensino Superior, Educação a Distância, Personal Trainer, Populações Especiais, hipertensos, cardíacos, obesos, idosos e pessoas com necessidades educativas especiais, Treinamento de Força, Educação Física Escolar, Avaliação Física, Recreação, Hidroginástica, Ginástica e Ginástica Laboral. 9 Ambientação Caros estudantes, bem-vindos à disciplina de Bases Nutricionais Aplicadas à Educação Física! A nutrição aplicada à atividade física é uma disciplina que abrange os aspectos gerais da nutrição, sistemas básicos de energia, água, os macronutrientes (carboidratos, proteínas e lipídios), os micronutrientes (vitaminas e sais minerais), apresentando suas funções, importância e metabolismo no organismo humano, a importância nutricional e metabólica dos macronutrientes e micronutrientes nas diferentes etapas da vida, algumas doenças que estão relacionadas à alimentação inadequada, alguns mitos e verdades relacionados à nutrição, à alimentação e à atividade física e, ainda, como a alimentação balanceada e a atividade física podem contribuir de maneira significativa na melhoria de doenças. Com este material didático, buscamos oferecer o máximo de conteúdo sobre a temática em questão e contribuir ainda mais na práxis docente. Bons estudos!!!!! 10 Trocando ideias com os autores Indicamos a leitura da obra Fisiologia do Esporte e do Exercício, do escritor Wilmore, Costill e Kenney (2010). Nesta obra, você encontrará conteúdos sobre o músculo em exercício, a função cardiovascular e respiratória, o treinamento físico e desportivo, as influências ambientais no desempenho, a otimização de desempenho no esporte, considerações sobre idade e genêro no esporte e no exercício e atividade física para a promoção de saúde e condicionamento físico. Existem, ainda, conteúdos relacionados ao metabolismo dos nutrientes, às características das diversas faixas etárias no exercício e suas composições corporais e, ainda, a outros temas, como doenças cardiovasculares, diabetes, obesidade e atividade física para esses tipos de público. KENNEY, W. Larry; WILMORE, Jack H.; COSTILL, David L. Fisiologia do Esporte e do Exercício. 4. ed. Barueri: Manole, 2010. 594 p. ISBN 978-85- 204-2794-1 A obra Nutrição: conceitos e aplicações, das autoras Galisa, Esperança e De Sá, possui fácil compreensão e excelentes resumos dos conteúdos. Dentre os conteúdos abordados, estão: princípios da nutrição, nutrientes, planos alimentares, planos alimentares segundo a idade, planos alimentares em situações especiais e aspectos socioeconômicos e educacionais da alimentação. Possui linguagem clara e concisa dos diversos conteúdos apresentados, proporcionando uma leitura agradável. GALISA, M. S; ESPERANÇA, L. M. B; DE SÁ, N. G. Nutrição: Conceitos e Aplicações. São Paulo: M. Books Do Brasil Editora LTDA, 2008. 11 GUIA DE ESTUDO: Compare os dois livros, produza um resumo a partir das ideias comparativas entre os dois exemplares e exponha na sala virtual. 12 Problematizando Atualmente, existem vários entendimentos sobre o processo de ensino e aprendizagem nas aulas de Educação Física na escola, com o objetivo de romper com as concepções biologista, esportivista e tecnicista. Dentre essas novas concepções, há muitas que contribuem de modo significativo para o crescimento dessa disciplina escolar. Tais como: a abordagem crítico-superadora, crítico-emancipatória, abordagem cultural, abordagem sociológica, psicomotora, construtivista, saúde renovada e, ainda, a abordagem apresentada pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN). A abordagem saúde renovada dá mais ênfase às questões referentes à alimentação, à saúde e às doenças decorrentes do sedentarismo, que são mais pertinentes para esta disciplina Bases Nutricionais Aplicadas à Educação Física. Embora esses conteúdos sejam considerados muito importantes, são mais difíceis de serem ministrados nas aulas de Educação Física. Logo, a práxis do professor de Educação Física na escola merece ser repensada em vista dos inúmeros questionamentos que seguem: por que as modalidadesesportivas coletivas e os jogos com ênfase na dimensão procedimental são enfatizados enquanto os demais conteúdos relacionados à saúde em geral são esquecidos? O que é preciso fazer para mudar ainda mais esse cenário das aulas de Educação Física? Será que os estudantes não ficariam mais motivados se, além dos restritos conteúdos sobre esportes coletivos, aprendessem noções de alimentação saudável? Diante desse contexto, observe a situação-problema a seguir: Imagine que um professor de Educação Física do ensino médio tenha conhecimento que no seu planejamento e execução das aulas devem ser inclusos todos os elementos da cultura corporal de movimento, temas transversais, conhecimentos sobre o corpo, interdisciplinaridade e outros 13 conteúdos gerais sobre a saúde do corpo em todas as dimensões conceituais, procedimentais e atitudinais. Entretanto, esses estudantes estavam acostumados nas aulas de Educação Física com apenas dois esportes coletivos: o futebol e o voleibol. Nesse sentido, como o professor deve agir para que sua aula seja significativa para a comunidade escolar? Guia de Estudo: Analise a situação problema e faça reflexões a respeito de como seria a conduta do professor diante dessa situação. Em seguida, apresente suas reflexões na sala virtual. 14 NUTRIÇÃO E OS MECANISMOS REGULATÓRIOS DO PROCESSO DE INGESTÃO 1 CONHECIMENTOS Conhecer os aspectos nutricionais gerais e os mecanismos do processo de ingestão alimentar. HABILIDADES Identificar os conceitos, características e processos da nutrição e ingesta de alimentos. ATITUDES Refletir criticamente a respeito dos conteúdos e correlacionar com os conceitos, aspectos e processos da nutrição e ingestão alimentar. 15 16 1.1 Aspectos gerais da nutrição A comida é o material que contém os nutrientes que entram no corpo por meio da alimentação, desse modo, proporciona às condições para o ser humano realizar as funções básicas do corpo humano, tais como: manter o fluxo sanguíneo, manter a temperatura corporal, o crescimento, o desenvolvimento e todas as funções fisiológicas e atividades físicas. Logo, mais importante do que comer para manter o funcionamento correto, é comer bem e saudável (DE ANGELS; TIRAPEGUI, 2007). A alimentação exerce grande influência nas pessoas, sobretudo na saúde, capacidade de trabalhar, estudar, divertir-se, aparência e longevidade. Uma pessoa malnutrida é fraca, irritada, sem vontade de trabalhar e pensar, enfim, sem disposição para realizar qualquer atividade que dependa de esforço muscular e cerebral. Nesse sentido, a alimentação exerce influência decisiva no desenvolvimento, na condição física, na eficiência dos indivíduos e, consequentemente, na sociedade em que vive (GALISA; ESPERANÇA; DE SÁ, 2008). Seguramente, muitas combinações nutricionais estão a nossa disposição na sociedade, sejam elas por meio de dietas, alimentos “milagrosos”, suplementos e as intermináveis recomendações. Em alguns casos, as pesquisas trazem resultados contraditórios, pois a cada época traz o valor de um determinado alimento e incriminando outro. Assim, com frequência, um mesmo alimento passa da “glória” para a “miséria” ou vice-versa. Por exemplo: por um tempo o café foi utilizado para aumentar o desempenho, mas em outros tempos foi apontado que em excesso pode causar perda de minerais e vitaminas, aumento da secreção de ácido clorídrico no estômago levando ao aparecimento de gastrite e úlcera no estômago dos indivíduos. De forma básica, a solução do problema alimentar depende de dois fatores fundamentais tão intrínsecos que dificilmente se poderá apontar onde começa um e termina o outro. São eles: as condições de manter uma 17 alimentação saudável e a educação alimentar. Além disso, com o passar do tempo, as pesquisas e os modismos são constantemente modificados para obter boa saúde, corpo esculpido e outros objetivos que estejam na moda. 1.2 Nutrição Segundo Priori (2010), a nutrição no campo das ciências da saúde é considerada uma ciência jovem. Desde os tempos imemoriáveis, quando o ser humano ainda não conhecia a agricultura e não domesticava animais com a finalidade de usá-los para a alimentação, o homem já selecionava alimentos para própria sobrevivência. Na literatura corrente, os conhecimentos e registros mais antigos de estudos sobre saúde e medicina são da Antiga Grécia. Os padrões alimentares nessa época já eram considerados determinantes para a preservação da saúde humana, pois as epidemias de pelagra, beribéri, escorbuto, caxumba, pneumonia e tuberculose estavam interligadas ao fator dietético, climáticos, entre outros. Galisa, Esperança e De Sá (2008) afirmam que a nutrição é a combinação de processos através dos quais o organismo recebe e utiliza os meios necessários para a obtenção de energia, a conservação de suas funções físicas, biológicas e mentais, o desenvolvimento e a regeneração dos tecidos. A nutrição compreende as seguintes fases: a fase da alimentação, a fase da digestão da absorção e do metabolismo e a fase da excreção. 