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Análise Financeira Análise Financeira Módulo III Profº Vander Análise Financeira MÓDULO III Objetivos de Aprendizagem: Capacitar o aluno a compreender: • Conceitos de taxas nominais e unificadas; • Operações envolvendo anuidades ou séries; • Cálculos com séries uniformes; • Os sistemas de amortização mais utilizados; PLANO DE ESTUDO DO MÓDULO Os objetivos relacionados acima serão alcançados através dos seguintes tópicos: Tópico 1: Taxas nominais e unificadas. Tópico 2: Anuidades ou séries. Tópico 3: Sistemas de amortização. Análise Financeira 1. Taxas nominais e unificadas 1.1 Taxas nominais Quando tratamos de juros compostos, é comum confundirmos o termo “capitalização” com a unidade de apresentação da taxa. Como exemplo, podemos citar a poupança, cuja taxa apresentada é de 6% a.a., capitalizados mensalmente. Se os juros envolvidos fossem simples, bastaria dividirmos o valor de 6% por 12 meses e teríamos 0,5% a.m. Porém, como se trata de juros compostos, o esquema é outro. Neste caso, o valor de 6% apresentado é apenas uma taxa nominal, que não pode ser empregada não operação algébrica. Assim, para calcularmos a taxa efetiva desta operação, utilizamos o valor de 0,5% (0,005) aplicando o conceito de equivalência de taxas, através da fórmula: 12 = {[(1 + ) ] - 1} . 100anual mensali i Substituindo os valores na fórmula: 12 {[(1 + 0,005) ] - 1} . 100 = 6,17%anuali = Temos, então, que a taxa de 0,5% a.m. equivale à taxa de 6,17% a.a., sendo esta a taxa efetiva da caderneta de poupança. Vejamos alguns exemplos: Exemplo 1: Determine a taxa de juros efetiva anual equivalente à taxa de 24% a.a. capitalizados mensalmente. Resolução: aplicando a fórmula: Análise Financeira 12 = {[(1 + ) ] - 1} . 100anual mensali i Sabendo que 24% a.a. é igual à taxa nominal de 2% a.m., então: 12 {[(1 + 0,02) ] - 1} . 100 = 26,82% anuali = Assim, temos que a taxa de 24% a.a. capitalizados mensalmente corresponde à taxa de 26,82% a.a. Exemplo 2: Determine a taxa de juros efetiva anual equivalente à taxa de 36% a.a. capitalizados semestralmente. Resolução: para resolver esta questão, aplicamos a fórmula anterior, porém, sabendo que em um ano há apenas dois semestres. Então: 2 = {[(1 + ) ] - 1} . 100anual mensali i Devemos dividir o valor da taxa anual por dois semestre, o que dará uma taxa nominal semestral de 18%. Assim, o expoente na fórmula deverá ser igual a 2, que é a quantidade de semestres em um ano: 2 {[(1 + 0,18) ] - 1} . 100 = 39,24% anuali = Então, a taxa anual efetiva para uma taxa nominal de 36% a.a. capitalizados semestralmente é de 39,24% a.a. Análise Financeira Exemplo 3: O capital de $ 47.000,00 foi aplicado à juros compostos de 12% a.a., capitalizados mensalmente. Determine o montante após dois anos. Resolução: neste caso, precisamos primeiro aplicar a fórmula para descobrir a taxa efetiva anual: 12 = {[(1 + ) ] - 1} . 100anual mensali i Substituindo os valores, temos: 12 {[(1 + 0,01) ] - 1} . 100 = 12,68% anuali = Assim, temos a taxa efetiva de 12,68% a.a. Agora aplicamos a fórmula para cálculo do valor futuro (VF) em juros compostos, vista no Módulo 2: VF = VP(1 + )ni Substituindo os valores na fórmula, temos: 2VF = 47000(1 + 0,12 $ 59.668) = 74,88 Temos que, após dois anos, o montante será de $ 59.674,88. Exemplo 4: Determine qual a melhor taxa para a aplicação de um capital de $ 50.000,00 durante o período de cinco anos: a) 3% a.m. com capitalização anual; b) 2,8 % a.m. com capitalização semestral; c) 2,4% a.m. com capitalização mensal. Análise Financeira Resolução: para resolver esta questão, precisamos avaliar as três propostas de remuneração do capital. Assim: a) 3% a.m. com capitalização anual. Se utilizarmos a fórmula, temos que: 1 = {[(1 + ) ] - 1} . 100anual anuali i O que queremos encontrar é a taxa efetiva anual à partir da taxa nominal anual que já sabemos, que é igual a 3% x 12 meses = 36% a.a. Substituindo os valores, temos: 1 = {[(1 + 0,36) ] - 1} . 