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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA 3º VARA CRIMINAL DA COMARCA DE BELO HORIZONTE-MG
Autos n (xxx) 
MARIA LUCIA DA SILVA, já qualificado nos autos, por intermédio de seu advogado, com procuração anexa, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, apresentar RESPOSTA À ACUSAÇÃO, com fundamento nos artigos 396 e 396-A do Código de Processo Penal, nos fatos e fundamentos jurídicos a seguir expostos:
I – DOS FATOS
Maria Lúcia foi acusada pelo querelante de ter praticado, por sete vezes, o crime previsto no art. 138 do Código Penal com a majorante do art. 141, IV, também do Código Penal, em concurso material de crimes, nos termos do art. 69 do Código Penal.
Segundo a queixa-crime, Manoel é proprietário da padaria "Pão Gostoso", precisou demitir sua colaboradora Maria Lúcia da Silva, por causa do momento econômico em que vivia, por seis meses seguidos, a padaria sofreu significativa queda em suas vendas.
No dia 11 de agosto de 2019, dois dias após sua demissão, Manoel foi avisado por sua colaboradora Marta Rocha que Maria estava espalhando coisas horríveis a seu respeito junto à clientela da padaria. No mesmo dia, Manoel e seu advogado compareceram à delegacia para requerer, nos termos do art. 5º, § 5º, do Código de Processo Penal, a instauração de inquérito policial para apurar a prática do crime de calúnia majorada, considerando que Manoel tinha 66 anos de idade na ocasião (art. 138 c/c art. 141, IV, ambos do Código Penal).
Logo após a instauração do inquérito, Marta Rocha foi ouvida pela autoridade policial, no dia 13 de agosto de 2019, declarando que uma cliente chamada Luciana Amorim havia lhe dito que "nunca mais pisaria na padaria 'Pão Gostoso'" porque tinha ficado sabendo, em conversa com a antiga colaboradora Maria, que Manoel torturava suas colaboradoras e batia na sua esposa.
No dia seguinte, a polícia ouviu também, como testemunha, Luciana Amorim, que confirmou o relato de Marta Rocha, explicando que Maria Lúcia da Silva havia ligado para ela, no dia 10 de agosto de 2019, e contado, aos prantos, que Manoel punia, inclusive fisicamente, os erros de suas colaboradoras, além de ter presenciado o antigo patrão agredindo fisicamente a sua esposa no escritório da padaria.
Com base nesses elementos de informação iniciais, a autoridade policial representou ao juiz competente pela interceptação do telefone de Maria Lúcia da Silva, como diligência necessária para investigar a prática do crime de calúnia majorada. 
As ligações de Maria foram acompanhas pela polícia civil por 15 dias, após o que o juízo criminal da 3ª Vara Criminal determinou, a pedido da autoridade policial, a sua prorrogação por mais 15 dias. Durante esse período, a polícia constatou que Maria Lúcia ligou para três clientes da padaria no dia 22 de agosto de 2019 e para outros três clientes no dia 23 de agosto de 2019, fazendo o mesmo tipo de relato que havia feito, antes, a Luciana Amorim.
Encerrada a interceptação telefônica, a polícia passou a intimar, um a um, os seis os clientes que haviam sido procurados por Maria. Todos ouvidos, a autoridade policial indiciou e interrogou Maria Lúcia da Silva, que optou por permanecer em silêncio.
II – DO DIREITO
A) DAS QUESTÕES PRELIMINARES
Diante dos fatos narrados, pode-se concluir preliminarmente que é nula a presente interceptação telefônica, ante a ilegalidade do meio de aquisição de provas. Visto que houve a violação do artigo 2º, inciso III, Lei 9296/96, no qual prevê que só caberá a intercepção para crimes puníveis com reclusão.
E para o crime que abarca o caso em tela, ou seja, o crime de calúnia é punível com detenção, desta forma as gravações obtidas com a intercepção são, portanto, ilícitas.
Neste mesmo sentido, há de se afirmar também que são ilícitos os depoimentos testemunhais. Vez que os clientes ouvidos só foram descobertos por causa de intercepção deste modo a prova torna-se ilícita por derivação, de acordo com o que prevê a teoria dos frutos da árvore envenenada disposta no artigo 157, § 1º, CPP.
Sendo assim, reconhecida a nulidade da intercepção e, por consequência, a ilicitude das gravações e da prova testemunhal derivada da intercepção nula, falta justa causa para o exercício da ação nos moldes do artigo 395, inciso III, CPP.
Conseguindo afirma-se que a citação é nula, visto que porque o oficial não observou os requisitos do art. 357 do CPP; vez que foi até o endereço de Maria Lúcia para citá-la, mas, como ela não se encontrava em casa na ocasião, o Oficial de Justiça deixou a contrafé com Romário Martins, vizinho de Maria, que assinou o mandado a pedido do Oficial, neste mesmo sentido contrário a previsão legal do artigo. 564, inciso III, alínea E.
B) DO MÉRITO 
Em princípio, conforme estabelece o art. 103 do CP c/c art. 38 do CPP, o ofendido deve exercer dentro do lapso temporal de 6 (seis) meses, oferecimento da queixa-crime, a partir do momento em que toma conhecimento de quem é o autor do delito. Todavia, consta nos autos que o querelante tomou conhecimento do fato e da autoria no dia 11 de agosto de 2019, mas a queixa-crime somente foi proposta no dia 02 de abril de 2020. Indubitável é que decaiu o direito de ação, pelo ofendido, ante sua inércia durante 8 (oito) meses. 
Uma vez expirado o prazo sem a propositura da queixa no crime de calunia, o qual é de ação penal privada, ocorre a decadência e, assim, a extinção da punibilidade.
 Por seu turno, consonante o art. 397 inciso IV do CPP, a extinção da punibilidade é uma causa de absolvição sumária, de modo que não deve prosperar a peça acusatória.
III – DOS PEDIDOS
Ante o exposto, requer a acusada:
a) Seja reconhecida a nulidade da intercepção por violação do art. 2º, III, da Lei 9.296/96, com o consequente desentranhamento das degravações obtidas;
b) a declaração da ilicitude por derivação da prova testemunhal decorrente da intercepção e seu desentranhamento dos autos;
c) Extinção do processo sem análise do mérito em virtude da falta de justa causa
d) Subsidiariamente, caso não seja esse o entendimento de Vossa Excelência, que declara nulidade do processo em virtude do vício da citação.
e) Subsidiariamente, caso não seja esse o entendimento de Vossa Excelência, declaração da extinção da punibilidade em virtude da decadência
f) subsidiariamente, caso não seja o réu sumariamente absolvido, requer a produção de provas, com designação de audiência de instrução e julgamento e oitiva das testemunhas arroladas abaixo.
Local..., data... [COLOCAR A DATA REQUERIDA]
Advogado. OAB n...
ROL DE TESTEMUNHAS
I – Marta Rocha 
II- Luciana Amorim
III- Romário
IV- Luiza Romão 
V- Larissa Almeida

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