1 - Fase da alimentação: É o ato voluntário que compreende a escolha, a preparação e o consumo de alimentos. Tem conotação direta com as necessidades biopsicossociais e econômicas do indivíduo (GALISA; ESPERANÇA; DE SÁ, 2008). Em todas as fases da vida dos seres humanos, a ingestão de alimentos deve ser variada e equilibrada. O corpo humano necessita de proteínas, carboidratos, vitaminas, sais minerais, água e gorduras. Além disso, diferentes 18 grupos de pessoas possuem as mais diversas necessidades nutricionais, que dependem de fatores como idade, sexo, atividade física, gravidez e amamentação. As necessidades alimentares de uma criança, por exemplo, não são as mesmas de um jovem, de um adulto ou de uma pessoa que está na fase da terceira idade (BRASIL, 2010). 2 - Fase da digestão da absorção e do metabolismo: A fase da digestão da absorção e do metabolismo inicia-se a partir da ingestão dos alimentos até o momento em que o organismo utiliza seus componentes para a manutenção e/ou recuperação da saúde (GALISA; ESPERANÇA; DE SÁ, 2008). Para que os nutrientes alcancem sua eficiência dentro do corpo, eles devem ser absorvidos para a circulação e utilizados nas células. Isso depende dos alimentos consumidos, assim como os fatores próprios da capacidade de digestão, da absorção intestinal e ainda da utilização dos nutrientes das células. Os alimentos que foram ingeridos alcançam o estômago através do esôfago. Os alimentos dentro do trato digestório vão sendo esmagados e atacados por secreções digestivas (DE ANGELES; TIRAPEGUI, 2007). De acordo com o autor supracitado, a sequência da digestão que ocorre no trato digestório é da seguinte maneira: Figura 1- Sistema digestório Fonte: <http://www.todamateria.com.br/sistema-digestivo-sistema-digestorio>. 19 Cavidade Oral e Esôfago: os alimentos são mastigados, engolidos e logo impulsionados por mecanismos (inicialmente, voluntários e depois, involuntários e regulados pelo sistema nervoso central e autônomo) através de movimentos peristálticos, no sentido oral-caudal. As glândulas salivares secretam a enzima ptialina, que inicia a digestão dos carboidratos. Na base da língua, a lipase lingual hidrolisa alguma gordura, especialmente a proveniente do leite. A ação de lubrificação da saliva é muito importante, sendo que a presença de mucina facilita o revestimento das moléculas insolúveis e a trituração dos alimentos, contribuindo para a desnaturação das proteínas dos alimentos. As glândulas salivares humanas secretam ao redor de 1 litro por dia de saliva.A saliva é um líquido viscoso, inodor, de pH aproximadamente de 6,5, que contém várias enzimas, como a amilase salivar, conhecida também como ptialina, a maltase e a isomaltase. Mucinas são glicoproteínas presentes nas secreções de mucos, secreções de glândulas mucosas. Estômago: a digestão por ação da ptialina continua no estômago, enquanto o pH consegue se manter alcalino. Porém, a secreção do ácido clorídrico (HCI) pelas glândulas parietais inibi a continuação da ação da ptialina. A secreção de pepsinogênio é ativado pela pepsina. As gorduras começam a se separar do topo do estômago. Intestino Delgado: o intestino recebe a secreção biliar trazendo a bile, que é armazenada na vesícula biliar e secretada pelo fígado. As gorduras são atacadas pela lipase e os sais biliares promovem a emulsificação, tornando o processo mais fácil. O tripsinogênio e o quimotripsinogênio, percussores secretados pelo pâncreas, são ativados por ação do HCI e de enzimas intestinais (a tripsina e a quimotripsina), que hidrolisam as proteínas. A amilase pancreática digere os carboidratos, a maltose, a maltotriose (que contêm três unidades de glicose) e as dextrinas, que contêm em média seis resíduos de glicose. 20 Intestino Grosso: os carboidratos e as fibras alimentares que não foram digeridas no intestino delgado são, em parte, fermentados, produzindo ácidos graxos de cadeia curta, que podem ser absorvidos e reaproveitados. Parte dos gases formados é gás carbônico, metano, hidrogênio e outros que são eliminados, em parte, através da expiração a nível pulmonar. Todos os nutrientes necessários para crescimento, reprodução, atividades fisiológicas e físicas, atividade cerebral, manutenção, reparos e atividades plásticas. Assista ao vídeo a respeito da digestão e absorção gastrointestinal dos alimentos: <https://www.youtube.com/watch?v=ZGt0MAxrGMM> 2 - Fase da excreção: Compreende a eliminação de parte dos componentes alimentares utilizados e não utilizados. 1.3 Fatores determinantes da ingesta de alimentos As regulações básicas da procura de alimentos para serem ingeridos dependem de vários fatores. Os fatores internos que controlam o comportamento de ingestão dependem de condições internas do corpo, como temperatura, metabolismo celular e disponibilidade de energia. A condição primordial para um organismo é manter-se em equilíbrio, sendo que a maneira de conseguir essa situação se efetua por intermédio de um conjunto de processos fisiológicos e bioquímicos, a homeostase (DE ANGELES; TIRAPEGUI, 2007). Os autores supracitados afirmam que o meio interno dos animais multicelulares regula a chegada de oxigênio e de substâncias nutritivas a todas as células, retirando os produtos de excreção. Os vários compartimentos líquidos corporais são separados por membranas, através dos quais se fazem as trocas que mantêm o organismo todo em equilíbrio. As membranas celulares separam o líquido intracelular do intersticial ou extracelular, e os https://www.youtube.com/watch?v=ZGt0MAxrGMM 21 capilares do líquido intravascular. Veja na Tabela 1, a composição média dos diferentes compartimentos. Tabela 1: Composição média dos compartimentos Intra e Extracelular (mEq/litro) Elemento Intravascular Intersticial Intracelular Sódio 142 44 10 Potássio 4 4 141 Cálcio 4 2,5 1 Magnésio 3 1,5 58 TOTAL 155 152 210 Cloreto 103 114 4 Bicarbonato 28 30 10 Fosfatos 4 - 75 Proteína 16 0 55 TOTAL 151 144 144 Fonte: De Angeles e Tirapegui (2007). O requisito exógeno para manter o equilíbrio homeostático pela água, oxigênio e nutrientes. Estes terão finalidades principalmente plásticas, energéticas ou reguladoras. A fonte exógena de matéria-prima para o organismo são os alimentos de origem animal ou vegetal, que na sua composição contêm nutrientes (proteínas, carboidratos, gorduras, minerais e vitaminas). A metabolização destes libera os nutrientes (aminoácidos, glicose, ácidos graxos, sódio, tiamina etc.) que serão utilizados (Figura 1) (DE ANGELES; TIRAPEGUI, 2007). De acordo com Whitney e Rolfes (1993), os nutrientes são metabolizados, sendo que a parte é aproveitada pelo organismo (nutriente retido) e parte é eliminada (excretada). 22 Figura 2: Alimentos fornecendo nutrientes Fonte: Adaptado de De Angeles e Tirapegui (2007). 1.4 Nutrientes e energia A função primordial dos alimentos é fornecer os nutrientes e a energia para os organismos vivos. Os alimentos possuem uma parte líquida e outra sólida. A maior parte dos alimentos sólidos é constituída por carboidratos, gorduras e proteínas, apenas uma pequena parte é composta por minerais, vitaminas e outros compostos. Os elementos mais simples são os minerais, os quais não são alterados pelos processos de preparação e no organismo. Os nutrientes que podem fornecer energia para ser usado pelo corpo são: carboidratos, gorduras e proteínas. Assim, a energia obtida desses nutrientes, pra ser utilizada pelo organismo, depende de processos de conversão da sua energia química em energia mecânica, energia elétrica ou calor, sendo isso realizado por meio do metabolismo energético. Durante o metabolismo energético, os átomos de hidrogênio se combinam com os de oxigênio, formando a água. Os átomos de carbono se combinam com os de oxigênio, formando o gás carbônico (DE ANGELIS; TIRAPEGUI, 2007). Alimento •Carne, cereais, óleos etc. Nutrimento •Proteína, Carboidrato, Lípideos etc Nutriente •Aminoácido, Glicose etc Utilizaçã e excreção 23 Reforçando o pensamento dos autores citados, Sharkey (2006) acrescenta que nossas fontes de energia - carboidratos, proteínas e lipídeos - são derivadas de plantas e animais. Os alimentos são ingeridos, digeridos e captados pela corrente sanguínea e transportado para as células. Usando catalizadores de enzimas alinhados nas rotas metabólicas, convertemos estas fontes de energia em moléculas de ATP (adenosina trisfosfato), composto de alta energia responsável por contrações musculares e muitas outras funções celulares. Você sempre gasta energia, mesmo quando está dormindo, se você fica na cama por 24 horas e não faz absolutamente nada, gastará em torno de 1,600 calorias. Essa energia é utilizada pelo coração e pelos músculos respiratórios para o metabolismo celular normal e para a manutenção da temperatura normal do corpo. O gasto calórico pode ir de 1,2 cal/min para 20 cal/min durante o esforço intenso. Os alimentos que compõem a alimentação do ser humano, para manter o corpo em condições normais de crescimento e equilíbrio em todas as situações, devem conter todos os ingredientes necessários em quantidades suficientes. Além disso, a quantidade de nutrientes deve está adequada para as várias práticas de atividades físicas, nas quais depende da atividade que o indivíduo está praticando e o objetivo almejado. Por exemplo, ao praticar musculação para ganho de massa muscular, o indivíduo acaba ingerindo quantidades maiores de carboidratos e proteínas. Por outro lado, a pessoa nessa mesma modalidade com objetivo de perda de peso, vai diminuir o índice de carboidrato e aumentar o de proteína para melhorar o resultado. 