100 %= 36anuali Neste caso, percebemos então, a taxa nominal e a taxa efetiva são iguais, pois a taxa apresentada é mensal e a capitalização é anual. Para saber o montante desta aplicação, basta utilizarmos a fórmula do valor futuro (VF): VF = VP(1 + )ni Assim: 5VF = 50000(1 + 0,36 $ 232.62) = 9,37 Vejamos agora a segunda proposta: b) 2,8% a.m. com capitalização semestral. Análise Financeira Do mesmo modo, devemos verificar a quantidade de meses existentes em um semestre. Então, a taxa semestral será de 2,8% x 6 meses = 16,8% a.s. Como na proposta anterior, utilizar a fórmula é opcional. Assim, basta sabermos quantos semestres há em um ano e aplicarmos diretamente a fórmula do valor futuro (VF): VF = VP(1 + )ni Substituindo os valores, temos: 10VF = 50000(1 + 0,168 $ 236.26) = 4,48 Vejamos agora a terceira proposta: c) 2,4% a.m. com capitalização mensal. Como a capitalização e a taxa aplicadas são mensais, podemos calcular também diretamente com a aplicação da fórmula do valor presente (VP), sabendo que em cinco anos temos um total de 60 meses. Assim: VF = VP(1 + )ni 60VF = 50000(1 + 0,024 $ 207.47) = 5,78 Sabemos agora que a opção de aplicação com taxa mensal de 2,8% a.m. com capitalização semestral é a melhor das três propostas apresentadas. 1.2 Taxas aparentes ou unificadas Análise Financeira De acordo com Bruni & Famá (2003), a taxa aparente ou unificada resulta da aplicação sucessiva de uma taxa de juros real e da variação inflacionária. Podemos expressá-la através da fórmula: ( ) ( ) ( )1 + = 1 + . 1 + a ri i i Onde: ai = taxa aparente (ou unificada) de juros do período; ri = taxa real de juros do período; i = taxa de inflação do período. Vejamos alguns exemplos deste conceito na prática: Exemplo 1: Um empréstimo com duração de um mês foi tomado com a taxa de 4% a.m. mais a correção da inflação. Sabendo-se que a inflação no período foi de 2,5% a.m., determine a taxa aparente ou unificada da operação. Resolução: podemos resolver esta questão aplicando a fórmula: ( ) ( ) ( )1 + = 1 + . 1 + a ri i i Substituindo os valores, temos: ( ) ( ) ( )1 + = 1 + 0,04 . 1 + 0,025 = 6% 6,ai Análise Financeira Assim, temos que a taxa aparente ou unificada desta operação é de 6,6%. Exemplo 2: Josefina fez uma aplicação no Banco X no valor de $ 45.000,00 por 6 meses, resgatando o montante de $ 60.000,00. Sabendo que a taxa mensal média de inflação foi de 2%, determine as taxas de juros real e aparente da operação. Resolução: primeiramente, devemos saber qual a taxa dejuros real da operação. Para isso, utilizamos a fórmula já vista no Módulo 2: 1 VF VF = - 1 = - 1 VP VP n ni Substituindo os valores, temos: 1 6 6 60000 60000 = - 1 = - 1 = 45000 450 4,91% 00 i Em seguida, calculamos a taxa aparente: ( ) ( ) ( )1 + = 1 + . 1 + a ri i i Substituindo os valores, temos: ( ) ( ) ( )1 + = 1 + 0,0491 . 1 + 0,02 = 7,01%ai Assim, temos que a taxa aparente da operação é de 7,01%. Análise Financeira E agora, vejamos o que tem caído a esse respeito no... QUESTÃO 1 – ENADE 2012 – TECNOLOGIA EM GESTÃO FINANCEIRA: A taxa real e a taxa nominal ou aparente estão diretamente ligadas ao fenômeno da inflação. Denomina-se taxa de juros real aquela obtida após se eliminar o efeito da inflação, e taxa de juros aparente (nominal) aquela com inflação embutida. PUCCINI, A. de L., PUCCINI, A. Matemática financeira: objetiva e aplicada. São Paulo: Saraiva, 2006, p. 68 (adaptado). Considerando os conceitos descritos acima, suponha que um capital de R$ 100,00 seja aplicado durante 1 mês, à taxa de juros reais de 10% ao mês. Se ocorrer inflação de 20% no mesmo período, o ganho aparente proporcionado por essa aplicação ao final do mês será de: A) R$ 8,00. B) R$ 10,00. C) R$ 20,00. D) R$ 30,00. E) R$ 32,00. Resolução: Para resolvermos essa questão, basta aplicarmos a fórmula já vista: ( ) ( ) ( )1 + = 1 + . 