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Urgência médica - Anafilaxia ANAFILAXIA ➢ Manifestações sistêmicas, potencialmente graves ➢ Reações mediadas por IgE ➢ Após exposição a antígeno ➢ Paciente previamente sensibilizado Reação anafilactóides ou Pseudo Alérgicas • Clinicamente iguais a anafilaxia • Sem comprovação da participação de IgE ● Etiologia ➢ Verdadeira incidência desconhecida ➢ EUA: 30 casos a cada 100 mil habitantes ➢ Reino Unido: 1 caso a cada 2300 atendimentos em emergência ➢ Mundo - Reação anafilática fatal: 154 casos em 1 milhão de pacientes internados ● Etiologia e Fisiopatologia ➢ Causas mais frequentes - Alimentos (33% a 34%); - Veneno de insetos da ordem Hymenoptera (abelhas e vespas, 14%); - Medicamentos (13% a 20%); - Exercício (associado a alimento ou isoladamente, 7%); - Imunoterapia (aplicação terapêutica de alérgenos, 3%); - Látex e transfusão de plasma: foram responsáveis por menos do que 1% dos casos; - Nenhuma causa identificada (19% a 37%) ➢ Atopia nem sempre é fator de risco ➢ Processo alérgico (mediado por IgE) ➢ Células circulantes (basófilos) e células teciduais (mastócitos) - Ligação com IgE (receptores de alta afinidade) ➢ Sensibilização prévia ➢ Contato subsequente - Reações em cadeia - Liberação de mediadores pré formados (estocado nas células supracitadas) - Histamina, triptase, quimase, heparina, fator liberador de histamina, citocinas e mediadores derivados de fosfolípides da membrana celular (prostaglandina D2, leucotrienos B4, C4, D4 e E4) ➢ Fase efetora da resposta imune dependente de IgE ocorre em três padrões - Dependem: - tipo de alérgeno - intervalo de tempo entre a exposição e o aparecimento da reação - tipos celulares envolvidos ➢ Reação aguda (segundos a minutos após) - Ação de mediadores preformados ➢ Reação tardia (horas depois) - Mesmo sem reexposição ao alérgeno - Em geral, quando as manifestações da fase aguda ja diminuíram ou desapareceram - Leucócitos circulantes, como eosinófilos, basófilos, neutrófilos, macrófagos e linfócitos T são recrutados por substâncias quimiotáteis liberadas na fase aguda - Influenciam as reações locais, pela participação adicional de citocinas e substâncias pró-inflamatórias. ➢ Fase crônica - Em tecidos ou órgãos expostos de forma prolongada e repetida ao alérgeno - Mudanças estruturais e funcionais do local envolvido - Na anafilaxia, as duas primeiras fases ou reações podem acontecer ★ Ação dos diversos mediadores, a destacar a histamina ⤥ ★ receptores (H1 e H2) presentes na musculatura lisa, endotélio, glândulas e terminações nervosas ⤥ ★ vasodilatação e broncoconstrição, aumento da permeabilidade vascular, hipersecreção mucosa e ativação do sistema nervoso autônomo ➢ Reações anafilactóides (não mediadas diretamente por uma reação entre antígeno e anticorpo) - Ativação do sistema complemento e geração de anafilatoxinas, induzidas por complexos imunes (exemplo: reações a derivados do sangue com IgA, em pacientes portadores de IgG anti-IgA) - Ativação direta de mastócitos ou do sistema complemento, por parte da substância (exemplo: reação a contraste iodado) - Ação de anafilatoxinas exógenas preformadas, como histamina, C3a e C5a (exemplo: derivados do sangue) ● Quadro Clínico ➢ Manifestações clínicas isoladas ou ➢ Múltiplas combinações ➢ Envolvem - respiratório - cardiovascular - neurológico - cutâneo - gastrintestinal ➢ Podem ser mono ou bifásicos (intervalo de melhora entre duas crises) ➢ Se sintomas > 48h: anafilaxia prolongada ➢ Pele: apresentação mais comum, representado por urticária e angioedema, que podem ser precedidas por eritema e prurido ➢ Tonturas ou síncope: podem estar presentes, na presença ou não de hipotensão ou choque anafilático ➢ Gastrintestinal: náusea, vômitos, diarreia e cólicas ➢ Vias aéreas: tanto superiores como inferiores (estridor, disfonia, rouquidão ou dificuldade para deglutir indicam