24 1.5 Sistemas básicos de energia O ATP é uma molécula de adenina, ligada a uma molécula de ribose e combinada a três grupos de fosfato inorgânico. Já a Adenina é uma base nitrogenada e a ribose é um açúcar que contém cinco carbonos. Assim, quando a molécula de ATP se combina com água (hidrólise) e fica submetida à ação da enzima ATPase, o último grupo fosfato é separado do ATP, liberando rapidamente grande quantidade de energia livre. Isso reduz o ATP, a difosfato de adenosina (ADP) e Pi. Mas, como aquela energia foi originalmente armazenada? Para gerar ATP, um grupofosfato é adicionado a um composto de energia relativamente baixa, ADP, em processo denominado fosforilação. Algum ATP é liberado independente da disponibilidade de oxigênio e esse metabolismo é denominado fosforilação a nível de substrato, ou seja, chamado de metabolismo anaeróbico. Quando essas reações ocorrem com a ajuda de oxigênio, o processo geral é chamado de metabolismo aeróbico e a conversão aeróbica de ADP até ATP como fosforililação oxidativa. (WILMORE; COSTILL; KENNEY, 2010). As células geram ATP por meio de três processos básicos ou sistemas diferentes: 1 - Sistema ATP-PCr O mais simples dos sistemas de energia, além de armazenar uma quantidade muito pequena de ATP, as células contêm outra molécula de fosfato de alta energia que é denominada creatina-fosfato ou PCr. Esse processo é rápido e pode ser efetuado sem qualquer estrutura especial no interior da célula. Esse sistema é classificado como metabolismo no nível de substrato. Embora possa ocorrer na presença de oxigênio, esse processo não depende dessa sustância. 25 A combinação de ATP e PCr pode suprir as necessidades energéticas dos músculos por apenas 3 a 15 segundos durante um tiro de velocidade de máximo esforço. Além desse ponto, os músculos precisam contar com outros processos de formação do ATP: a combustão glicolítica e oxidativa. 2 - Sistema glicolítico (glicólise) Outro método de produção de ATP envolve a liberação de energia por meio do fracionamento da glicose, no qual é chamado de sistema glicólico. A glicólise envolve cerca de 99% de todos os açucares circulantes no sangue. A glicólise provém dos carboidratos e da utilização do glicogênio hepático. O glicogênio é armazenado nos músculos ou no fígado, onde permanece até se fazer necessário. Antes que seja possível utilizar glicose ou glicogênio para gerar energia, essas substâncias precisam ser convertidas em um composto chamado de glicose-6-fosfato. A glicólise que é um sistema mais complexo do que o ATP- PCr depende de 10 a 12 reações enzimáticas para a metabolização da glicose até o ácido lático. Esse sistema de energia não produz grandes quantidades de ATP. Apesar dessas limitações, as ações combinadas dos sistemas ATP-PCr e glicolíticas permitem a geração de força pelos músculos, mesmo em condições de limitações de reservas de oxigênio. Esses dois sistemas predominam durante os minutos iniciais do exercício de alta intensidade. Esse sistema produz ácido lático nos músculos e nos líquidos corporais. A glicólise produz ácido pirúvico e essa, por sua vez, sem a presença de oxigênio, é convertida em ácido lático. A glicólise produz ácido lático, mas essa substância sofre dissociação, ocasionando a formação de lactato. É interessante mencionar que a produção de lactato relaciona a ligação de íons hidrogênio, sódio e potássio. Em eventos realizados em velocidades 26 máximas que duram apenas de um a dois minutos, são altas as demandas que recaem sobre o sistema glicolítico e os níveis de ácido lático podem aumentar. Os sistemas ATP-PCr e glicolítico não são capazes de atender a todas as necessidades energéticas de uma atividade de esforço máximo que se prolongue por mais de dois minutos. Exercícios prolongados dependem de um terceiro sistema de energia, o sistema oxidativo. 3 - Sistema oxidativo (fosforilação oxidativa) Este é o mais complexo de todos os sistemas. É um processo pelo qual o corpo decompõe os combustíveis com a ajuda do oxigênio para a geração de energia. Esse processo é chamado de respiração celular. Como há utilização de oxigênio, este é um sistema aeróbico. Os músculos dependem de um suprimento permanente de energia para produzir continuamente a força necessária para atividades prolongadas. Ao contrário da produção de ATP pelo anaeróbico, o sistema oxidativo tem sua velocidade de produção de ATP mais lenta, contudo, possui grande capacidade de produção de energia. Por essa razão, o metabolismo aeróbico é a principal via de geração de energia durante eventos de resistência aeróbica. Portanto, os três sistemas não funcionam de maneira independente entre si. Quando uma pessoa está se exercitando com máxima intensidade possível, desde os tiros de velocidades mais curtos (abaixo de 10s), até eventos de resistência (acima de 30 minutos), cada um dos sistemas de energia está contribuindo para o atendimento de necessidades totais de energia do corpo. Todavia, geralmente ocorre o predomínio de um sistema exceto quando há predominância de um sistema de energia para outro. 27 ÁGUA, CARBOIDRATOS, PROTEÍNAS, LÍPIDEOS, VITAMINAS E SAIS MINERAIS 2 CONHECIMENTOS Entender os conceitos, funções, importância e metabolismo dos nutrientes no organismo humano e a importância dos macronutrientes e micronutrientes nas diversas etapas da vida. HABILIDADES Analisar e relacionar as principais características dos macros nutrientes e micronutrientes nos processos de metabolismo, na atividade física e nas diversas etapas do desenvolvimento humano. ATITUDES Intervir em diversos ambientes educacionais como agente de transformação social por meio desses conteúdos. 28 29 2.1 Água A água é absolutamente essencial para a vida. Apesar de podermos sobreviver sem alimentos por dia, mais sem água é impossível. O corpo humano é composto de 50% a 75% de água, dependendo da idade e da gordura corporal (POWERS; HOWLEY, 2005). Assim, a água constitui cerca de 50% a 55% do corpo de uma mulher e 55% a 60% do corpo do homem. Essa diferença de água entre os sexos é devido a maior quantidade de massa muscular no homem e na mulher sua maior quantidade de gordura corporal. Alguns tecidos orgânicos possuem mais água e outros menos (Figura 2) (GALISA; ESPERANÇA; DE SÁ, 2008). Figura 3: Porcentagem de água nos diversos tecidos Fonte: <http://www.quimica.seed.pr.gov.br>. A nível macroscópico, a água forma os caminhos aquosos que transportam nutrientes, resíduos, hormônios e outras substâncias pelo organismo humano. A água é o componente mais importante do organismo. E 30 não somente do ponto de vista quantitativo, mais também devido às várias propriedades, que a torna um meio fundamental para a manutenção da vida (DE ANGELIS; TIRAPEGUI, 2007). A água, em combinação com várias proteínas, lubrifica as articulações e protege contra choques vários órgãos “que se movimentam”, tais como: o coração, os pulmões, os intestinos e os olhos. Um adulto sedentário em ambiente termoneutro necessita diariamente de 2,5 de água. Para uma pessoa ativa em meio ambiente quente e úmido, a necessidade de água aumenta com frequência até alcançar entre 5 e 10 litros diariamente. Para saber mais! A literatura a respeito da fisiologia do exercício respalda a questão da ingestão antes, durante e depois da prática de exercícios físicos. Em muitas situações, a bebida considerada indicada é a água. Entretanto, a ingestão de líquidos sob certas condições de exercícios pode ser contraproducente, acarretando complicações médicas, como a hiponatremia ou a intoxicação pela água. Existem três fontes que proporcionam água ao nosso organismo: água dos líquidos (água, suprimentos salinos, sucos), água dos alimentos (frutas, vegetais) e água metabólica fracionamento das moléculas dos macronutrientes (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2006). De acordo com Galisa, Esperança e De Sá (2008), os compartimentos que armazenam água no corpo humano são: extra e intracelular. O Líquido Extracelular (LEC) consiste em quatro partes: 1. O plasma sanguíneo – responsável por 25% do LEC e 5% do peso corporal; 2. Fluido intersticial– a água em torno das células; 31 3. Fluido secretório – a água circulando em trânsito; 4. Denso fluido tecidual - a água no tecido conectivo denso das cartilagens. Já o Líquido Intracelular (LIC) compõe por volta de 40% a 45% do total do peso do corpo. Uma vez que as células do nosso organismo lidam com a nossa vasta atividade metabólica, é natural que a quantidade de água nesse compartimento seja superior a extracelular. De acordo com Powers e Howley (2005), a perda de apenas 3-4% da água corporal afeta o desempenho aeróbico. Além disso, perdas maiores podem levar a morte. Em condições normais, sem a prática de exercício físico, a perda de água é de 2,500 ml por dia que são perdidos, por exemplo, por meio da urina e suor. No entanto, quando em temperaturas elevadas e quando em exercício intenso é adicionado à perda, cerca de 6 a 7 litros de água por dia. Não devemos sentir sede para beber água, pois esse já é um indício de desidratação. O peso da água pode oscilar dependendo dos estoques de água e proteínas no corpo. 