1 + a ri i i Substituindo os valores, temos: Análise Financeira ( ) ( ) ( )1 + = 1 + 0,10 . 1 + 0,20 = 2% 3ai Assim, uma vez que o capital é de $ 100,00 e o juros obtidos com a taxa aparente é de 32%, então o ganho aparente será de 100 x 0,32 = $ 32,00. Dessa forma, podemos considerar como correta a alternativa E. Neste tópico aprendemos o conceito de taxas nominais e unificadas e vimos como calculá-las. Para que esses conceitos sejam internalizados, é necessário que façamos os exercícios propostos e revisemos o material Realize os exercícios propostos e assista ao vídeo sugerido para fortalecer seu aprendizado. Vídeo sugerido: https://www.youtube.com/watch?v=F5B_ka64Ia4 2. Anuidades ou séries Chamamos de anuidades ou séries às nossas conhecidas “prestações”, ou seja, à sequência periódica de pagamentos que fazemos https://www.youtube.com/watch?v=F5B_ka64Ia4 Análise Financeira ou recebimentos a que temos direito. Os objetivos de uma anuidade ou série de pagamentos são basicamente dois: a) Amortizar uma dívida; b) Capitalizar um montante. As anuidade ou séries podem ser classificadas de diferentes maneiras: - Em relação ao número de prestações, elas podem ser: • Finitas, quando a quantidade de prestações tem um fim, ou seja, quando o tempo de pagamento ou recebimento é pré- determinado (ex: prestações em uma loja, financiamento de um automóvel, etc); • Infinitas, quando os pagamentos ou recebimentos não têm data para acabar, ou seja, duram infinitamente (ex: aluguel). - Em relação à periodicidade dos pagamentos, as séries podem ser classificadas como: • Periódicas, quando os pagamentos ou recebimentos acontecem em intervalos constantes e regulares; • Não-periódicas, quando os pagamentos ou recebimentos acontecem em intervalos irregulares de tempo. - Quanto ao valor nominal, as séries de pagamentos ou recebimentos podem ser: • Uniformes, quando os valores das parcelas são iguais; • Não-uniformes, quando os valores das parcelas são diferentes. - Quanto aos prazos, as séries de pagamentos ou recebimentos podem ser: Análise Financeira • Antecipadas, quando o primeiro pagamento ou recebimento ocorre na entrada do período; • Postecipadas, quando o primeiro pagamento ou recebimento ocorre após o fim do primeiro período. - Em relação ao primeiro pagamento, as séries podem ser classificadas em: • Diferidas ou com carência, quando existir um prazo maior que um período entre a data do recebimento do financiamento e a data do pagamento da primeira prestação; • Não diferida, quando o prazo entre o recebimento do financiamento e o pagamento da primeira prestação não for maior que um período. 2.1 Séries uniformes ou com pagamentos iguais As séries mais comuns nas operações comerciais são aquelas cujas prestações são uniformes ou iguais. Podemos representa-la através do diagrama de fluxo de caixa, da seguinte forma: Para cálculo do Valor Futuro equivalente de uma série de pagamentos, utilizamos a fórmula: Análise Financeira ( ) ( )PMT[ 1 + - 1] VF = PMT[ 1 + - 1] ou VF = n n i i i i Onde: VF= Valor Futuro PMT = Valor da prestação periódica i = Taxa de juros n = Número de períodos da série Para séries postecipadas, sem carência, a fórmula para cálculo do valor presente (VP) é: PMT[(1 + ) - 1] VP = [ (1 + ) ] n n i i i Para cálculo da prestação (PMT): VP[ (1 + ) ] PMT = [(1 + ) 1] n n i i i − Caso a série tenha carência de m + 1 períodos, a fórmula será: (1 + ) PMT = VP. . (1 + ) (1 + ) 1 n m n i i i i − Onde: Análise Financeira VF= Valor Futuro PMT = Valor da prestação periódica i = Taxa de juros n = Número de períodos da série m + 1 = Carência até o primeiro pagamento Vamos ver alguns exemplos? Exemplo 1: Considere um eletrodoméstico cujo preço à vista é igual a $ 1.000,00, podendo ser pago em quatro parcelas iguais sem entrada. Se a taxa de juros cobrados pela loja é de 3% a.m., qual o valor da prestação? Resolução: como a questão nos diz que o financiamento do eletrodoméstico foi feito sem entrada, então esta é uma série postecipada com carência. Logo, a fórmula a ser utilizada é: (1 + ) PMT = VP. . (1 + ) (1 + ) 1 n m n i i i i − Uma vez que m = 0, pois a primeira prestação é paga um período depois (m + 1 = 1), aplicamos a fórmula, substituindo os valores. 