envolvimento alto e atentar para risco de edema de glote - Rinoconjuntivite pode também ocorrer - Já a presença de sibilância e sensação de aperto no peito indicariam envolvimento baixo / broncoespasmo) ➢ Outros: perda de consciência, morte súbita ou convulsões ● Diagnóstico - Clínico - Pontos Importantes: - Quadro prévio semelhante - Definir o agente causador - Listar todas as medicações em uso (tentar definir relação temporal) - Diagnosticar anafilaxia x reações anafilactóides: nomenclatura Investigação ambulatorial - Pesquisa IgE específica - Testes cutâneos, entre outros ● Tratamento ➢ Diversidade de apresentação / diversidade de tratamento ➢ a. Parada cardiorrespiratória: devem ser seguidas as recomendações do suporte avançado de vida (ACLS 2010). Especial atenção deve ser dada à manutenção da perviabilidade das vias aéreas altas, pois no edema de glote pode ser necessária uma cricotireoidotomia ➢ b. Suporte inicial: oxigênio nos casos com envolvimento respiratório, acesso venoso, fluidos isotônicos por via endovenosa e elevação de membros inferiores para controle inicial da pressão arterial ➢ c. Adrenalina: principal tratamento; deve ser prescrita o mais precocemente possível após o reconhecimento do quadro. As diretrizes para uso da adrenalina são: - Recentes estudos: administração intramuscular determina picos mais rápidos e maiores de concentração da adrenalina; - Aplicar por via subcutânea apenas em casos leves; - Via endovenosa: casos mais graves, em iminência de parada cardiorrespiratória, no choque, ou nos casos irresponsivos ao tratamento inicial, desde que haja acesso imediatamente disponível; - Intervalos de aplicação da adrenalina: a cada 5, 10 ou 15 minutos, norteados genericamente pela gravidade do quadro clínico, pelo nível de resposta à aplicação anterior e pelo aparecimento de efeitos colaterais. ➢ d. Anti-histamínicos: bloqueadores H1 e H2 são recomendados - Adultos que se apresentam com quadro alérgico agudo: resolução mais rápida da urticária, sem entretanto haver diferenças no controle da pressão arterial ou de outros sintomas; - Via de administração: parenteral ou oral, embora a via parenteral mais indicada no contexto de emergência. ➢ e. Corticosteroides: são indicados empiricamente, em especial com o objetivo de atenuar possíveis reações tardias (o que nem sempre parece ser bem-sucedido) e no tratamento do broncoespasmo ➢ f. Outros medicamentos (indicados em situações especiais) - Broncoespasmo: broncodilatadores inalatórios - Drogas vasoativas em infusão contínua:dopamina e noradrenalina, em doentes com hipotensão refratária ao tratamento inicial - Glucagon: opção para os casos pouco responsivos à adrenalina, particularmente por uso prévio de β-bloqueadores. O glucagon possui propriedades inotrópicas e cronotrópicas positivas e efeitos vasculares independentes dos receptores β, além de induzir o aumento de catecolaminas. Seus efeitos colaterais mais comuns são náuseas, vômitos e hiperglicemia - ● Conclusões ➢ Em geral, é recomendada observação para doentes com: - Apresentação grave: hipotensão, broncoespasmo ou edema de laringe - Doentes com reação inicial mais demorada: > 30 minutos - Anafilaxia após exposição oral: especialmente antibióticos - Duração da observação: não é bem definida; pode ser de 8 a 24 horas - Alta hospitalar - após controle clínico satisfatório - orientações quanto à prevenção de novos episódios de anafilaxia ➢ Orientar sobre a possibilidade de recorrência; ➢ Medicação de manutenção à alta: alguns autores sugerem a combinação de corticosteroides e anti-histamínicos durante três a quatro dias; ➢ Interrupção de β-bloqueadores (inclusive na forma de colírios indicados para o tratamento de glaucoma), se houver uso; ➢ Orientar o uso de braceletes, cartões ou relatório médico informando acerca da sensibilidade do paciente.
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