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O Sistema de Saúde do Canadá

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O Sistema de Saúde do Canadá
O Canadá tem hoje um sistema de saúde muito popular, mas não foi fácil instalá-lo. Ele foi conquistado a duras penas pelo povo depois de muitos anos de luta. Agora ele lá está para ficar. Nenhum político canadense se atreve a propor a sua extinção.
A beleza do sistema canadense, o Medicare como é chamado, está na sua simplicidade. Não confundir o Medicare canadense com o Medicare americano que é também um seguro federal mas só para os cidadãos acima de 65 anos de idade. No Medicare canadense todos contribuem e por isso mesmo todos têm acesso à saúde. Os riscos são divididos por toda a cidadania.
Nesse sistema não existem exclusões por idade, enfermidades pré existentes ou perda de seguro com a troca de empregos. Os empregadores nada têm a ver com o sistema de saúde que se organiza diretamente em torno do cidadão sendo gerenciado pelos governos provincianos. Não existem tratamentos diferenciados que dependem da classe social ou do tipo do plano ou seguro saúde. E, mais importante, não existe um sistema de atendimento para quem pode e um outro para quem não tem pode pagar. Os poucos planos de saúde com fins lucrativos que existem por lá só podem dar cobertura àquilo que o Medicare não cobre, isso é, cirurgias cosméticas, tratamentos odontológicos em adultos (as crianças têm cobertura até os quatorze anos de idade) e apartamentos melhores em hospitais.
O cidadão canadense, com a sua carteira saúde, pode escolher o seu médico. Esse, por sua vez, não é um funcionário público como ocorre na Inglaterra. Ele tem o seu consultório particular e compete com os seus colegas a partir dos bons serviços prestados.
O dinheiro do cidadão, coletado na forma de imposto pelo governo federal, é repassado proporcionalmente às províncias. Essas, através de Conselhos de Saúde, com a participação da cidadania, têm uma grande autonomia no planejamento do atendimento, à saúde, determinando prioridades e negociando com as Associações Médicas e hospitais os seus honorários médicos e custos hospitalares. O cidadão de uma província tem cobertura em todas as demais. Ele também tem também cobertura fora do país para os tratamentos não oferecidos dentro do país. É interessante notar que poucos canadenses precisam de sair do país para receberem tratamentos adequados.
O Canadá gasta menos com a saúde dos que os Estados Unidos onde o sistema é uma colcha de retalhos dominada pelos planos e seguros saúde com fins lucrativos. Enquanto que o Canadá gasta 9.4% do seu produto nacional bruto com a saúde, os Estados Unidos gastam 14.4%. Os custos administrativos do sistema canadense ficam em torno de 7%, enquanto que nos Estados Unidos eles chegam a 20% incluídos aqui os lucros empresariais. Enquanto que nos Estados Unidos as empresas oferecem seguro saúde aos seus empregados, no Canadá elas não têm nenhum envolvimento com a saúde. Por causa disso os trabalhadores canadenses têm maior liberdade em mudar de emprego, especialmente quando sofrem de doença pré-existente.
Claro que o sistema canadense não é perfeito. Mas pergunte ao médico ou ao cidadão canadense se eles querem substituí-lo pelo sistema americano. A resposta será um sonoro não. Aperfeiçoa-lo, sim, o processo político democrático tem se encarregado de torna-lo cada vez mais eficiente e de boa qualidade. Os índices de saúde no Canadá não são inferiores aos Estados Unidos.
Não se entende bem porque no debate sobre o sistema da saúde a ser adotado no Brasil o modelo canadense é tão pouco conhecido. Parece que o governo e os políticos brasileiros ou não estão cientes do que se passa no Canadá ou, por razões obscuras, já decidiram copiar o sistema norte americano, inclusive com a abertura do "mercado da saúde" para as grandes seguradoras dos Estados Unidos.
Como esse é um assunto muito importante, que irá afetar o atendimento à saúde dos brasileiros não só agora como nas gerações futuras, não seria o caso de haver um debate mais amplo e bem informado sobre o que se passa no mundo, especialmente no Canadá? 