2.2 Macronutrientes: carboidratos, proteínas e lipídeos (estrutura química, funções, classificações e necessidades) Figura 4: Macronutrientes Fonte: Adaptado pela autora. Disponível em: <http://emanalise.com>. 32 Segundo Delgado et al. (2014, p.1), “Os macronutrientes são nutrientes que fornecem calorias e energia. Estes são essenciais para o crescimento, para o metabolismo e para outras funções corporais”. Os carboidratos e as proteínas, quando completamente metabolizados no corpo, originam 4kcal de energia por grama, enquanto as gorduras, 9kcal. Os macronutrientes, carboidratos, proteínas e gorduras estão distribuídos nas alimentações e devem ser deglutidos diariamente para garantir uma alimentação saudável. Ainda que, como regra geral, seja estabelecido um percentual habitual de cada nutriente, precisamos lembrar que as pessoas desempenham diferentes atividades em distintas rotinas, podendo requerer demandas alimentares divergentes e por vezes até suplementares (SEYFFARTH, 2006/2007). 2.2.1 Carboidratos Figura 5: Variedade de carboidratos fibrosos e não-fibrosos Fonte: <http://globoesporte.globo.com>. Os carboidratos são as moléculas mais abundantes na natureza. Eles são encontrados em todas as formas de vida, apresentando-se como simples, complexos e fibrosos (DE ANGELIS, 2003; GUIMARÃES NETO, 2009). http://globoesporte.globo.com/ 33 A maior parte dos carboidratos pode ser utilizável pelo organismo e absorvidos no intestino delgado ou no intestino grosso. Os compostos que não são absorvidos em nenhum trato gastrointestinal alcançam o intestino grosso, onde em parte, podem ser fermentados e assim absorvidos para a circulação ou aumentam a biomassa, sendo excretada nas fezes (DE ANGELIS; TIRAPEGUI, 2007). O aumento de carboidrato no organismo provoca aumento da glicemia sanguínea dependendo do carboidrato em si e também do conjunto de alimentos consumidos (DE ANGELIS, 2001). No exercício muscular, o carboidrato constitui fonte energética direta, enquanto a proteína e a gordura são fontes indiretas (DE ANGELIS; TIRAPEGUI, 2007). Galisa, Esperança e De Sá (2008) e De Angelis e Tirapegui (2007) afirmam que os carboidratos são qualificados em três grupos: Monossacarídeos, Dissacarídeos e Polissacarídeos. 1º grupo - Monossacarídeos: também são chamados de açucares simples, não necessitam sofrer qualquer transformação para serem absorvidos pelo organismo. Os carboidratos simples, como açúcar, geleias, mel, doces e sorvetes, possuem uma pequena cadeia química que são rapidamente absorvidos pelo intestino (GUIMARÃES NETO, 2009). Segundo Mattos e Neira (2007), o carboidrato simples é composto por uma ou duas moléculas no qual os mais importantes na nutrição são: Glicose ou dextrose: é a forma de açúcar que circula no sangue e se oxida para fornecer energia. No metabolismo humano, todos os tipos de carboidratos digeríveis transformam-se em glicose. É encontrada de forma livre na natureza, no mel, no milho, na uva, em frutas e vegetais; 34 Frutose ou levulose: é o açúcar das frutas, também encontrado na sacarose, associado à glicose e no mel. É o mais doce dos açucares; Galactose: não é encontrada de forma livre na natureza, faz parte da lactose (açúcar do leite). 2º grupo – Dissacarídeos: São açucares duplos, isto é, a combinação de açucares simples, podendo sofrer desdobramentos através da ação das enzimas. Entre eles, temos: Sacarose: composto de glicose e frutose, é a forma de açúcar que nos é mais familiar, também conhecido como açúcar de mesa. É obtido da cana de açúcar, da beterraba e encontrado naturalmente em muitos vegetais e frutas. Lactose: composto de glicose e galactose, é o açúcar do leite. Maltose: composto de duas unidades de glicose, é o açúcar do malte (semente em germinação) ou obtido durante o processo digestivo do amido no organismo. 3º grupo – Polissacarídeos: são compostos por muitas unidades de monossacarídeos unidos. Podem ser digeríveis ou indigeríveis. Polissacarídeo digerível: a) amido: composto por várias unidades de glicose. Encontra-se nas sementes, nas raízes, nos tubérculos, nos frutos, no caule e nas folhas dos vegetais. Segundo Matos e Monossacarídeos – pentoses e hexoses com fórmula C6H12O6 Dissacarídeos – resultado da união de dois monossacarídeos 35 Neira (2007), o amido, também chamado de carboidrato complexo, é composto de várias correntes de moléculas. Os carboidratos complexos possuem grande cadeia química e requerem tempo para maior absorção. Desse modo, ambos são absorvidos pelo intestino e transformados em glicose e liberados. Exemplos de carboidratos complexos: pães, grãos, vegetais integrais, vegetais, leguminosas e frutas (GUIMARÃES NETO,2009). b) dextrina: não é encontrado de fora livre na natureza. É um polissacarídeo obtido durante a digestão do amido. Polissacarídeo indigerível: a) fibra alimentar: a maioria das fibras constitui polissacarídeos, na qual as ligações entre as unidades de açúcar não podem ser degradadas pelas enzimas humanas e, portanto, passam pelo corpo humano sem liberar energia. São classificadas em: a.1) fibras insolúveis - estrutura dura e fibrosa dos frutos, dos vegetais e dos grãos, que não se dissolvem em água; a.2) fibras solúveis - substâncias solúveis em água, que formam uma espécie gel, aumentam o volume alimentar e retardam o esvaziamento gástrico. Os carboidratos fibrosos são dificilmente absorvidos pelo intestino de forma que não são utilizados como fontes de energia, mais como suplemento de vitaminas, minerais e ajudam a manter o trato intestinal saudável (GUIMARÃES NETO, 2009). Segundo Mattos e Neira (2007), as fibras não possuem calorias, nem nutrientes, mais uma dieta balanceada em fibras tem sido ligada a vários fatores como: melhora na regularidade do intestino, diminuição dos sintomas diabéticos e necessidade de insulina, redução de risco de doenças coronarianas e contribuição para o controle do peso. Polissacarídeos- resultado da união de muitos monossacarídeos 36 2.2.1.1 Digestão e absorção dos carboidratos (glícides, glicídios ou hidratos de carbono) A primeira enzima a agir sobre os carboidratos é a amilase salivar ou ptialina, que atua sobre o amido, transformando-o em dextrina ou maltose. Como os alimentos permanecem pouco tempo na boca, a digestão continuará se processando no intestino delgado. No momento em que o bolo alimentar entra no estômago, a amilase salivar é rapidamente inativa pelo meio ácido (HC1 - ácido clorídrico), embora a digestão continue se processando no interior do bolo até que seja atingidopelo ácido. A maior parte dos carboidratos ocorre no intestino delgado, onde a amilase pancreática converte o amido em dextrina e maltosa. Os dissacarídeos, como a maltase, transforma a maltose em duas unidades de glicose e galactose; e a sacarose transforma a sacarose em glicose e frutose. Sob a forma de monossacarídeos, os carboidratos são absorvidos. Os carboidratos são conduzidos, pela veia porta, ao fígado e transformados em glicose. No fígado, a glicose poderá ser armazenada na forma de glicogênio ou liberada para a corrente sanguínea para ser utilizada pelos tecidos. A taxa normal de glicose no sangue é denominada glicemia, sendo controlada de acordo com as necessidades do organismo, por alguns hormônios como a insulina (produzida no pâncreas) e a tiroxina (produzida na tireoide) (GALISA; ESPERANÇA; DE SÁ, 2008). 37 Quadro 1: Esquema de digestão do amido ÓRGÃO ENZIMA AÇÃO Boca Amilase salivar Amido- -dextrina- -maltose Estômago A ação acima continua em escala menor Intestino delgado Amilase pancreática 1- Amido 2- Dextrina 3- Maltose Intestino delgado Sacarase e invertase Sacarose = glicose+frutose Intestino delgado Lactase Lactose= glicose+galactose Intestino delgado Maltase Maltose = glicose+glicose Fonte: Galisa, Esperança e De Sá (2008). Metabolismo dos carbidratos O metabolismo pode ser conceituado como as reações orgânicas que os organismos vivos realizam para obter energia e sintetizar substâncias que necessitam. Logo, o metabolismo pode ser dividido em dois tipos: o catabolismo e o anabolismo. O primeiro degrada moléculas difíceis para fornecer moléculas simples e energia e o segundo é onde se sintetizam moléculas complexas a partir de moléculas simples com gasto de energia. O catabolismo inicia com a digestão, onde moléculas de polissacarídeos são quebradas em monossacarídeos, lipídios são quebrados em ácidos graxos e glicerol e proteínas são quebradas em seus aminoácidos. Esses três processos metabólicos convergem para o Ciclo de Krebs, onde a acetil-CoA é transformada em CO2 e H2O e a energia é mantida na forma de ATP, GTP, NADH e FADH2. 