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Atividade 4 - Ábila Tahum - Tributário

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA – UFBA 
FACULDADE DE DIREITO 
DISCIPLINA: DIREITO TRIBUTÁRIO I – TURMA 05 
PROFESSOR: HARRISON LEITE
ALUNA: ÁBILA BOMFIM ABU TAHUM 
ATIVIDADE 04
1) Com base no entendimento de Luís Eduardo Schoueri, defina obrigação tributária principal e obrigação tributária acessória. Segundo a interpretação do autor acerca do art. 113, §2º do CTN, o fato da obrigação acessória decorrer da legislação tributária quer dizer que o sujeito passivo da obrigação acessória está sujeito ao “juízo de conveniência da administração” de forma irrestrita?
Inicialmente, importa definir o conceito de “obrigação”, que, de acordo com o texto estudado, implica um vínculo jurídico, protegido pelo Direito, que une duas pessoas, por meio do qual uma (o devedor) necessita efetuar uma prestação de natureza patrimonial (o objeto: dar, fazer ou não fazer) a outra (o credor). Deste modo, se o devedor não cumprir sua obrigação, pode o credor pleitear ao Estado, por meio do Poder Judiciário, que constranja, inclusive com emprego da força, o devedor ao cumprimento da obrigação. 
Cumprido o esclarecimento inicial acerca do conceito de obrigação para o Direito, faz-se necessário distinguir, a priori, através do art. 113 do CTN, os institutos de obrigação tributária principal e acessória. O dispositivo supramencionado aduz que: 
Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória. 
§1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extingue-se juntamente com o crédito dela decorrente. 
§2º A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por objeto as prestações positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos. 
§3º A obrigação acessória, pelo simples fato da sua inobservância, converte-se em obrigação principal relativamente a penalidade pecuniária.
	Neste sentido, o autor complementa os conceitos trazidos pelo Código Tributário Nacional, esclarecendo, inicialmente, que o texto legal não faz menção apenas a obrigação de pagar. Em síntese, a obrigação principal refere-se ao dar, enquanto a acessória trata-se do “fazer/não fazer”. Ademais, esclarece que, algumas “obrigações acessórias” só surgem se houver uma “obrigação principal” e outras independem daquela.
	Mais especificamente no tocante a obrigação principal, o autor alude que ela tem por conteúdo algo além do próprio tributo, bem como que as penalidades pecuniárias (multas) nela se compreendem. Isto porque, as normas tributárias preveem sanções, no caso de descumprimento do pagamento de tributo. Tais sanções podem ser compreendidas no gênero das obrigações tributárias.
	Já sobre a obrigação acessória, é aduzido que o não cumprimento da obrigação principal absorve a infração das obrigações acessórias. No caso da obrigação acessória, esta não acompanha/vincula-se e, portanto, não se extingue com a principal, vez que é possível a ocorrência da primeira sem que haja a segunda. Um exemplo é que as entidades imunes estão obrigadas a entregar declarações e prestar informações, justamente para que a fiscalização possa assegurar-se da imunidade, sem deverem tributos, retratando-se, deste modo, o caráter da obrigação de fazer. 
	Portanto, de acordo com o autor, “a acessoriedade, no caso, nada tem a ver com sua subordinação a uma “obrigação principal”; a expressão é empregada, antes, para identificar seu caráter instrumental, já que tem por finalidade assegurar o cumprimento daquela”, por este motivo, há preferência pela denominação “instrumentais”, em vez de “acessórias”.
	O texto afirma que enquanto for possível exigir o tributo, mesmo dada por satisfeita a obrigação acessória, pode o Fisco exigir novas informações. Mesmo depois de ocorrido o “fato gerador” e surgida a obrigação “principal”, pode a administração contemplar informações relativas a fatos anteriores a sua instituição, de modo que a obrigação “acessória”, diversamente da “principal”, não se extingue com a prestação: ela é sujeita a mudanças, complementações e inovações. É um vínculo contínuo.
O texto sustenta que, a “obrigação acessória” não é algo sujeito ao juízo de conveniência da administração, vez que o CTN dispõe sobre seus limites, quando se refere ao interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos. Esse interesse, por sua vez, é algo que pode ser controlado, inclusive por meio do Poder Judiciário. Assim, por exemplo, quando se constata que a Administração Pública impõe ao particular que forneça informações de que a própria Administração já dispõe (muitas vezes fornecidas pelo mesmo particular, em oportunidade anterior), então fica patente a falta de interesse, que evidencia o descabimento da exigência.
Neste sentido, cabe à Administração o dever de racionalizar suas exigências, não se podendo admitir que cumule deveres instrumentais, vez que a existência de limites à imposição de deveres instrumentais decorre da aplicação dos Princípios da Razoabilidade e Proporcionalidade. Se o descumprimento de deveres instrumentais leva à imposição de sanções, torna-se questionável o auto de infração que impõe multa pelo não fornecimento de informação, pelo particular, de que a Administração já dispunha. 
Importa mencionar que o Superior Tribunal de Justiça entendeu que “o ente federado competente para instituição de determinado tributo pode estabelecer deveres instrumentais a serem cumpridos até mesmo por não contribuintes, desde que constituam instrumento relevante para o pleno exercício do poder-dever fiscalizador da Administração Pública Tributária, assecuratório do interesse público na arrecadação”.

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