4 0 4 0,03(1 + 0,03) PMT = 1000. . (1 + 0,03) (1 + 0,03) 1 $ 269,03 = − Exemplo 2: Um jogo de cozinha possui o preço à vista de $ 2.500,00, mas pode ser comprado em cinco parcelas iguais com taxa de juros de 2,8% Análise Financeira a.m. Calcule o valor das parcelas considerando uma entrada no ato da compra. Resolução: nesta questão, como a entrada será dada no momento da compra, então a operação é postecipada sem carência. Logo, a fórmula a ser aplicada no cálculo da prestação é: VP[ (1 + ) ] PMT = [(1 + ) 1] n n i i i − Substituindo os valores, temos: 5 5 2500[0,028(1 + 0,028) ] PMT = = [(1 + 0,028) $ 54 1] 2,77 − Assim, temos que o valor das prestações (PMT) a serem pagas nesta negociação será de $ 542,77. Exemplo 3: Considere agora que o mesmo móvel da questão anterior possa ser adquirido sem o pagamento da entrada, supondo a primeira parcela dois meses após a compra. Qual seria o valor das prestações, neste caso? Resolução:uma vez que a negociação não terá o pagamento da entrada, então trata-se de uma operação postecipada com carência. Considerando m + 1 = 2, então m = 1. Neste caso, a fórmula a ser utilizada para o cálculo das prestações é: Análise Financeira (1 + ) PMT = VP. . (1 + ) (1 + ) 1 n m n i i i i − Substituindo os valores, temos: 5 1 5 0,028(1 + 0,028) PMT = 2500. . (1 + 0,028) = (1 + 0,028) $ 557,97 1 − Exemplo 4: Um automóvel foi comprado em 20 parcelas iguais e mensais no valor de $ 2.400,00, com entrada no ato da compra. Considerando a taxa de juros da operação como sendo de 1,5% a.m., calcule o valor presente (VP) do automóvel. Resolução: para o cálculo do valor presente à partir do valor da prestação e taxa de juros, utilizamos a fórmula: PMT[(1 + ) - 1] VP = [ (1 + ) ] n n i i i Substituindo os valores, temos: 20 20 2400[(1 + 0,015) - 1] VP = [0,015(1 + 0,015) ] $ 41.204,73= Análise Financeira Neste tópico vimos o conceito de séries de pagamentos e seus respectivos tipos. Na prática, as ´séries nada mais são que as prestações que pagamos no nosso dia-a-dia. É necessário praticar para que os conceitos não sejam esquecidos. Realize os exercícios propostos e assista ao vídeo sugerido para fortalecer seu aprendizado. Vídeo sugerido: https://www.youtube.com/watch?v=cUeXFc-JEEI 3. Sistemas de amortização Amortização é o pagamento de uma dívida. Neste tópico veremos três dos mais utilizados sistemas de amortização utilizados: o Sistema de Amortização Constante (SAC), o Sistema Francês (Tabela Price) e Sistema Americano. Sistema de Amortização Constante (SAC): neste sistema, a amortização é igual ao valor presente dividido pelo número de parcelas, assim, os juros que incidem sobre o saldo devedor são quitados juntamente com a amortização do valor devido. As parcelas vão decrescendo ao longo do tempo, pois a saldo devedor e os juros decrescem também. Vejamos um exemplo: Exemplo 1: A Empresa X contratou uma operação de empréstimo no valor de $ 80.000,00 pelo sistema de amortização constante (SAC), em quatro https://www.youtube.com/watch?v=cUeXFc-JEEI Análise Financeira parcelas anuais iguais. Considerando uma taxa de juros de 12% a.a., calcule o valor de cada um dos pagamentos. Resolução: inicialmente, precisamos construir a tabela para o desenvolvimento e demonstração da operação: Período (N) Saldo inicial Saldo final Juros Amortização Total 1 80.000 2 3 4 Uma vez construída a tabela, calculamos o valor da amortização da operação. Uma vez que a amortização é constante, todos s valores serão iguais. Basta dividirmos o valor inicial pelo número de períodos. Assim: $ 2 800 000 00 = 4 0,00 Período (N) Saldo inicial Saldo final Juros Amortização Total 1 80.000 (20.000) 2 (20.000) 3 (20.000) 4 (20.000) Após