38 Após tudo isso, para finalizar, temos a etapa da fosforilação oxidativa, onde todos são convertidos em ATP, armazenando a energia (BARREIROS; BARREIROS, [s.d.]). Figura 6: Resumo do catabolismo Fonte: Bruice (2006, p. 449 apud BARREIROS; BARREIROS, [s.d.]). Maughan, Gleeson e Greenhaff (2000) afirmam que os passos iniciais da degradação dos estoques de carboidrato do corpo ocorrem sem o envolvimento de oxigênio sendo, portanto, processos anaeróbios. A terminologia depende do ponto inicial: a degradação da glicose é chamada de glicólise, enquanto a do glicogênio, glicogenólise. A glicólise converte efetivamente uma molécula de glicose com seis carbonos em duas moléculas com três carbonos. Assim, o produto final da glicólise aeróbica é o piruvato, enquanto o produto final da glicólise anaeróbica é o lactato. No processo da glicólise, parte da energia química liberada pela ruptura das ligações é conservada sob a forma de ATP. Piruvato é um importante regulador dos processos metabólicos. A união de duas moléculas de piruvato podem formar uma nova molécula de glicose no fígado por um processo metabólico conhecido por neoglicogênese. Assim, os aminoácidos que durante o processo de oxidação dão origem a piruvato são 39 chamados de aminoácido glicogênicos, este é um importante ponto de regulação metabólica na manutenção da taxa glicêmica, quando há ausência de carboidratos na alimentação. A glicólise é o catabolismo da glicose. A glicólise pode ser dividida em duas etapas de 5 reações cada. A etapa primária é nomeada de fase preparatória e nesta, a ATP é consumida para acionar a molécula de glicose e transforma-lá em gliceraldeído-3-fosfato. Na segunda etapa, chamada de fase de compensação, o gliceraldeído- 3-fosfato é convertido em piruvato e a energia é armazenada na forma de ATP e NADH. A via glicolítica concentra o metabolismo dos carboidratos, já que a glicose é de longe, o carboidrato mais abundante. Ao final da via glicolítica, todos os carboidratos são convertidos em piruvato. Logo, o piruvato pode seguir três destinos distintos: A) em condições anaeróbicas, determinados micro-organismos não recebem oxigenação satisfatória na qual realizam a fermentação láctica, onde o piruvato é transformado em lactato; B) Diversos micro-organismos como as leveduras convertem o piruvato em etanol na fermentação alcoólica; C) Por fim, em condições aeróbicas, o piruvato é convertido a acetil-coenzima-A, que entra no ciclo do ácido cítrico sendo convertida em CO2 e água. (BARREIROS; BARREIROS, [s.d.]). Segundo Barreiros e Barreiros ([s.d.], p. 278): Alguns tecidos do corpo utilizam apenas glicose como fonte de ener- gia, não sendo capazes de metabolizar aminoácidos ou lipídios. É o caso do cérebro, sistema nervoso, eritrócitos, testículos, medula renal e tecidos embrionários. Para que esses tecidos não fiquem sem energia e parem de funcionar é necessário manter um nível de concentração de glicose na corrente sanguínea. Em geral nosso estoque de glicogênio armazenado no fígado e músculos supre essas necessidades, entretanto, em períodos de jejum prolongado, ou após exercícios físicos extenuantes o estoque de glicogênio se esgota, sendo necessário ao organismo apelar para a síntese da glicose a partir de precursores não oriundos de carboidratos. Isso é alcançado por uma rota do anabolismo de carboidratos denominada de gliconeogênese. 40 Assim, na glicólise, uma molécula de glicose produz 2ATP e 2NADH. Na gliconeogênese, para dar uma molécula de glicose são utilizados 6ATP e 2NADH. Desse modo, o organismo somente utiliza à gliconeogênese em casos de necessidade. Outra etapa do metabolismo dos carboidratos, assim como também dos lipídios e das proteínas é o ciclo de Krebs ou ciclo de ácido crítico. Nele a acetil-CoA é transformada em CO2 e sua energia é mantida na forma de 3NADH, 1 FADH2 e 1 GTP. Figura 7: Ciclo do ácido cítrico Fonte: NELSON (2011, p. 621 apud BARRETO; BARRETO, [s.d.]). Pontos importantes: Normalmente, os carboidratos representam a maior parte da ingestão energética, pois é cerca de 40% a 60% do consumo energético total, mas as reservas de carboidrato do corpo são pequenas: cerca de 80 a 110 gramas de glicogênio são armazenados no fígado e aproximadamente 250-400 gramas nos músculos; 41 Os carboidratos fornecem energia pelo metabolismo anaeróbico, tendo o lactato como produto final ou pela oxidação completa em dióxido de carbono e água; As limitadas reservas de carboidratos do organismo são rapidamente depletadas durante o exercício físico (glicogênio muscular) ou durante o jejum (glicogênio hepático). As reservas de glicogênio muscular são depletadas após 1-2 horas de exercício pesado. No exercício de intensidade muito alta, o conteúdo muscular de glicogênio cai rapidamente, mas não é completamente depletado no ponto de fadiga; Os carboidratos são o principal combustível para a atividade muscular em exercícios de alta intensidade: quando as reservas musculares de glicogênio são depletadas, somente é possível a realização de exercícios em baixa intensidade. O tempo durante o qual o exercício de intensidade fixa pode ser sustentado está relacionado com o tamanho da reserva de glicogênio anterior ao exercício, isto dependerá do padrão de exercício e da dieta adotada nas horas e nos dias precedentes. A glicogênese – síntese de carboidratos a partir de fontes não- carboidratos – ocorre sobretudo no fígado e pode ajudar a manter o suprimento de carboidratos em tecidos, como o cérebro e eritrócitos, que dependem da disponibilidadeda glicose; Entre os muitos hormônios na integração dos carboidratos e no controle de seu metabolismo, destacam-se a insulina, que promove o armazenamento de carboidratos, e o glucagon, cujas ações são geralmente antagônicas as da insulina. A adrenalina e a noradrenalina estimulam a mobilização e o metabolismo dos carboidratos em momentos de estresse. 42 2.2.2 Proteínas Figura 8: Proteínas de origem animal e vegetal Fonte: <http://vidanutritiva.net/wp/tabela-quantitativa-de-proteinas-em-vegetais>. No ser humano, as informações genéticas estão contidas na estrutura do DNA, que determina o tipo e a quantidade de proteínas sintetizadas em cada célula do organismo. Por sua vez, as proteínas são responsáveis pela síntese de todos os outros componentes celulares, enquanto o material genético apenas codifica as proteínas com suas respectivas sequencias de aminoácidos (DE ANGELIS; TIRAPEGUI, 2007). As proteínas são consideradas nutrientes importantes devido ao fato de fornecerem os aminoácidos essenciais. Depois da água, a proteína é a substância mais abundante no corpo, cerca de 20% do peso corporal. À semelhança de gorduras e carboidratos, as proteínas contêm carbono, hidrogênio e oxigênio. No entanto, as proteínas são as únicas que possuem nitrogênio (16%) junto com enxofre, fósforo, ferro, cobalto. As proteínas são formadas por 20 aminoácidos em diversas proporções e cumprem funções estruturais, reguladoras, de defesa e de transporte nos fluídos biológicos. Os principais tecidos responsáveis por esse http://vidanutritiva.net/wp/tabela-quantitativa-de-proteinas-em-vegetais 43 equilíbrio são o muscular e as vísceras, estas últimas responsáveis pela síntese de proteínas sanguíneas fundamentais na homeostase celular. Alguns aminoácidos denominados essenciais devem ser ingeridos por meio da alimentação; sua falta ocasiona alterações bioquímicas, fisiológicas e diminuição acentuada da síntese proteica. Por exemplo, em crianças, provoca diminuição do crescimento e profundas alterações biológicas, fisiológicas e anatômicas. A principal função dos aminoácidos está relacionada com a síntese proteica (TIRAPEGUI, 2006). Mattos e Neira (2007) acrescentam que as principais funções das proteínas são: formar a estrutura dos músculos ósseos, cartilagens, cabelos, pele, unhas, sangue, linfa, vasos sanguíneos e material genético; formar anticorpos para resistências às doenças e entregar oxigênio e nutrientes as células por meio da corrente sanguínea (função construtora e reguladora). Além disso, promove o crescimento pela formação de novas células e permite a conservação dos tecidos pela reposição de células gastas (função construtora). As proteínas também atuam no equilíbrio hidroeletrolítico, no equilíbrio ácido-básico, na coagulação sanguínea, transporte de substâncias necessárias, percussoras de vitaminas, contribui no metabolismo energético do organismo (função energética), contração muscular, geração e transmissão de impulso nervoso, regulação hormonal, estrutural (formam matriz de ossos e ligamentos), catálise enzimática (transformações químicas em sistemas biológicos) (GALISA; ESPERANÇA; DE SÁ, 2007; DE ANGELIS; TIRAPEGUI, 2007). A necessidade de ingestão de proteínas e aminoácidos depende das condições fisiológicas dos indivíduos. Por exemplo, em relação ao exercício físico, há maior necessidade de ingestão proteica na dieta, que é influenciada por alguns fatores, dentre os quais se destacam a intensidade, a duração e o tipo de exercício; o conteúdo do glicogênio, o balanço energético; o gênero; a idade e o tempo de treinamento (DE ANGELIS; TIRAPEGUI, 2007). 