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Feito por Maria Paula Moura Vilela – Profª Stephanie Branco – Newton Paiva – BH, MG Doenças bacterianas e viróticas-@mpaula.vet Salmonelose É infectocontagiosa, cosmopolita, muito frequente, de difícil controle, acomete muitas espécies diferentes de animais e tem potencial zoonótico, pode ter enterite ou sepse. Causada pela bactéria Salmonella, gram negativa, é um bacilo, tem flagelo, pode ter capsula ou não, as que tem acabam tendo uma dificuldade maior de fagocitose nas células do hospedeiro e produzem enterotoxinas. Possuem mais de 2.500 tipos de sorotipos, mas as principais são as Salmonella enterica e Salmonela bongori Salmonela entérica: possui 6 subespécies, a entérica (I), arizonae (IIIa), diarizonae (IIIb), houtenea (IV) e indica (VI), mas a subespécie mais importante para a veterinária é a Salmonella entérica com subespécie entérica do sorotipo Typhimurium (S. Typhimurium). Elas podem ser mais seletivas por espécies de animais, mas não específicas. As S Typhimurium acomete uma ampla variedade de hospedeiros, a S. Dublin pode acometer mais bovinos, a S. Choleraesuis acomete mais suínos Podem acontecer em qualquer faixa etária, mas tem maior frequência em animais jovens, equinos com menos de 1 ano e bovino, suíno, cães com menos de 4 meses, quando acomete adultos são animais com imunodeficiência ou mais velhos. Em alguns casos tem ocorrência sazonal, normalmente em épocas de chuva, em ambientes com acumulo de matéria orgânica é propenso a ter mais sujidades, umidade favorecendo a infecção, a principal fonte de infecção são os próprios animais que eliminam o agente no ambiente pelas fezes, é possível ter portadores assintomáticos, existem animais que podem ser portadores dessa bactéria na mucosa intestinal, linfonodos mesentéricos de forma assintomática e mesmo assim eliminar. Esses portadores são divididos em: Portadores ativos: ativamente eliminando, de forma continua ou intermitente, eles sempre eliminam. Portadores passivos: eliminam, mas enquanto estão em ambiente contaminado. Portadores latentes: conseguem manter o agente no organismo, mas não eliminam, a menos que seja submetido a uma situação de estresse. Feito por Maria Paula Moura Vilela – Profª Stephanie Branco – Newton Paiva – BH, MG A principal forma de contaminação é pelo alimento, água, fômites e utensílios de uso comuns, os carnívoros normalmente se contaminam após a ingestão de carne crua. A Salmonella é oportunista, se ela achar outra forma de entrada ela irá aproveitar, seja por forma gênito-urinária, umbilical, cutânea, conjuntival, respiratória e transplacentária. A Salmonela Enteridis, Pullorum e Gallinarum acomete aves podendo infectar os ovários levando o problema de infecção de ovos. existem condições que favorecem uma alteração da flora natural intestinal, que favorece a disseminação da Salmonella, como por exemplo o uso de antibióticos. Possui aspectos epidemiológicos que fazem com que tenha chance maior de ter ocorrência maior ou não e afetam o desenvolvimento da doença, primeiramente a espécie envolvida, há uma diferença na evolução clínica de acordo com o sorotipo envolvido e a espécie, o mesmo sorotipo em espécie diferente pode resultar em manifestações diferentes. A carga bacteriana na qual o animal foi exposto pode alterar as manifestações, o sorotipo e a virulência das Salmonellas, a saúde prévia do hospedeiro (saúde debilitada tem uma progressão pior), condições de manejo (locais sujos, densidade populacional grande, sem tratamento ideal dos umbigos, deficiência na desinfecção local), situações onde não ocorre a ingestão do colostro, estresse, trânsito grande dos animais, trabalho cansativo e roedores podem disseminar a doença. Entrada pela via oral, se liga primariamente a células M das placas de Peyer, em bovinos podem afetar os enterócitos, se ligam a superfície apical das células e introduzem nelas proteínas efetoras, resultando na alteração do citoesqueleto da célula começam a criar projeções citoplasmáticas que englobam as bactérias e passam a ser internalizadas, parece bastante com uma fagocitose. Isso causa um processo inflamatório agudo, grave, ocorre uma entrada grande de neutrófilo e uma produção intensa de enterotoxina, causando lesão tecidual e necrose superficial, com isso tem um extravasamento de líquido, rico em proteína, perda intensa de eletrólitos e bicabornato (tende a ter uma acidose metabólica), diarreia aguda, profusa com ou sem sangue. Além disso, a destruição tecidual nas vilosidades diminui a capacidade absortiva das células, ou seja, esses animais ficam desidratados muito rápido, em alguns casos as bactérias atingem linfonodos mesentéricos e dissemina para outros órgãos. Se divide em: Entérica tendo diarreia intensa, anorexia, perda de peso, febre, desidratação e ocorre a evolução de 7 a 10 dias Extra entérica/Sepse causando pneumonia, artrite, meningite, choque endotóxico levando o óbito em até 48 horas. Em bovinos os principais sorotipos são Typhimurium (maior desidratação) e Dublin (capacidade maior de disseminar e causa aborto), em bezerros as manifestações clínicas