calculadas as amortizações, calculamos os saldos finais devidos da operação. O saldo final de cada período será igual ao saldo inicial menos o valor amortizado no período: Análise Financeira Período (N) Saldo inicial Saldo final Juros Amortização Total 1 80.000 (20.000) 60.000 2 60.000 (20.000) 40.000 3 40.000 (20.000) 20.000 4 20.000 (20.000) - Finalmente, calculamos os juros devidos em cada período, que incidem sobre os saldos iniciais. Assim, considerando a taxa anual de 12%, temos: Período (N) Saldo inicial Saldo final Juros Amortização Total 1 80.000 (9.600) (20.000) (29.600) 60.000 2 60.000 (7.200) (20.000) (27.200) 40.000 3 40.000 (4.800) (20.000) (24.800) 20.000 4 20.000 (2.400) (20.000) (22.400) - Sistema Francês (Tabela Price ou Sistema de Prestações Constantes): neste sistema, a amortização varia de um período para outro, sendo as prestações iguais todos os períodos. Vejamos um exemplo: Exemplo 2: Vamos considerar que a Empresa X contratou o empréstimo de $ 80.000,00 pelo Sistema Francês, a ser pago em quatro parcelas anuais, com taxa de 12% a.a.: Resolução: da mesma forma que no SAC visto anteriormente, precisamos construir a tabela. O saldo inicial é de $ 80.000,00: Período (N) Saldo final Análise Financeira Saldo inicial Juros Amortização Total 1 80.000 2 3 4 Após isso, calculamos o valor da prestação. Para isso utilizamos a fórmula: (1 ) PMT = VP . . (1+ ) (1 ) 1 n m n i i i i + + − A fórmula anterior é a mesma apresentada no tópico já visto sobre séries uniformes para juros compostos. Dessa forma, substituindo os valores, teremos: 4 0 4 0,12(1 0,12) P $ 26.3MT = 80000 . . (1+0,12) = (1 0,12) 3 ,75 1 8 + + − Inserindo o valor das prestações na tabela, temos: Período (N) Saldo inicial Saldo final Juros Amortização Total 1 80.000 (26.338,75) 2 (26.338,75) 3 (26.338,75) 4 (26.338,75) Análise Financeira Por fim, calculamos o valor dos juros e da amortização, considerando que os juros incidem sobre o valor inicial do período, e que a amortização será a diferença entre o valor da prestação e o valor dos juros. Assim: Período (N) Saldo inicial Saldo final Juros Amortização Total 1 80.000,00 (9.600,00) (16.738,75) (26.338,75) 63.261,25 2 63.261,25 (7.591,35) (18.747,40) (26.338,75) 44.513,85 3 44.513,85 (5.341,66) (20.997,09) (26.338,75) 23.516,76 4 23.516,76 (2.822,01) (23.516,74) (26.338,75) - Sistema Americano (Amortização no final): neste sistema, os juros são pagos periodicamente e a amortização do principal e feita no final. Vejamos um exemplo: Exemplo 3: Vamos considerar que a Empresa X contratou o empréstimo de $ 80.000,00 pelo Sistema Americano, com taxa de juros de 12% a.a.: Resolução: primeiramente, construímos a tabela com saldo inicial de $ 80.000,00: Período (N) Saldo inicial Saldo final Juros Amortização Total 1 80.000 2 3 4 Após isso, calculamos o valor dos juros anuais: J = VP. i Análise Financeira J = 80000. 0,12 $ 9.60 = 0,00 Inserindo os valores na tabela, temos: Período (N) Saldo inicial Saldo final Juros Amortização Total 1 80.000 (9.600) - (9.600) 80.000 2 80.000 (9.600) - (9.600) 80.000 3 80.000 (9.600) - (9.600) 80.000 4 80.000 (9.600) 80.000 (89.600) - Perceba que a amortização do principal ocorreu apenas ao final do período, sendo que a Empresa X ficou pagando os juros pelo empréstimo durante todo o tempo em que durou a transação. Exemplo 4: Maricota pretende financiar um automóvel cujo valor à vista é $ 70.000,00. Ela tem propostas de 3 bancos, todos com pagamento em 10 parcelas com taxa de 2,0% a.m., sendo o Banco A pelo SAC, o Banco B pelo Sistema Francês e o Banco C pelo Sistema Americano. Qual proposta Maricota deverá aceitar (valor totalpago menor)? Resolução (Banco A): vamos considerar primeiro a proposta do Banco A. Sendo esta pelo sistema de amortização constante, o primeiro passo é descobrir qual o valor da amortização. Para isso, basta dividirmos o valor total pelo número de parcelas. Assim: $ 7 00 70 00 = 10 00,00 Análise Financeira Sabendo o valor da amortização, vamos montar a tabela, considerando os juros e saldos mensais: Período (N) Saldo inicial Saldo final Juros Amortização Total 1 70.000 (1.400) (7.000) (8.400) 63.000 2 63.000 (1.260) (7.000) (8.260) 56.000 3 56.000 (1.120) (7.000) (8.120) 49.000 4 49.000 (980) (7.000) (7.980) 42.000 5 42.000 (840) (7.000) (7.840) 35.000 6 35.000 (700) (7.000) (7.700) 28.000 7 28.000 (560) (7.000) (7.560) 21.000 8 21.000 (420) (7.000) (7.420) 14.000 9 14.000 (280) (7.000) (7.280) 7.000 10 7.000 (140) (7.000) (7.140) - Pela proposta do Banco A, Maricota irá pagar um total de $ 77.700,00 pelo automóvel, sendo um total de $ 7.700,00 apenas com juros. Vejamos agora a proposta do Banco B, cujo financiamento é pelo Sistema Price ou Francês: Resolução (Banco B): vamos considerar agora a proposta do Banco B. Sendo esta pelo sistema francês, cujas prestações são constantes o primeiro passo é descobrir qual o valor da parcela. Para isso, basta utilizarmos a fórmula: (1 ) PMT = VP . . (1+ ) (1 ) 1 n m n i i i i + + − Substituindo os valores, temos: Análise Financeira 10 0 10 0,02(1 0,02) PMT = 70000 . . (1+0,02) (1 0,02) 1 $ 7.792,86 + = + − Sabendo o valor da prestação, vamos montar a tabela, considerando os juros e saldos mensais: Período (N) Saldo inicial Saldo final Juros Amortização Total 1 70.000,00 (1.400,00) (6.392,86) (7.792,86) 63.607,14 2 63.607,14 (1.272,14) (6.520,72) (7.792,86) 57.086,42 3 57.086,42 (1.141,73) (6.651,13) (7.792,86) 50.435,29 4 50.435,29 (1.008,71) (6.784,15) (7.792,86) 43.651,14 5 43.651,14 (873,02) (6.919,84) (7.792,86) 36.731,30 6 36.731,30 (734,63) (7.058,23) (7.792,86) 29.673,07 7 29.673,07 (593,46) (7.199,40) (7.792,86) 22.473,67 8 22.473,67 (449,47) (7.343,39) (7.792,86) 15.130,28 9 15.130,28 (302,61) (7.490,25) (7.792,86) 7.640,03 10 7.640,03 (152,80) (7.640,06) (7792,86) - Assim, temos que, pelo Sistema Price, o valor total pago por Maricota na operação será de $ 77.928,60, sendo $ 7.928,60 apenas de juros. Vejamos agora a proposta do Banco C, cuja amortização acontecerá no final dos 10 meses. Resolução (Banco C): vamos considerar primeiro a proposta do Banco C. Como o pagamento dos juros ocorrem a cada período e amortização ocorre apenas ao final dos 10 períodos, então basta-nos calcular o valor dos juros mensais: J = VP. i Análise Financeira Substituindo os valores na fórmula, temos: J = 70000. 0,02 $ 1.40 = 0,00 Agora montamos a tabela: Período (N) Saldo inicial Saldo final Juros Amortização Total 1 70.000,00 (1.400,00) - (1.400,00) 70.000,00 2 70.000,00 (1.400,00) - (1.400,00) 70.000,00 3 70.000,00 (1.400,00) - (1.400,00) 70.000,00 4 70.000,00 (1.400,00) - (1.400,00) 70.000,00 5 70.000,00 (1.400,00) - (1.400,00) 70.000,00 6 70.000,00 (1.400,00) - (1.400,00) 70.000,00 7 70.000,00 (1.400,00) - (1.400,00) 70.000,00 8 70.000,00 (1.400,00) - (1.400,00) 70.000,00 9 70.000,00 (1.400,00) - (1.400,00) 70.000,00 10 70.000,00 (1.400,00) (70.000,00) (71.400,00) - Após calcularmos a proposta do Banco C, verificamos que Maricota pagaria neste caso $ 84.000,00 de valor total, sendo $ 14.000,00 apenas de juros. Visto isso, concluímos que a melhor proposta é a do Banco A, pois o Sistema de Amortizações Constantes possui juros mais baixos. Para concluir, observe o comparativo dos três bancos na tabela abaixo: Banco A Banco B Banco C Sistema SAC Price Americano Valor total $ 77.700,00 $ 77.928,00 $ 84.000,00 Valor de juros $ 7.700,00 $ 7. 