44 Mattos e Neira (2007) mencionam que nossas necessidades são maiores quando somos crianças, cerca de duas gramas por quilo de peso corporal. Essa exigência declina com a idade, embora seja maior nas mulheres grávidas e em atletas. Em relação ao valor calórico total da dieta, a World Health Organization (WHO) (2003) e a Organização Mundial da Saúde (2004) recomendam de 10% a 15% provenientes de proteínas. Em relação ao peso, recomenda-se 0,8g por quilo de peso por dia para adultos saudáveis. Esta quantidade deve ser aumentada em certos estados fisiológicos, tais como crescimento, gravidez e lactação e atividades especiais (caso de atletas) (NATIONAL RESEARCH COUNCIL, 1989). 2.2.2.1 Aminoácidos Os aminoácidos são formados por carbono, hidrogênio, oxigênio, nitrogênio e, ocasionalmente, por enxofre; são as unidades estruturais das proteínas. Dois aminoácidos unidos formam um dipeptídeo, a união de três aminoácidos resulta na formação de um tripeptídeo e assim sucessivamente. Cada aminoácido em uma cadeia polipeptídica é denominada como um resíduo de aminoácido. Uma cadeia em até 100 aminoácidos unidos é denominada poliptídeo, enquanto valores superiores caracterizam uma proteína (DE ANGELIS; TIRAPEGUI, 2007). Segundo Galisa, Esperança e De Sá (2007), os aminoácidos que representam as unidades básicas da estrutura das proteínas podem ser divididos em: aminoácidos essenciais, aminoácidos não-essenciais e condicionalmente essenciais. Os aminoácidos essenciais são aqueles que o organismo não consegue sintetizar ou sintetiza muito lentamente para satisfazer suas necessidades. Como são substâncias encontradas em determinados alimentos, devem ser obtidos pela alimentação. São eles: isoleucina, leucina, lisina, valina, triptofano, fenilalanina, treonina, metionina e treonina. 45 O aminoácidos não-essenciais são aqueles que o organismo pode produzir e satisfazer suas necessidades, além disso, podem ser sintetizados pelo organismo a partir de outros aminoácidos ou de outros metabólicos de complexos nitrogenados. São eles: alanina, arginina, asparagina, ácido aspártico, cisteína, ácido glutâmico, glutamina, glicina, prolina, serina e tirosina. Os aminoácidos condicionalmente essenciais que se tornam essenciais em condições especiais, ou seja, quando as necessidades do organismo excedem a capacidade do corpo de produzi-los, devendo ser obtidos pela alimentação. 2.2.2.2 Digestão e absorção das proteínas (Protídeos ou Prótides) As proteínas não sofrem digestão na boca, porém a mastigação e a insalivação formam uma massa semi-sólida que passa ao estômago, onde tem início a digestão química. A primeira enzima a agir sobre as proteínas é a pepsina, ativada pelo ácido clorídrico presente no suco gástrico. Sua ação decompõe as proteínas em polipeptídios (fragmentos de proteínas com muitos aminoácidos ligados entre si). No intestino delgado, as enzimas pancreáticas – tripsima, quimotripsina e carboxipeptidase – e as enzimas entéricas – aminopeptidase e dipeptidase – agem sobre as proteínas, transformando-as em cadeias de peptídeos progressivamente menos complexas até chegar a peptídeos e aminoácidos. Sob essa forma, as proteínas são absorvidas, passando para a corrente sanguínea que transporta os aminoácidos para todas as células do corpo para que elas desempenhem suas funções. O organismo não possui órgãos que mantenham uma reserva estática de proteínas, portanto, há necessidade de se manter a proteinemia normal 46 através de alimentação diária balanceada (GALISA; ESPERANÇA; DE SÁ, 2008). Quadro 2: Esquema de digestão das proteínas ÓRGÃO ENZIMA AÇÃO Boca -- Mastigação e insalivação Estômago -- Pepsina O ácido clorídrico ativa a pepsina 1- Proteínas 2- Polipeptídeos Intestino delgado Pancreátricas Tripsina Quimotripisina Carboxipeptidase Entéricas Aminopeptidase dipeptidase 1- Proteínas 2- Polipeptídeos 3- Tripeptídeos 4- Dipeptídeos 5- Peptídeos 6- Aminoácidos Fonte: Galisa, Esperança e De Sá (2008). 2.2.2.3 Metabolismo das proteínas O metabolismo dasproteínas é, sob muitos aspectos, mais complexo do que o dos lipídeos e dos carboidratos. Isso se deve, em parte, ao número de compostos envolvidos. Todos os aminoácidos, excetuando-se os essenciais, podem ser sintetizados pelo organismo e degradados em compostos mais simples. Não existe um armazenamento do excesso de proteínas dietéticas no organismo e qualquer aminoácido ingerido além da necessidade imediata é oxidado, e o nitrogênio é excretado. Embora a estrutura do corpo seja muito estável, muitas das proteínas componentes dos tecidos apresentam uma vida relativamente curta no organismo. A maioria das proteínas e enzimas estruturais são sintetizadas e degradadas em altas taxas; até 20% da taxa basal do consumo energético é 47 resultado do turnover proteico. Este processo é importante na reparação do tecido lesado e na cicatrização e também no tecido sadio (MAUGHAN; GLEESON; GREENHAFF, 2000). O turnover abrange a renovação ou substituição de uma substância biológica, bem como a troca de material entre diferentes “compartimentos”. O turnover proteico é o equilíbrio entre as taxas de síntese e degradação das proteínas. Esse fenômeno é elevado na infância e diminui com a idade. De acordo com De Angelis e Tirapegui (2007), na célula existe um pool metabólico de aminoácidos em estado de equilíbrio dinâmico que pode ser utilizada quando for necessário, o contínuo estado de síntese e degradação das proteínas é necessário para manter esse “pool” metabólico e a capacidade de satisfazer a demanda de aminoácidos nas várias células e tecidos do organismo, quando essas são estimuladas a sintetizar novas proteínas para uma determinada função. Os tecidos mais ativos, responsáveis pela equilibração de síntese e degradação das proteínas, são o plasma, mucosa intestinal, pâncreas, fígado e rins. Por outro lado, o tecido muscular, pele e cérebro são os menos ativos. No organismo humano, a proteína sofre deterioração constante, pois os aminoácidos liberados durante a renovação e que não participam da síntese proteica são catabolizados para o alcance de energia. A proteína em exagero dos valores aconselhados faz com que mais aminoácidos sejam transformados em gorduras ou catabolizados para atender as necessidades energéticas do corpo e a inanição, a dieta, o exercício demorado e o diabetes mellitus descontrolado apressam o catabolismo dos aminoácidos quando os carboidratos não estão disponíveis ou estão sendo aproveitados de maneira imprópria. Durante o catabolismo, a proteína é primeiro, degradada em aminoácidos componentes e, posteriormente, a molécula de aminoácido perde 48 seu nitrogênio no fígado para formar ureia. Após isso, o aminoácido desanimado restante é decomposto em um novo aminoácido, transformado em carboidrato ou gordura ou catabolizado absolutamente para obtenção de energia. A ureia constituída na desanimação (incluindo alguma amônia) deixa o corpo em forma de urina. As enzimas nos músculos promovem a retirada do nitrogênio de certos aminoácidos e o transferem para outros compostos nas reações bioquímicas reversíveis da transanimação. Após a desanimação, o piruvato, oxaloacetato, dentre outros seguem caminhos diferentes, dentre eles, glicogênese, fonte energética e síntese das gorduras (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2006). METABOLISMO DA PROTEÍNA NO EXERCICIO FÍSICO Segundo Wilmore, Costill e Kenney (2010), a proteína pode ser utilizada como fonte de energia menor, mas primeiramente deve ser convertida em glicose. No caso da grande depletação de energia ou da grande inanição, a proteína pode ser utilizada até mesmo para gerar AGLs a fim de se obter energia celular. O processo pelo qual a proteína ou gordura é convertida em glicose é chamada de glicogênese. O processo de conversão de proteínas em ácidos graxos é denominado de lipogênese. Com relação ao metabolismo da proteína no exercício, Maughan, Gleeson e Greenhaff (2000) afirmam que é fato que o exercício exerce alguns efeitos altamente específicos sobre o metabolismo proteico do organismo. O treinamento de força resulta em aumento de massa muscular, indicando intensificação na formação de actina e miosina. Os exercícios de resistência embora tenham pouco efeito sobre a massa muscular, elevam o conteúdo de proteínas musculares, especialmente daquelas envolvidas no metabolismo oxidativo. Essas alterações são específicas e seletivas aos estímulos. 