é indistinguível, a evolução tem início após 12 a Feito por Maria Paula Moura Vilela – Profª Stephanie Branco – Newton Paiva – BH, MG 48 horas, podem ter manifestações super aguda (relacionada com enterites, animais jovens, óbito em até 2 dias), aguda (diarreia, anorexia, febre) e crônica (a evolução pode durar de 6 a 8 meses). Nos suínos os principais são Choleraesuis (afeta mais leitões em crescimento e até 5 meses de idade) e Thypimurium (afeta animais mais velhos) Em equinos acomete mais em potros até 1 ano de idade, em primeiro lugar é o S. Tiphymurium, existe o Abortusequi que causa aborto nesses animais, podem ir desde assintomáticos até diferentes manifestações clínicas (diarreia discrete até sepse), animais mais jovens tendem a ter infecções mais graves e sepse. Os animais são divididos em: Animais que possuem enterocolite aguda: é a principal manifestação em equinos (principalmente) e outros animais, o animal possui diarreia aquosa e fétida, febre, cólica, anorexia, desidratação, ocorrência maior em animais hospitalizados e debilitados Sepse: é visto em neonatos, tem manifestação super aguda e o animal vem a óbito em poucas horas, possui bacteremia, pneumonia, artrite séptica, meningite e os equinos podem ter como sequela a endotoxemia (laminite). Auto limitante são animais que tem manifestações leves e o próprio animal consegue controlar as manifestações clínicas. Cães e gatos não são frequentemente relatados, mas acredita-se que é uma subnotificação, grande parte dos portadores são assintomáticos, eles são menos susceptíveis, porém filhotes e animais debilitados estão mais expostos. Em cães tendem a ter a manifestação entérica, possuem vomito, diarreia aquosa, febre e a evolução ocorre entre 4 a 10 dias, os animais podem continuar com essa manifestação por até 4 semanas, podem ter a evolução auto limitante e tornar portadores crônicos. Se tenho disseminação e progressão atingindo outros tecidos é possível ter taquicardia, taquipneia, mucosas pálidas, icterícia, depressão, hipotermia, tosse, dispneia, aborto, incoordenação, crises epilépticas, fetos fracos e piometra. Os gatos são mais resistentes, possuem gastroenterite, letargia, febre, vomito, hipersalivação, febre crônica, diarreia intermitente (3 a 4 semanas), podem ser manifestação crônica com alteração de linfonodos e conjuntivite, os casos raros de disseminação podem ter metrite, artrite e trombose. IMPORTANTE: gatos e cães são mais resistentes, tendem a ter evolução gastrointestinal entérica, outras alterações relacionadasa sepse são outras espécies. Os ovinos e caprinos tendem a ter frequência menor, possui manifestações entéricas, leva a uma pneumonia, artrite e sepse. Feito por Maria Paula Moura Vilela – Profª Stephanie Branco – Newton Paiva – BH, MG Os animais apresentam achados a partir das manifestações que teve, se ele teve sepse é possível observar petéquias, efusões em locais diferentes e pericárdio, congestão pulmonar e cardíaca, os que possuem alteração entérica tem enterocolite e infecções por aspergilos, em bovinos temos colescistite fibrinose (inflamação da vesícula biliar, alguns consideram essa alteração patognomônico para Salmonelose). É presuntivo baseado nas características epidemiológicos, clinicamente é difícil diferenciar de outros agentes que podem causar alteração entérica e sepse, o principal diagnostico diferencial é o E. Colli. Existem alguns exames complementares com achados de leucocitose, hipoproteinemia, acidose metabólica, hipocalemia, contagem alta de leucócitos das fezes. Isolamento e identificação: pode usar amostras de fezes, liquido sinovial, sangue, secreção de abcessos, tecido, lavado trans-traqueal, líquor, urina ou secreção vacinal. Elas são enviadas refrigeradas e é feito a cultura, muitas vezes é preciso uma repetição dos exames, não é possível dar o diagnóstico apenas com um exame pois muitas vezes as bactérias podem ser diluídas e causando falso negativo ou animais que tem eliminação intermitente, o ideal é fazer isolamentos caso dê negativos pelo menos 2 ou 3 intervalados em 14 dias Também é possivel fazer uma amostra coletada a partir do swab retal. IMPORTANTE: não pode ter o resultado sem associar nada porque se tenho um animal com enterite e faço isolamento de um tecido entérico não necessariamente quer dizer que a infecção é da Salmonella (pois existem os assintomáticos), é preciso associar isso a clínica e característica epidemiológicas. Se tenho um isolamento em tecidos extra entéricos (urina, pulmão) é sugestivo se der positivo. Na maioria das vezes tem mais de um agente envolvido. Com antimicrobianos que devem ser guiados por cultura e antibiograma, deve ser feito o suporte e uso de AINE’s (não pode usar em animais desidratados). Evitar a contaminação, isolar os animais doentes, tirar a matéria orgânica, identificar os portadores, não comprar animais que tem histórico de Salmonella, desinfectar o ambiente de forma adequada (Fenol, Cloro ou Iodo), garantir que os filhotes estão recebendo o colostro adequado e fazer a vacinação em surtos em bovinos, equinos e suínos.
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