928,00 $ 14.000,00 Análise Financeira E agora, vejamos o que tem caído a esse respeito no... QUESTÃO 2 – ENADE 2011 – ENGENHARIA DE PRODUÇÃO: Em uma empresa, visando atender a uma demanda crescente por determinada família de produtos, deseja- se expandir suas instalações adquirindo novos equipamentos. A partir de estudos realizados, verificou-se que o capital necessário para essa expansão é de R$ 120.000,00. Ao buscar financiamento, a empresa encontrou as seguintes alternativas: Banco A – Taxa de juros de 15% a.a., capitalizados mensalmente; Banco B - Taxa de juros de 14,5% a.a., capitalizados trimestralmente. Possibilidades de Amortização: Tabela Price e Sistema de Amortização Constante (SAC). Tempo de Financiamento: 120 meses. O financiamento não será quitado antecipadamente. Nesse contexto, analise as asserções seguintes. A melhor opção de financiamento é pelo Banco B, utilizando-se o sistema de amortização constante. PORQUE O Banco B oferece menor taxa de juros efetivos e, no sistema de amortização constante, o valor pago de juros é menor que na Tabela Price. Acerca dessas asserções, assinale a opção correta. A) As duas asserções são proposições verdadeiras, e a segunda é uma justificativa correta da primeira. Análise Financeira B) As duas asserções são proposições verdadeiras, mas a segunda não é uma justificativa correta da primeira. C) A primeira asserção é uma proposição verdadeira, e a segunda, uma proposição falsa. D) A primeira asserção é uma proposição falsa, e a segunda, uma proposição verdadeira. E) Tanto a primeira quanto a segunda asserções são proposições falsas. Resolução: Pelas taxas de juros anuais, independente se a capitalização é mensal ou trimestral, percebemos de imediato que o Banco B é mais atraente (pois os juros são menores) que o Banco A. Assim, a primeira proposição é VERDADEIRA. Também podemos dizer que segunda proposição é VERDADEIRA, pois vimos anteriormente que o valor pago de juros no SAC é menor que na Tabela Price. Assim, podemos considerar como correta a alternativa A, uma vez que ambas as proposições são verdadeiras e a segunda justifica a primeira. QUESTÃO 3 – ENADE 2015 – (Adaptada): Um cidadão procurou um banco para contratar financiamento de um imóvel cujo valor e de $ 300.000,00 utilizando o sistema de amortização constante (SAC). A taxa de juros será de 1,5% ao mês, sendo o financiamento em 100 parcelas, determine o valor da cincos primeiras prestações. Resolução: Primeiramente, calculamos o valor da amortização: 300000 = $ 30 100 00,00 Análise Financeira Assim, temos que a amortização será de $ 3.000,00 por mês. Se montarmos a tabela, teremos: Período (N) Saldo inicial Saldo final Juros Amortização Total 1 300.000 (3.000) 2 (3.000) 3 (3.000) 4 (3.000) - Calculando o valor dos juros, temos: Período (N) Saldo inicial Saldo final Juros Amortização Total 1 300.000 (4.500) (3.000) (7.500) 297.000 2 297.000 (4.455) (3.000) (7.455) 294.000 3 294.000 (4.410) (3.000) (7.410) 291.000 4 291.000 (4.365)(3.000) (7.365) 288.000 5 288.000 (4.320) (3.000) (7.320) 285.000 Assim, concluímos que os valores pagos nas cinco primeiras parcelas desta operação, são: $ 7.500,00; $ 7.455,00; $ 7.410,00; $ 7.365,00 e $ 7.320,00, respectivamente. Análise Financeira Neste tópico, aprendemos acerca dos sistemas de amortização mais utilizados. Essa informação é importante se necessitarmos contratar um empréstimo ou um financiamento de imóvel ou automóvel, por exemplo. Para que não esqueçamos dessas informações, basta praticarmos os exercícios. Realize os exercícios propostos e leia o texto complementar sugerido para fortalecer seu aprendizado. TEXTO COMPLEMENTAR Financiamento de imóveis: entenda a diferença entre SAC e Price Quando o consumidor decide financiar a compra de um imóvel, tem que optar por um sistema de amortização do empréstimo que vai pedir ao banco ou construtora. Eles definem a maneira como a dívida será paga ao longo do prazo de financiamento. Os mais comuns são a Tabela Price e o Sistema de Amortização Constante (SAC). O Sistema de Amortização Crescente (Sacre), utilizado somente pela Caixa Econômica Federal, já não é mais oferecido com frequência. Em todos eles, o comprador paga juros em cima do saldo devedor total. Pela Tabela Price, as parcelas são fixas. Neste sistema, a maior parte da primeira prestação é formada por juros. Ao longo do financiamento, o valor pago em juros cai e