49 O exercício também possui alguns efeitos imediatos sobre o metabolismo proteico e a resposta a um episódio de exercício é similar em vários aspectos à resposta a fase aguda de uma infecção ou lesão. FONTES ALIMENTARES As fontes alimentares das proteínas podem ser de origem animal e vegetal. As fontes proteicas de origem animal podem ser encontradas nas carnes (mamíferos, aves e pescados) vísceras, ovos, queijos e iogurtes. O leite possui pequena quantidade de proteínas, mais a facilidade com que ele se incorpora a alimentação diária, torna-o uma das melhores fontes desse nutriente. Já as fontes proteicas de origem vegetal são as leguminosas secas (feijões, ervilha, lentilha, grão-de-bico e soja) e cereais integrais (milho, trigo, arroz, centeio, etc). A deficiência extrema de proteínas causa Kwashiorkor e a deficiência extrema de calorias e proteínas causa o Marasmo. Para entender melhor sobre o que causa Kwashiorkor e marasmo, assista ao vídeo: <https://www.youtube.com/watch?v=4t6KqUxihuk>. LIPÍDEOS Os lipídeos ou lipídios, lípidos ou lípides são um amplo grupo de substâncias químicas insolúveis na água e solúveis em éter, clorofórmio e outros solventes orgânicos. Os lipídeos são constituintes importantes de todas as células. Estão associados ao glicerol, como os triacilglicerídeos (gorduras e óleos – fornecem calorias) e fosfolípides (estrutura das membranas) e não associadas ao glicerol, como os esteróis (colesterol, fitosteróis, ceras e álcoois graxos) (GALISA; ESPERANÇA; DE SÁ, 2007). Os lipídeos constituem a forma de armazenamento de todo excesso de nutrientes, quer seja ingerido sob a forma de carboidratos, proteínas ou dos https://www.youtube.com/watch?v=4t6KqUxihuk 50 próprios lipídeos. Os lipídeos são armazenados nas células adiposas, sob a forma anidra e podem ocupar a maior parte do volume celular. Existem duas vantagens pelo qual o organismo estoca energia em forma de triacilgliceróis do que de glicogênio. Primeiro, devido a oxidação render 2,25 vezes mais energia por grama comparada aos carboidratos. Segundo, porque a molécula de triacilglicerol é hidrofóbica e, portanto, não hidrata. Desse modo, quando o organismo armazena energia na forma de gordura, não necessita carregar um peso extra na forma de água. Diferentemente, o acúmulo de hidrogênio implica maior hidratação tecidual, desde que para um grama desta molécula, de 2 a 4 gramas de água são armazenados no tecido (OLIVEIRA; MARCHINI, 1998). Os lipídeos contêm os mesmos elementos estruturais que os carboidratos, isto é, carbono, hidrogênio e oxigênio. Apresentam, porém, uma relação entre hidrogênio e oxigênio consideravelmente maior. Os lipídeos também demonstram menor densidade em relação à água (NELSON; COX, 2000). Os lipídeos representam a maior reserva nutritiva de energia química para realização do trabalho biológico, incluindo a contração muscular. Os depósitos de lipídios no tecido adiposo provêm do isolamento do frio e protegem os órgãos vitais. Os lipídeos são componentes estruturais das membranas e também atuam como transportadores de vitaminas lipossolúveis (MAUGHAN; GLEESON; GREENHAFF, 2000). TIPOS DE LIPÍDEOS Os lipídeos podem ser classificados segundo sua estrutura em três classes. A primeira são os lipídeos simples, a segunda, os lipídeos compostos, e a terceira, os lipídeosderivados. 51 Os lipídeos simples são frequentemente denominados de “neutros” e consistem de ácidos graxos e triacilgliceróis, na qual 95% da gordura corporal está sob a forma do último supracitado. A maior parte é armazenada no citoplasma das células do tecido adiposo branco, embora o fígado e o músculo esquelético também contenham estoques. Com relação aos ácidos graxos, podem ser saturados e insaturados. As gorduras saturadas podem ser encontradas principalmente como triglicerídeos, cujo papel é ser queimado para energia metabólica. Os lipídeos insaturados podem ser divididos em monosaturadas e poliinsaturadas. O ácido graxo é considerado monoinsaturado se houver apenas uma dupla ligação ao longo da cadeia de carbono, enquanto a existência de duas ou mais ligações duplas caracteriza-o como poliinsanturado (DE ANGELIS; TIRAPEGUI, 2007). Segundo Mattos e Neira (2007), as gorduras insaturadas, embora às vezes usadas na produção de energia, desempenham um papel estrutural como parte das membranas de todas as células do corpo e das pequenas organelas dentro das células (por exemplo, nas mitocôndrias). Os lipídeos compostos são constituídos por uma gordura neutra, combinada a outras substâncias químicas. Os principais grupos são os glicolipídeos, os esfingolipídeos, os fosfolipídeos e as lipoproteínas. Os fosfolipídeos e os glicolipídeos (glicoesfingolipídeos) são encontrados em maiores quantidades no tecido nervoso, nos quais interagem com o ambiente extracelular e desempenham um papel na regulação das interações, do crescimento e do desenvolvimento celulares. Já os esfingolipídeos são abundantes no tecido nervoso, enquanto algumas quantidades são observadas no depósito de gordura do tecido adiposo (DEVLIN, 2002). 52 As lipoproteínas são formadas, sobretudo no fígado e na circulação, e são combinações de triacilgliceróis, fosfolipídeos, colesterol e proteínas. As lipoproteínas constituem a principal forma de transporte de gordura no sangue. As lipoproteínas são classificadas em lipoproteínas de alta densidade (HDL) e lipoproteínas de baixa densidade (LDL). A primeira contém a quantidade mínima de colesterol e parecem atuar no transporte de colesterol das paredes das artérias para a conversão em bile no fígado. Essa lipoproteína também é chamada comumente de colesterol “bom”. Já a segunda, normalmente transporta 60% a 80% do colesterol plasmático na parece arterial, também chamada de colesterol “ruim” (MAUGHAN; GLEESON; GREENHAFF, 2000). Os lipídeos derivados incluem substâncias derivadas de lipídeos simples e compostos. O mais amplamente pesquisado é o colesterol, um esterol encontrado apenas em alimentos de origem animal. Presente em todas as células do organismo, o colesterol é um constituinte das membranas celulares e um precursor essencial para a síntese de vitamina D e de hormônios esteroides, como o estrogênio, a testosterona e o cortisol. Ele também é necessário para a síntese da bile, que desempenha relevante função na emulsificação de gorduras no trato digestório (MAUGHAN; GLEESON; GREENHAFF, 2000; DE ANGELIS; TIRAPEGUI, 2007). DIGESTÃO E ABSORÇÃO DOS LIPÍDEOS (LÍPIDES OU GORDURAS) A digestão química das gorduras efetua-se quase que totalmente no intestino delgado, porém a ação preparatória ocorre nas partes anteriores do trato gastrointestinal. Na boca, a mastigação divide as gorduras em pequenos pedaços e a insalivação as umedece para a passagem ao estômago. No estômago, apenas as gorduras emulsionadas (gordura do leite e da gemado ovo) recebem a ação da lipase gástrica, que as desdobra em ácidos graxos e glicerol. As demais 53 gorduras devem ser primeiramente emulsionadas pela bile, que é produzida pelo fígado e armazenada na vesícula biliar. A emulsão é um passo importante na preparação das gorduras para a digestão química; consiste em dividir a gordura em pequenos glóbulos, o que aumenta a superfície disponível para a ação das enzimas. Sob a ação da lipase pancreática e da lipase entérica, as gorduras, já emulsionadas, decompõem-se em ácidos graxos e glicerol e, assim, são absorvidas. Após, a absorção, há uma recombinação desses componentes, formando triglicerídeos. A circulação leva os triglicerídeos para o fígado, onde são ressintetizados em forma de lipídeos específicos do organismo. Uma parte é queimada e usada para fins calóricos, outra parte é armazenada. As gorduras não absorvidas servem de lubrificantes, facilitando a excreção intestinal. O excesso de gordura armazena-se na forma de tecido adiposo, tanto subcutâneo como visceral (GALISA; ESPERANÇA; DE SÁ, 2008). Quadro 3: Esquema de digestão dos lipídeos ÓRGÃO ENZIMA AÇÃO Boca -- Mastigação e insalivação Estômago Lipase gástrica Digere apenas as gorduras já emulsionadas Fígado -- A bile emulsiona as gorduras restantes Intestino delgado Lipase pancreática Lipases entéricas Decompõe as gorduras já emulsionadas em ácidos graxos e glicerol 54 UTILIZAÇÃO DAS GORDURAS DURANTE O EXERCÍCIO As gorduras contribuem com aproximadamente metade do total da produção de energia durante o repouso, o restante vem dos carboidratos. A quantidade de gordura utilizada durante o exercício depende do tipo de exercício. Exercícios prolongados, com baixa intensidade, aumentam a dependência de gordura, que pode contribuir com 80% ou mais das necessidades de energia do músculo. Se a intensidade dos exercícios aumenta, a dependência da gordura diminui. Uma coisa interessante é que o ácido lático (resíduo da glicólise durante os trabalhos anaeróbicos) inibe a mobilização de ácidos graxos do tecido adiposo. Por isso, a intensidade do exercício para se ”queimar” gorduras não deve ser elevada para não produzir grandes quantidades de ácido lático (MATTOS; NEIRA, 2007). Contudo, é sempre necessário buscar novos estudos, pois a ciência está em constante movimento e assim, novas descobertas estão aparecendo, principalmente no que dizer respeito a esse assunto de queima de gorduras em baixa ou alta intensidade. Segundo Mattos e Neira (2007), a principal vantagem da gordura é seu alto potencial energético. Mas, as gorduras também têm suas desvantagens. Sua queima requer uma exigência absoluta de oxigênio, isto é, a gordura só pode ser queimada aerobicamente, ao