Não, está na hora dos brasileiros acordarem e tomarem as rédeas das decisões sobre o sistema de saúde que melhor nos convém. Deixar isso apenas nas mãos de interesses empresariais nacionais e multinacionais e das "leis do mercado" é caminhar na direção do desastre que já está ocorrendo nos Estados Unidos onde hoje existem cerca de 47.000.000 de americanos sem seguro saúde.
No dia 2 de dezembro de 1997 foi publicado um manifesto de protesto contra o sistema de saúde americano no Journal of the American Medical Association. Houve também em Boston uma manifestação de médicos, enfermeiras e público em geral que pertencem a uma Comissão Nacional para Salvar a Saúde (Adhoc Committee to Defend Health Care). Esse movimento agora se alastra pelo país.
Sabemos que o que é bom para os Estados Unidos nem sempre é bom para o Brasil. Mas, pior ainda, o que não é bom para os Estados Unidos, como é o caso do seu sistema de saúde, certamente não será bom para o Brasil. 
OBS: 
Sistema de saúde. 
O Sistema daqui é muito diferente do que estávamos acostumados no Brasil. No Canadá, tem o médico de família, ou seja, tudo o que você precisar em relação à saúde, você precisa se consultar com o seu médico de família para ele examinar ou indicar um especialista, se for o caso. Muitas vezes, a lista de espera para ver um especialista é de 3 meses ou mais!!! E isso quando o seu médico de família prescreve um! Às vezes, me parece que eles evitam dar trabalho aos especialistas. Caso você esteja doente ou se machuque num final de semana, quando é folga do seu médico de família, você pode ir a uma walk-in-clinic, uma espécie de clínica de emergência, mas é aí onde está o pequeno detalhe que me desanima, o tempo de espera para ser atendido. Os atendimentos são por ordem de gravidade, então se você for a uma clínica dessas por causa de uma virose, poderá esperar, no mínimo, umas 6h para ser atendido! É isso mesmo, 6 HORAS NO MÍNIMO!
“A vantagem de ter um sistema único realmente único (como acontece no Canadá) e não ter um sistema paralelo, como o sistema privado ou o plano de saúde, é que todo mundo tem que ser tratado, e bem tratado, sob aquele sistema (público)”, disse Cury à BBC Brasil.
“(No Canadá) Toda a população tem acesso aos mesmos tratamentos, aos mesmos médicos, independentemente da sua classe social. É diferente do Brasil, onde uma pessoa com mais recursos será tratada em um hospital particular, e outra, com menos recursos, às vezes não será sequer tratada, ou será tratada em um hospital com menos tecnologia. Os hospitais públicos no Canadá, ao contrário de muitos no Brasil, são equipados com tecnologia de ponta, acessível a todos os pacientes, ricos ou pobres.”
A Espera
No sistema canadense, todos compartilham dos mesmos benefícios e eventuais desvantagens.
“Aqui toda a população tem acesso à tecnologia de ponta, tratamento de ponta, com as devidas restrições”, resume Cury.
Uma reclamação comum no Canadá é em relação ao tempo de espera para determinados tratamentos, considerado longo – mas, de acordo com Cury, ainda menor que a média no Brasil.
Naquele país, um órgão do governo é responsável por vistoriar e ter certeza de que os prazos são cumpridos.
Aqui tem fila, mas ninguém morre na fila”, afirma Cury, ao observar que o tempo de espera costuma ser menor que o registrado no SUS, mas maior do que no sistema privado do Brasil ou de outros países.
Ao contrário do que ocorre no Brasil, no Canadá o paciente não tem a opção de pagar mais para ser atendido mais rápido.
Cury observa que há casos de pacientes com mais recursos que acabam, por exemplo, viajando aos Estados Unidos em busca de uma consulta de segunda opinião ou de tratamento mais rápido.
Mas de modo geral, em caso de descontentamento com algum serviço, a reação da população costuma ser reclamar e exigir seus direitos ao tratamento de saúde de ponta.

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