o em amortização sobe, mas o valor da parcela é sempre o mesmo. Análise Financeira Já o SAC mantém o mesmo valor de amortização durante o financiamento, mas diminui o valor pago em juros, o que reduz o valor da prestação durante o contrato. Por exemplo: ao financiar R$ 100 mil a 14% ao ano (1,16% ao mês), por 120 meses, pelo sistema Price, as prestações mensais seriam de R$ 1.552,86, o que faria o comprador desembolsar R$ 186.319 até o fim do financiamento. A primeira prestação seria composta por R$ 1.160 de juros (ou 1,16% de R$ 100 mil) e R$ 392,86 de pagamento da dívida. Já a segunda parcela seria formada pelos juros em cima do saldo devedor, ou seja, 1,16% de R$ 99.607 (R$ 1.155,4), além de R$ 397,4 da dívida. Pelo SAC, a primeira parcela, nas mesmas condições descritas acima, seria de R$ 2 mil, composta por R$ 833 referentes à amortização e R$ 1.167 referentes a juros. No segundo mês, a amortização continuaria a mesma, mas os juros diminuiriam a R$ 1.150, resultado de 1,16% do saldo devedor menos os R$ 833 pagos no mês anterior (R$ 99.167). Esta segunda parcela já seria menor, de R$ 1.983. Com isso, o desembolso total seria de R$ 172.796 ao fim do contrato. A diferença mais latente entre os dois sistemas é que pelo Price as primeiras parcelas são mais baixas comparadas às primeiras do SAC. Contudo, como as parcelas pelo SAC vão diminuindo, em determinado momento a parcela pelo SAC fica menor, ao ponto de o saldo final do financiamento por esta última modalidade ficar mais barato. SAC é recomendado, mas nem sempre possível Para o vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel José Ribeiro de Oliveira, a taxa mais vantajosa é aquela que se adequa melhor à renda do comprador. Isto, porque os bancos não costumam a emprestar um montante em que a parcela do empréstimo fique maior que 30% da renda familiar do cliente. Com Análise Financeira isso, a Tabela Price, com parcelas menores no começo do sistema, acaba tornando-se a única alternativa para alguns. "O crédito oferecido é de 25% do que você ganha, então quem recebe R$ 2,8 mil, por exemplo, consegue (ter acesso a) uma prestação menor no Price", diz. No entanto, ele recomenda o uso do SAC que, apesar de exigir uma renda maior por ter uma parcela inicial mais alta, permite ao comprador economizar no pagamento total do financiamento - no exemplo acima, foram poupados R$ 13,5 mil. Quanto mais o comprador amortizar o saldo devedor, mais "barata" a dívida fica no futuro. E quanto menor o prazo de financiamento, menor também o montante cobrado em juros, apesar da prestação mais elevada. Em ambos os sitemas, o cliente tem a possibilidade de quitar o saldo devedor no meio do financiamento, evitando assim pagar os juros que incidiriam nas parcelas seguintes. Embora incomum e sujeito às condições do banco, um cliente também pode trocar de sistema durante o financiamento de um imóvel. Contudo, segundo Oliveira, será feito um novo contrato e estabelecidas novas taxas de juros. "O cliente tem o direito de pedir ajuda, e não a obrigação de saber. Muitos não sabem que podem escolher a taxa de financiamento, mas se você chegar para o banco e pedir uma simulação, eles são obrigados a fazer", acrescenta. Fonte:Terra Economia Análise Financeira BIBLIOGRAFIA BRUNI, Adriano Leal. FAMÁ, Rubens. A matemática das finanças. 2 ed. São Paulo, Atlas, 2007. CHIAVENATTO, Idalberto. Gestão financeira: uma abordagem introdutória. 3 ed. Barueri, SP: Manole, 2014. OLIVEIRA, Reginaldo Aparecido de. Gestão financeira. Joaçaba, SC: Unoesc Virtual, 2014. ROSS, Stephen A. et al. Princípios de administração financeira. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2000. SANTOS, Edno Oliveira dos. Administração financeira da pequena e média empresa. São Paulo; Atlas, 2001. PARENTE, EDUARDO AFONSO DE MEDEIROS. Matemática Comercial e Financeira. Ed reform. São Paulo: FTD, 1996.
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