contrário dos carboidratos que podemos queimar tanto de forma aeróbica quanto anaeróbica. Além do mais, a queima de gorduras é muito mais lenta comparada a dos carboidratos. A gordura é armazenada nos depósitos adiposos, não nos músculos. Por isso, quando ela vai ser utilizada, os ácidos graxos precisam primeiro ser 55 liberados do tecido adiposo, conduzidos pelo sangue aos músculos ou fígado e absorvidos pela célula antes de serem metabolizados para energia. As gorduras são queimadas para a energia nas mitocôndrias das células dos músculos ou do fígado. O nível de carnitina nos músculos determina a proporção de queima de gordura. A realização do exercício aumenta o consumo de oxigênio e níveis das enzimas, que é utilizado na oxidação de gorduras. Durante exercícios prolongados, como os aeróbicos, mais da metade da gordura consumida vem do tecido adiposo. O triglicerídeo do tecido adiposo precisa ser mobilizado (hidrolisado) em ácidos graxos liberados na circulação para chegar até os músculos ativos, ser absorvido e oxidado. Além de tudo isso, Wilmore, Costill e Kenney (2010) acrescentam que a gordura é menos acessível para o metabolismo celular porque, em primeiro lugar, precisa ser reduzida de sua forma complexa (triglicerídeo) até seus componentes básicos, glicerol e ácidos graxos (AGLs). Apenas os AGLs são utilizados para formação de ATP. FONTES ALIMENTARES Predominantemente saturadas: alimentos de fontesanimais: carne, leite; alimentos de fontes vegetais: óleo de coco, óleo de palma, manteiga de cacau e margarina; Predominantemente insaturadas: óleos vegetais: oliva e amendoim (monoinsaturadas); girassol, soja, milho e açafrão (poliinsaturadas); peixes e óleos de peixes da família ômega 3 (atum, arenque, sardinha e cavala – água fria); gema do ovo (monoinsaturada); sementes (nozes e castanha-do-Pará); As fontes de colesterol são encontradas em tecidos animais, como gema de ovo, camarão e as carnes dos órgãos (fígado e rins). Não existe colesterol nos tecidos e gorduras vegetais. Portanto, óleos vegetais 56 podem variar quanto ao grau de saturação, mas nenhum deles contém colesterol (GALISA; EPERANÇA; DE SÁ, 2007) . 2.3 Micronutrientes: vitaminas e sais minerais Figura 9: Vitaminas e sais minerais Fonte: <http://www.asdeliciasdodudu.com.br/2012/04/os-micronutrientes.html>. Os micronutrientes atuam no perfeito funcionamento do nosso organismo e devem ser ingeridos em pequenas quantidades. De acordo com Tirapegui (2006) os micronutrientes como as vitaminas e minerais, são encontrados no metabolismo dos quatro tipos de proteínas do corpo: 1. Estruturais (osso e pele) 2. Contrateis (músculos voluntários e involuntários) 3. De transportes (soro e células vermelhas) 4. Metabólicas (enzimas, hormônios e receptores) 2.3.1 Vitaminas As vitaminas são um grupo de compostos orgânicos, quimicamente não relacionados entre si, distribuídos nos reinos vegetal e animal. Embora necessário em pequenas quantidades na alimentação, as vitaminas são consideradas essenciais, ou seja, já que o organismo não as sintetiza, necessariamente, devem ser obtidas por meio da alimentação. 57 As vitaminas participam de reações metabólicas específicas do interior da célula do metabolismo de proteínas, gorduras e carboidratos. Destacam-se, ainda, por regular a síntese de muitos componentes corpóreos como ossos, células, glândulas, cérebro, nervos e sangue. Além disso, previnem doenças causadas por deficiências nutricionais e são indispensáveis pelo crescimento normal, a reprodução e a manutenção da saúde dos animais superiores e do homem. As vitaminas são denominadas fatores acessórios dos alimentos, pelo fato de não fornecerem calorias como os carboidratos, proteínas e gorduras e nem contribuírem de forma apreciável para o aumento de massa corpórea (TIRAPEGUI, 2006). Basicamente, as vitaminas são divididas em dois grupos: lipossolúveis e hidrossolúveis. No primeiro grupo, estão as vitaminas A (retinol), E (tocoferóis), D (colecalciferol) e K (filoquinona). Essas são absorvidas juntamente com a gordura da dieta, necessitando da bile, e transportada na corrente sanguínea. As vitaminas A e D circulam ligadas as proteínas, enquanto as vitaminas E e K são ligadas as lipoproteínas, podem ser armazenadas no organismo, podendo ser obtidas pela alimentação ou suplementação. O armazenamento da vitamina A é predominante no fígado, as vitaminas D e E no tecido adiposo e muscular e a vitamina K não é armazenada (GALISA; ESPERANÇA; DE SÁ, 2007). No segundo grupo, a vitamina C (ácido ascórbico) e as do complexo B, compostas pela vitamina B1 (tiamina), vitamina B2 (riboflavina), niacina (ácido nicotínico e nicotinamida), vitamina B5 (ácido pantótenico), vitamina B6 (pirixidina), biotina, ácido fólico e vitamina B12. Não podem ser esquecidas as pró-vitaminas, como o betacaroteno, precursor da vitamina A (DE ANGELIS; TIRAPEGUI, 2007). 58 Essas, de acordo com Galisa, Esperança e De Sá (2007), não são armazenadas no organismo, sendo eliminadas diariamente pelas vias de excreção, principalmente a urinária e requerem suprimento diário. Segundo Gregory (1988), a biodisponibilidade das vitaminas, isto é, o quanto estão disponíveis para absorção e utilização do organismo, é influenciada por diversos fatores que foram classificados com extrínsecos e intrínsecos. Dentre os primeiros estão a forma química da vitamina, concentração da vitamina no alimento, interação com outros nutrientes da dieta, composição da dieta, fumo, álcool e medicamentos. Como fatores intrínsecos, considera-se a idade, as condições fisiológicas e patológicas do indivíduo. Vitamina A A vitamina A é importante para boa visão, construir todas as células epiteliais, crescimento dos ossos e tecidos moles do corpo, atua como antioxidante e é essencial na manutenção da resistência a infecções. Fontes: fígado, rim, manteiga, gema do ovo, leite integral, queijos. Altas doses podem tornar-se tóxicas, causando dores articulares, afinamento de ossos longos, hidrocefalia, vômitos, pele seca, anorexia, unhas quebradiças, gengivite, irritabilidade, anemia, perda de cabelo (GALISA; ESPERANÇA; DE SÁ, 2007). A deficiência desta vitamina causa perda de apetite, seguida de perda de peso e diminuição do crescimento, mudanças epiteliais, cegueira parcial ou total, diminuição dos níveis de testosterona e consequentemente a interrupção na produção de espermatozoides (GESTER, 1997; UNDERWOOD; ARTUR, 1996; WOLF, 1996). Vitamina E A vitamina E age principalmente como antioxidante e pode ser útil na prevenção de certos cânceres. Em comparação com as demais vitaminas lipossolúveis, a vitamina E tem maior segurança, porém, em altas doses ela 59 interage com a atividade anti-hemorrágica da vitamina K, prolongando o tempo de coagulação sanguínea (BOOTH et al., 2004). Esta vitamina pode ser encontrada em fontes naturais: gérmen de trigo, amêndoas, avelãs, nozes, óleos vegetais (especialmente, com ácidos graxos saturados, como os gérmens de trigo, de girassol, de algodão, de dendê, de amendoim, de soja e de milho), vegetais verdes folhosos, gema do ovo, gordura do leite, manteiga e fígado (GALISA; ESPERANÇA; DE ANGELIS, 2007). Vitamina D A vitamina D é diretamente ligada ao metabolismo do cálcio e do fósforo, atuando no intestino delgado, nos ossos e no rim. Portanto, é essencial para o crescimento e desenvolvimento normal, na formação e manutenção de ossos e dentes e na manutenção dos níveis séricos de cálcio e fosforo. A deficiência dessa vitamina em crianças pode causar raquitismo e em adultos denomina-se osteomalácia, que é caracterizada por dores ósseas, fraqueza muscular, descalcificação e fraturas. Constituem-se grupos vulneráveis as crianças que são pouco expostas ao sol; as mulheres na fase de procriação, os adeptos ao vegetarianismo e dieta macrobiótica. Os fatores que interferem na formação dessa vitamina, sob a ação da luz solar são: tempo de exposição ao sol, estação do ano, situação geográfica, poluição atmosférica, hábitos culturais e pigmentação da pele. O uso excessivo dessa vitamina ocasiona calcificação óssea excessiva, hipercalcemia, cefaleia, anorexia, sede, emagrecimento, fraqueza, constipação, náuseas, vômitos, diarreia e formação de cálculos. Pode ser encontrada nos alimentos de origem animal e óleos de fígado de peixes (GALISA; ESPERANÇA; DE SÁ, 2007). 60 Vitamina K A vitamina K é encontrada na natureza de duas formas: K1 (plantas) e K2 (bactérias no trato intestinal). Boas fontes de vitamina K são os óleos vegetais e os vegetais verdes como brócolis, o espinafre e a couve. Esta vitamina está envolvida no processo de coagulação sanguínea, processo de mineralização do tecido ósseo. A deficiência desta vitamina é rara em adultos e pode ocorrer em recém-nascidos, ocasionando o desenvolvimento de doenças hemorrágicas, síndromes de má absorção e obstrução da vesícula biliar, como também doses farmacológicas de vitaminas A e E podem antagonizar a vitamina K (ROBINSON; WEIGLEY; MUELLER, 1993). Vitaminas do complexo B As vitaminas do complexo B têm funções metabólicas importantes. São
Compartilhar